MP 38/40


A famosa submetralhadora MP-40

A submetralhadora alemã MP-38 surgiu das exigências do Exército alemão de ter uma metralhadora de mão compacta, adequada para ser utilizada pelos tripulantes de veículos blindados e pára-quedistas. A empresa alemã Erfurter Maschinenfabrik Gmbh, mais conhecida por Erma, iniciou o desenvolvimento de uma nova arma no âmbito das especificações exigidas. 

O exército alemão, a despeito de ter aprendido na Guerra Civil Espanhola que precisava de uma submetralhadora, só adotou um desenho aprovado de submetralhadora em 1938. O "Tratado de Versalhes" fizera com que parte do Estado-Maior-Geral alemão encarasse as submetralhadoras como armas essencialmente policiais e de uso muito limitado numa guerra como a que estava planejando então. A indústria do Reich, que crescia lentamente, foi estendida ao máximo na produção de outras armas e munições, não podendo dedicar-se muito à fabricação dessas novas armas. Somente um ano antes do inicio da tão planejada Segunda Guerra Mundial é que finalmente entrou na pauta de encomendas determinado projeto. Mas já então era meio tarde. O resultado é que uma variedade de tipos teve que ser adquirida para equipar todos os que necessitavam de submetralhadoras. A fábrica Errma foi escolhida para desenhar a arma exigida e poucos meses depois produziu a familiar arma que o mundo inteiro conhece como a Schmeisser. Na verdade, a arma não deve virtualmente nada a Rugo Schmeisser, sendo o resultado do trabalho realizado em vários protótipos pela fábrica Erma, nos primeiros anos da década de 1930. A construção se baseava na MP-36, outra submetralhadora primitiva alemã, e todas as patentes eram de propriedade da Erma.

Soldado das SS em combate com sua MP 38/40 durante o primeiro inverno na Rússia.

A MP-36 era uma versão compacta da arma conhecida pela nome de Erma EMP, mas que agora seria equipada com uma coronha metálica e carregador ligeiramente inclinado para frente para acomodar a munição EMP. A MP-36 era uma arma com disparos seletivos, e de fato a versão MP-38 era uma versão simplificada do seu pouco conhecido antecessor. Por isso, demorou apenas alguns meses antes da nova arma estar pronta para a aprovação oficial e produção em massa. Fabricação da nova metralhadora de mão, designada MP-38, iniciou no Verão de 1938, pela Erma, e, mais tarde, também pela CG Haenel.

Pouco antes da guerra, foi discutida a distribuição de submetralhadoras para todo o exército. Essa idéia foi entravada por dois problemas. Um era conceitual: mesmo com o sucesso das novas experiências, a doutrina alemã enfatizava o tiro individual à longa distância. Vários infantes disparando ao mesmo tempo, apoiados por uma ou mais metralhadoras, criavam o peso de fogo necessário para superar o adversário.

O outro era econômico: os estoques de carabinas KAR98K, herdadas da 1ª GM eram enormes. Depósitos tinham sido preservados pelas tropas francas que proliferaram pelo país após 1918. Em 1935, com a retomada da conscrição universal, o aumento repentino do tamanho do exército, que foi ampliado para 550.000 efetivos, exigiu que houvesse equipamento para todos esses soldados. Essas armas herdadas da Grande Guerra, recolhidas pelas autoridades, foram distribuídas às tropas, e as fábricas continuaram a utilizar a tecnologia, gabaritos e ferramental já disponíveis, visto que não haveria tempo para desenhar e colocar em produção uma nova arma-padrão.

A Wehrmacht de 1939 dispunha de duas categorias de tropas bem diferenciadas: as forças blindadas e o resto do exército. As primeiras, compostas por 10 divisões blindadas, 7 divisões de infantaria blindada e 3 divisões “ligeiras” (divisões blindadas com um efetivo menor de tanques e veículos motorizados), representavam apenas 7% do efetivo total, mas tinham sido transformadas como resultado da introdução dos blindados sobre lagartas, apoio logístico motorizado, e aplicação de interdição e apoio aéreo aproximado. Apenas essas tropas receberam uma quantidade maior de submetralhadoras (1 em cada 4 armas), mas mesmo elas continuaram a ser dotadas com os fuzis de repetição convencionais.

O resto do exército, cuja organização e armamento não eram muito diferentes da guerra anterior, compunha-se de divisões de infantaria clássicas, deslocando-se a pé e, quando necessário, em veículos tirados a cavalo. Nessas unidades, o armamento continuou a ser o convencional, com a diferença de que a esquadra de combate passou a ser equipada com uma metralhadora ligeira.

A MP-38 foi a segunda submetralhadora a ser oficialmente adotada pelo Exército alemão, sendo a primeira a MP-18, aprovada em 1918. As especificações de construção da MP-38 requeriam uma arma compacta (com a coronha rebatida, tinha 63 centímetros de comprimento), segura, adequada para as necessidades da infantaria, dos blindados e das forças aeroterrestres. Ela foi uma das mais populares submetralhadoras produzidas na guerra e sem dúvida era um desenho de primeira classe. Incorporava várias características que apareceram em quase todas as armas subseqüentes, no mundo inteiro, e foi a primeira a ter uma coronha dobrável de bom funcionamento. Ela também foi a primeira a não usar nada de madeira na sua fabricação.

Suboficiais alemães em combate de rua em Stalingrado usando suas MP 38/40

A MP-38 foi fabricada por apenas 2 anos, quando foi substituída, em produção pela externamente semelhante, porém menos dispendiosa MP-40. As alterações na MP-40 foram um resultado de vários testes com milhares de MP-38 (em serviço desde 1939), utilizadas durante a Invasão da Polônia. As alterações foram incorporadas numa versão intermédia (MP38/40), e mais tarde utilizadas na produção inicial da versão MP40.

Mais de um milhão de unidades foram fabricadas de todas versões durante a guerra. A MP-38 e, especialmente, MP-40 armas eram de um bom design, e definiram o padrão para a chamada "segunda geração" das metralhadoras (a "primeira geração" sendo representada pela coronha de madeira e cuidadosamente usinadas como nos MP-18 e MP-28).

Tenente de uma unidade de campo da Luftwaffe, armado com uma MP 38/40 em Leningrado em 1941.

A MP-40 usava estamparia de aço em lâmina, que era soldada a solda forte ou por pontos, e plástico para a coronha de pistola. Muito pouco aço de liga de alta qualidade aparece em suas especificações e o desenho em geral leva em conta os subconjuntos, que podem ser feitos por subempreiteiros em diferentes fábricas. Este sistema revolucionou a manufatura de armas portáteis, tendo sido copiado por quase todos os desenhos posteriores.

Durante a sua existência a MP-40 sofreu diversas variações que não afetaram o desenho básico de modo algum. Também, foi introduzido um dispositivo de segurança, pois se verificara (como ocorreria nas Sten) que mesmo um solavanco não muito forte poderia ser, em certas condições, suficiente para fazer com que a culatra móvel, quando armada, recuasse o bastante para provocar um disparo. Uma certa quantidade de MP38 também foi equipada com esse dispositivo.

A maioria das MP40 das últimas versões tinha caneletas horizontais prensadas no alojamento do carregador; algumas poucas,  tinham o alojamento em chapa lisa. Na campanha polonesa de 1939, o exército alemão registrou acidentes no uso desse modelo, pois o ferrolho saltava do seu sulco de segurança na parte traseira do receptor e ia violentamente para a frente para disparar um tiro. Isto foi corrigido na MP-40, que introduziu algumas diferenças pequenas na mola-mestra e no percussor.

O design desta submetralhadora tinha, na forma de estamparia e repuxo, uma tendência para a época, e a finalidade era redução de custos. A sua baixa cadência de fogo, para uma metralhadora de mão, ou submetralhadora, fazia com que esta tivesse uma pontaria mais acertada comparada com a Thompson norte-americana. Não possuía seletor de tiro, sendo somente possível disparo em rajadas (automático).

A coronha era dobrável para baixo e para frente, facilitando transporte e uso por tropas pára-quedistas. Abaixo do cano, logo próximo a boca, tinha um ressalto, com finalidade diferenciada: quando utilizada por soldados embarcados em veículos blindados, como o SdKfz 251, haviam frestas nestes, para executar tiros, e com isto, na possibilidade de haver um solavanco no trajeto, a arma não sairia desta fresta e com isto não ocorreria disparos dentro do veículo, o que seria desastroso. Seu ferrolho era movido telescopicamente, em cinco partes, tendo a mola recuperadora embutida dentro do mesmo, e ao final da parte sustentadora do percussor, havia mais uma mola alojada em haste, para absorver impactos quando em recuo.

A mola do carregador gastava-se rapidamente, fazendo com que a arma encravasse se totalmente cheio com 32 balas. Para contornar o problemas, os soldados carregavam a arma apenas com 30 ou 31 balas.

A única mudança externa importante na MP-40 ocorreu em 1943, quando a fábrica Erma e a Steyr, na Áustria, produziram um carregador duplo. Essa idéia, sem dúvida desajeitada, deve ter sido uma resposta a necessidade de um carregador com maior capacidade de competir com a PPSh-41 russa e seu carregador de 71 tiros, que vinha sendo encontrada em grande quantidade na Frente oriental. A MP-40 era geralmente apenas distribuída a líderes de pelotões e de esquadrões, ficando a maior parte dos soldados armados com a Carabina Mauser KAR 98K. Também devido a problemas na arma - encravar nos invernos russos, e seu projétil pequeno, os soldados da Wehrmacht tinham a tendência de utilizar as armas soviéticas que capturavam, sendo a mais preferida a famosa a submetralhadora PPSh-41.

Soldados alemães lutando nas fábricas em Stalingrado, armados com submetralhadoras MP38/40 e PPSh-41.

Numa fábrica em que Rugo Schmeissser era o gerente-geral foi produzida a MP-38 e talvez seja esta a razão por que seu nome passou a ser associado ao desenho. As armas alemãs parecem predestinadas a ser conhecidas pelo nome errado. Na Segunda Guerra Mundial, as forças americanas e britânicas revelaram uma imaginação um tanto perversa na escolha dos títulos que davam aos armamentos alemães, o que deixava os seus criadores confusos e atônitos.

Cabo do SBS em operação no Mar Egeu em 1943. Ele usa uma submetralhadora alemã MP40.

A Wehrrmacht conhecia a MP-38 e a 40 exatamente por essas letras e números, mas os aliados insistiam em denominá-las Schmeissser de modo que este nome permanece na memória popular. Isto não agradou em nada a fábrica Erma. Hugo Schmeisser não desenhou a MP-40, e sim ajudou no desenho da MP-41 e da Sturmgewehr 44. E também Schmeisser não trabalhava para Erma, mas sim para Haenel. O desenho da MP38 e MP40 foi de Heinrich Vollmer.

Tipo: submetralhadora
País: Alemanha
Inventor: Erma Werk
Data de projeto: 1938
Número de unidades fabricadas: Mais de um milhão
Tempo em serviço: 1939 - 1945

Características

Pára-quedista israelense em 1956 armado com uma MP40.

Calibre: 9 x 19 mm
Operação: Blowback
Cadência do Tiro: 500 t/m
Velocidade de saída do projétil: ~380 m/s
Alcance eficaz: ~100 m
Peso: 3.97 kg
Comprimento total: 630 mm (coronha rebatida), 833 mm (coronha estendida),
Comprimento do cano: 251 mm
Alimentação: carregador de 32 munições
Variantes: MP36, MP38, MP38/40, MP40/I, MP40/II, MP41 e BD38

Variantes

MP-36: prótipo de pistola-metralhadora de tiro seletivo e aço maquinado, desenvolvido em 1936;

MP-38: versão simplificada da MP-36, solicitada pelo Exército Alemão em 1938 e introduzida ao serviço em 1939;

MP-38/40: versão intermédia, resultante da alteração da MP-38, para facilitar o seu fabrico e a sua segurança;

MP-40/I: versão definitiva de produção, com as alterações incorporadas na MP-38/40

MP-40/II: versão experimental, com um carregador para 64 munições;

MP-41: versão híbrida, desenvolvida por Louis Schmeisser, incorporando a caixa de culatra, mecanismo de operação e fixador do carregador da MP-40 com a coronha de madeira, gatilho e seletor de tiro da MP-28

BD-38: reprodução semi-automática da MP-38, introduzida em 2005.

Cópias, influencias e uso no pós-guerra

  • A MP-38 ou MP 40 eram um padrão de submetralhadora: A submetralhadora americana M3 teve seu projeto iniciado observando-se armas como a Sten e MP-40s capturada. A M3 usou uma cópia do carregador da Sten, este sendo por sua vez uma cópia do carregador da MP-40.

  • A companhia espanhola Star Bonifacio Echeverria, S.A. produziu a Star Modelo Z-45, uma variante da MP-40. Produzida com o calibre  9x23 mm (9 mm Largo). Seu carregador era uma cópia do usado pela MP-40, e tinha 30 tiros. Serviu na Espanha, Cuba, Chile, Portugal e Arábia Saudita e foi usada pela primeira vez usado em combate na batalha de Sidi Ifni.

  • O Exército Popular Iugoslavo usou a submetralhadora M56 de calibre 7.62x25mm Tokarev produzida pela Zastava.
    O Exército norueguês usou a MP-40 de 1945 até aproximadamente 1970 e outras partes das forças armadas norueguesas, como a Guarda Nacional, ainda usavam a MP-40 até o início dos anos 1990.

  • Os israelenses usaram também a MP-40 nos primeiros anos após a criação do Estado de Israel. Permaneceu como a submetralhadora oficial os pára-quedistas israelenses até 1956.

  • Os milicianos da Defesa Civil do Vietnã do Sul receberam dos americanos MP-40 no início do seu envolvimento no conflito vietnamita.

  • Algumas MP-40s foram usadas pelo Exército de Liberação do Kosovo na Guerra de Kosovo em 1999.

  • Duas MP-40s foram usadas pela equipe da SWAT da Polícia de Los Angeles durante o famoso Maio de 1974, atirando contra os membros do grupo terrorista Symbionese Liberation Army.


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Assunto: MP-38/40