A Batalha de Malta

 


No mar Mediterrâneo, 100 km ao sul da Sicília, está situada a ilha de Malta. Com seus 27 km de comprimento e 13 de largura, é apenas um ponto no mapa. A superfície da ilha principal alcança a 246 km² e a extensão total, inclusive as ilhas adjacentes de Gozo e Comino, é de 316 km². a imensa maioria de seus habitantes vivem em Malta. La Valletta é a capital. Fisicamente, a ilha é um promontório de rocha calcária. E de pedra são a maioria de suas casas.

Malta significa refúgio. Esse é o significado da palavra. Essa pequena ilha foi palco de muitos combates. Através dos séculos, os fenícios, cartagineses, romanos, árabes e normandos lutaram pela posse de Malta. Napoleão, valendo-se de grande armada, capturou-a em 1798. Os ingleses, sob o comando de Nelson, a sitiaram naquele mesmo ano e a conquistaram em 1800. Daí em diante, até 1939, Malta viveu em paz. Por mais de um século, ela representou uma importante base naval e militar no Mediterrâneo Central, posicionada a meio caminho entre dois grandes bastiões do Império Britânico: Gibraltar e Alexandria. Enquanto a Grã-Bretanha e a Itália permanecessem aliadas, a segurança de Malta não correria riscos, e por isso, as tropas inglesas lá estacionadas eram relativamente poucas.

Valleta em Malta

O eclodir da Segunda Guerra Mundial não provocou grandes mudanças na ilha. Sua população, na maioria constituída por homens corpulentos, de olhos negros, e mulheres vestidas com o tradicional faldetta (espécie de capa com grande capuz), manteve-se dedicada à criação de gado bovino e caprino, à cultura do trigo, legumes, verduras e frutas. No seu idioma, derivado do antigo fenício semítico, a palavra guerra não tinha grande significado.

Sua localização, em pleno centro do conflito, a poucos quilômetros da Itália e África do Norte, no mar Mediterrâneo, tornou-a ponto obrigatório de penetração para os comboios que se dirigiam à África a base valiosíssima para os ingleses, que montaram um forte bloqueio as comunicações do Eixo. A ilha foi  alvo do ataques contínuos da aviação ítalo-germânica, empenhada na destruição da pequena ilha, e, também, foi palco de atos de heroísmo de um grupo de aviadores da RAF (Royal Air Force) que buscavam protegê-la. Em 1940 a situação de Malta era um ponto de grande valor estratégico e, como tal, foi cenário de luta feroz.

A luta de Malta assumiu traços épicos, durante a Segunda Guerra Mundial. A ilha fechou-se em si mesma, afundou-se em suas cavernas, entrincheirou-se em suas rochas e resistiu. Resistiu infatigavelmente. Seu território foi bombardeado sem trégua várias vezes, porém Malta resistiu. Não somente resistiu: atacou. Atacou bem, como testemunham as palavras de Ciano em seu diário: "Dessa maneira, nossos navios mercantes não durarão nem um ano". E como suas palavras fossem poucas, a resistência e o ataque malteses refletiram-se nas palavras do Almirante Doenitz, em setembro de 1941: "não poderemos sustentar durante mais um ano uma nova campanha de Rommel É preciso destruir Malta". A provação desta pequena ilha durou de meados de 1940 até a vitória final dos aliados, no Norte da África em maio de 1943, um longo período durante o qual os ataques das forças do Eixo foram constantes e contínuos.

O eclodir da Segunda Guerra Mundial não provocou grandes mudanças na ilha. Sua população, na maioria constituída por homens de natureza corpulentas e bem tradicionais, mantiveram-se dedicados à criação de gado bovino e caprino, à cultura do trigo, legumes, verduras e frutas.

Depois de iniciada a luta, os malteses confiaram na neutralidade da Itália, potência vizinha. Porém, durou pouco aquela tranqüilidade. Por volta de junho de 1940, ao esgotar-se a resistência da França, entrou a Itália na guerra. No dia seguinte, aviões de bombardeio surgiram sobre a ilha. Malta, naquele instante, contava com quatro aviões de caça de modelo antigo, destinados a sua defesa. Os pilotos eram apenas seis e com tal minguada força área a ilha começou a participar da guerra. Ao enfrentar os aviões inimigos, um dos caças foi derrubado. Ficaram somente três, que sustentaram a luta, heroicamente, durante quatro meses, com a desvantagem de um contra dez. Foram cognominados "homens de Fé, Esperança e Caridade", e converteram-se no símbolo da resistência maltesa.

Os famosos Fé, Esperança e Caridade sobre Malta.

A defesa inicial da ilha de Malta do ataque italiano em junho de 1940 foi deita por três Gloster Sea Gladiators nomeados Fé, Esperança e Caridade é lendária, e parcialmente mítica. Havia na verdade 12 Gladiators armazenados em Malta, no momento do ataque, e os defensores eventualmente "consumiram" todas as 12 aeronaves, quer como substitutas ou usando suas partes, no esforço para manter quatro Gladiators voando contra os italianos em um determinado dia. A história dos três Gloster Gladiators Fé, Esperança e Caridade, surgiu depois, e foi inventada pela impressa como uma boa história patriótica que ajudou a levantar o moral da população na seqüência da entrada dos italianos na 2ª Guerra Mundial ao da Alemanha.

Gloster Sea Gladiator Mk I sobre Malta

Hoje em dia os caças da N°1435 Flight RAF baseados nas Falklands mantêm uma conexão histórica com Malta, pois suas aeronaves ostentam a Cruz de Malta. A prática de nomear a presença de quatro aeronaves nas ilhas também se mantém: eles são chamados de    Esperança  e  Caridade , em referencia aos Gloster Sea Gladiators que defenderam Malta, e  Desespero O Desespero  foi adicionado aos três nomes tradicionais quando os quatro McDonnell Douglas Phantom FGR.2s entraram em serviço nas Falklands no momento em que a unidade 1435 foi reativada em 1988.    Esperança  e Caridade  voavam operacionalmente, com  Desespero  adequadamente na reserva. Em sua aposentadoria, em 1992, um dos Phantoms foi colocado como o guardião do portão em Mount Pleasant. Os Phantoms foram substituídos por quatro Tornado F.3s. Os quatro Tornados permaneceram em serviço ativo, até que foram substituídos por sua vez pelos Eurofighter Typhoon FGR4 em setembro 2009. As novas aeronaves da unidade não têm os nomes tradicionais aplicados as mesmas, mas as quatro aeronaves têm em suas caldas as letras correspondentes (F H  C , D).

Um McDonnell Douglas Phantom FGR.2 da N°1435 Flight RAF baseado nas Falklands. Ele tem a Cruz de Malta e a letra "D" de Desespero  

A calda de um Eurofighter Typhoon FGR4 da 1435 nas Falklands. Notem a letra "F" de Fé
 

Reforçando Malta

Em 1917, durante a 1ª Guerra Mundial, o Royal Navy Air Service instalou na ilha, em Kalafrana, uma base de hidroaviões, a partir da qual aeronaves britânicas realizavam missões regulares de patrulha anti-submarina buscando encontrar eventuais naves das Potências Centrais que partiam dos portos do Mar Adriático. Após a fusão do Royal Flying Corps com a Royal Navy Air Service, que resultou na criação da Royal Air Force em Abril de 1918, Kalafrana tornou-se uma base daRAF, que mais tarde passou também a operar uma nova base em Hal Far, em Março de 1929. Kalafrana voltou a ser uma base de hidro-aviões da RAF, durante a Guerra Civil Espanhola, enquanto que as aeronaves da Fleet Air Arm eram mantidos na reserva da Esquadra do Mediterrâneo. Pouca atenção foi dada à defesa da ilha antes da 2ª Guerra Mundial, apesar da importância dada pela Royal Navy, embora dois esquadrões de caça da RAF tenham sido enviados para Hal Far durante a crise na Abissínia entre 1935 e 1936, quando a Itália começou a demonstrar seus primeiros sinais de ambição imperial no leste africano.

A Itália entre na guerra

Quando da entrada da Itália na 2ª Guerra Mundial no dia 10 de junho de 1940, como aliada dos alemães, dois novos aeródromos haviam sido construídos na ilha: um em Ta Kalie outro em Luqa, embora ainda não tivesse sido estabelecido uma defesa de caças. Na realidade, quatro esquadrões de caças haviam sido previstos para Malta, mas as necessidades domésticas ainda não tinham permitido a materialização do planejado, quando pela primeira vez apareceu sob os céus malteses uma aeronave de reconhecimento italiana. Mas as falhas não ficavam só na aviação, pois as 172 baterias anti-aéreas recomendadas ainda não haviam sido enviadas para a defesa da ilha. De um modo geral, britânicos tinham a seguinte opinião: se a Itália demonstrasse algum interesse de conquista para com a Ilha de Malta, pouco poder-se-ia fazer pela ilha. As únicas aeronaves militares na ilha eram cinco torpedeiros biplanos Swordfish da Royal Navy, um Queen Bee (aeronave radio-controlada utilizada como alvo anti-aéreo) e oito caças biplanos Sea Gladiators, ainda desmontados e empacotados, que serviriam como reposição de aeronaves embarcadas de algum porta-aviões da Royal Navy que as necessitasse. Alguns dias antes da Itália entrar na guerra, quatro Sea Gladiators foram montados e passaram a ser voados por pilotos voluntários do Quartel General da RAF na ilha, que era comandado pelo Air Commodore Forster Herbert Martin Maynard. Um equipamento vital para os meses seguintes havia sido instalado na ilha no final de 1939: tratava-se de um radar AMES (Air Ministry Experimental Station) Mk 1 Tipo 6, instalado em Fort Ta Salvatur e operado pela Transportation Radio Unit (TRU) Nº 241 , capaz de realizar varredura em todas as direções até uma distância de 100 milhas (160 km) e a uma alturade 8 mil pés (2.438 m). Uma segunda unidade de radar estava em processo de instalação, e seria operada pela TRU Nº 242.

Quando no dia 11 de junho, cerca de doze bombardeiros italianos SM 79 aparecerem sobre Malta, três Sea Gladiators decolaram para interceptá-los, mas com ordens de apenas atrapalhar o ataque sem prolongar muito o combate. Esse padrão de operações perdurou por alguns dias, sendo que pelo menos um bombardeiro italiano foi derrubado. Os italianos estavam convictos que pelo menos dois esquadrões de caças ingleses operavam na ilha, visto que os relatórios dos pilotos indicavam a presença de caças Hurricanes. Na realidade, quatro desses caças chegaram à Malta na manhã do dia 14 de junho de 1940, e foram muito bem recebidos tendo em vista os fracassos obtidos pelos Sea Gladiators. No dia 10 de junho de 1940, após uma ordem direta e pessoal de Winston Churchill, 12 Hurricanes Mk I, equipados com tanques de combustível suplementares, decolaram de Boscombe Dawn na companhia de um Blenheim como aeronave de auxílio navegação, com orientação de voarem até o sul da França, onde seriam reabastecidos. Infelizmente, ao chegarem ao aeródromo estabelecido, descobriram que a população, com medo de represálias dos alemães, havia obstruído a pista de pouso. O Blenhein e oito Hurricanes se acidentaram ao pousarem e ficaram impossibilitados de prosseguir viajem. Os quatro caças que restaram conseguiram se reabastecer,com os pilotos utilizando latas, decolando no dia seguinte ruma à Tunísia, onde foram reabastecidos com auxílio da população local. Decolaram, e finalmente alcançaram Malta, quando então descobriram que seu armamento ainda não havia chegado (seria trazido da Grã Bretanha por um Hudson, que ainda encontrava-se em Gibraltar).

Receberam então ordens do comando britânico, para prosseguirem viajem até o Egito, onde suas aeronaves seriam equipadas com as metralhadoras. Assim que lá chegaram, receberam a notícia de que o Hudson havia alcançado Malta, mas não prosseguiria viajem, por problemas mecânicos. Os Hurricanes foram reabastecidos em Abu Sueir e retornaram para Malta, onde finalmente tiveram suas armas instaladas e testadas, em menos de seis horas após sua chegada, quando então passaram a fazer parte da defesa da ilha. Em menos de uma semana, os Hurricanes destruíram nove aeronaves italianas. Alguns meses depois, como resultado de uma propaganda jornalística, os nomes Faith (Fé), Hope (Esperança) e Charity (Caridade), apareceram nos jornais malteses, como referencia aos três Sea Gladiators que teriam combatido sozinhos contra a poderosa Regia Aeronáutica. Uma bela estória que entrou para os mitos da 2ª Guerra Mundial, mas quem, em tempos de guerra, teria coragem de denegrir os esforços para elevar a moral dos ilhéus.

Tendo consciência de que Malta assumiria um papel estratégico muito grande para a Royal Navy num futuro muito próximo, e que também por sua localização geográfica seria uma base muito importante para se atacar as linhas de suprimento dos exércitos italianos que encontravam-se no Norte da África, Maynard precisava obter mais aeronaves, de modo a poder atacar os italianos. Assim, recebeu um esquadrão de Swordfish (o de Nº 830 da Fleet Air Arm), um Hudson, um hidroavião francês Latécoère e dois Sunderlands, que começaram a operar a partir de Kalafrana. Essas operações obtiveram logo resultados, quando o Flight Lieutenant Willian Weir Campbell do Esquadrão Nº 230afundou o submarino italiano Argonauta no Mediterrâneo Central. No dia seguinte um outro submarino italiano foi afundado, o Rubino.

Um Hurricane da RAF enfrenta um Fiat CR. 42 italiano sobre Malta

Apesar do evidente valor da ilha como base para operações ofensivas, particularmente de missões de reconhecimento do território italiano, o Air Ministry decidiu primeiro fortalecer a ilha com caças, objetivando a defesa, para depois enviar bombardeiros e demais tipos de aeronaves. Assim, no dia 2 de agosto de 1940 o porta-aviões HMS Argus navegou até estar a 200 milhas de Malta e lançou 12 Hurricanes Mk I do Esquadrão Nº 418, que conseguiram pousar com sucesso em Luqa. Essas aeronaves, juntamente com seis Sea Gladiators (recém-montados) e com os antigos quatro Hurricanes passaram a formar o Esquadrão Nº 216, sob o comando do Squadron Leader Duncan Whiteey Balden. O pessoal de apoio chegou a Malta por submarino. Aos poucos, a aviação em Malta ia sendo reforçada. Três Marylands, foram recebidos e passaram a compor o Esquadrão Nº 431, sob o comando do Squadron Leader Eric Willian Whitely, cujo objetivo era a realização de missões de foto-reconhecimento do Mediterrâneo Central, em particular da Esquadra Italiana. No dia 10 de novembro, numa dessas missões, o Pilot Officer Adrian Warburton obteve fotos evidenciando a presença de boa parte da Esquadra Italiana no porto de Taranto. No dia seguinte, o porta-aviões HMS Illustrous, patrulhando a área, lançou à noite um ataque com seus 21 Swordfishs, que liderados pelo Lieutnant Commander Kenneth Williamson, atacou o porto com bombas e torpedos, afundando o encouraçado Littorio, e danificando seriamente outros dois, sendo que um deles, nunca mais pode navegar.

Uma semana depois deste ataque, o HMS Argus estava pronto para lançar mais uma leva de caças para Malta, mas devido a relatórios confusos que informavam sobre atividades da Esquadra Italiana na área, ele lançou 12 caças acompanhados por dois Skuas como guias, mas no limite do raio de ação dos Hurricanes. Por falta de experiência dos pilotos em voarem sob regime econômico, oito caças e um Skua ficaram sem combustível e foram perdidos.

Aeronaves do Eixo usadas nos ataques a Malta

Apesar desses percalços, a RAF começou a enviar bombardeiros Wellingtons para o Egito, que faziam parada em Malta, quando então realizavam algumas missões contra portos italianos, antes de seguirem para seu destino final. Os resultados obtidos foram muito bons, e por isso Maynard obteve permissão para ficar com 16 desses bombardeiros, que passaram a compor o Esquadrão Nº 148, e a operar a partir de Luqa. Suas primeiras missões oficiais foram realizadas contra posições italianas na Albânia, em apoio aos gregos, mas logo tiveram seu alvo modificado para os portos de Bengazi e
Trípoli na Líbia, em apoio a ofensiva do General Wavell no Deserto Ocidental.

Os italianos tiveram alguns problemas nos Bálcãs e no Norte da África, bem como foram incapazes de controlar o Mediterrâneo, evitando a circulação de navios britânicos, e por isso foram socorridos pelos alemães. Logo, os Marylands de reconhecimento, identificaram a presença de bombardeiros alemães na Sicília. Inicialmente pensou-se tratar de aeronaves alemães pela Regia Aeronáutica, já que alguns Ju-87, pilotados por italianos já haviam atacado Malta. Finalmente, em janeiro de 1941, a realidade se fez presente, quando aeronaves alemães passaram a aparecer nos céus malteses.

Embora Malta não tenha ficado imune aos sérios ataques da Regia Aeronáutica, o esforço do Esquadrão Nº 261 forçou inicialmente os italianos a bombardearem de elevada altitude, diminuindo a precisão do ataque e depois a terem que enviar seus bombardeiros escoltados por caças Fiat CR 42 e Macchi MC 200. Embora esses caças italianos fossem inferiores em desempenho aos Hurricanes, esses tinham sempre a desvantagem numérica.

A transferência do Fliegerkorps X parao Teatro do Mediterrâneo teve três objetivos principais: assegurar as rotas de suprimento marítimo para a África do Norte que estavam sendo atacadas pela Royal Navy, impedir a liberdade de ação da Royal Navy e fechar o Canal de Suez. Juntamente com esses três objetivos vinha também uma tarefa essencial, qual seja, a destruição da base britânica em Malta. Deste modo, os italianos executavam as missões de reconhecimento e os alemães os ataques, e assim, em janeiro de 1941, um comboio inglês foi avistado, navegando nos estreitos da Sicília.

Tratava-se de parte da Operação Excess, cujo objetivo era enviar três navios mercantes para a Grécia e um para Malta, com escolta da Força H composta de um cruzador pesado, de um porta-aviões (HMS Ark Royal), de dois cruzadores e 11 destróieres. Um outro comboio partira de Alexandria no Egito, composto de dois navios mercantes escoltados por dois cruzadores pesados, um porta-aviões (HMS Illustrous), seis cruzadores e 12 destróieres, de tal modo a encontrar com aquele outro comboio na altura da Sicília, trocarem a escolta e continuarem a viagem. Ao mesmo tempo em que dois cruzadores, o HMS Southhampton e o HMS Gloucester levavam tropas de Alexandria para Malta e escoltariam oito navios mercantes vazios quando do retorno.

O famoso HMS Ark Royal com duas aeronaves Swordfish em seu convés

Logo após a Força H ter entregue seus navios mercantes e retornado para Gibraltar, o Illustrous e os demais navios se encontraram com um par de lanchas torpedeiras italianas. Imediatamente o HMS Illustrous lançou dois Fulmars (nome dado pelos ingleses parao Wildcat) para interceptar os SM 79 que haviam sido alertados, mas nessa hora 30 Ju 87R do I/StG 1 e do II/StG 2, liderados pelos Hauptmanns Paul-Werner Hozzel e Walter Ennecceurs chegaram sobre o porta-aviões e lançaram-se ao ataque. Os alemães perderam três aeronaves, mas atingiram o Illustrous seis vezes, que por causa de seu deck de vôo de metal, conseguiu sobreviver. Enquanto o HMS Illustrous dirigia-se para Valleta , os Ju-87 atacaram no dia seguinte os cruzadores HMS Southampton e HMS Gloucester, afundando o primeiro. Infelizmente, além de seis Fulmars cujos pilotos não conseguiram pousar de volta no HMS Illustrous e foram para Malta, nenhum dos comboios conseguiu entregar caça algum à ilha. Com o grande navio atracado em Malta, a ilha tornou-se alvo de inúmeros ataques dos bombardeiros do Eixo, sem que os caças ingleses pudessem fazer grande coisa para defendê-la.

Belonaves da Força H - O HMS Ark Royal, o HMS Sheffield e o HMS Renown

O mau tempo e a falta de bombas especiais, fez com que a Luftwaffe só voltasse a atacar Malta no dia 16 de janeiro, enquanto que os reparos no HMS Illustrous eram realizados o mais rápido possível. Neste dia, a Luftwaffe atacou inicialmente com os Ju-88A-3 do LG1 seguido dos Ju-87R dos StG 1 e 2, e apesar do intenso fogo anti-aéreo ter derrubado cinco aeronaves, o porta-aviões recebeu outro impacto, assim como o cruzador HMS Essex, cuja bomba não explodiu. Oito Hurricanes do Esquadrão Nº 261 e os Fulmars do Esquadrão Nº 806 da Flee Air Arm, abateram outros cinco bombardeiros. Dois dias depois, mais de 60 bombardeiros, com escolta atacaram Valletta e o aeródromo de Luqa, e ao final do dia, apenas sete caças da RAF e dois Fulmars estavam em condições de vôo, enquanto que Luqa ficou temporariamente sem poder ser utilizado. No dia seguinte, seis Hurricanes, um Sea Gladiator e um Fulmar decolaram para interceptar 50 bombardeiros inimigos, que atacavam principalmente o HMS Illustrous, abatendo cinco aeronaves, enquanto que a anti-aérea reivindicava outros onze bombardeiros. As perdas britânicas foram de dois caças em combate e mais dois no solo, além de um hidroavião Sunderland que estava atracado em Marsaxlokk Bay. Desta vez o HMS Illustrous não foi atingido, mas os trabalhos de reparo não andavam, e assim, no dia 23 de janeiro decidiu-se que o porta-aviões partiria para Alexandria do jeito que estava, onde chegou dois dias depois, para um longo período docado. A partida do Illustrous não foi um alívio para Malta, apenas representou um alvo a menos a ser atacado.

Entre os equipamentos recém chegados à Malta, estavam dois radares de baixa-altura, que foram instalados em TaSilch ao sul e em Fort Madalena na costa norte a oeste de Valletta. Enquanto que os Ju 87R e os Ju 88A continuavam a atacar os aeródromosde Luqa e Hal Far (de onde os Hurricanes do Esquadrão 261 operavam), uma nova unidade alemã juntou-se ao ataque, a 4./KG4 e a II./KG 26 operando com aeronaves He 111, que sistematicamente lançavam minas em torno do Grand Harbour, de Marsamxett Harbour e de Marsaxlokk Bay. Caças Messerchmitt Bf 109E do 7./JG 26 comandados pelo famoso Oberleutnant Joachim Muncheberg e caças-noturnos Messerchmitt Bf 110C do 1./NJG 3, começaram a aparecer nos céus malteses, fazendo com que Maynard reiterasse suas ordens para que os caças evitassem combates prolongados e se concentrassem nos bombardeiros. Felizmente, o Air Chief Marshall Sir Arthur Longmore, decidiu liberar para Malta seis de seus Hurricanes que estavam na reserva tática no Egito, e assim, no dia 30 de janeiro de 1941, eles decolaram de Gazala na Líbia, agora em mãos inglesas, e pousaram com segurança em Ta Kali, fazendo com que o efetivo do Esquadrão Nº 261 se completasse.

A superioridade aérea alemão era praticamente total sobre a área central do Teatro do Mediterrâneo, desencorajando o Almirantado inglês de tentar qualquer tipo de operação com porta-aviões, de modo a reforçar as defesas de Malta, preferindo utilizar o HMS Argus e o Furious na rota até Takoradi na costa oeste da África, de onde os caças podiam voar em total segurança até o Oriente Médio. Os ataques alemães e italianos à ilha continuavam sem trégua durante o mês de fevereiro de 1941, sendo que no dia 26 de fevereiro foi particularmente selvagem, quando 30 Ju 87 e 12 Ju 88 destruíram seis e danificaram sete Wellingtons do Esquadrão Nº 148. Embora os caças defensores tenham conseguido penetrar na escolta dos Bf 109 e MC.202, derrubando dois bombardeiros, Maynard chegou a conclusão que a força de ataque da ilha havia sido virtualmente eliminada, e relutantemente, ordenou que os bombardeiros Wellingtons que sobraram, seriam enviados para o Egito.

Durante a 2ª Guerra Mundial os aeródromos de Luqa, Hal far e Safi eram bases independentes, embora interconectadas por pistas de rolamento. Kalafrana, era a base dos hidroaviões. As aeronaves de busca e salvamento operavam a partir de Grand Harbour.

Desde meados de junho de 1940, a força de caças de Malta foi muito pequena, mas mesmo assim, foi responsável por derrubar 96 aeronaves inimigas, perdendo 16 caças da RAF e da FAA e 11 pilotos. Os combates nos primeiros dez dias do mês de março de 1941 levaram à perda de três pilotos e de sete Hurricanes. No final do mês apenas seis caças estavam em condição de vôo. O Albacore Mk I, utilizado pelo Esquadrão Nº 828 da Fleet Air Arm Mas a salvação veio por duas razões: os pesados combates na Cirenaica (Líbia) e a invasão dos Bálcãs por forças alemães resultaram no deslocamento da maior parte do Fliegerkorps X da Sicília para aquelas distantes áreas. Deste modo, a diminuição da pressão do Eixo no Mediterrâneo Central encorajou o Almirantado Britânico a enviar o porta-aviões HMS Ark Royal no dia 3 de abril, com 12 Hurricanes para Malta, sendo que todas as aeronaves chegaram sãs e salvas à ilha. Antes do final do mês, o Ark Royal realizou mais uma destas viagens, lançando agora 24 caças Hurricane Mk IIB, que passaram a compor o Esquadrão Nº 185 operando a partir de Hal Far. Este novo esquadrão absorveu elementos da Esquadrilha Nº 1430 e os sobreviventes do Esquadrão Nº 261.

Acreditando que com a retirada dos bombardeiros Wellingtons, a força de ataque de Malta havia acabado, a Regia Aeronáutica e o que restou da Luftwaffe no Mediterrâneo, abandonou Malta, acreditando que seria impossível a ilha receber reforços. Essa crença mostrou-se ser um grande erro com a chegada de 46 Hurricanes Mk IIC equipados com canhões transportados pelos porta-aviões HMS Ark Royal e HMS Furious e de 143 Hurricanes Mk IIB e IIC, transportados em quatro operações no mês de junho, envolvendo os porta-aviões HMS Ark Royal, HMS Furious e HMS Victorious. Essas aeronaves
passaram a equipar os Esquadrões Nº 126, 185 e 249, enquanto que seis Hurricanes foram convertidos em aeronaves de foto-reconhecimento e passaram a formar o Esquadrão Nº 69, que havia sido anteriormente formado com aeronaves Maryland no início do ano.

No começo de julho de 1941, os Hurricanes Mk IIC caça-bombardeiros começaram a realizar missões de ataque contra a Sicília. No dia 9 de julho, quatro aeronaves do Esquadrão Nº 185,liderados pelo seu comandante, o Squadron Leader Peter Willian Olber Mould, atacaram a base de hidroaviões italiana em Siracusa, destruindo seis aeronaves e danificando outras quatro. No dia 26 de julho, seis lanchas torpedeiras italianas, escoltadas por caças MC.202 tentaram atacar barcos atracados no Grand Harbour em Valletta, mas os Hurricanes dos Esquadrões Nº 126 e 185 foram alertados, afundando quatro torpedeiras e fazendo com que as outras duas se rendessem. Uma dessas duas lanchas foi virtualmente capturada pelo Esquadrão Nº 185, quando um de seus pilotos, o Pilot Officer Winton teve que se lançar de pára-quedas e nadando até a torpedeira mais próxima, verificou que todos os seus tripulantes estavam mortos. Ele subiu a bordo e levou a lancha até os portos ingleses.

Uniforme dos pilotos da RAF baseados em Malta. Atrás estão os Hurricanes Mk II

Tendo certeza de que a defesa de caças da ilha estava bastante forte, o novo comandante das forças aéreas em malta, o Air Vice-Marshal Hugh Pughe Lloyd, preparou-se para receber novamente uma força de bombardeiros. Em maio, um pequeno destacamento de Blenheim Mk IV proveniente do Esquadrão Nº 139 chegou a Luqa onde permaneceria por duas semanas. Em julho, todo o Esquadrão Nº 195 chegou à ilha, seguido do Esquadrão Nº 107, ambos equipados com bombardeiros médios Blenheims e operando de Luqa. No final de outubro de 1941, esse aeródromo passou a ser sede o Esquadrão Nº 40 de bombardeiros Wellingtons, juntamente com os destacamentos dos Esquadrões Nº 38 e 102, dos Blenheims do Esquadrão Nº 107 e dos Hurricanes e Marylands de foto-reconhecimento do Esquadrão Nº 69. Em Hal Far ficavam os Hurricanes Mk II no Esquadrão Nº 185, enquanto que os dos Esquadrões Nº 126 e 249 operavam a partir de Ta Kali.

Nesta fase da guerra, o Afrika Korps de Rommel já encontrava-se bem estabelecido no Norte da África, sendo que as tropas britânicas, que haviam avançado até Cirenaica no inverno anterior, tinham sido forçadas a retroceder quase que até a fronteira egípcia. Com este avanço das tropas do Eixo em direção ao leste, se fez necessário a elaboração de uma linha de suprimento marítima desde a Europa até Trípoli e Bengazi, fato este aproveitado pelas aeronaves britânicas, que constantemente atacavam esses navios, fazendo com que apenas 25% de todo material enviado chegasse a seu destino. Das 220 mil toneladas afundadas, das quais 90% estavam indo para a África, entre 1 de junho e 31 de outubro de 1941, 115 mil o foram por aeronaves, das quais 85 mil por aeronaves baseadas em Malta.

No mês de outubro de 1941, o General Claude Auchinleck juntamente com o Oitavo Exército Britânico sob o comando de Cunningham preparavam uma nova ofensiva, a Operação Crusader, ao mesmo tempo em que o Air Marshal Sir Arthur Tedder, agora designado comandante da RAF Middle East reunia e preparava 49 esquadrões, nove dos quais baseados em Malta, para apoiar as tropas terrestres. Apesar das perdas sofridas pelas tropas do Eixo nos meses anteriores, Rommel reforçava e preparava suas forças para uma nova ofensiva contra o Egito. Entretanto, sua situação no que dizia respeito a suprimentos era tão desesperada, que mesmo sacrificando suas forças na Rússia, Hitler ordenou que a Luftwaffe retornasse à Sicília durante o mês de novembro de 1941.

Além de missões de bombardeio, os Baltimores realizavam tarefas de reconhecimento. Na foto, um Baltimore do Esquadrão Nº 69 retorna a Luqa, e vê-se um dos tripulantes descendo apressadamente com os filmes tirados. Embora a Operação Crusader tivesse sido iniciada antes que Rommel estivesse completamente preparado, e tenha conseguido fazer com que as tropas do Eixo retrocedessem até a Cirenaica, o poder aéreo alemão no Mediterrâneo Central permitiu que suas tropas recebessem consideráveis reforços. O período entre Dezembro de 1941 e Junho de 1942 constituiu-se no maior perigo para a ilha de Malta. Em meados de Dezembro, Lloyed possuía disponíveis 60 bombardeiros e 70 caças, tendo contra si na Sicília cerca de 250 bombardeiros e aeronaves de reconhecimento e 200 caças, entre máquinas alemães e italianas. Durante a última semana do ano, as forças do Eixo chegara a atacar a ilha com 200 aeronaves, ao mesmo tempo em que o Messerschmitt Bf 109F substituía o modelo E, provando ser muito superior ao Hurricane, enquanto que os pesados ataques transformavam os aeródromos de Hal Far e Ta Kali num perfeito atoleiro.

Malta sobre ataque aéreo em 1942

No início de janeiro de 1942, os ataques alemães contra Malta aumentaram rapidamente em ferocidade e em freqüência, sendo comum as sirenes de Valletta soarem mais de seis vezes por dia. Nesta época o aviso de tais ataques era detectado por dois radares de longo alcance, posicionados em morros situados em Dingli a sudoeste da costa maltesa. Esses ataques eram realizados por elementos da Luflotte 2 sob o comando do Generalfeldmarschall Albert Kesselring e da Fliegerkorps II comandada pelo General Bruno Loerzer. Em poucas semanas, a Luflotte2 aumentou seu efetivo para mais de 400 aeronaves, incluindo os Ju 88A-4 da KG 54 e os Bf 109F-4 das II./JG 3 “Udet” e JG 54 “Grünherz”.

Embora os Blenheims dos Esquadrões Nº 21 e 107 tivessem conseguido realizar algumas incursões contra bases inimigas, e tendo destruído inclusive 11 aeronaves de transporte em Castelvetrano no dia 4 de janeiro, era obvio que suprimentos e reforços do Eixo continuavam a chegar à África do Norte, freqüentemente não detectados e raramente atacados. Uma vez mais decidiu-se reduzir a força de bombardeiros da ilha, sendo que no dia 22 de fevereiro todos os Blenheims foram transferidos para o Egito, deixando na ilha apenas os Wellingtons IC do Esquadrão Nº 40 e os Wellingtons Mk VIII anti-navios do Esquadrão Nº 221.

Chegam os primeiros Spitfires
Tudo isso não podei ter acontecido numa pior hora para o Oitavo Exército Britânico, que havia avançado bem para dentro da Península da Cirenaica e capturado Bengazi. No dia 21 de janeiro Rommel atacou e pegou as tropas britânica de surpresa, sendo que em maio elas já haviam recuado e estavam se defendendo numa linha ao sul de Gazala. No final de fevereiro, Lloyd não conseguia por em ação mais do que 20 caças para defender Malta dos ataques dos bombardeiros, ao mesmo tempo em que os alemães começaram a enviar caças à baixa altura, obrigando os britânicos a dividir suas forças de defesa. Nenhum comboio com alimentos,combustível, munição ou aeronaves havia chegado à Malta desde Novembro de 1941, e por isso reforçar as defesas da ilha era algo essencial, que no dia 7 de março de 1942 o HMS Eagle realizou uma viagem de emergência lançando 15
Spitfires VB, liderados pelo Squadron Leader Edward John Gracie, sendo que pela primeira vez esse modelo de caça era empregado no Teatro do Mediterrâneo. Um mês depois, outros16 Spitfires chegaram à ilha.

No verão de 1942, a batalha desesperada para manter Malta nas mãos dos Aliados estava no seu auge. O porto vital de Valletta é o alvo paraos ataques de bombardeiros da Luftwaffe. Decolando rapidamente para a sua defesa saem de seu campo de pouso nas proximidades, em Takali um Spitfire Mk VBs do No.249 Squadron, que, na perseguição dos bombardeiros JU88, travam também combate com os caças de escolta do inimigo. Estes incluem Me109s da JG53 e italianos da Força Aérea Re2001s de 2º Gruppo baseados na Sicília. Tais esforços galantes dos esquadrões da RAF levou-os a superar obstáculos aparentemente impossíveis para proteger a ilha que era  um vital ponto estratégico. Eles repeliram com sucesso os ataques do Eixo e possibilitaram a conquista do Teatro do Mediterrâneo.

Embora a chegada do novo caça tenha produzido um aumento na moral dos ilhéus, eles pouco podiam fazer contra os enxames de aeronaves inimigas que atacavam a ilha diariamente. Todavia, com a entrada dos Estados Unidos na guerra, o porta-aviões USS Wasp foi enviado para auxiliar os dois porta-aviões ingleses HMS Eagle e HMS Argus no Teatro do Mediterrâneo, fazendo com que, durante os meses de abril e maio, um total de 120 Spitfires Mk V tenham chegado à Malta. Esses reforços, com toda certeza, salvaram Malta, e foram também responsáveis pela diminuição dos ataques aéreos pelas forças de Kesselring. Por seu turno, os alemães começaram a preparar um plano de invasão da ilha, a ser realizado no outono de 1942, como parte de um plano maior de expulsar os aliados do Mediterrâneo. No dia 1º de julho, os preparativos alemães se intensificaram, resultando num aumento dos suprimentos enviados a Trípoli e dos ataques à Malta. Os aliados enviaram dois comboios à Malta, com um total de 17 navios de transporte, que após lutarem muito, conseguiram fazer chegar à ilha apenas dois, perdendo ainda um cruzador e quatro destróieres nas batalhas, embora esses comboios contassem com dois porta-aviões, um encouraçado, 12 cruzadores e não menos que 43 destróieres.

Keith Park assume no lugar de Lloyd
Durante a primeira metade do mês de julho de 1942, cerca de mil saídas foram realizadas por alemães e italianos contra a ilha, perdendo 42 aeronaves (cerca de 10% da força), e derrubando 39 caças entre Hurricanes e Spitfires, dos quais 26 pilotos se salvaram. Nesta época aconteceu a mudança do comando aéreo da ilha, assumindo no lugar de Lloyd, o supremo expoente da caça inglesa, o Air Vice Marshall Keith Park. Lloyd merecia um descanso por seu enorme empenho e aplicação. Considerou-se que era necessário um homem com experiência de operações de defesa aérea. O estranho é que a RAF  não optou por fazer isso antes, quando o bombardeio cessou em 1941, e as forças da RAF em Malta eram principalmente formada por caças e o principal objetivo era a defesa aérea.

O neozelandês Keith Park foi o comandante do Fighter Group 11 (que era o grupo de caça que se localizava na área dos maiores ataques - era o responsável pela defesa do sudeste da Inglaterra e Londres) durante a Batalha da Inglaterra, e uma das figuras de destaque deste período. Infelizmente após a Batalha da Inglaterra o Marechal do Ar Charles Portal, o novo Chefe do Estado-Maior da RAF, que havia acordado com Leigh Mallory (desafeto de Keith), removeu tanto Park e quando Sir Hugh Dowding de seus cargos. Leigh Mallory assumiu o lugar de Park como comandante do Grupo 11, em dezembro de 1940. Como um beneficiário da mudança no comando, Leigh Mallory foi acusado de formar uma conspiração para derrubar Dowding. Park foi transferido para o Grupo 23, uma unidade de instrução dos pilotos da RAF, onde pode constatar várias deficiências no treinamento dos pilotos e corrigi-las. Em Janeiro de 1942 ele foi transferido para organizar a defesa aérea do Delta do Nilo durante a Guerra do Deserto. Depois foi transferido para Malta.

Sir Keith Park chegou em 14 de julho 1942 em um avião-anfíbio. Ele desembarcou no meio de um ataque apesar do fato de Lloyd ter especificamente solicitado que ele circulasse o  Porto até que o ataque tivesse passado. Lloyd encontrou Park e admoestou-o para não tomar riscos desnecessários.

Sir Keith Park. Quando comandante do Grupo Nº 11, durante a Batalha da Inglaterra, Park utilizava como
transporte pessoal um Hurricane de matrícula OK-1.  Em Malta, ele utilizou um outro Hurricane de matrícula OK-2

Mais uma vez Park enfrentaria Kesselring. Antes os dois se enfrentaram durante a Batalha da Grã-Bretanha. Durante essa batalha, Park tinha defendido o envio de um pequeno número de caças para enfrentar o inimigo. Havia três razões fundamentais para isso. Em primeiro lugar, haveria sempre caças no ar cobrindo os que estavam no chão se não se enviasse toda a sua força para se envolver em uma só vez. Em segundo lugar, um pequeno número de caças era mais rápido para se posicionar e mais fácil de se mover. Em terceiro lugar, a preservação de sua força era crítica. Quanto menos caças ele tinha no ar, menor seria o alvo que o inimigo, numericamente superior, teria.

Mais em Malta Park inverteu essa tática devido à alteração das circunstâncias. Com abundância de Spitfires para operar, Park tentou interceptar o inimigo e acabar com suas formações antes que os bombardeiros chegassem à ilha. Até este momento, os Spitfires lutavam defensivamente. Eles decolavam e seguiam para o sul para ganhar altura, em seguida, viravam-se para enfrentar o inimigo sobre a ilha. Agora, com a melhoria da cobertura radar eram mais rápidos para decolar, e também foi melhorado o salvamento aeronaval, e assim uma ação mais ofensiva tornou-se possível. Usando três esquadrões, Park usaria o primeiro para envolver os caças de escolta. O segundo esquadrão iria atacar a escolta próxima, ou, se não houvesse escolta, os próprios bombardeiros. O terceiro esquadrão iria atacar os bombardeiros de frente.

O impacto dos métodos do Park foi instantâneo. Seu Plano Intercepção Avançada, emitido oficialmente em 25 de julho de 1942, forçou o Eixo a abandonar seus raids em plena luz do dia dentro de seis dias. Os Ju 87s foram retirados das operações sobre Malta completamente. Kesselring respondeu com o envio de missões de caça em altitudes ainda maiores para ganhar a vantagem tática. Park retaliou ao ordenar que seus caças subissem não além dos 6.100 pés. Isso lhe deu uma vantagem de altura considerável, pois ele forçou os Bf-109 a descerem para altitudes mais adequadas para os Spitfires do que para o caça alemão. Os métodos teriam grande efeito em outubro, quando Kesselring retornou ao ataque.

Sob o sol do Mediterrâneo, um Spitfire duela com um Macchi C.202 italiano sobre Valetta, enquanto bombardeiros alemães voam mais abaixo

Em agosto de 1942, 163 Spitfires estavam disponíveis para defender Malta, e 120 foram reparados. O HMS Furious também entregou muitas Spitfires. Em 11 e 17 de agosto e 24 de outubro de 1942, no âmbito das respectivas ações, Operação Bellows, Operação Barítono e Operação Trem, os britânicos trouxeram mais 85 Spitfires para Malta. Muitas vezes, os Spitfires foram enviados para realizar vôos de cinco horas e meia, isso foi conseguido usando tanques ferry. Os tanques ferry, combinados com um tanque de 29 litros na fuselagem traseira, elevaram o total da capacidade do tanque para até 284 litros.

Se Malta tivesse que sobreviver para tornar-se uma eficiente base ofensiva dos aliados e ser utilizada na grande operação prevista para o final do outono de 1942, era imperativo que novos comboios fossem enviados para a ilha. Para isso foi preparada a Operação Pedestal, a ser realizada em agosto de 1942, envolvendo 14 navios mercantes vindos por Gibraltar, quatro porta-aviões, dois encouraçados, sete cruzadores e 24 destróieres. A Operação Pedestal foi o mais importante comboio a ser enviado para Malta. Naquela época, Malta estava preste a perder toda sua capacidade de resistir aos ataques aéreos dos alemães e italianos. Sua reserva de combustível estava à níveis muito baixo, bem como a munição das aeronaves e de sua anti-aérea. O comboio era constituído dos seguintes navios: Ohio, Santa Elisa, Almeria Lykes, Wairangi, Waimarama, Empire Hope, Brisbane Star, Melbourne Star, Dorset, Rochester Castle, Deucalion, Glenorchy e Clan Ferguson. As forças do Eixo sabiam da importância deste comboio, e já haviam feito planos de modo a garantir que ele nunca alcançasse seu destino. Um total de 700 aeronaves do Eixo estavam estacionadas na Sardenha e na Sicília especialmente para este ataque, incluindo 18 submarinos italianos de patrulha, torpedeiras italianas e três submarinos alemães.

Cerca de 100 aeronaves foram para Malta, incluindo quatro B-24 Liberators, um esquadrão de Beufighters e um de Wellingtons, aumentando a força aérea da ilha para 250 aeronaves, num esforço de proteger o comboio, cuja presença era conhecida do Eixo, assim que cruzou o Estreito de Gibraltar.

Em apoio a Operação Pedestal um Beaufighter baseado em Malta ataca um Fiat BR.20 italiano

No dia 11 de agosto, o submarino italiano Uarsciek vislumbrou o comboio, atacando-o sem causar dano algum. Entretanto, as forças do Eixo estavam em alerta e sabiam a posição do comboio. O submarino alemão U-73 atacou o comboio e conseguiu afundar o porta-aviões Eagle, matando 200 homens e fazendo com que apenas 4 aeronaves fossem salvas. Naquela mesma tarde, o comboio chegou ao alcance das aeronaves baseadas em terra, e assim bombardeiros alemães Junkers 88 e torpedeiros Heinkel 111 atacaram o comboio, mas desta vez não infligiram dano algum. Na tarde do dia 12 de agosto, 5 levas de aeronaves do eixo atacaram o comboio. A primeira consistia de bombardeiros Savoia escoltados por caças Macchi. Neste ataque utilizou-se a denominada motobomba, invenção italiana de uma bomba com alto poder explosivo que era lançada com um pára-quedas, equipamento este que a fazia cair em trajetória errática. A intenção desta bomba era fazer com que o comboio se separasse em várias direções facilitando os futuros ataques. Infelizmente, essa arma só funcionava se lançada de perto, e os bombardeiros italianos as lançaram muito cedo e de muito alto. O comboio rapidamente conseguiu se reagrupar.

A segunda leva consistia de 40 torpedeiros, que não foram capazes de atacar efetivamente o comboio por causa da proteção de caças e do intenso fogo anti-aéreo. A terceira leva incluída bombardeiros de mergulho alemães que conseguiram afundar o primeiro navio do comboio, o Deucalion. Na quarta leva utilizou-se uma outra arma italiana, o hidroavião controlado remotamente Cant, carregado de explosivos, mas o mecanismo de detonação falhou e a aeronave prosseguiu seu vôo até o Norte da África onde caiu. A leva final, foi constituída de dois caças italianos, que não foram atacados pelo fogo inimigo (provavelmente por sua semelhança com os Hurricanes), que lançaram uma bomba cada, contra o porta-aviões HMS Victorius. Uma quase atingiu-o, mas a outra mesmo atingindo o convés de vôo não explodiu. Nesta mesma tarde, o submarino italiano Emo foi danificado por cargas de profundidade e o Ithuriel afundado.

O último ataque do dia foi o mais bem sucedido. Um grupo de torpedeiros italianos Savoia juntamente com bombardeiros de mergulho alemães Stuka, conseguiram finalmente chegar próximos aos navios. O comboio tornou-se um cenário caótico enquanto os Savoia lançavam seus torpedos e os Stukas lançavam suas bombas no Victorius. Seu convés de vôo ficou tão danificado que suas aeronaves que estavam no ar tiveram que ser desviadas para pousar no Indomitable, que já estava abarrotado com as aeronaves que sobraram do Eagle. No final do ataque o Foresight foi afundado, e a Força Z abandonou o comboio retornando para Gibraltar, e a Força X passou sozinha a defender o comboio.

Às 19:45 daquele começo de noite, o cruzador Nigéria, sob op comando do Almirante Burrough, foi o primeiro navio a penetrar no Canal de Skerki, logo seguido pelo Cairo. Lá estavam esperando pelo comboio os submarinos italianos Axum, comandado pelo Tenente Renato Ferrini e o Dessie. Às 19:55, os dois submarinos lançaram seus torpedos. O Nigéria e o Cairo foram atingidos na popa, sendo que este último afundando. O petroleiro Ohio também foi atingido no ataque. Um outro submarino italiano, o Alagi, juntou-se aos outros dois e torpedeou o Kenya. Um coordenado ataque aéreo atingiu o Brisbane Star e afundou o Clan Ferguson. O Empire Hope foi também atingido por um bombardeio de mergulho e teve que ser abandonado. O Nigéria, navio capitânia da escolta, não podia mais realizar sua missão, e aí o Almirante Burrough ordenou que ele voltasse para Gibraltar e passou a comandar o comboio a bordo do destróier Ashanti.

Quando o comboio estava ao largo do Cabo Bon, no meio da noite, torpedeiras italianas lançaram um furioso ataque. A primeira vítima foi o cruzador Manchester, que ficou imobilizado ao ser atingido por dois torpedos, tendo que retirar-se do combate no dia seguinte. Em seguida foram atingidos o Almeria Lykes, o Glenorchy, o Santa Elisa e o Wairangi. A noite sem lua foi iluminada pelo combustível e pelo metal que queimavam. Os torpedeiros italianos afundaram nesta noite 5 navios. O comboio amanheceu no dia seguinte a 200 milhas a oeste de Malta, quando um ataque final realizado por Junkers 88 afundou o Waimarama, danificou ainda mais o Ohio. O Dorset foi também atingido, afundado horas depois.

Mesmo perdendo um porta-aviões (HMS Argus), dois cruzadores, um destróier e 18 aeronaves, quatro navios mercantes conseguiram chegar até Malta, inclusive um vital petroleiro. Finalmente, no dia 13 de agosto de 1942, os navios The Port Chalmers, Rochester Castle e Melbourne Star, seguidos pelo bastante danificado e mais importante navio do comboio, o petroleiro Ohio, aportaram em Malta.

O Ohio foi mantido flutuando, graças aos esforços de três destróieres. Malta foi salva mais uma vez e esta foi a última chance que o Eixo teve para derrotá-la. Esta data é comemorada até hoje em Malta como um feriado. Um total de 32 mil toneladas de suprimento conseguiram ainda chegar à ilha. Toda a tonelagem de material chegada à Malta nesta operação permitiu que as defesas da ilha fossem aumentadas consideravelmente, em especial pelo envio de 37 novos caças Spitfires, lançados do HMS Furious. Sendo agora seguro operar permanentemente um esquadrão de torpedeiros Beauforts e um de Beaufighters em Luqa, Park gradativamente começou a aumentar sua força de ataque.

Apesar do sucesso dos comboios aliados o começo de setembro foi tão ruim quanto qualquer outro, combinando bombardeio com escassez de alimentos. Em resposta à ameaça de Malta que agora estava pesando sobre as linhas de abastecimento do Eixo, a Luftwaffe renovou seus ataques contra Malta, em Outubro de 1942. Reconhecendo a batalha crítica que estava se aproximando no Norte da África, Kesselring organizou a Fliegerkorps II na Sicília para neutralizar a ameaça maltesa de uma vez por todas. Em 11 de outubro, os defensores foram equipados com os Spitfires Mk VB/Cs. Durante 17 dias, a Luftwaffe sofreu a baixa de 34 Ju 88s e 12 Bf-109 destruídos e 18 danificados. As perdas da RAF totalizaram 23 Spitfires abatidos e 20 acidentados em seus pousos. Os britânicos tiveram 12 pilotos mortos. Em 16 de Outubro d e1942, ficou claro para Kesselring que os defensores eram muito fortes. Ele cancelou a ofensiva. A situação no Norte da África exigia maior apoio aéreo alemão, então a ofensiva de outubro marcou o último grande esforço por parte da Luftwaffe contra Malta.

As perdas deixaram as forças aéreas do Eixo em um estado de esgotamento. Elas não podiam oferecer o apoio aéreo necessário na linha da frente. A situação na ilha ainda era rigoroso ao entrar em novembro, mas a vitória de Park na batalha aérea foi logo seguida por notícias de um grande sucesso na frente do Norte da África. Em El Alamein os britânicos haviam rompido a frente alemã, e até 5 de Novembro estavam avançando rapidamente para o oeste. Essa notícia logo chegou Malta junto com as noticias da Operação Tocha, o desembarque dos Aliados no Marrocos e na Argélia sobre o domínio do governo francês de Vichy em 8 de novembro.

Cerca de 11 dias depois, a notícia do contra-ataque soviético durante a Batalha de Stalingrado aumentou o moral ainda mais. No inverno de 1942/1943, os combates no front russo ganharam prioridade, exigindo um empenho maior da Luftwaffe, com as batalhas de Stalingrado e El Alamain tornando-se marcos do início da derrocada alemã. O poder aéreo em Malta havia crescido de tal modo, que os planos para uma invasão da ilha evaporaram-se. Conforme a indústria aeronáutica italiana ia sendo atacada pelos pesados bombardeiros ingleses, a Regia Aeronáutica, que sempre teve a capacidade de realizar ataques bem sucedidos no Teatro Mediterrâneo, entrou num declínio constante, do qual nunca mais se recuperaria.

A medida em que o sucesso na África do Norte beneficiava Malta ficou aparente quando um comboio chegou a Malta a partir de Alexandria em 20 de Novembro praticamente incólume. Este comboio é visto como o fim do cerco de dois anos a Malta. Em 6 de dezembro de 1942, um outro comboio de suprimentos sob o codinome Operation Portcullis atingiu Malta sem sofrer perdas. Depois disso, os navios navegaram para Malta sem aderir a comboios. A captura de aeródromos norte-africanos deram de bônus uma maior proteção aérea por todo o caminho para a ilha permitindo que os navios chegassem a entregar 35.000 toneladas. No início de dezembro, mais 55.000 toneladas chegaram.

No começo de 1943, Park dispunha de quatro esquadrões de Spitfires Mk V (Nº 126, 185, 229 e 249), dois de Wellingtons Mk II e III (Nº 40 e 104), dois de Beaufighters Mk VI (Nº 227 e 272), um de Mosquitos de caça-noturna (Nº 23), um de Beauforts torpedeiros (Nº 39) e o de Nº 69 com diversas aeronaves para foto-reconhecimento.

O maior ás de Malta, o Flight Leutenant canadense George F. Beurling, que abateu 27 aeronaves quando servia no Esquadrão Nº 249 em Ta Kali, entre Junho e Outubro de 1942. Aqui se vê o Supermarine Spitfire Mk.VC BR323 S pilotado por George Beurling, No 249 Sqn, em Julho de 1942

Agora que aeronaves com grande raio de ação estavam baseadas no Egito, capazes de atacar os portos inimigos por todo Mediterrâneo Central e Oriental, a missão das aeronaves de Malta ficou limitada à busca, acompanhamento e ataque de navios do Eixo, e durante o período crucial que culminou com o vitorioso avanço do Oitavo Exército Britânico ao longo da costa Líbia, as aeronaves de Park contribuíram para o término do tráfego marítimo do Eixo com o Norte da África. E mais, durante a vulnerável fase dos desembarques aliados na Argélia (Operação Tocha), as aeronaves de Malta, particularmente os Spitfires,realizaram uma série de missões de varredura nos aeródromos sicilianos, de modo e impedir que as aeronaves do Eixo pudessem interferir nas operações de desembarque.

Durante a derradeira fase da Campanha na Tunísia, quando navios do Eixo tentavam frenéticos esforços para enviar suprimentos às tropas do Afrika Korps através dos portos de Sfax e Sousse, aeronaves aliadas, incluindo bombardeiros baseados em malta, afundaram não menos de 20 navios. Quando os alemães tentaram, num último esforço, utilizar aeronaves de transporte, como os vulneráveis Ju 52/3m e os desajeitados Me 323, para enviar suprimentos às tropas cercadas no Cabo Bom, os Spitfires baseados em Malta, posicionados em local estratégico, juntaram-se ao massacre.

O Pilot Officer John Bisley do 126 Squadron em combate com um Me 109s da JG-53 durante uma das intensas batalhas aéreas sobre Valetta, em abril de 1942. Entre o verão de 1940 e no final de 1942, Malta tornou-se um dos lugares mais bombardeados da terra. A luta desesperada da RAF para manter o controle da ilha mediterrânea, e a coragem desafiadora do povo de Malta, é uma das histórias épicas da Segunda Guerra Mundial.

A invasão da Sicília
A contribuição final da Ilha de Malta a causa aliada, aconteceu a partir de junho de 1943, quando dos preparativos aliados para a invasão da Sicília. Nessa época, o Air Chief Marshall Sir Arthur Tedder, então Comandante do Comando Aéreo do Mediterrâneo, começou a enviar para Malta uma extraordinária quantidade de aeronaves. Em meados daquele mês, dois esquadrões da Fleet Air Arm, dois da South Africa Air Force e 20 da Royal Air Force (15 de Spitfires Mk VC, um de Spitfire Mk IX, um de Mosquito, um de Beaufighter e dois de reconhecimento) estavam na ilha. No mês seguinte, quatro esquadrões da Royal Canadian Air Force com Spitfires, quatro com P-40 Kittyhawk, um de Baltimore, um de Mosqitos Mk XII de caça-noturna, um de Spitfires Mk IX e um do anfíbio Walrus de busca e
salvamento chegavam á ilha, elevando o total de aeronaves a 407.

Em 27 de Junho de 1943. com Valletta ao fundo, um Bristol Beaufighter Mark VIF 'F-Freddie' do No 272 Squadron,

da Royal Air Force taxia na base de  Luqa.
 

Na manhã do dia 10 de julho de 1943, as primeiras forças aliadas desembarcaram na costa sul da Sicília. Durantes a madrugada, escutou-se apenas o monótono sussurrar dos planadores levando tropas. Com o nascer do dia se aproximando, os primeiros Spitfires e Kittyhawks decolaram de Luqa, Safl, Qrendi e Hal Far e começaram a montar guarda nos céus sobre a primeira grande operação anfíbia de invasão da Europa continental. O sofrimento de Malta estava chegando ao fim. O último ataque aéreo sobre Malta ocorreu em 20 de julho de 1943. Foi o alerta 3340 desde 11 de junho de 1940. A heróica ilha tinha vencido o momento mais negro de sua história.

Após a vitória em Malta os esquadrões de Park participaram da campanha da Sicília. Em janeiro de 1944 ele foi feito Comandante-em-Chefe do Comando Aéreo do Oriente Médio. Em junho de 1944, Park foi considerado pelo governo australiano para comandar a RAAF , por causa da rivalidade entre o chefe nominal, o Chief of the Air Staff Air Vice Marshal George Jones e seu chefe operacional, Air Vice Marshal William Bostock , mas o general Douglas MacArthur disse que era tarde demais na guerra para essas mudanças. Em fevereiro de 1945 Park foi nomeado Allied Air Commander, do Sudeste Asiático, onde atuou até o final da guerra. Ironicamente ele substitui Leigh Mallory, seu rival na Batalha da Inglaterra nesta função. Mallory morreu em um acidente aéreo ao lado de sua esposa quando ia assumir esse cargo quando o Avro Iorque MW126 que o transportava em uma rota para a Birmânia caiu nos Alpes franceses, matando todos a bordo.

Park recebeu o mérito de Comandante da Legião Americana em 1947 e ao sair da Royal Air Force, ele escolheu pessoalmente um Supermarine Spitfire para ser doado ao Museu do Memorial da Guerra Auckland, Nova Zelândia. Esta aeronave ainda está em exibição hoje, juntamente com seus condecorações de serviços e uniforme. Park foi para a reserva como Air Chief Marshal em 20 de dezembro 1946 e retornou a Nova Zelândia, onde ele assumiu uma série de funções cívicas e foi eleito para o Auckland City Council. Ele viveu na Nova Zelândia, até sua morte em 6 de fevereiro de 1975, aos 82 anos.

No pico do sofrimento de Malta, o Rei George VI aprovou a condecoração da ilha e de seus habitantes com a Medalha George Cross. Esta era a mais alta comanda disponível para ser dada a civis, que o rei havia criado em setembro de 1940, no auge da batalha da Inglaterra. Estava escrito nas regras da comanda: a medalha só deve ser dada por atos de grande heroísmo ou de coragem demonstradas em circunstância de extremo perigo. Com toda a razão o povo de Malta era digno dessa medalha.

Números da Guerra de Malta

Por vota de 1943, depois da batalha de Malta, a vitória custou aos ingleses 850 Spitfires e a vida de 520 pilotos da RAF. Por seu lado, a Alemanha perdera ali 390 Junkers 88, 400 Messerschmitt 109 e 100 Junkers 87. Além disso, a Itália perdeu 230 Macchi 202, 330 Cant Alcyone e 79 Savóia.

Alarmas - 2 537

Mortos - 1 183

Feridos - 1 263

Edifícios destruídos - 18 498

Em um ano a aviação inimiga lançou - 12 000 ton.

O poder ofensivo da ilha de Malta se resumiu em:

1º - Em sua estratégia localização

2º - Pelo extraordinário espírito de sacrifício das tripulações da RAF, que comandavam um pequeno número de aviões Glenn Martin, Blenheim, Beaufort e Wellington.

As tripulações da RAF tiveram perdas, que oscilaram entre 25 e 30 por cento de seus efetivos em cada missão e afundaram em poucos meses, durante o ano de 1941, mais da metade da tonelagem mercante italiana e alemã que operava no Mediterrâneo.

Perdas do Eixo durante junho, julho e agosto de 1941.

Junho

Toneladas afundadas - 45 000

Toneladas avariadas seriamente - 25 000

Toneladas avariadas - 25 000

Julho

Toneladas afundadas - 80 000

Toneladas avariadas seriamente - 65 000

Toneladas avariadas - 25 000

Agosto

Toneladas afundadas - 120 000

Toneladas avariadas seriamente - 30 000

Toneladas avariadas - 25 000

No pico do sofrimento de Malta, o Rei George VI aprovou a condecoração da ilha e de seus habitantes com a Medalha George Cross. Esta era a mais alta comanda disponível para ser dada a civis, que o rei havia criado em setembro de 1940, no auge da batalha da Inglaterra. Estava escrito nas regras da comanda: a medalha só deve ser dada por atos de grande heroísmo ou de coragem demonstradas em circunstância de extremo perigo. Quem poderia negar que os malteses não estivessem qualificados para tal comenda?

Apêndice

Alarme em Malta
Os Spitfires descreveram círculos sobre a pista de Malta. Abaixo, pequenos pontos pretos deslizam pelo terreno, de um de outro lado. Seus homens, civis e soldados, reparam, apressadamente os danos causados pelas bombas alemães e italianas. Grandes caminhões descarregam toneladas de pedra e areia, lançando-as sobre as crateras da pista. Banhados de suor, os homens tratam de nivelar o terreno. Finalmente, quando muitos deles trabalhavam febrilmente, tapando os buracos, os aviões recebem ordens de aterrar. Uns após outros, os Spitfires perdem altura e aterram em estilo de combate. Entre o primeiro, levantando uma nuvem de pé e areia. Depois de deslizar, freia violentamente, inclinando-se perigosamente. Alguns conduzem comprida cintas de projéteis, outros carregam pesados tanques repletos de gasolina. Outros mais utilizam ferramentas. Rapidamente, saltam sobre o avião e o reparam integralmente. Preparam as metralhadoras, abastecem-nos de combustível e revisam o rádio, tudo em 30 segundos. De pronto, algo chama a atenção. Um outro aviador chega correndo, sobe sobre a asa do Spitfire e, de um s alto, senta-se na cabina e grita: “Rápido, rápido!”.
Dois minutos depois, o Spitfire começa a voltear e 30 segundos depois já está no ar.
Ao longe as baterias antiaéreas começam, furiosamente, o seu matraquear continuado. Aviões inimigos já estão à vista. Os outros Spitfires, um atrás do outro, tocam o solo e voltam a decolar, pilotados por homens de Malta. Como sempre, são um contra cinco, um contra dez ou um contra vinte. Malta se defende. E o faz muito bem. O Eixo nunca conseguirá tocar o chão da pequena ilha.

Isto é Malta

Um Spitfire Mk VC (tropicalizado)

Neste caso da Força Aérea da África do Sul (SAAF) em operação na Desert Air Force

A esquadrilha de Spitfires voa sobre o mar azul, sereno, brilhando sob os raios solares. Acabam de decolar da coberta de um porta-aviões e, em formação, dirigem-se para a ilha de Malta. 6.000 metros abaixo, o Mediterrâneo. Diante deles, ainda longe, as costas da Sicília.
Os pilotos perscrutam o horizonte. Dali, a qualquer momento, podem surgir os Messerschmitt inimigos. Mas o encontro não desejado não se produz. Entretanto, uma pequena mancha perdida no mar desperta a atenção de todos. – Ali está! Malta.
Os pilotos, através de seus fones, ouvem a voz do chefe da esquadrilha. Todos olham ansiosamente. E, efetivamente, ali está, recortada sobre o mar azul, extraordinariamente sereno, uma forma alongada verde-cinza, destacando-se. A seu lado, outra mancha menor. E outra. Ali está Malta, três ilhas, uma junta da outra.
A formação se dissolve e os Spitfires precipitam-se para baixo, à procura de refúgio. Logo o encontram, nas precárias pistas da ilha. Um após outro começam a descer e a surpresa reflete no rosto dos pilotos, ao se aproximarem da pista...
Flanqueados por cavernas e túneis, restos da pista desenham mosaicos pavimentados, pedras e terra batida. De trecho em trecho, soldados, rapidamente, reparam os rombos causados pelas bombas inimigas. Caminhões de seixos chegam e descarregam seu preciso conteúdo. E em volta, até onde a vista alcança, restos e mais restos de aviões inimigos e próprios. Asas de Spitfires misturadas com fuselagens de Messerschmitt 109; destroços irreconhecíveis de caças ingleses amontoados sobre ruínas dos bombardeiros italianos.
Correndo em todas as direções, dezenas de homens conduzem cintas de projeteis de metralhadoras, tanques carregados de gasolina, sobressalentes, pára-quedas.
Finalmente, ali, estão. Isso é Malta.

A ilha no ataque
O poder ofensivo da ilha de Malta se resumiu em: 1o, em sua estratégica localização, a meio caminho entre a Itália e a África; e 2o, pelo extraordinário espírito de sacrifício das tripulações da RAF, que comandavam um pequeno número de aviões Glenn Martin, Blenheim, Beaufort e Wellington.
As tripulações da RAF tiveram perdas, que oscularam entre 25 e 30% de seus efetivos em cada missão e afundaram em poucos meses, durante ao ano de 1941, mais da metade da tonelagem mercante italiana e alemã que operava no Mediterrâneo.
Nessa ocasião, Rommel escreveu a Hitler: “... previna ao Marechal Kesselring sobre as trágicas conseqüências para os meus meios de transportes entre a Itália e a África, se não conseguir a supremacia aérea sobre a ilha de Malta”.

Os que chegaram
Agosto de 1940. Malta debate-se entre a vida e a morte. A base, minúscula ilha perdida no Mediterrâneo, é vital para a defesa da Inglaterra. Assim o entendem os seus homens. E lutam para abastecer a reduzida guarnição.
O porta-aviões Argus, navegando a toda máquina, aproxima-se da ilha. Leva a bordo 12 Hurricanes, valioso carregamento para os homens de Malta. O navio aproxima-se a poucas centenas de milhas da ilha sem deter-se. Um a um os aviões abandonam a plataforma de lançamento, toma altura, sobrevoam o navio, e depois, tomando a formação de combate, afastam-se rumo a Malta. O Argus vira e afasta-se a toda máquina.
Novembro de 1940. Novamente o porta-aviões Argus veterano da campanha de Malta, aproxima-se da ilha. Esta vez são 14 os Hurricanes que transporta.
O Argus encontra-se a 400 milhas ao oeste de Malta quando os pilotos recebem a ordem de preparar-se para voar. Os homens correm aos seus aparelhos e ocupam suas cabinas. Os tetos de plexiglass abrem-se. As hélices começam a girar e rapidamente se convertem em discos esmaecidos. As bandeiras, em mãos de um oficial, começam a transmitir silenciosas instruções. Após seus rápidos movimentos, os 14 Hurricanes abandonam o Argus e partem
Na ilha, os homens observam o céu, à distância. Os 14 aviões não podem estar longe. E, com efeito, já podem ser vistos. São apenas pontos pretos na imensidão. Os homens os vêem com uma sensação de agradecimento. Mas a mesma sensação converte-se em ansiedade quando, após contá-los, verificam que são apenas 5 os que chegam. Efetivamente, os nove restantes, desviados de sua rota pelos fortes ventos, esgotaram seu combustível e caíram no mar...

Fonte:

https://pt.scribd.com/doc/7153569/Malta (texto corrigido, adaptado e acrescido)

http://finslab.com/enciclopedia/letra-c/cerco-de-malta.php

Wikipédia

 


Free web templates by Nuvio – Our tip: Webdesign, Webhosting