Perfil da Unidade

BRIGADAS DE SELVA E CIGS

Exército Brasileiro


A Amazônia brasileira representa mais de 50% do território do País. Suas riquezas minerais, água e biodiversidade, passam a ser mais importantes para o mundo a cada dia. O interesse internacional, a ação do narcotráfico, e as atividades de grupos guerrilheiros estrangeiros em nossas fronteiras, faz com que a Amazônia seja a área estratégica prioritária para o Exército Brasileiro (EB).

 

A Força Terrestre possui hoje na Amazônia quatro Brigadas de Infantaria de Selva (1a, 16a , 17a e 23a ), que enquadram 14 batalhões, o 4º Esquadrão de Aviação, além das tropas de apoio  ao combate, logísticas e de serviços. 

 

Constantemente também se deslocam para esta  região outras unidade especiais do EB, como a

brigada pára-quedista e o 1 BFEsp. Além de unidades das outras forças como os Fuzileiros Navais e o PARA-SAR. Para demonstrar a importância estratégica que a Amazônia tem para a nação brasileira e a condição da mesma de defendê-la, o EB montou em 1999 uma grande manobra visando intimidar possíveis agressores de nossa soberania.  Trabalhou-se a suposição de que guerrilheiros das FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, uma narco-guerrilha marxista, pretendiam invadir o Brasil e tomar uma pista de pouso em Querari, para impedir o seu uso por forças colombianas na defesa da cidade estratégica de Mitú a 75 quilômetros da fronteira com o Brasil.  De fato em 1999 aconteceram grandes combates nesta cidade e forças especiais colombianas usaram, sem permissão do governo brasileiro, a pista de pouso em Querari para manobrar e enviar reforços e derrotaram as forças das FARC e as expulsaram de Mitú. 

 

A operação envolveu  5.000 homens e lacrou parte dos 1.644 quilômetros de fronteira com a Colômbia. 

Jatos AMX, turboélices Tucano, foguetes e metralhadoras quebraram o silêncio da selva num rugido sob medida para mostrar que o lado brasileiro da selva não está disponível para invasões.

Além das tropas, a operação acionou 39 aviões e uma parafernália de instrumentos de controle do vôo e hospitais de campanha que, enviados por quartéis de diversos pontos do país, chegaram rapidamente à fronteira. Tudo funcionou com precisão. No relógio do general Luiz Gonzaga Lessa, então comandante do Comando Militar da Amazônia, os ponteiros marcam 2 horas da madrugada do dia 27 de outubro de 1999. É a hora H do Dia D. Da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, decolaram quatro caças a jato AMX. Pela primeira vez atuaram na remota região de fronteira. 

 

Para ganhar autonomia, reabastecem-se em pleno ar, a 100 quilômetros de Brasília. Aviões de treinamento Tucano, adaptados para combate, saíram de Boa Vista e Porto Velho. Ainda do Rio de Janeiro, 240 homens das forças especiais, a elite da elite dos pára-quedistas, embarcaram em dois Hércules. Durante o vôo, de sete horas de trinta minutos, são informados da missão e recebem instruções. Destino: Açaí, nas vizinhanças de Querari, o provável alvo dos guerrilheiros.

A mobilização foi liderada pelos batalhões de Infantaria da Selva. Enquanto tudo isso acontecia, outros dois Hércules da Força Aérea Brasileira aterrissaram em São Gabriel da Cachoeira. Estruturas de aço, cabos, antenas de radar foram desembarcados. Um corpo de engenharia iniciou a construção de uma torre de controle para orientar o enxame de aviões de transporte, caças e helicópteros que fariam daquele aeroporto perdido na Floresta Amazônica, às margens do Rio Negro, uma base operacional. Do outro aparelho saíram mais caixas. Em minutos, um compressor de ar inflou um imenso casulo de borracha. Dentro dele foi montado o centro de controle de vôo, com uma bateria de computadores e radares ligada aos satélites de meteorologia e comunicação.

 

Os pilotos dos Tucanos procedentes de Boa Vista e Porto Velho chegaram à região de Querari com os dedos no gatilho. Despejaram uma nuvem de foguetes nos igarapés e em outros pontos mais prováveis de penetração de tropas inimigas. Os caças a jato AMX mergulharam contra alvos hipotéticos metralhando-os com munição real. Os rastros das turbinas rasgaram os céus 80 quilômetros dentro do espaço aéreo colombiano. A parte mais crítica da manobra foi a proteção ao campo de pouso de Querari que se julga o alvo mais provável de uma ação das guerrilhas colombianas. 

 

Essa parte da operação ficou a cargo dos comandos brasileiros que chegaram em aviões Hércules. Sobre Açaí, uma aldeia de índios tucanos, 120 pára-quedistas saltaram com mochilas e 60 quilos de armamento pesado. Jogaram-se de 2.000 metros em salto livre. Só abriram seus parapentes retangulares pretos a pouco mais de 200 metros do solo, para evitar a dispersão. Ao tocar o solo, cada comando brasileiro livrou-se do equipamento de vôo e embrenhou-se na floresta. Seis horas mais tarde, os comandos atingiram as vizinhanças da pista. A ordem de  atacar não demorou. Rajadas de metralhadoras deixaram uma nuvem densa e azulada na área.

 

Em pouco tempo, os comandos deram a pista como liberada. Informados pelo rádio do sucesso da missão, os soldados do Quinto Batalhão de Infantaria de Selva chegaram a bordo de uma esquadrilha de bordo de uma esquadrilha de  helicópteros negros do Exército. Em seguida,  aproximaram-se os deselegantes mas eficientes aviões de transporte Búfalo. Rolaram 200 metros de pista e despejaram mais 170 homens. Caso se tratasse de uma operação de combate real, a pista teria sido retomada pelos brasileiros. Ao final, a avaliação dos militares foi de que nossas forças haviam mostrado as garras de modo bastante convincente. Ficou demonstrado que, ao cabo de poucas horas, as Forças Armadas do Brasil conseguem lacrar centenas de quilômetros da fronteira mais frágil do país. O Exército já enfrentou de verdade as FARC. Em 1991 guerrilheiros das Farc atacaram uma guarnição brasileira, na região do Rio Traíra, mataram três soldados e balearam dois tenentes, um cabo e um sargento. Roubaram armamento e munição. Menos de 48 horas depois, um pelotão brasileiro de forças especiais invadiu o território colombiano, fuzilou sete guerrilheiros e recuperou o armamento e a munição.

 

  CIGS

O aperfeiçoamento técnico e tático do combatente de selva começou nos anos 60 no Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus. Nesse Centro já foram formados mais de 3.000 oficiais e sargentos. O Estado-Maior do Exército, em conjunto com o Comando Militar da Amazônia, as grandes unidades da região e as Escolas de Comando e Estado-Maior e de Aperfeiçoamento de Oficiais, está desenvolvendo uma doutrina de emprego para os escalões Brigada e Divisão. 

Contando 38 anos o Centro de Instrução de Guerra na Selva - CIGS, localizado na Estrada da Ponta Negra, 750, São Jorge, Manaus, AM, é a Organização Militar do Exército Brasileiro destinada a qualificar militares - oficiais e sargentos - líderes de pequenas frações, como guerreiros de selva, combatentes aptos a cumprir missões, de natureza militar, nas áreas mais inóspitas da Amazônia Brasileira.

Na 1ª fase - "Vida na Selva" - desenvolver habilidades e hábitos capazes de permitir a sobrevivência na selva em condições adversas.

Na 2ª fase - "Técnica" - aumentar o desempenho individual do combatente e utilizar conhecimentos técnicos e táticos que influirão no planejamento e conduta das operações na selva.

 

Na 3ª fase - "Operações na Selva" - aplicar com correção e eficiência a tropa nas diferentes missões de combate em área de selva.

Os Cursos são essencialmente práticos, desenvolvendo-se em área de selva. Normalmente funcionam cinco cursos durante o ano, uma para oficiais superiores (COS Cat "A"), um para capitães e tenentes da armas (COS Cat "B"), um para capitães e tenentes dos quadros e serviços (COS Cat "B1"), um para subtenentes e sargentos das armas (COS Cat "C") e um para subtenentes e sargentos dos quadros e serviços (COS Cat "C1").

 

Os Cursos são também freqüentados por militares da Marinha, Aeronáutica, Polícias Militares, Corpo de Bombeiros, além de oficiais e praças de diversas Nações Amigas, todos distribuídos pelos COS Cat "B1" e "C1".

 

No decorrer das atividades, os alunos são permanentemente acompanhados por uma equipe de saúde que os submetem a constantes exames médicos e odontológicos, sendo vacinados contra febre amarela, tétano e tifo.

 

Outra atividade importante realizada no CIGS é a pesquisa voltada para o emprego de novos meios e doutrinas apropriadas para operações na selva. São desenvolvidos projetos na área de fardamento, equipamento, armamento, comunicações, rações, operações e logística.

 

O aquartelamento e as bases de instrução estão perfeitamente adequados ao cumprimento de suas missões, abrigando um efetivo pequeno porém altamente selecionado.

 

Para o melhor desenvolvimento dos trabalhos, o CIGS está estruturado em uma Divisão de Ensino, uma Divisão de Doutrina e Pesquisa, uma Divisão de Alunos, uma Divisão de Veterinária, uma Divisão Administrativa e um Companhia de Comando e Serviços.

 

O CIGS é a Casa do Guerreiro de Selva sendo reconhecido internacionalmente como a melhor escola de guerra na selva do mundo. Tal fato é motivo de orgulho para todo o povo brasileiro.

 

O guerreiro de selva ama a Amazônia e tudo que nela é realizado. O brado de SELVA!!! (forma de cumprimento) em qualquer situação é a maneira de expressar a vontade e determinação de seus ideais e refletem o espírito de corpo daqueles que vêem a floresta como sua aliada.

LEIS DA GUERRA NA SELVA

O Papel do Exército

A idéia de “soberania e ocupação’” nos tempos modernos está incorporada no programa de iniciativa do governo federal denominado Calha Norte, o qual tem a finalidade de promover segurança e desenvolvimento sustentável na região situada na Amazônia brasileira ao norte do rio Solimões. Os esforços estão mais concentrados na faixa que corre ao longo da fronteira norte, cobrindo toda a área do território brasileiro situada até 150 km da linha fronteiriça, protegida pelas unidades de fronteira e pelos postos avançados de seus pelotões especiais de fronteira.

 

Este projeto foi aprovado em 1985, pelo governo do Presidente José Sarney, para trazer “ordem e progresso” para a Amazônia, através da promoção de assentamento de pessoas e órgãos públicos nas remotas áreas da selva amazônica brasileira. Embora no começo tenha sido estabelecido como um esforço conjunto de agências governamentais, com alta prioridade, nos anos que se seguiram o apoio para o projeto Calha Norte diminuiu drasticamente, e foram as Forças Armadas, especialmente o Exército, que têm feito quase todo o trabalho. A Política de Defesa Nacional do Brasil pretende revitalizar o projeto, com o objetivo de manter e controlar as fronteiras amazônicas. O conceito operacional do Exército para a Amazônia brasileira envolve 4 brigadas de infantaria de selva, 6 comandos de fronteira, com seus batalhões de infantaria de selva e cerca de 20 postos de pelotões de fronteira estabelecidos em áreas remotas.

 

As tropas dos batalhões de infantaria de selva conduzem operações de segurança ao longo da fronteira, enquanto que os postos avançados dos pelotões de fronteira apóiam o desenvolvimento econômico e comunitário nas áreas remotas. O CFSol/8º BIS constitui uma força integrada, com a missão de proporcionar segurança e apoiar os esforços de desenvolvimento ao longo da fronteira, em sua área de responsabilidade. Operando a partir do Forte São Francisco, ele é um dos seis comandos de fronteira existentes na Amazônia brasileira, contando, em sua sede, com duas companhias de infantaria de selva, uma companhia de comando e uma base administrativa de apoio. Também situados em Tabatinga estão unidades logísticas e de serviços, um comando de Capitania dos Portos da Marinha, um Destacamento da Força Aérea e um grande hospital do Exército  A base administrativa de apoio supervisiona e estende o apoio administrativo, também, para os quatro pelotões de fronteira, bem afastados de Tabatinga. Uma vez que quase todo o   transporte é feito por meios fluviais, o 3º Pelotão de Fronteira, situado em Vila Bittencourt, às margens do Rio Japurá, a 320 quilômetros ao norte de Tabatinga, está praticamente a 1 semana e meia de viagem. Já o 1º Pelotão de Fronteira, sediado em Palmeiras, às margens do Rio Javari, encontra-se a 340 quilômetros a sudoeste de Tabatinga ou 6 dias de viagem de barco. Para se alcançar o 4º Pelotão, em Estirão do Equador, às margens do Rio Javari, também na direção sudoeste, ou o 2º Pelotão, em Ipiranga, às margens do Rio Iça, na direção norte, a viagem demora cerca de 4 dias de barco. Quando existe transporte aéreo os quatro pelotões podem ser alcançados dentro de uma hora de viagem. Por estarem dispersos e afastados um do outro, os pelotões não podem reforçar-se mutuamente, e destacamentos das companhias de infantaria de selva baseadas em Tabatinga proporcionam vigilância e ações diretas nas vastas áreas de selva entre os postos avançados dos pelotões.

Os Destacamentos de Operações de Selva

Os destacamentos de operações de selva (DOS) são formados por grupos de aproximadamente 12 soldados de infantaria de selva, bem adestrados e preparados para a execução de reconhecimento e patrulhas de combate de longa distância. Os DOS proporcionam vigilância nas áreas abertas da fronteira entre as posições dos pelotões de fronteira e no interior da selva. Também proporcionam uma capacidade de reação rápida limitada no caso de emergências civis e militares. Os DOS são organizados de maneira similar às Equipes tipo A de Forças Especiais do Exército dos EUA, com um ou dois oficiais subalternos e/ou capitães liderando sargentos, cabos e soldados altamente preparados em áreas tais como comunicações, saúde e demolições. Equipados para o combate com fuzis Para-FAL 7.62mm, uma metralhadora MAG 7.62mm, munição e suprimentos, os integrantes dos DOS podem realizar o patrulhamento na selva por um período de 10 horas por dia, alcançando, talvez, uma distância de mais ou menos 10 quilômetros.

 

Uma missão de ação direta típica desempenhada pelos DOS é a de apoiar os esforços da Polícia Federal contra os traficantes de drogas na Amazônia brasileira. Os DOS podem neutralizar pequenos campos de pouso clandestinos utilizados por traficantes em suas atividades de transporte de droga. As equipes acompanham a polícia federal em barcos de médio porte até os pontos de coleta de drogas localizados ao longo dos rios, para então deslocarem-se selva adentro, munidos com instrumentos do GPS (Sistema de Posicionamento Global) e de fotografia aérea, em busca dos campos de pouso clandestinos.

 

Em missões similares, outros destacamentos de infantaria de selva são desdobrados para garantir segurança nas ações de imposição da lei. O efetivo da polícia federal na região do Alto Solimões é muito pequeno, tornando freqüentemente importante o apoio militar nas ações de combate ao tráfico

 de cocaína e às outras atividades de contrabando na área. Na base Anzol, localizada em uma área do rio Solimões de difícil acesso, os policiais realizam buscas nos barcos que descem o rio. Os elementos de infantaria de selva garantem a segurança do pequeno posto avançado contra a retaliação por parte da narco-guerrilha.

 

Para o CFSol, as ações mais importantes desempenhadas pelos DOS são as patrulhas de reconhecimento. Cada equipe é designada para operar habitualmente numa determinada área da bacia fluvial, que inclui os rios Javari, Quixito, Itaquaí, Ituí, Caruça e Branco. Dessa forma, elas são capazes de desenvolver um completo conhecimento da área e de sua população, adquirindo uma forte capacidade de inteligência. Tendo em vista que muitas famílias de soldados de infantaria de selva residem no Alto Solimões, as populações indígenas e os caboclos locais mantêm os DOS bem informados sobre criminosos e guerrilheiros intrusos.

 

Com essas habilidades, os DOS também têm provado serem essenciais em operações de busca e resgate na selva. Nos últimos anos, os DOS têm sido os elementos de ponta dos comandos de fronteira e têm auxiliado várias agências federais na proteção e desenvolvimento da região. Eles apóiam o  Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) nas ações contra a caça, pesca e extração de madeira ilegais. Eles auxiliam a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) a localizar garimpeiros, fazendeiros e cortadores de madeira ilegais que operam em terras indígenas. 

 

Outro fato interessante é que esses soldados entregam espécimes de plantas perigosas e raras encontradas ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, para que possam ser avaliadas como produtos medicinais ou alimentares. Para que possam cumprir suas árduas tarefas, os combatentes de infantaria de selva recebem adestramento especializado que vai além da tradicional experiência militar. Eles são adestrados no assunto de “cuidados com o meio ambiente”, a fim de localizar áreas onde garimpeiros, cortadores de madeira e caçadores e pescadores ilegais estão poluindo os rios, queimando a selva e dizimando a fauna e a flora — ao mesmo tempo em que desempenham suas missões militares normais. As ações dos DOS são fundamentais para a estratégia brasileira para a segurança da Amazônia. Enquanto isso os postos dos pelotões de fronteira e suas comunidades vizinhas representam a quintessência da política de defesa nacional brasileira, no que se refere ao “desenvolvimento e povoamento da faixa de fronteira”.

Organizações de Fronteira do Exército

Os pelotões de fronteira estabelecem uma presença física ao longo da fronteira amazônica para reforçar o compromisso do Brasil com a segurança regional. Desde o século XVII, os postos militares avançados brasileiros têm proporcionado bases para o estabelecimento de comunidades e, da mesma forma, os pelotões de fronteira têm atraído, nos dias de hoje, o desenvolvimento à sua volta. Um experiente tenente de infantaria, auxiliado por seus sargentos, geralmente comanda um desses pelotões. Cada fração inclui também um médico, um dentista e um farmacêutico. O efetivo médio dos pelotões de fronteira do CFSol/8º BIS é de 150 militares e ao redor de cada um de seus postos vivem cerca de 200 a 500 pessoas. Assim, a população total em cada uma das quatro comunidades dos pelotões do CFSol varia de 350 até mais de 600 pessoas.

 

Essas bases de pelotão são organizadas, adestradas e equipadas como infantaria leve para proporcionar reação rápida nas emergências e segurança para a comunidade. Elas contam com o auxílio de fazendeiros, trabalhadores e pescadores, os quais, com seus fortes laços com a área local, garantem uma ótima fonte de inteligência humana. Esses integrantes da comunidade recebem rotineira orientação do comandante do pelotão de fronteira e, dessa maneira, constituem verdadeiras e eficazes organizações de defesa local.

 

Os soldados são encorajados a estabelecerem suas famílias nas bases dos pelotões de fronteira, trazendo características da cultura brasileira de diferentes partes do país. As comunidades desses postos fronteiriços atraem habitantes da região (os quais, de outra forma, tenderiam a um estilo de vida nômade), estimulando-os a se estabelecerem e construírem suas casas nas proximidades da sede da unidade, podendo eles, dessa maneira, tirar vantagem da assistência de saúde e escolar disponíveis no local.

 

Normalmente esses postos fronteiriços proporcionam eletricidade, sistema de água tratada e se esforçam para pavimentar as ruas com asfalto. As casas dos habitantes locais são tipicamente pequenas, de dois ou três cômodos, cobertas com sapé ou com um telhado fino e, para completar, muitas possuem uma

 antena parabólica para captar a programação da televisão brasileira. Cada comunidade de pelotão de fronteira possui uma escola primária, com as esposas dos oficiais e sargentos servindo como professoras. Muitas vezes, os soldados servem também como professores, e todos podem aproveitar os programas de educação à distância, via televisão.

 

As clínicas de saúde dos pelotões de fronteira oferecem um médico e um dentista para o tratamento ambulatório. Tendo em vista a limitada capacidade de evacuação médica para o Hospital do Exército em Tabatinga, os médicos também lidam com casos mais sérios de emergências, contando para isso com pequenos, porém bem supridos, laboratórios e farmácias.

 

No Alto Solimões, a malária, a tuberculose, a hepatite e a cólera predominam juntamente com outras moléstias, como por exemplo, a leishmaniose e a febre amarela. É comum também o atendimento pelos médicos do Exército de vítimas de picadas de cobras e sanguessugas.O pessoal de saúde de um pelotão de fronteira atende, em média, cerca de 3.000 pacientes por ano. É comum também o tratamento de doenças provenientes de ingestão de alimentos e água contaminados, sendo que uma equipe médica do hospital do Exército de Tabatinga conduz visitas de campo, a fim de combater as causas dos surtos de cólera. É normal que habitantes das selvas colombianas e peruanas apareçam nos postos dos pelotões em busca de cuidados médicos, os quais são atendidos por uma questão humanitária. Embora atuem em ações civis e humanitárias, os soldados de selva mantêm o enfoque nas suas missões primordiais: manter a vigilância das fronteiras e promover a ocupação e o desenvolvimento da área.

 

O Comando de Fronteira apóia o desenvolvimento comunitário por todo o Alto Solimões. Seu programa de reflorestamento arregimenta trabalhadores locais para o combate à exploração ilegal e destrutiva da madeira. O Comando de Fronteira também trabalha com pesquisas de novos remédios e alimentos. Cientistas da Universidade do Amazonas e do INPA, em Manaus, têm trabalhado junto com o Exército para integrar métodos modernos de biotecnologia com o tradicional conhecimento indígena dos efeitos terapêuticos de inúmeras plantas da selva. Em Tabatinga, o Exército, catalogou e analisou mais de 50 espécimes de plantas e seus efeitos, para descobrir quais as que poderiam ser exploradas comercialmente. Uma indústria leve poderia surgir a partir do processamento dessas plantas especiais para uso medicinal.

 

 

A Selva não pertence ao mais forte, mas ao sóbrio, habilidoso e resistente.

 Fontes: Revista Veja, Military Review e Ministério do Exército.