Batalha de Midway
Os japoneses iniciaram o ano de 1942 com grandes planos de
continuar a sua série de conquistas na região do Pacífico.
No dia 18 de abril emitiram-se as
ordens para iniciar as operações contra a ilha de Tulagi, no arquipélago
de Salomão; posteriormente se seguiria o ataque contra a importante base
de Port Moresby, na costa sul da Nova Guiné. Numa etapa posterior seriam
ocupadas as ilhas de Nova Caledônia, Fiji e Samoa. Dessa maneira, o cerco
da Austrália ficaria completado nos primeiros dias de julho de 1942.
Um fato inesperado veio introduzir mudanças radicais na estratégia
japonesa. No próprio dia 18 de abril, uma esquadrilha de bombardeiros
americanos Mitchell B-25, decolando do porta-aviões Hornet, bombardeou
Tóquio inesperadamente, em vôo rasante. Foram também atacadas, por aviões
isolados, as cidades de Nagóia, Osaca e Kobe. Os bombardeiros, num total
de 16, prosseguiram depois o vôo, internando-se no continente e efetuaram
aterrissagens forçadas.
Um Mitchell B-25, decola do
porta-aviões Hornet para bombardear o Japão
Embora os danos causados pelo ataque, comandado pelo General Doolittle,
fossem praticamente nulos, a ação teve profunda repercussão entre a
população civil e mesmo nos integrantes do Alto-Comando japonês. A
conseqüência mais decisiva, contudo, foi que o Almirante Yamamoto obteve
aprovação definitiva, do Estado-maior da Marinha, para levar adiante os
planos de ataque contra a ilha de Midway e as Aleutas. A impressão causada
pelo bombardeio contra o território metropolitano japonês, que se
considerava inatingível, motivou a aceitação, pelos altos chefes navais,
do plano Yamamoto. O objetivo desse projeto era incitar a frota americana
estacionada nas ilhas do Havaí a uma batalha decisiva, na qual seria
aniquilada.
A frota de Nagumo chegou ao porto de Kure a 23 de abril e ali foi
notificada da extraordinária missão que lhe fôra confiada. Imediatamente,
os chefes da esquadra se dedicaram ao estudo e preparação dos planos para
efetuar a decisiva operação.
O ataque, aprovado pelo QG imperial a 5 de maio, se iniciaria nos
primeiros dias de junho. Enquanto isso, a operação denominada com a senha
“MO” seria levada adiante. Consistia no ataque a Tulagi, no arquipélago
das Salomão e Port Moresby, na Nova Guiné. Desta ação participaria, sob as
ordens do Vice-Almirante Inohue, uma grande frota de 70 barcos que incluía
os porta-aviões Shokaku, Suikaku e Shoho. A ordem emitida dizia
textualmente: “Em colaboração com um destacamento dos exércitos do sul, a
Marinha ocupará Port Moresby, Tulagi e importantes posições na Nova Guiné,
onde serão instaladas bases aéreas, a fim de efetuar reides sobre a
Austrália. A data de início do ataque será 3 de maio”.
A batalha no Mar de Coral
O Almirante Inohue estabeleceu seu posto de comando na base de Rabaul,
onde a frota se concentrou. Esta foi dividida num grupamento de combate
(porta-aviões Shokaku e Suikaku e dois cruzadores pesados), comandado pelo
Vice-Almirante Takagi, e duas forças de invasão, comandadas pelo
Contra-Almirante Goto, encarregadas de ocupar Tulagi e Port Moresby. Os
japoneses disporiam também de uma força de apoio, integrada por dois
cruzadores leves e um porta-aviões, e um grupo de proteção que compreendia
quatro cruzadores pesados e um porta-aviões leve. Além disso, sete
submarinos completariam a poderosa frota. O plano de ação japonês se
baseava no presuposto de que teriam de enfrentar uma força americana
integrada por dois porta-aviões e sua escolta. O Almirante Inohue
planejara o movimento de suas forças de tal maneira, que Tulagi seria
ocupada no dia 4 de maio e Port Moresby no dia 7. Paralelamente, também as
esquadras de Takagi e Goto manobrariam de modo a envolver a frota
americana. Uma vez efetuados estes movimentos, as guarnições dos
porta-aviões Shokaku e Suikaku deveriam bombardear as bases aéreas
situadas no norte da Austrália.
A 4 de maio, tal como estava planejado, Tulagi foi ocupada sem
dificuldades. A operação foi apoiada por navios que, terminada a operação,
se retiraram. Pouco depois, contudo, no dia 5, os aviões que formavam a
guarnição do porta-aviões Yorktown bombardearam Tulagi em três
oportunidades. Os danos causados não foram consideráveis e somente algumas
embarcações menores foram afundadas. Informado da operação que se estava
realizando, o Almirante Takagi aprontou imediatamente as suas naves e
zarpou para o sul. No dia 5, à noite, as duas frotas chegaram a situa-se a
apenas 60 milhas uma da outra. Porém, o péssimo estado do tempo impediu
que os aviões de reconhecimento pudessem detectar a presença dos barcos.
Takagi, cujos navios tinham escasso combustível, rumou para o norte,
retirando-se da zona e se dirigindo a toda velocidade para o ponto onde os
esperavam os petroleiros encarregados do abastecimento. Paralelamente, a
esquadra do Contra-Almirante Goto era atacada por quatro B-17; os aviões
americanos foram derrubados pelos caças do porta-aviões japonês Shoho.
No dia 7 de maio, nas primeiras horas da manhã, um avião de reconhecimento
do porta-aviões japonês Shokaku transmitiu à frota uma mensagem urgente:
“Um porta-aviões e um cruzador inimigos avistados”. Imediatamente as
esquadrilhas dos porta-aviões Shokakuk e Suikaku decolaram e rumaram para
o local indicado. Não se tratava, no entanto, de porta-aviões e cruzador,
mas sim de um destróier, o Sims, e de um navio-tanque, o Neosho. Os aviões
atacantes, 10 bombardeiros e 15 bombardeiros de mergulho, depois de se
lançarem sobre os dois barcos americanos e afundá-los, voltaram aos seus
porta-aviões. Foram então surpreendidos por caças americanos.
Imediatamente, para abandonar o lugar, jogaram suas bombas e torpedos ao
mar e manobraram a toda velocidade. Minutos depois, desarmados e privados
de poder ofensivo, os pilotos japoneses viram, navegando abaixo os
porta-aviões americanos.
Na noite de 7, depois de várias horas de busca, perseguições e falsas
pistas seguidas, os barcos afundados de ambas as partes eram o
porta-aviões japonês Shoho e os navios americanos Sims e Neosho. O Shoho
era o primeiro porta-aviões japonês que os EUA afundavam no Pacífico.
“A batalha dos fantasmas”
A noite de 7 de maio foi empregada por ambas as partes numa busca
constante do inimigo. O Almirante Takagi descreveu as ações daquelas horas
dizendo ter-se tratado de uma “batalha de fantasmas”. Efetivamente,
nenhuma das duas frotas sabia qual era a posição da outra, nem quais as
unidades que a integravam. As forças, contudo, eram estranhamente
semelhantes. A frota americana era composta pelo porta-aviões Yorktown e
Lexington, transportando 122 aviões; a formação japonesa era integrada
pelos porta-aviões Shokaku e Suizaku com um total de 121 aparelhos.
Ao amanhecer do dia 8, aviões de reconhecimento japoneses levantaram vôo e
partiram em busca dos navios americanos. Imediatamente, após os aparelhos
de reconhecimento, decolaram 33 bombardeiros, 18 torpedeiros e 18 caças.
Um dos aviões de observação detectou a presença dos porta-aviões
americanos e, horas depois, ainda pela manhã, as esquadrilhas japonesas
sobrevoavam os barcos dos EUA.
SBDs Dauntles ataca o porta-aviões
japonês Shoho
Enquanto isso, os porta-aviões japoneses, descobertos por aviões de
reconhecimento americanos, foram atacados por 29 bombardeiros e 29
torpedeiros; 20 caças protegiam os aviões atacantes. Imediatamente, 18
caças japoneses Zero os enfrentaram e trataram de rechaça-los. Por quatro
vezes os aviões americanos lançaram-se ao ataque dos porta-aviões
japoneses. O Shokaku foi atingido; conseguiu, assim mesmo, continuar
navegando. Os americanos por sua vez, sofreram a perda de 30 aviões
derrubados pelos caças, e 10, abatidos pelas baterias antiaéreas.
Enquanto isso, a sorte dos navios americanos estava selada. Com efeito,
uma primeira mensagem irradiada pelos atacantes japoneses expressava: “O
Lexington atingido por dois torpedos”. Em seguida, outra: “O Yorktown
avariado”.
Os navios japoneses, por sua parte, haviam sido duramente atacados pelos
aviões americanos. O Suikaku continuava navegando. O Shokaku estava
envolto em chamas. Pouco depois, uma mensagem do coando japonês anunciava:
“Os dois porta-aviões inimigos foram afundados”. A batalha do mar de Coral
havia terminado.
As perdas japonesas compreendiam o porta-aviões Shoho, o destróier
Kikuzuki e várias unidades menores. O porta-aviões Shokaku fôra seriamente
avariado; 77 aviões, além disso, se haviam perdido. Os americanos,
paralelamente, haviam perdido o porta-aviões Lexington, o petroleiro
Neosho e o destróier Sims.
Os japoneses celebraram ruidosamente o resultado da batalha. É inegável
que o balanço das perdas e ganhos os favorecera. Porém, era inegável
também que o montante da vitória era muito pequeno para ter ilusões a
respeito do futuro da guerra no mar. A “batalha dos fantasmas” foi,
primordialmente, uma batalha de preparação, de aprendizagem, de
“reconhecimento”. As lições seriam aplicadas, um pouco mais tarde, na
batalha de Midway.
USS
Lexington duramente atingido na batalha
Batalha de Midway
No princípio do mês de maio de 1942, o Alto-Comando da Marinha japonesa,
sob a condução do Almirante Yamamoto, terminou os seus planos para uma
decisiva operação contra a frota americana no Pacífico. No dia 8, no Mar
de Coral, os porta-aviões do Almirante Takagi haviam sustentado uma
encarniçada batalha, a primeira entre porta-aviões no decurso da Segunda
Guerra Mundial. Nessa ocasião, os aviões japoneses haviam conseguido
afundar o porta-aviões Lexington e avariar seriamente o Yorktown. Por sua
vez, os aparelhos americanos afundaram o porta-aviões leve Shoho e
avariaram o Shokaku. Outro porta-aviões japonês, o Suikaku, ficara
inutilizado para a ação, pois durante o decorrer da batalha perdera a
maior parte dos seus aviões.
A batalha do Mar de Coral, portanto, alterou por completo as perspectivas
do encontro seguinte, planejado por Yamamoto. Os japoneses contariam agora
com quatro grandes porta-aviões, em lugar dos seis previstos, para levar
adiante o ataque. Contudo, os comandos japoneses, que julgavam ter
afundado no Mar de Coral dois porta-aviões americanos (Lexington e
Yorktown), pensavam que a sua superioridade de forças mantinha-se vigente.
Por isso, os japoneses prosseguiram em seus preparativos, confiantes na
vitória.
No dia 5 de maio, três dias antes da batalha do Mar de Coral, o QG
Imperial emitiu sua ordem n° 18, onde determinava o início das operações
contra a ilha de Midway, nas primeiras semanas de junho. Aprovou-se também
a realização de uma operação secundária, contra as ilhas Aleutas, como
manobra de distração das forças inimigas e, além disso, para obter um
ponto de apoio no extremo norte do continente americano. A partir desse
momento, nada deteve os japoneses na elaboração de seus planos.
O IJN Akagi e torpedeiros Nakajimas Kates
O plano de ataque
Seguindo as diretivas do Almirante Yamamoto, a quase totalidade dos navios
de combate da frota japonesa interviriam na operação contra Midway e as
Aleutas. As ações se iniciariam com uma incursão da flotilha de
porta-aviões leves, comandada pelo Contra-Almirante Kakuta, contra o porto
de Dutch Harbor, principal base americana nas Aleutas. Esse ataque teria
lugar três dias antes do desembarque da infantaria japonesa em Midway,
operação planejada para o dia 6 de junho.
No dia 4 de junho de 1942, a 1a frota de porta-aviões, comandada pelo
Almirante Nagumo e integrada pelos porta-aviões Akagi, Kaga, Shoryu e
Hiryu deveria situar-se a 250 milhas a noroeste de Midway, para destruir
com seus bombardeiros as defesas do atol. Sob a cobertura dos porta-aviões
avançaria, em seguida, a frota de desembarque, comandada pelo
Vice-Almirante Kondo, integrada pelos encouraçados Kongo e Hiei, o
porta-aviões Zuhio, quatro cruzadores pesados e sete destróieres. Uma
segunda esquadra participaria da operação, em missão de apoio, sob o
comando do Vice-Almirante Kurita. Integravam-na quatro cruzadores pesados
e dois destróieres. Completavam a força de invasão, um grupo de
porta-aviões e outro de draga-minas. As tropas de assalto totalizavam
5.000 homens, seriam conduzidas por uma flotilha composta por 12
navios-transporte e 10 destróieres. Na retaguarda, se situaria a chamada
frota básica, sob o comando direto do Almirante Yamamoto, que desfraldaria
a sua insígnia no gigantesco encouraçado Yamato, de 63.000 toneladas. Esta
esquadra era integrada, também, por outros seis encouraçados, dois
cruzadores, 21 destróieres, dois porta-hidroaviões e outras naves
auxiliares. Ao todo, cerca de 200 barcos e 500 aviões participariam da
operação decisiva.
Yamamoto acreditava que a esquadra americana se lançaria à luta assim que
tivesse conhecimento da operação contra Midway. Então teria chegado o
momento capital; os porta-aviões do Almirante Nagumo cairiam de surpresa
sobre os barcos americanos pelo norte e os destruiriam com repetidos e
destruidores ataques de suas esquadrilhas. Em seguida, os encouraçados se
somariam na luta e assestariam o golpe definitivo com seu grandes canhões
sobre os barcos que tivesse escapado incólumes do ataque aéreo.
Yamamoto, numa reunião efetuada com seus lugar-tenentes, a bordo do Yamato,
para ultimar os detalhes da operação, expressou sua absoluta confiança na
vitória final e assinalou que, uma vez concretizadas as operações contra
Midway, a frota se concentraria para iniciar novas ações no Pacífico
Meridional. Levar-se-ia a cabo a ocupação dos arquipélagos das Fiji e Nova
Caledônia e os porta-aviões de Nagumo atacariam, numa série de incursões,
a costa australiana, bombardeando a cidade de Sidney e outros pontos
estratégicos. Uma vez completadas essas ações, a frota japonesa se
lançaria em massa ao ataque contra as ilhas do Havaí. Esta última ação
teria lugar no mês de agosto.
Os ambiciosos projetos de Yamamoto baseavam-se na presunção de que sua
frota não haveria de sofrer nenhuma perda. O almirante japonês confiava
cegamente no poderio das suas armas e o seu otimismo superava as reais
possibilidades de suas forças; isto seria demonstrado posteriormente pelos
fatos.
Em 1942, o aviador japonês quer servia nos
porta-aviões estava entre os mais bem treinados do mundo, sendo o produto
de uma seleção inacreditavelmente árdua. Ele provavelmente também possuía
experiência de combate considerável, em virtude da ações japonesa durante
a guerra na China e durante as primeiras fases da Guerra do Pacífico. A
Marinha Imperial ainda podia confiar em um bem formado corpo treinamento,
que dispunha de pilotos veteranos. Mas as tripulações aéreas estavam sendo
muito exigidas, devido as sucessos colhidos pelos japoneses no início da
guerra. Por exemplo, em Midway, 70% das tripulações dos
bombardeiros de mergulho e 85% dos aviões torpedeiros estavam embarcados
desde o dia do ataque a Pearl Harbour. O piloto japonês em 1942 era bem
treinado, motivado e disciplina.
O estereótipo do piloto japonês tão
amplamente divulgado pela propaganda Aliada, era de um militar mal
treinado e suicida, pode até representar os pilotos do fim da guerra.
Porém o piloto típico da Marinha imperial tinha desfrutado de um programa
de treinamento no pré-guerra e início da guerra bem qualificado, que
promovia a inteligência e a tomada rápida de decisões.
Os americanos se preparam
O Almirante Nimitz, comandante-supremo da frota americana no Pacífico,
defrontava uma situação crítica. A perda do Lexington e as graves avarias
sofridas pelo Yorktown havia reduzido a sua frota de porta-aviões a apenas
duas naves: o Hornet e o Enterprise. Possuía, contudo, uma apreciável
vantagem sobre o inimigo: seu serviço de inteligência estava de posse do
código utilizado nas comunicações das forças navais japonesas. O chamado
“Código Púrpura” havia sido decifrado meses antes da deflagração da
guerra; isso permitia aos americanos ter um conhecimento detalhado dos
movimentos da esquadra adversária. Assim, pôde o Comando Americano
conhecer, com antecedência suficiente, o projetado ataque a Port Moresby,
operação que culminara com a batalha do Mar de Coral, na qual havia sido
contida a expansão japonesa em direção à Austrália. Em princípios de maio,
o serviço de inteligência de Nimitz havia estabelecido que o grosso da
frota japonesa se encontrava preparando-se para realizar uma operação de
grande importância. A informação contudo, deixava de pé uma incógnita
capital: o objetivo da operação. As mensagens japonesas, ao referir-se ao
lugar do ataque, faziam-no empregando a sílaba “AF”. Nimitz,
intuitivamente, estava convencido que o objetivo era a ilha de Midway. Em
Washington, contudo, o Almirante King, comandante-chefe da Marinha dos
EUA, supunha que o objetivo era o Havaí.
A solução do enigma foi encontrada por um dos oficiais do serviço de
inteligência de Nimitz, o Comandante Joseph Rochefort, que sugeriu que se
enviasse uma mensagem falsa de Midway, sem empregar os códigos de hábito,
anunciando que o depósito de água destilada da ilha ficara inutilizado por
causa de avarias. Nimitz autorizou o envio da mensagem e, dois dias
depois, o truque deu resultado: os escutas americanos interceptaram a
comunicação de uma estação japonesa transmitindo a Tóquio que “AF” tinha
problemas com seu depósito de água.... As dúvidas estavam dissipadas. “AF”
era Midway. Assim, a 15 de maio, Nimitz viu conformada sua previsão acerca
do objetivo do ataque japonês.
LCdr Paul Buie conversa com seus pilotos
a bordo do USS Lexington
No começo de 1942 muitos dos pilotos dos
porta-aviões americanos eram veteranos
experimentados. Mas muitos dos pilotos eram
provenientes do programa de
expansão da aviação naval iniciado em 1940.
Na Batalha de Midway, 62% dos
pilotos dos 3 esquadrões foram
comissionados em 1941. Estes pilotos possuíam
de 300 a 600 horas de vôo. Só 22% eram
pilotos mais antigos, de antes de 1940,
com mais de 3.500 horas de vôo.
Em geral, entretanto um piloto da aviação naval
em 1942 possuía pouco ou nenhuma
experiência de combate, mas era muito bem treinado
e motivado.
O Almirante, nesse meio tempo, não permaneceria inativo. A 2 de maio
dirigira-se de avião para Midway, a fim de estudar suas defesas e tomar as
providências necessárias para reforçar a guarnição. O chefe das forças de
infantaria da marinha da ilha, Tenente-Coronel Harold Shannon, declarou,
que, convenientemente reforçado, poderia conter e rechaçar qualquer
tentativa de invasão por parte do inimigo. Nimitz lhe assegurou que todas
as forças que pudessem ser enviadas chegariam a Midway. Assim foi que, em
meados do mês de maio, chegaram à ilha 16 bombardeiros de mergulho, 7
caças Wildcat, 18 fortalezas-voadoras, 30 hidroaviões Catalina de
reconhecimento, e 4 bombardeiros bimotores B-26 Marauder, equipados como
torpedeiros. As tropas terrestres chegaram a totalizar, com os reforços,
cerca de 2.000 homens. Muitas peças antiaéreas também chegaram e se
instalaram espessos alambrados e campos minados nas praias, com o fim de
reforçar ainda mais a defesa. Uma vez adotadas as medidas citadas, que
convertiam Midway num verdadeiro porta-aviões insubmergível, Nimitz
começou a concentrar seus reduzidos efetivos navais. Para deter Yamamoto,
contava apenas com 8 cruzadores, 15 destróieres e 3 porta-aviões, um deles
(o Yorktown), seriamente avariado.
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Almirante Chester Nimitz
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Os porta-aviões Hornet e Enterprise, sob o comando do Almirante Halsey,
atracaram em Pearl Harbor em Pearl Harbor a 26 de maio. Halsey, enfermo,
teve que ser substituído no comando e, em seu lugar, foi designado o
Contra-Almirante Raymond Spruance. O Yorktown, comandado pelo Almirante
Fletcher, chegou às ilhas do Havaí a 17 de maio. Imediatamente, cerca de
1.400 operários do estaleiro da base de Pearl Harbor puseram-se a reparar
as suas avarias, tarefa que demandaria, normalmente, um trabalho de 3
meses. Realizando um esforço supremo conseguiu-se colocar a nave em
condições de combater, em apenas 48 horas. Além disso, foi também equipada
com um grupo de combate improvisado.
Ficaram integradas as duas “Forças Tarefas” que interviriam na batalha
decisiva; a 16a, comandada pelo Contra-Almirante Spruance (Enterprise,
Hornet, cinco cruzadores e nove destróieres) fêz-se ao mar a 28 de maio, e
a 17a, sob o comando do Almirante Fletcher (Yorktown, dois cruzadores e
seus destróieres), a quem foi confiado o comando geral da frota, abandonou
o porto a 31 de maio.
Outra “Força Tarefa” (a 8a) comandada pelo Contra-Almirante Theobald,
recebeu a missão de enfrentar as forças japonesas que operariam nas
Aleutas.
Inicia-se a ação
A 25 de maio de 1942, a bordo do Yamato, efetuou-se a última reunião entre
Yamamoto e seus assessores. No dia seguinte, a força de porta-aviões leves
do Contra-Almirante Kakuta fêz-se ao mar, rumo às Aleutas. Nos dias
subsequentes, os diversos grupos de ataque partiram, por sua vez, rumo a
Midway. No dia 29 de maio, a totalidade da frota japonesa estava
navegando. Todos os homens que integravam a frota, desde o Almirante
Yamamoto até o último marinheiro, partiram com uma cega confiança na
vitória. A batalha de Midway teria que dar ao Japão a supremacia
definitiva no Pacífico.
A operação, contra toda a expectativa iniciou-se sob maus auspícios. A
força básica, comandada por Yamamoto, atrasou-se em seu deslocamento em
alto mar. Além disso, fracassara o plano de detectar os movimentos da
frota americana nas ilhas do Havaí, com o emprego de hidroaviões
abastecidos por submarinos. Yamamoto, portanto, encontrava-se “às cegas”
no tocante à colocação do adversário. A 1o de junho, o almirante japonês
recebeu outra má notícia. Os 16 submarinos que deviam colocar-se na
vanguarda da frota para manter um posto de observação avançado e de
ataque, a noroeste e a oeste das ilhas do Havaí, não haviam conseguido
alcançar suas posições na data estabelecida, mas com dois dias de atraso.
Dessa forma se acentuou a insegurança que começava a reinar na frota
japonesa.
Por sua vez, a força de porta-aviões comandada pelo Almirante Nagumo
avançava com dificuldade para Midway, atravessando um extenso campo de
nevoeiro. Em virtude da ordem de manter em absoluto silêncio as
comunicações radiofônicas, Nagumo desconhecia as dificuldades que haviam
intervido no desenrolar da operações. No dia 2 de junho, os porta-aviões
continuaram mergulhados no nevoeiro, na sua marcha para o objetivo. Nesse
dia, Nagumo, depois de manter uma conferência com seu lugar-tenente,
decidiu levar adiante o ataque contra o atol de Midway, tal como havia
sido planejado, mesmo existindo a possibilidade de que os porta-aviões
americanos estivessem de sobreaviso.
Na manhã de 3 de junho, os porta-aviões leves Ryujo e Junyo, do Almirante
Kakuta, situavam-se a 180 milhas ao sul de Dutch Harbor, nas Aleutas, e
começaram o ataque. As esquadrilhas de bombardeiros japoneses se
aproximaram a toda velocidade da base e, sem ser interceptados, arrasaram
as instalações. A ação, contudo, não conseguiu o objetivo previsto de
destruir os efetivos aéreos inimigos, pois os americanos haviam dispersado
as suas esquadrilhas em novos aeródromos, cuja localização era
desconhecida pelos japoneses.
Enquanto isso, ao sul, tinha início a batalha de Midway. Às 9 da manhã, um
hidroavião Catalina de exploração, pilotado pelo guarda-marinha Jack Reid,
avistou, a 700 milhas a sudoeste do atol, uma poderosa formação de naves
japonesas. Ocultando-se entre as nuvens, Reid seguiu a frota e, às 11
horas, informou finalmente o achado. O Almirante Fletcher, ao receber a
notícia, deduziu acertadamente que os barcos avistados integravam a força
de transporte das tropas de invasão, e não a esquadra de porta-aviões
inimiga. Ordenou, portanto, a seus próprios porta-aviões que se situassem
a 200 milhas ao norte de Midway, pois, julgou, corretamente outra vez, que
os porta-aviões de Nagumo atacariam o atol pelo norte.
Chegou a noite, e ambos os lados se aprontaram para o encontro decisivo
que, sem dúvida, teria lugar no dia seguinte.
Os japoneses bombardeiam Midway
Às 4h30 da madrugada de 4 de junho de 1942, levantaram vôo as esquadrilhas
de ataque da frota de Nagumo. Em 15 minutos, 108 aviões decolaram das
pistas dos quatro porta-aviões e rumaram para Midway. Às 5h25, um Catalina,
pilotado pelo Tenente Howard Ady, avistou os porta-aviões japoneses e
emitiu o sinal de alarme. Pouco depois, o dramático informe foi recebido
no Yorktown, nave capitânia de Fletcher. Este ordenou imediatamente aos
porta-aviões de Spruance, o Hornet e o Enterprise, que aproassem para o
sul e atacassem o inimigo.
Enquanto isso, em Midway, os radares já haviam detectado a aproximação dos
aviões japoneses. Os 27 caças da ilha levantaram vôo imediatamente para
repelir o ataque e, simultaneamente, 6 torpedeiros Avenger e 4
bombardeiros B-26 Marauder partiram ao encontro da esquadra inimiga. Às 6h15 os
antiquados caças Brewster Buffaloes e Wildcats entraram em luta com os
Zeros japoneses. Em 15 minutos a desigual luta terminou. Dezessete caças
americanos foram abatidos e o resto retornou às suas bases com graves
avarias. Apenas dois aviões ficaram ainda em condições de combater.
Eliminada toda a oposição inimiga, os bombardeiros japoneses atacaram as
duas ilhotas que compõem o atol de Midway. Conseguiram causar graves danos
à base, porém, no aeródromo, as operações continuaram.
Às 6h55, cinco minutos depois do ataque, 16 aviões americanos de
bombardeio de picada decolaram das pistas e se dirigiram ao encontro da
frota de Nagumo. Os aviões atacantes, por sua vez, retornaram aos
porta-aviões. As perdas japonesas se elevavam a seis aviões derrubados, e
30 avariados. O chefe das esquadrilhas, Tenente Tomonaga, percebendo que
Midway não havia sido arrasada, enviou uma mensagem a Nagumo,
comunicando-lhe que seria necessário um novo ataque.
Ataque à frota de Nagumo
Enquanto ocorriam as ações sobre Midway, o Almirante Nagumo ordenara
aprontar o segundo grupo de aviões, para lançá-lo contra os porta-aviões
dos EUA assim que fossem detectados pelas unidades de observação.
Às 7 horas, não tendo recebido nenhum informe dos seus aviões de patrulha,
o chefe japonês ordenou que se desmontassem os torpedos dos aviões e os
substituíssem por bombas, para empregá-los num segundo ataque contra
Midway. Esta decisão causaria graves conseqüências para a frota japonesa.
Cinco minutos depois das sete da manhã, os porta-aviões de Nagumo foram
atacados pelos seis Avenger e pelos quatro Marauder. O ataque foi
facilmente repelido pelos Zeros de proteção, que derrubaram sete dos
incursores.
Às 7h28 um avião de observação japonês avistou a esquadra americana, porém
não conseguiu identificar a presença dos porta-aviões. Vinte minutos
depois, o informe foi entregue a Nagumo, que ordenou imediatamente
interromper o desarme dos aviões-torpedeiros para utilizá-los na
emergência. Enquanto aguardava novos informes acerca da composição da
frota inimiga, Nagumo teve que enfrentar um novo ataque realizado pelos 16
bombardeiros de picada americanos. Essa incursão foi também rechaçada. Os
caças e a artilharia antiaérea japoneses derrubaram oito aparelhos
inimigos. Minutos depois, 15 fortalezas-voadoras bombardearam, de grande
altura, os porta-aviões japoneses, sem nada alvejar. Ao terminar esta
última incursão, Nagumo recebeu uma mensagem onde lhe comunicavam que a
força inimiga aparentemente, ia acompanhada de um porta-aviões. O
almirante japonês, já convencido de que se encontrava diante da principal
força dos EUA, debateu com seu chefe de operações, Comandante Minoru Genda,
a tática a seguir. Genda, que havia planejado o ataque a Pearl Harbor,
declarou-se partidário de atacar imediatamente as forças inimigas. No
entanto, existia uma grave dificuldade: ainda não se havia terminado o
carregamento dos torpedos nos aviões dos porta-aviões Akagi e Kaga. Os
porta-aviões leves Hiryu e Soryu contavam com 36 bombardeiros de picada
prontos para a ação, porém não existia uma força de caças de escolta.
Todos os Zeros da frota haviam sido lançados ao ar para repelir o ataque
dos torpedeiros americanos. Essa situação fez Genda vacilar. Além disso,
nesse preciso momento, chegavam os aparelhos que haviam bombardeado Midway.
Muitos deles avariados e quase todos com pouquíssimo combustível nos
tanques. Genda precisou tomar uma decisão instantânea. E optou pela menos
arriscada. Dirigindo-se a Nagumo disse: “Creio que devemos fazer
aterrissar todos os nossos aviões, e reabastecê-los de combustível. Depois
lançaremos o ataque”. Essa decisão determinou a sorte da esquadra
japonesa. Com efeito, nesse momento, as esquadrilhas dos porta-aviões
Hornet, Enterprise e Yorktown voavam à procura da frota de Nagumo.
Imobilizados sobre a coberta dos porta-aviões, os aparelhos japoneses não
poderiam enfrentar a incursão inimiga.
Decide-se a batalha
Ao mesmo tempo, o Almirante Spruance havia tomado a resolução que daria a
vitória à frota americana. Aconselhado por seu chefe de Estado-Maior,
Capitão Miles Browning, decidiu atacar sem vacilações, o mais cedo
possível, a frota japonesa. Aproveitando que, depois da incursão contra
Midway, os porta-aviões inimigos estariam empenhados na tarefa de receber
a bordo os aviões atacantes e reabastecê-los de combustível e munições,
realizaram-se imediatamente os cálculos necessários, em função do tempo, e
se chegou à conclusão de que, por volta das nove, o grosso dos aviões
estaria imobilizado sobre as cobertas dos porta-aviões. Para concretizar o
ataque, portanto, era necessário que os aviões americanos decolassem as
sete da manhã, o mais tardar. Spruance, também, tomou outra decisão de
influência capital no resultado da ação: ordenou que todos os aparelhos em
condições de voar interviessem no ataque, excetuando os aviões de
reconhecimento. Às 7h20, os primeiros aviões levantaram vôo. Minutos
depois, todos os aparelhos estavam no ar. Formavam, ao todo, uma frota de
60 bombardeiros de picada, 19 torpedeiros e 20 caças. Outros 12
bombardeiros de picada, 17 torpedeiros e 6 caças partiram às 8h38 do
porta-aviões Yorktown, comandado por Fletcher. Nesse mesmo instante, na
coberta do Akagi, aterrissavam os primeiro aviões japoneses provenientes
de Midway. Às 8h18 todos os aparelhos japoneses se encontravam sobre as
cobertas de vôo dos porta-aviões.
Trabalhando febrilmente, mecânicos, armadores e tripulantes, sem distinção
de postos ou categoria, se dedicaram a abastecer os aviões e recarregar
suas armas. Era uma corrida de vida ou morte. O triunfo ou a derrota
dependiam de sua velocidade e eficácia na tarefa. Nagumo, por sua vez,
ordenou à frota virar para o nordeste, lugar onde supunha estar a frota
americana. Essa manobra impediu que parte dos aviões americanos
alcançassem o objetivo, pois seu pilotos se dirigiram para o ponto em que
anteriormente estariam os navios japoneses.
Foi assim que 35 bombardeiros de picada e 10 caças do porta-aviões Hornet,
não avistando o inimigo, manobraram para o sul e se dirigiram para Midway.
A esquadrilha se torpedeiros do Hornet, comandada pelo Capitão John
Waldron e integrada por 15 aparelhos, voou para o norte e, no caminho,
cruzou inesperadamente, com a frota japonesa. Os aviões americanos, em vôo
rasante, lançaram-se sem vacilar ao ataque. Contudo, os caças e a
artilharia japonesa, atuando rápida e eficazmente, abateram todos os
aviões atacantes. Nenhum impacto direto foi conseguido pelos americanos.
Às 9h40, a esquadrilha de torpedeiros do Enterprise, integrada por 14
aparelhos, lançou-se sobre os porta-aviões japoneses. Teve sorte
semelhante à da esquadrilha anterior. Somente quatro aviões escaparam do
fogo dos Zeros.
O trágico destino dos aviões torpedeiros americanos foi seguido por uma
terceira esquadrilha, pertencente ao porta-aviões Yorktown, e integrada
por 12 aviões. Às 10 horas lançou-se ao ataque. A aviação japonesa
aniquilou a formação instantaneamente. Dez aparelhos caíram no mar sem
conseguir acertar nenhum dos seus torpedos.
Enquanto ocorriam estes acontecimentos, nos porta-aviões japoneses
trabalhava-se febrilmente, terminando o apronto dos aviões. Às 10h20, e
graças ao extraordinário esforço das tripulações, os aviões estavam
prontos para decolar. Genda anunciou a Nagumo que o ataque contra a armada
dos EUA podia reiniciar-se imediatamente. O almirante japonês, então, deu
a ordem correspondente. Os porta-aviões voltaram a proa ao vento e,
segundos depois, o primeiro aparelho decolou da coberta do Akagi. Eram
10h25. Nesse momento, um ensurdecedor rugido de motores encheu os ares.
Despencando-se do alto, inesperadamente, a esquadrilha de bombardeiros de
picada do Enterprise, comandada pelo Capitão-de-Corveta McClusky e
integrada por 37 aparelhos, atacou o Akagi e o Kaga. Simultaneamente, 17
bombardeiros de picada do Yorktown, capitaneado pelo Comandante Leslie,
atacaram o Soryu. A surpreendente aparição dos aviões americanos havia
sido possível graças à confusão criada pelo ataque dos torpedeiros. Assim,
o sacrifício daqueles valentes, não fôra vão.
Os famosos 4 minutos que decidiram a
batalha
Os porta-aviões japoneses tentaram, desesperadamente, com bruscas
manobras, escapar ao ataque. Tudo foi inútil. Em menos de cinco minutos os
três barcos foram atingidos pelas bombas dos aviões americanos. A explosão
dos projéteis na coberta repleta de aviões, bombas e torpedos, causou
efeitos devastadores. Em poucos segundos, os três navios foram envolvidos
pelas chamas, sacudidos por ininterruptas explosões. Apenas o Hiryu
conseguiu escapar à destruição, ao ficar coberto por uma massa de nuvens.
O Contra-Almirante Yamaguchi, que comandava este navio, apesar da
catástrofe acontecida, resolveu contra-atacar imediatamente. Lançou,
então, ao ar uma esquadrilha integrada por 18 bombardeiros e 6 caças.
Esses aparelhos, depois de localizar o Yorktown, lançaram-se sobre ele e,
apesar da encarniçada oposição dos caças americanos, conseguiram acertar
três impactos diretos sobre a nave. O Yorktown sofreu avarias de pequena
importância e continuou a navegar pouco depois. Às 13 horas, o Almirante
Fletcher abandonou o Yorktown, passando ao cruzador pesado Astoria; dali,
comunicou-se com o Almirante Spruance, entregando-lhe o comando da frota.
A batalha entrava já em sua última fase. Às 14h30, 16 aparelhos do Hiryu
arremeteram, num novo ataque contra o Yorktown. Nove aviões japoneses
foram derrubados, porém os restantes conseguiram atingir com dois torpedos
o porta-aviões. A enorme belonave adernou perigosamente e seu capitão,
Elliot Buchmaster, ordenou o abandono do barco.
Eram 3 h da tarde. Meia hora depois, 24 bombardeiros de picada americanos
levantaram vôo do Enterprise e do Hornet e rumaram para o Hiryu, que
conseguiram atingir com quatro bombas. Assim, pouco depois das 5 da tarde
de 4 de junho, os quatro grandes porta-aviões da frota japonesa achavam-se
gravemente avariados e afundando. Eram as mesmas belonaves que haviam
assegurado a vitória de Pearl Harbor e que depois percorreram,
triunfantes, o Pacífico e o Índico.
Aviões do VB-6 atacam o Hiryu
A Marinha japonesa sofrera uma derrota total em Midway. Já não poderia
recompor, no decurso da guerra, as duras perdas sofridas
Conclui-se a batalha
Yamamoto, ao receber a notícia do afundamento dos três primeiro
porta-aviões, não pôde acreditar na informação. Logo recuperou a calma e
decidiu reunir todas as forças que operavam em Midway, para lançar um
ataque noturno, com seus enormes couraçados, contra a frota dos EUA. No
entanto, a sorte da batalha estava decidida. O Almirante Spruance, numa
hábil estratégia, decidiu retirar-se para o oeste, evitando o choque que
Yamamoto desejava.
Ao cair da noite, os restos do Soryu e do Kaga, desapareceram sob as
águas. O Akagi, abandonado pelo Almirante Nagumo, que transferiu seu posto
de comando para o cruzador Nagora, foi afundado horas depois pelos
próprios torpedos de quatro destróieres japoneses. Sepultou-se nas águas
do Pacífico, na madrugada de 5 de junho. Com ele, desapareceu o
Contra-Almirante Yamaguchi, que se negara a abandonar a nave.
Antes que despontasse o dia 5, produziu-se uma nova catástrofe nas
fileiras japonesas. Os cruzadores Mogami e Mikuma se chocaram na
obscuridade e ficaram separados do restante da esquadra que, por ordem de
Yamamoto, havia empreendido a retirada para o oeste. Ao despontar o dia,
os bombardeiros de picada dos EUA atacaram os dois cruzadores, porém não
acertaram nenhum impacto direto e foram rechaçados pelo fogo da defesa
antiaérea. No dia seguinte, 6 de junho, Spruance lançou três novos ataques
contra os cruzadores e conseguiu finalmente, afundar o Mikuma. O Mogami,
apesar dos numerosos impactos sofridos, continuou navegando e conseguiu
evadir-se. Ao alcançar esta última vitória, o chefe americano resolvei pôr
fim à perseguição do inimigo, pois o pessoal de vôo se encontrava no
limite da sua capacidade combativa. A frota dos EUA, então, fazendo uma
curva completa, rumou para nordeste de Midway.
A batalha chegou ao fim nas primeiras horas da tarde de 7 de junho, com o
afundamento do Yorktown. Às 13h30 o submarino japonês I-168, comandado
pelo Capitão Tanake, disparou seus torpedos e atingiu o Yorktown, que foi
a pique. Também foi atingido o destróier Hammann que escoltava o
porta-aviões.
A batalha de Midway foi o marco inicial do fim das aspirações de triunfo
dos japoneses. A partir desse momento, a iniciativa passou definitivamente
para as mãos dos americanos. Os japoneses, eliminados seus quatro melhores
porta-aviões, 253 aviões e um cruzador, perderam a oportunidade de
alcançar a supremacia no mar. Os Estados Unidos, por sua vez, tomaram a
dianteira e a mantiveram, a partir desse instante, até o fim da guerra.
As forças frente a frente em Midway
Frota americana (Almirante Fletcher)
Porta-aviões: 3 (Yorktown, nave capitânia de Fletcher, Enterprise e
Hornet)
USS Enterprise
Cruzadores: 7 pesados e um leve
Destróieres: 17
Submarinos: 19
Aviões com base em porta-aviões: 261
Aviões com base em terra: 115
Frota japonesa (Almirante Yamamoto)
Porta-aviões: 4 principais (Akagi, kaga, Soryu e Hiryu) e 2 leves (Hosho e Zuhio)
Encouraçados: 7 (Yamato, nave capitânia de Yamamoto)
Cruzadores: 10 pesados e 4 leves
Destróieres: 42
Submarinos: 16
Porta-hidroaviões: 4
Transportes de tropas: 15
Aviões com base em porta-aviões: 345
Perdas
Frota americana: porta-aviões Yorktown, destróier Hammann, 150 aviões e
307 homens
Frota japonesa: 4 porta-aviões (Akagi, Kaga, Soryu e Hiryu), o cruzador
Mikuma, 253 aviões e 3.500 homens (incluindo 100 pilotos navais).
Anexo
Ataque nas Aleutas
Dentro do plano ofensivo preparado por Yamamoto, no princípio de maio de
1942, figurava uma manobra “cortina de fumaça” no Pacífico norte,
destinada a desorientar os americanos acerca do verdadeiro ponto que seria
atacado. Essa manobra se realizou contra o arquipélago das Aleutas e
culminou com a ocupação, por parte dos japoneses, das ilhas de Attu e
Kiska. Essas duas ilhotas desertas foram os únicos pontos do território
americano continental que caíram em mãos dos japoneses. Yamamoto havia
formado um grupo de ataque integrado pelos porta-aviões Ryujo e Junyo,
que, comandados pelo Almirante Kakuta, abriria um caminho à frota de
invasão, comandada pelo Vice-Almirante Hosogaya. 1.200 homens seriam
desembarcados em Attu e 1.250 em Kiska. O chefe da frota americana, tendo
conhecimento do plano japonês graças aos deciframento das mensagens do
inimigo, destinou para a frente das Aleutas a “Força Tarefa 8” comandada
pelo Contra-Almirante Theobald. Essa força contava com cinco cruzadores,
13 destróieres, seis submarinos e numerosas unidades auxiliares. Também,
em bases na terra, nos aeródromo de Dutch Harbor, Kodiak e Coldbay, foram
estacionados 109 caças e 47 bombardeiros.
No dia 2 de junho, os porta-aviões de Kakuta se aproximaram da zona do
porto de Dutch Harbor. O ataque dos aviões japoneses concretizou-se no dia
seguinte, e ocasionou grandes danos à base. As esquadrilhas americanas se
lançaram à caça dos porta-aviões, porém não tiveram êxito na busca. Apenas
4 aparelhos se aproximaram dos barcos japoneses e dois foram derrubados
pelo fogo antiaéreo. No dia 4, os aviões de Kakuta voltara a atacar Dutch
Harbor. Nesse mesmo dia, o chefe japonês recebeu ordens do Alto-Comando de
unir-se rapidamente à esquadra que operava em Midway e, por conseguinte,
suspender o projetado desembarque nas Aleutas. No dia seguinte, 5 de
junho, as ordens foram tornadas sem efeito e se decidiu levar a cabo o
plano original. Yamamoto, ainda, enviou às Aleutas um grupo de reforço,
integrado pelo porta-aviões leve Zuiho e outras naves auxiliares. No dia 7
de junho, os transportes e destróieres japoneses se aproximaram da costa.
Enquanto isso, no setor americano, os movimentos japoneses eram totalmente
ignorados, o que causou certa desorientação. Um hidroavião avistara, no
dia 5, os dois porta-aviões de Kakuta e informara imediatamente o
Alto-Comando. Vencedores no encontro decisivo de Midway, os americanos
estavam em condições de deslocar suas forças para o norte. E assim
ocorreu. A 11 de junho, Nimitz ordenou que os porta-aviões Enterprise e
Hornet se dirigissem, imediatamente, em auxílio da frota do
Contra-Almirante Theobald. Essa medida foi, contudo, tornada sem efeito
quando se receberam informes de que Yamamoto concentrava, de novo, suas
forças frente às Aleutas, para atrair os porta-aviões americanos a uma
armadilha. O porta-aviões Zuikaku já se havia unido aos três porta-aviões
japoneses que operavam no pacífico norte. Diante da evidente superioridade
das forças adversárias, Nimitz determinou que o Hornet e o Enterprise
regressassem à base de Pearl Harbor, nas ilhas Havaí. Assim ficou
assegurada a conquista levada a cabo pelos japoneses nas ilhotas de Attu e
Kiska.
Bombardeiros de picada (mergulho)
Um Stuka lança suas bombas
As primeiras experiências de bombardeio de picada, por parte da Marinha
americana, datam de 1919. Essa tática de ataque aéreo foi aperfeiçoada
nos anos seguintes, ao contarem com aparelhos mais poderosos. Na década de
30, o bombardeio de picada se havia convertido em um método básico de
ataque da aviação naval americana.
A marinha japonesa e a força aérea alemã adotaram também essa tática.
Desenvolveram aviões muito eficientes, como o Stuka e o Aichi D3A1; este
último foi chamado Val pelos americanos. Em Pearl Harbor, os japoneses
demonstraram de forma definitiva, o mortífero poder destrutivo dos aviões
de bombardeio de picada, utilizando-os, em união com os torpedeiros, no
inesperado e devastador ataque contra os grades encouraçados da frota
americana do Pacífico.
Os alemães, por sua vez, já haviam utilizado os
Stukas nos ataques contra navios de guerra e mercantes, no
transcurso de suas “campanhas relâmpago” na Polônia, Noruega e Países
Baixos, na França e nos Bálcãs. O emprego dos Stukas em Dunquerque, porém,
não atingiu o resultado previsto: impedir a evacuação das forças aliadas,
pois as intervenção dos velozes caças britânicos (Spitfire e Hurricane),
causou graves perdas à aviação alemã. O Stuka, debilmente armado, foi
presa fácil.
Um SBD-3 do USS YORKTOWN em ação durante
a Batalha de Midway
Em 1942, a Marinha americana contava com um excelente
aparelho de bombardeio de picada, embarcado em porta-aviões, o Douglas SBD
Dauntless. Esse avião seria encarregado, na batalha de Midway, de levar a
cabo o ataque decisivo contra os porta-aviões japoneses. Aproveitando a
confusão semeada pela incursão dos aviões-torpedeiros americanos, as
esquadrilhas de bombardeiros de picada do porta-aviões Enterprise e do
Yorktown se lançaram ao ataque sob os comandos dos Capitães-de-Corveta
McClusky e Leslie. A ação se iniciou às 10h25 do dia 4 de junho. O
grupamento de McClusky contava entre seus aviões, com o aparelho pilotado
pelo Tenente Earl Gallaher; este, assim, como seus companheiros da
esquadrilha, lançou seu avião numa picada sobre o porta-aviões Akagi,
navio capitânia de Nagumo. Quase sem encontrar oposição da artilharia
antiaérea, o Dauntless caiu sobre o inimigo, e arrojou seus projéteis de
uns 550 metros. Ao sair da picada, Gallaher, contrariando a regra, fez
girar sua máquina para poder observar o resultado do ataque. Assim, pôde
ver a explosão da bomba que acabava de lançar sobre a popa do
porta-aviões. Outras bombas alvejaram o Akagi e os outros porta-aviões; em
menos de cinco minutos, decidiu-se a sorte do encontro. De fato, três
grandes porta-aviões, destroçados pelas sucessivas explosões, começavam a
afundar. Dessa forma, os bombardeiros de picada americanos demonstraram
sua extraordinária eficácia, que voltaria a comprovar-se nas futuras
operações em que esses aparelhos participariam. Assim, até 1944, os
Douglas Dauntless da Armada se mantiveram à frente de todas as outras
armas, com respeito à tonelagem afundada.
Nimitz
Na manhã de 25 de dezembro de 1941, chegou às ilhas Havaí, o Almirante
Chester Nimitz, designado pelo governo dos EUA para substituir o Almirante
Kimmel, chefe da frota americana no Pacífico. À chegada desse novo chefe,
em Pearl Harbor ainda persistia o abatimento e a amarga recordação do
ataque japonês. Que havia custado a vida de mais de 3.000 oficiais,
soldados, marinheiros e aviadores. A chegada de Nimitz, homem que se
caracterizava pela serenidade, como também pela firmeza, era esperada com
certa ansiedade. Supunha-se que sua primeira medida consistiria em remover
os comandos, e renovar totalmente os quadros de chefes e oficiais. A
realidade, porém, trouxe tranqüilidade à base. Nimitz, firme e sereno,
disse a todos que aguardavam a sua chegada: “Não haverá modificações... “
Reafirmava assim a confiança que sentia naqueles homens que acabavam de
superar uma prova de fogo, como fôra o inesperado ataque japonês à base.
Após saudar o Almirante Kimmel, manifestou-lhe: “O senhor tem toda a minha
simpatia...”. Demonstrava assim, Nimitz, uma de suas principais
características: a calma e a serenidade que orientariam todos os seus
atos. E aquela tranqüilidade invariável era a contribuição mais apreciável
que Nimitz podia oferecer à perturbada guarnição.
Chester Nimitz nasceu em Fredericksburg, Texas, em 1885. Graduou-se na
Academia Militar de Anápolis, em 1905. Em 1938 era comandante da 1a
Divisão de Encouraçados. Posteriormente, de 1939 até 1941, foi chefe do
Departamento de Navegação da Marinha dos Estados Unidos. Entre dezembro de
1941 e novembro de 1945, foi comandante-chefe da frota do Pacífico,
almirante da frota, em dezembro de 1944 e chefe de Operações Navais, em
novembro de 1945.
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Assunto:
Batalha de Midway
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