Perfil da Unidade

MOSSAD

"Quando não há sábia direção, o povo cai; mas na multidão de conselheiros há segurança."
 Provérbios 11:14


PARTE I - PARTE II

Para entender como funcionam e qual a motivação das equipes de extermínio do Mossad, conhecidas como Kidon, antes de mais nada é preciso conhecer a história, e como pensa e age o serviço secreto de Israel. Mesmo não sendo uma unidade militar o Mossad tem em seu quadro muitos ex-militares, e é um dos serviços de inteligência que tem plena capacidade para realizar operações paramilitares em qualquer parte do planeta.

Formalmente conhecido Instituto para a Inteligência e Operações Especiais (em hebraico: המוסד למודיעין ולתפקידים מיוחדים), o Mossad (em hebraico o Instituto) é o serviço secreto do governo de Israel, com sede em Tel Aviv e é considerado o mais eficiente em todo o mundo. Existem pelos menos cinco razões para isso:

  • Primeira, Israel mantém a fé de que a Inteligência Humana (HUMINT - Human Intelligence) vale mais que a Inteligência de sinais (SIGINT - signals intelligence). Apesar de investimentos na vigilância eletrônica, o Mossad continua a ver com desprezo a excessiva atenção que agência como a CIA dão aos computadores.

  • Segunda, o Mossad tem um tamanho pequeno, cerca de 1.200 pessoas, que faz com que seja evitado o efeito embrutecedor da identidade corporativa. Na mentalidade israelense trabalhar em um ambiente "familiar" e melhor do que em um ambiente corporativo, pois desta forma a criatividade é estimulada e as vidas dos agentes valorizada.

  • Em terceiro lugar, o Mossad mostrou uma crueldade rara, mesmo no mundo obscuro da inteligência. Tem realizado, através de suas unidades Kidon , dezenas de assassinatos. Essa crueldade é uma função da quarta razão;


  • O Mossad tem uma motivação única. Outros serviços de inteligência quando jogam seus jogos de espionagem não colocam em perigo a sobrevivência nacional, no máximo o país poderia perder uma área de influência ou um pouco de prestígio, isto as vezes faz com que as outras agências nem sempre se lance com tanto afinco em muitas de suas missões. Porém para os agentes do Mossad a motivação para suas missões é critica, o seu fracasso pode representar a destruição de sua nação e tudo que as gerações anteriores construíram. Para a maioria das nações, um serviço de inteligência é um luxo. Para Israel é a diferença entre a existência e o aniquilamento. Como exemplo desse pensamento um episódio da década de 1950 é emblemático: Em 1955, sete anos após a fundação do Estado de Israel, o filósofo Yeshayalu Leibowitz escreveu uma carta ao então primeiro-ministro David Ben-Gurion. Nela, ele reclamou de que palestinos inocentes estavam sendo mortos nas operações israelenses. “Eu discordo de você”, respondeu Ben-Gurion. “Embora seja importante que haja um mundo cheio de paz, fraternidade, justiça e honestidade, é ainda mais importante que nós estejamos nele”.


  • Por último o Mossad conta com uma rede de apoio logístico e operacional sem precedentes, formada pelos Sayanim (sing. Sayan, hebraico: ajudantes, auxiliares), refere-se aos judeus da diáspora espalhados pelos mundo que prestam assistência à Mossad. Gordon Thomas estima que nos Estados Unidos e Grã-Bretanha, existam pelo menos 20.000 sayanim que ajudam o Mossad de variadas formas, como logísticas (transporte, alojamento, etc), assistência médica, dinheiro, etc. Normalmente suas ações nãos os colocam em perigo ou dificuldades com as autoridades locais. Muitos deles são ricos empresários outros são juízes, advogados, médicos, policiais ou qualquer outra pessoa que possua um alto grau de autoridade ou influência em sua sociedade. Um Sayan deve ser 100% judeu apesar de não ser um cidadão israelense. A existência desse grande corpo de voluntários, permite que os custos com inteligência por parte de Israel possa ser muito reduzido, e é uma das razões porque o Mossad pode operar com um reduzido número de funcionários em comparação com as grandes agências de inteligência estrangeiras. Os Katsas (oficiais de inteligência do Mossad) tomam conta dos sayanim, e a maioria dos sayanim ativos são visitados uma vez por um katsa a cada três meses em geral, o que representar as vezes para um katsa entre duas ou quatro reuniões pessoais em um dia com um sayan, além de numerosas conversas por telefone, com o objetivo de coletar inteligência ou acioanr algum serviço. O sistema permite para o Mossad trabalhe com um pequeno número de pessoal. Por exemplo, em uma estação da CIA os americanos empregam aproximadamente 100 pessoas, enquanto que uma estação do Mossad de abrangência semelhante precisa só seis ou sete pessoas.

David Kimche, quando era diretor adjunto da Mossad, resumiu o papel da Mossad no mundo atual da seguinte forma: A Mossad está antes de tudo, depois de tudo e sempre. E sempre por Israel.

Os diretores do Mossad até 2010:

* Reuven Shiloah, 1951-1952
* Isser Harel, 1952-1963
* Meir Amit, 1963-1968
* Zvi Zamir, 1968-1974
* Yitzhak Hofi, 1974-1982
* Nahum Admoni, 1982-1990
* Shabtai Shavit, 1990-1996
* Danny Yatom, 1996-1998
* Ephraim Halevy, 1998-2002
* Meir Dagan, 2002-Presente

Histórico

O Estado de Israel foi criado oficialmente em 15 de maio de 1948, e imediatamente foi alvo de uma ofensiva militar coordenada pelos árabes locais e os estados árabes vizinhos. Mesmo antes de o Estado de Israel se declarado, haviam várias organizações subterrâneas ou semi-subterrâneas na Comunidade judia na Palestina (Yishuv). Estas organizações estavam empenhadas em resgatar judeus do extermínio em outros países através da imigração ilegal, intimidação das turbas árabes, e operações contra os britânicos. O Hagana, que era a principal força da Yishuv, criou o Shai – Sherut Yediot, ou Serviço de Informação, em 1934, e foi chefiado por Reuven Shiloah (o futuro primeiro Diretor da Mossad).

O trabalho do Shai era coletar informação para operações da Hagana e prover inteligência à liderança da Yishuv para seus procedimentos políticos e militares com os árabes locais, os países árabes, e as autoridades britânicas. O Shai foi estabelecido bem antes do Estado de Israel se declarado e seus chefes incluíram Isser Harel (Halperin, ou " pequeno Isser "), que encabeçou depois o Serviço de Segurança Interna (Shin-Bet atualmente designado Shabak acrônimo de Sherut Ha'Bitachom Ha´Klalim - Serviço de Segurança Geral) e depois o Mossad. Outras organizações tinham a sua própria unidades de inteligência para servir as necessidades individuais de cada uma delas.

A declaração do Estado e as intenções dos exércitos árabes ditaram necessidades novas: a necessidade para se criar uma infra-estrutura de inteligência, a necessidade para se estabelecer ações oficiais de vingança e punição oficial, e a necessidade para definir esferas específicas de responsabilidade. Estas necessidades eram claras e urgentes.

No dia 7 de junho de 1948, primeiro-ministro David Ben Gurion chamou Reuven Shiloah responsável pelo Departamento Político da Agência Judaica e o chefe da  Shai, Isser Beeri que tinha substituído David Shaltiel recentemente. A reunião conduziu a definições preliminares dos serviços de inteligência do estado nascente.

De acordo com a decisão de Ben Gurion, Reuven Shiloah foi designado chefe do departamento político do Ministério Estrangeiro que deveria prover um serviço de informação político externo. Ele também se tornou o conselheiro do ministro do exterior para tarefas especiais.

Reuven Shiloah concentrou-se principalmente em assuntos políticos estrangeiros, como nos esforços para formar alianças com estados islâmicos não árabes, por exemplo a Turquia, e salvando judeus no estrangeiro e os trazendo para o Israel.

Uma pequena estação Shai, encabeçou por Haim Ben Menahem, começou operando no estrangeiro pelo verão de 1947. Em junho de 1948, quando o departamento político estava estabelecido, Arthur Ben Natan foi enviado para Paris para assumir os contatos de Ben Menahem. Este departamento operacional que estava tomando forma foi chamado de Da'at (conhecimento).

As coisas ainda não estavam claras. Ben Gurion contestou em princípio o reconhecimento público da existência de um serviço de segurança e de inteligência. Assim o departamento político, definido como um "serviço" de informação político externo, realmente se tornou uma agência de inteligência independente, secreta, mas ainda que foi hospedada no Ministério Estrangeiro. Isto significou que nesta condição não era possível se estabelecer legalmente os objetivos do serviço, suas tarefas, poderes, orçamentos, e relações entre as agências governamentais. Como não havia linhas claras delimitando responsabilidades muitas vezes orgãos diferentes estavam envolvidos em tarefas incomum.

Em abril de 1949, Comitê Supremo que depois deu origem ao Comitê de Chefes do Serviço ou VARASH encabeçado por Reuven Shiloah. Este comitê incluía o Shin-Bet, que emergiu do Shai, o departamento político, o departamento de inteligência militar e a Polícia de Israel.

Em junho de 1949 de julho, Reuven Shiloah propôs a David Ben Gurion, o estabelecimento de uma instituição central para organizar e coordenar a inteligência e o serviço de segurança. O objeto era aumentar a coordenação entre os serviços e uma maior cooperação entre eles. No dia 13 de dezembro de 1949, Ben Gurion autorizou o estabelecimento da "Instituição para Coordenação" para supervisionar o departamento político e para coordenar a segurança interna e as organizações de inteligência de exército. A instituição, ou Mossad, nasceu naquele dia, e o Reuven Shiloah seria seu primeiro diretor, ou Memune - "primeiro entre iguais" - em hebraico.

O primeiro-ministro David Ben Gurion, deu ao Mossad a diretiva primária: "Para o nosso Estado que desde a sua criação tem estado sob ataque de seus inimigos, a inteligência constitui a primeira linha de defesa. Temos que saber o que está acontecendo ao nosso redor”.

O Mossad iniciou suas atividades com o patrocínio do Ministério do Exterior. Em março de 1951, com uma visão para aumentar sua capacidade operacional e a unificar todas as ações de inteligência no exterior, Ben Gurion autorizou sua reorganização final. Uma autoridade independente, centralizada foi estabelecida para dirigir as tarefas de inteligência no exterior. Ela foi chamada de a "Autoridade" e era formada em sua maior parte pelo Mossad. Incluia os representantes dos outros dois serviços um QG e escalões de campo. O Mossad saiu debaixo dos auspícios do Ministério do Exterior e passou a informar diretamente ao primeiro-ministro, fazendo assim parte do Escritório do primeiro-ministro.

O Mossad adotou o seguinte verso do Livro de Provérbios como seu lema, guia, inspiração criativa e ideologia, mas também como uma advertência medonha: "Quando não há sábia direção, o povo cai; mas na multidão de conselheiros há segurança." - Provérbios 11:14

O Mossad é um serviço civil do Poder Executivo israelense, submetido diretamente ao Primeiro-Ministro e não aos comandos militares - muito embora uma grande parte dos seus agentes já prestou serviço nas Forças de Defesa de Israel, como parte integrante do recrutamento obrigatório. Os quartéis-generais do Mossad estão localizados ao norte de Tel Aviv e contam com cerca de 1.200 agentes - este número já chegou a 2.500 na década de 1980 -,

Hoje o Mossad tem a responsabilidade pela coleta de inteligência, ações encobertas, contra-terrorismo, prevenção de ataques e punição dos agressores. Tem a sua atenção focada nas nações árabes e organizações radicais islamicas, mas também realiza missões de espionagem em países aliados como por exemplo nos EUA . O Mossad é também responsável pelo movimento clandestino de refugiados judeus em países como Síria, Irã, e Etiópia.

O staff do Mossad estava estimado nos finais de 1980 entre 1.500 a 2.000 pessoas, de acordo com as mais recentes estimativas o seu staff é de 1.200.  A identidade do Diretor do Mossad era tradicionalmente secreta, ou pelo menos não publicada, mas, em Março de 1996, o Governo israelense anunciou para o lugar o Major General Danny Yatom como substituto de Shabtai Shavit, que tinha deixado o cargo no inicio de 1996.

Danny Yatom resignou em 24 de Fevereiro de 1998, a seguir ao relatório da Comissão Ciechanover o qual apresentou a tentativa fallhada para assassinar Khalid Meshaal, um líder político de topo do Hamas, onde foi encontrado falhas. Yatom foi substituido no inicio de Março de 1998 por Efraim Halevy, então representante de Israel para a União Européia. Halevy, é um agente da Mossad, tinha inicialmente trabalhado nos bastidores para ajudar a negociar o tratado de paz entre Israel e a Jordânia.

A Mossad tem um total de sete ou oito departamentos, mas alguns detalhes da sua organização interna permanecem obscuros:

- O Departamento de Coleta/Tzomet: é o maior, com a responsabilidade pelas operações de espionagem, com departamentos no estrangeiro sob cobertura diplomática ou não oficial. O departamento consiste num número de escritórios os quais são responsáveis por regiões geográficas específicas, com "estações" em todo o mundo, e os agentes que eles controlam.

- Departamento de Ação Política e de Ligação: conduz as atividades políticas e de ligação com os serviços estrangeiros de inteligência amigos e com as nações com as quais Israel não tem relações diplomáticas normais. Nas maiores estações, como é o caso de Paris, a Mossad costuma ter sob a cobertura da sua embaixada dois controladores regionais: um para servir o Departamento de Coelta e outro o Departamento de Ação Política e de Ligação.

- Divisão de Operações Especiais: também conhecido como Metsada ou Caesarea, conduz os assassinatos mais sensíveis, sabotagem, ação paramilitar, e guerra psicológica. Dentro de sua estrutura exista uma pequena unidade chamada Kidon, baioneta em hebraico, que é responsável pelos assassinatos e ações de sabotagem. Responde diretamente ao Diretor do Mossad.

- Departamento LAP (Lohamah Psichlogit):  é responsável pela guerra psicológica, operações de propaganda e difamações.

- Departamento de Pesquisa: é responsável para a produção/análise da inteligência, incluindo relatórios diários de situação, sumários semanais e relatórios detalhados mensalmente. O departamento está organizado em 15 secões geográficas especializadas, incluindo os Estados Unidos, Canadá e a Europa Ocidental, América Latina, a Ex-União Soviética, China, África, o Magreb (Marrocos, Argélia, Tunísia),Líbia, Iraque, Jordânia, Síria, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e o Irã. Há uma seção "nuclear" focada em artefatos nucleares.

- Técnica: cuida da logística das operações, o que inclui falsificação de passaportes e rotas de fuga. Existe também uma equipe especial de cientistas que trabalham no Instituto para Pesquisa Biológica em Tel Aviv. Eles preparam as toxinas mortais para a unidade Kidon.

 

- Tecnológica: é a divisão que mais cresce. Desenvolve softwares de segurança e invasão de redes, etc. São especialista em guerra cibernética.

Agentes e operações

Os principais agentes de campo do Mossad são chamados de Katsa. Um katsa é um oficial de inteligência implicado em operações de campo. Sua missão consiste em coletar inteligência e recrutar/dirigir espiões. Segundo informações eles principalmente operam na Europa e alguns no Oriente Médio. Eles também têm operado em menor medida na África e Ásia. Os Estados Unidos também são alvo de suas operações.

A maior parte da informação recopilada por Israel se refere aos países árabes. Já que é muito difícil operar nestes países, o Mossad recruta muitos de seus agentes na Europa. Enquanto alguns katsas estão locados permanentemente em algum país estrangeiro, outros vão mudando de páis de acordo com sua operação, razão pela qual recebem o apoio dos 'saltadores'. O número de katsas é muito inferior ao de outros oficiais de inteligência cumprindo funções similares em serviços secretos de outros países. Isto é devido à existência dos sayanim, voluntários judeus não israelenses que proporcionam apoio logístico às operações em todo mundo.

Os katsas operam na divisão Tsomet. Dividem-se em três ramos geográficos:

* Ramo Isarelis: Que inclui as regiões do Oriente Médio, Norte da África, Espanha, e aqueles katsas 'saltadores' (que vão de uma operação a outra).
* Ramo B: Que abarca a Alemanha, Áustria e Itália.
* Ramo C: Que compreende o Reino Unido, França, Países Baixos e Escandinávia.

Para selecionar candidatos idôneos, o Mossad utiliza diferentes teste psicológicos e de aptidão em função de suas necessidades de pessoal. Se o candidato for  selecionado, passará um período de formação na academia de treinamento do Mossad, a Midrasha, localizada perto da cidade de Herzliya. Durante aproximadamente três anos, aprenderão as habilidades necessárias para as funções de inteligência. As mais importantes seriam o saber como encontrar, recrutar e cultivar agentes, incluindo como se comunicar clandestinamente com eles. Também aprendem como evitar ser descobertos pelos serviços de contra-espionagem , esquivando seus operativos da vigilância e possíveis emboscadas durante suas reuniões com outros agentes. Ainda que os katsas normalmente não portem armas de fogo, são também treinados no uso de vários tipos de armas, normalmente usam a pistola Beretta .22. Uma vez finalizado seu período de formação, passarão por um período prático durante o qual trabalharão em vários projetos, na maioria dos casos consistindo em manobras práticas em territórios que consideram hostis, como o sul do Líbano, as Colinas de Golan e a região do Curdistão, antes de se converter em um autêntico katsa com todas as seus atribuições.

Algumas ações conhecidas

Nikita Kruschev

Em 1956 agentes do Mossad, conseguiram obter o registro completo do famoso discurso de Nikita Kruschev no XX Congresso do Partido Comunista Soviético, em que alguns dos horrores do regime de Stalin foram divulgados. Esta informação foi compartilhada com uma grata CIA em Washington.

 

Adolf Eichmann

Essa foi a mais famosa operação do Mossad de toda a sua história e a que lhe rendeu fama e lhe projetou mundialmente.

 

Segundo o Simon Wiesenthal Center, dedicado à caça de nazistas, Adolf Eichmann tinha o papel de coordenar as atividades práticas da implementação da "solução final”. De seu escritório em Berlim, Eichmann organizava as rotas dos trens que seguiam para os campos de extermínio. Em outras palavras, era ele quem organizava o envio de homens, mulheres e crianças de origem judaica para locais de morte como – Auschwitz, Treblinka, Birkenau.

 

Em 1934 Eichmann serviu como cabo da SS no campo de concentração de Dachau, onde, aos olhos de Reinhard Heydrich, se distinguiu. Em setembro de 1937, ele foi enviado para a Palestina com o seu superior Herbert Hagen para averiguar as possibilidades da emigração massiva de judeus da Alemanha para aquela região do médio oriente. Eles chegaram a Haifa, mas só puderam obter um visto de trânsito para o Cairo. Ao chegarem à capital do Egito, eles encontraram-se com um membro da Haganá mas o conteúdo do encontro é alvo de dúvidas. Também tinham planejado encontrar-se com líderes árabes na Palestina, incluindo o mufti de Jerusalém Amin al-Husayni, mas a entrada na Palestina foi-lhes recusada pelas autoridades britânicas. Hagen e Eichmann escreveram um relatório contrário à emigração de judeus em larga escala para a Palestina por razões econômicas e também porque contradizia a política alemã de impedir o estabelecimento de um estado judaico ali.

Eichmann participou na Conferência de Wannsee, ocorrida em 1942, na qual ele foi o responsável pela determinação de assuntos ligados à "solução final da questão judaica", por ordens de Reinhard Heydrich. Semanas após a conferência, ele recebeu a patente de SS-Obersturmbannführer, tornando-se o chefe do Departamento da Gestapo IV B 4, órgão responsável por toda a logística relacionada com os estudos e execução do extermínio em curso.

Em 1945 diante da queda do 3º Reich, antes de fugir, Eichmann deu à mulher Vera quatro cápsulas de veneno, para ela e cada um de seus três filhos – Klaus, Horst Adolf e Dieter Helmut. “Se os russos vierem, mordam as cápsulas. Se forem americanos ou britânicos, não precisa”, disse. Em Ulm, no sul da Alemanha, topou com um pelotão americano e foi levado para um campo de prisioneiros. Eichmann afirmou ser Adolf Barth, cabo da Força Aérea alemã. Foi transferido de campo várias vezes e sempre adotava um nome diferente. Após meses, conseguiu escapar com documentos que o identificavam como Otto Heninger. Ele acabaria em uma localidade rural chamada Eversen. Lá viveu alguns anos tranqüilo, criando galinhas.

No pós-guerra seu nome apareceu diversas vezes nas 16 mil páginas que compuseram a transcrição do julgamento de Nuremberg, em que 24 membros da cúpula nazista foram acusados de crimes de guerra. Dieter Wisliceny, ex-colega e amigo seu (era inclusive padrinho de Dieter, o filho caçula), foi testemunha em Nuremberg e tentou salvar a pele às custas de Eichmann. Em novembro de 1946, escreveu de sua cela uma carta pondo-se à disposição dos americanos para ajudar a encontrá-lo.

A Alemanha tornou-se pequena demais para Eichmann, e em 1950 ele decidiu deixar o país. Atravessando os Alpes, chegou à Áustria e depois à Itália. Lá encontrou a mesma rede de proteção que já havia permitido a outros criminosos nazistas escapar. Em nome da “ajuda humanitária”, a Igreja Católica oferecia abrigo em casas seguras, e a Cruz Vermelha fornecia documentos. Eichmann foi acolhido por uma comunidade franciscana enquanto aguardava o momento de partir. No dia 14 de junho de 1950, o consulado argentino em Gênova lhe concedeu um visto de entrada. De seu próprio bolso ele pagou uma passagem de segunda classe no navio Giovanna C. e, em 14 de julho, desembarcou em Buenos Aires como Ricardo Klement.

Na Argentina inicialmente hospedou-se por um tempo em um hotel de imigrantes até que pôde conseguir uma casa na zona de Oliveiras, província de Buenos Aires. Teve diversos trabalhos como na fábrica de produtos de gás em Orbis e a fábrica de Automóveis na Mercedes Benz. Eichmann trouxe toda sua família para viver na Argentina.

Em 1952 Simon Wiesenthal, reconhecido caçador de nazistas, recebeu uma carta de um amigo seu da Argentina, que escreveu na carta: "Tenho visto esse porco miserável, o Eichmann, vivendo nas cercanias de Buenos Aires e trabalhando na central de abastecimento de águas”.

Após receber essa informação o governo de Israel aciona o Mossad e envia uma série de agentes de inteligência para verificar essa informação. A primeira pista sobre o paradeiro de Eichmann surgira em 1957, por meio de Lothar Hermann, um descendente de judeus cujos pais foram mortos pelos nazistas. Ele morara em Buenos Aires e sua filha Sylvia ficara amiga de um rapaz chamado Klaus Eichmann. A esposa de Hermann era alemã, e para a sociedade argentina eles se mostravam como uma família alemã. O jovem visitara sua casa e, sem saber da ascendência da família, declarou ser “uma pena que Hitler tenha sido impedido de alcançar seu objetivo”.  Hermann leu antigos jornais que continham notícias sobre os julgamentos em Nüremberg e pôde saber que Eichmann era um dos responsáveis pelo maior extermínio que se produziu na história do sésulo XX. Ele então entrou em contacto com pessoas próximas ao governo de Israel. Klaus dizia que seu pai havia sido oficial do Exército alemão e se recusava a dar seu endereço a Sylvia, mas ela acabou descobrindo com uma amiga: rua Chacabuco, 4.261.

O chefe e cérebro por trás desta operação de inteligência, foi o Isser Harel, um dos primeiros e antigos chefes que teve o serviço de inteligência israelita Mossad. Ele enviou para o agente Zvi Aharoni, que no dia 1º de março de 1960 chegou a Buenos Aires. Sua missão: identificar e preparar a captura de Adolf Eichmann. Viajando com nome falso e passaporte diplomático, Aharoni era agente do Mossad. Naquela época, qualquer embaixada israelense dispunha de um número de telefone que podia ser usado para contatar voluntários judeus dispostos a ajudar em um trabalho ou investigação, e o mais importante: sem fazer perguntas. Esses voluntários são conhecidos como Sayanim (sing. Sayan, hebraico: ajudantes, auxiliares), e esse termo refere-se aos judeus da diáspora espalhados pelos mundo que prestam assistência à Mossad.

Um funcionário da embaixada colocou uma relação de voluntários à sua disposição e na companhia de um deles, “Roberto” (os nomes são fictícios), Aharoni dirigiu até a rua Chacabuco. Com o pretexto de entregar um carta para Ricardo Klement, Roberto foi ao prédio e descobriu que o apartamento do térreo estava vazio, sendo pintado. Se ele tinha morado ali, já havia se mudado.

Porém a caçada continuava e Aharoni teve sorte em março de 1960, pois em uma oficina mecânica perto da rua Chacabuco trabalhava um rapaz de nome Dito, que tinha uma forte sotaque alemão. Nos dias seguintes o Mossad seguiu o rapaz discretamente, pois ele podia muito bem ser Dieter, filho mais novo de Eichmann. Após o trabalho Dito foi para a rua Garibaldi, localizada em uma área meio abandonada, sem água encanada ou energia elétrica. Como era muito importante confirmar a identidade do rapaz Aharoni acionou um sayan chamado “Juan”, para que ele fosse até a oficina. Juan voltou da oficina e disse a Aharoni que o sobrenome do garoto era não era Klement, e sim Eichmann. Aharoni precisou disfarçar a empolgação. O Mossad tinha encontrado o seu alvo.

Mas faltava achar Adolf Eichmann. Aharoni o viu pela primeira vez em 19 de março. Passando de carro em frente à casa, observou um homem de meia-idade, magro e calvo, que recolhia a roupa do varal. Perto dele, uma criança de cerca de 5 anos (Ricardo Francisco, filho de “Klement” e Vera, nascido na Argentina). Era ele, com certeza. O espião sacou, dissimuladamente uma máquina fotográfica e sem levantar nenhum tipo de suspeita, fotografou Eichmann e mandou-as as fotos para Israel para serem analisadas por um perito fotográfico. O perito encontrou muitíssimas semelhanças entre Ricardo Klement e o oficial das SS.

Em 24 de abril, começaram a chegar a Buenos Aires os agentes do Mossad que participariam da segunda etapa da “Operação Eichmann”: a captura e traslado para Israel. Além de Aharoni, agora identificado como um executivo alemão, vieram Avraham Shalom, Yaakov Gat e Efraim Ilani. Em outra leva, para não chamar a atenção, desembarcaram Yitzhak Nesher, Zeev Keren (responsáveis por alugar as casas que seriam usadas de esconderijo e os carros para o seqüestro), Zvi Malkin  (um homem forte, a quem caberia a missão de segurar Eichmann), o chefe da missão Rafi Eitan, o diretor do Mossad, Isser Harel, mais o médico, identificado apenas como “Doutor”, encarregado de manter o prisioneiro saudável. Por último, chegou Shalom Dany, perito em documentos falsos.

Eles alugaram duas casas que serviriam como opções de esconderijo e o agente Keren construiu numa delas um pequeno quarto com uma porta secreta onde o prisioneiro ficaria em caso de visitas inesperadas. Eles compraram dois carros, uma limusine Buick preta e um Chevrolet. Ambos foram levados ao mecânico para uma revisão completa. Decidiu-se que Aharoni, que conhecia melhor a cidade, dirigiria a limusine – o carro onde Eichmann seria colocado.

O alvo da operação continuava sob constante vigilância. Os agentes descobriram que todo dia ele descia do ônibus vindo do trabalho às 19h40, hora em que a rua costumava estar vazia. Seria o momento certo de atacar. Faltava só combinar a data. A idéia era que o intervalo entre o seqüestro e a fuga fosse o menor possível; quanto mais tempo mantendo Eichmann prisioneiro em Buenos Aires, maior a chance de a polícia ser acionada. O transporte para Israel seria no vôo de volta de um avião comercial da El Al que traria o ministro do Exterior israelense Abba Eban para a comemoração dos 150 anos de independência da Argentina. De início, o ministro chegaria em 12 de maio, e a aeronave retornaria a Israel no dia seguinte. O seqüestro foi marcado para o dia 10. Quando se soube que o avião só chegaria no dia 19, o grupo resolveu adiar a operação por 24 horas. Todos estavam tensos e ansiosos para que tudo acabasse logo.

Em 11 de maio, na hora combinada, 19h25, Aharoni estacionou a limusine na rua Garibaldi. Malkin  e Keren saíram do carro e o segundo se escondeu atrás do capô. Rafi Eitan ficou deitado no banco de trás. O Chevrolet, com Avraham, Yaakov Gat e o Doutor, parou um pouco mais longe. Se durante a fuga acontecesse algum acidente ou qualquer problema com a limusine, os agentes e o prisioneiro seriam levados para o Chevrolet. O relógio deu 19h40, mas nada de Eichmann. O combinado era esperar até 20h. Enquanto esperavam os agentes do Mossad simularam que havia problemas mecânicos com um dos veículos para não chamar a atenção. Um ciclista parou para oferecer ajuda, os agentes israelenses foram firmes em negar a ajuda.

Na verdade todos os dias Ricardo Klement tomava o coletivo 203. Justamente neste dia ele deixou passar dois ônibus desta linha. Quando subiu no ônibus, não percebeu que lá dentro tinha um suposto passageiro que se escondia dele usando um gorro. Este passageiro era um dos homens do serviço de inteligência israelense que tinha tomado o coletivo com a intenção o seguir até sua parada o que só aconteceu às 20:20, quando Eichmann desceu do ônibus da linha 203. Depois das 20:00, Avraham saiu do carro e vinha em direção à limusine, quando um ônibus parou no ponto e um homem saltou. Avraham correu de volta para o Chevrolet e acendeu os faróis. Era Eichmann.

Aharoni o observava com os binóculos quando ele pôs a mão esquerda no bolso. Seria uma arma? Com um sussurro alertou Malkin : “Ele está com a mão no bolso. Cuidado, pode ser um revólver”. Aharoni ligou o motor do carro. Mas Eichmann não estava armado – nem os agentes. Três segundos depois, Eichmann passou ao lado de sua janela e foi barrado por Malkin que disse “Un momentito, senor!” as únicas palavras que sabia em espanhol. Malkin saltou imediatamente contra o alemão e agarrou a sua mão direita. Ambos caíram no chão. Outro agente levantou os pés Eichmann e ele foi colocado no carro.

A limusine seguiu pela rua Avellaneda por 800 metros e então parou para que Zeev Keren descesse e trocasse rapidamente as placas do carro; em vez das chapas comuns, agora eles tinham novas, azuis, de carro diplomático, para combinar com documentos falsos de diplomata austríaco que Aharoni levava. O prisioneiro estava deitado no chão, com um cobertor em cima. Chegaram finalmente na casa. O carro estacionou na garagem e os ocupantes entraram pela porta que dava acesso direto à cozinha.

Vendado com óculos de motociclista cobertos com fita adesiva, Eichmann foi levado até o segundo andar, onde um quarto tinha sido preparado para ele. No lugar das janelas, colchões tornavam o ambiente à prova de som. Deitaram-no na cama, despiram-no, e o Doutor examinou seu corpo em busca de cápsulas de veneno. Vestiram-no com pijamas e a perna esquerda foi algemada à cama. O interrogatório começou às 21h15. Aharoni fazia as perguntas. Qual era o nome do prisioneiro? “Ricardo Klement”. E como ele se chamava antes? “Otto Heninger”. A resposta deixou Aharoni intrigado; ele não sabia que Eichmann adotara identidade de Otto Heninger na Europa. Mas as perguntas seguintes tiveram a resposta esperada. Quando era sua data de nascimento? “19 de março de 1906”. Local de nascimento? “Solingen”. E qual foi seu primeiro nome? “Adolf Eichmann”. Aharoni esticou a mão para cumprimentar Avraham, do outro lado da cama.

Em 20 de maio, o prisioneiro foi avisado de que era hora de partir. Vestido com uma roupa semelhante à da tripulação da El Al (camisa branca e gravata preta), Eichmann foi sedado. A droga o impediria de falar, mas com ajuda poderia se locomover quase normalmente. Partiram às 21h no avião Bristol Britannia de prefixo 4X-AGE da El Al.

O aeroporto estava vazio, não havia outros vôos programados para aquele dia. O carro parou perto do ônibus da companhia – cujos verdadeiros tripulantes não tinham idéia do que se passava. Yaakov e o Doutor, também vestidos como tripulantes da companhia aérea, ajudaram Eichmann a subir a escada e entraram no avião com ele. Para todos os efeitos, eram dois membros da tripulação amparando um colega doente. O Doutor sentou atrás de Eichmann e até a decolagem manteve uma seringa espetada em seu braço. Aharoni, Isser Harel e o resto da equipe aguardavam a hora de embarcar, mas o tempo foi passando e nada de eles serem liberados. Pouco antes da meia-noite apareceu um funcionário esbaforido pedindo desculpas pelo transtorno. Com todos finalmente a bordo, o avião decolou à 0h04. A aeromoça perguntou se Zvi Aharoni gostaria de alguma coisa para comer. “Não, obrigado. Mas quero um uísque. Duplo.” Às 7h20 da manhã de 22 de maio, a aeromoça avisou: senhoras e senhores, estamos entrando em espaço aéreo de Israel.

Adolf Eichmann foi julgado em Israel, num processo que começou a 11 de Abril de 1961. Foi acusado de 15 ofensas criminosas, incluindo a acusação de crimes contra a Humanidade, crimes contra o povo judeu, e de pertencer a uma organização criminosa.

Adolf Eichmann sendo julgado em Israel em 1961

O julgamento causou grande controvérsia internacional. O governo israelense autorizou que as cadeias noticiosas de todo o mundo transmitissem ao vivo o julgamento. Um homem sentado atrás de um vidro à prova de balas e de som, enquanto muitos sobreviventes do Holocausto testemunharam contra ele.

Fotos da caçada a Eichmann

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A equipe do Mossad

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Foto de nos anos 1940

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Simon Wiesenthal

 

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Eichmann durante a Segunda Guerra Mundial

 

 

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T. Friedman

 

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Passaporte falso de Eichmann

 

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Eichmann na Europa

 

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Isser Harel

 

 

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Zvi Aharoni

 

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A cada de Eichmann  na rua Garibaldi

 

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O avião Brittania da El Al

 

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Eichmann capturado

 

Foi condenado a todas as acusações e recebeu a sentença de morte (a única pena de morte civil alguma vez levada a cabo em Israel) a 15 de Dezembro de 1961 e foi enforcado poucos minutos depois da meia-noite de 1 de Junho de 1962, na prisão de Ramla, perto de Tel Aviv. Foi a única exceção aberta pela lei israelita, a qual não prevê a pena de morte.

Membros do Mossad que participaram da missão:

* Isser Harel: chefe do Mossad e responsável máximo pela operação.
* Rafael Eitan: líder da unidade operativa. Viajava em um dos automóveis que foram usados para capturar a Eichmann.
* Peter Malkin: viajava no primeiro automóvel. Foi o primeiro que imobilizou Eichman.
* Amos Manor: diretor do Shin Bet. Foi um dos que sugeriu a busca de Eichmann. Planejou a operação.
* Abraham Shalom: Um dos captores no segundo automóvel.
* Yaacob Crus: subdiretor do Mossad. O primeiro que informou o governo da captura.
* Zvi Aharoni: Captor. Descobriu onde vivia Eichmann em Buenos Aires.
* Emanuel Talmor: Viajou no no avião da El Al levou a Eichman. Foi um dos que o transportou drogado.
* Yaacob Meidad: o homem a cargo da logística para a captura. Alugou casas e conseguiu automóveis. Nos 9 dias em que Eichmann esteve cativo, ele providenciou alimentos e medicamentos ao grupo.
* Yudith Nasiahu: integrante do Mossad. Viveu na casa em que esteve cativo Eichman simulando ser casada com um dos captores.
* Abraham Kaler: ajudou a localizar a Eichmann na Argentina.
* Simón Wiesenthal: caçador de nazistas. Deu os indícios para capturar a Eichmann.
* Tuvia Friedman: fez o mesmo que Wiesenthal.

O famoso Eli Cohen

Se a Guerra dos Seis Dias – quando Israel aniquilou as defesas da Síria, em 1967 – durou tão pouco, muito se deveu ao trabalho do espião Eli Cohen. Agente mais ousado do serviço secreto israelense, ele ganhou a confiança dos poderosos sírios a ponto de ter acesso aos maiores segredos militares. Que eram prontamente repassados aos patrões em Tel-Aviv, é claro.

Cohen descobriu e sabotou, por exemplo, um projeto da Síria de desviar as fontes do rio Hasbaya, afluente do rio Jordão. Se levado a cabo, o desvio privaria os israelenses de 100 milhões de metros cúbicos de água, o equivalente a um terço do que corria nos condutos do país.

Também foi ouvido pelos militares sírios quando sugeriu que eucaliptos fossem plantados ao redor das fortificações, sob o pretexto de que as árvores disfarçariam as instalações. Na verdade, as plantas serviram para ajudar a força aérea israelense a localizar seus alvos estratégicos.

Filho de judeus sírios nascido em Alexandria no Egito. Com a criação do Estado de Israel, em 1948, sua família mudou para lá, mas ele permaneceu no Egito. Por duas vezes ofereceu seus serviços à inteligência Israelense, porém foi recusado. Em 1960, a inteligência secreta israelense (Mossad) resolveu comprar seus serviços, pois esta planejava se infiltrar na Síria e Eli era ideal para o serviço por seus conhecimentos sírios e suas habilidades interpessoais.

Ele começou os treinamentos como dirigir em alta velocidade , uso de armas, sabotagem e criptografia. Cohen falava árabe fluentemente – ainda assim, precisou de um longo treinamento para trocar o sotaque egípcio pelo sírio. Além disso, tinha ótima memória e a aparência de um respeitável cidadão árabe. Todos os atributos que se esperaria de um agente secreto judeu. Só uma coisa preocupava o Mossad (serviço secreto de Israel): a ousadia de Cohen beirava a irresponsabilidade suicida.

Por fim ganhou uma nova identidade: Kamel Abin Tebas, supostamente nascido na Síria que teria se tornado um negociante de tecidos bem sucedido na Argentina. Foi para Buenos Aires e logo ficou conhecido como rico e mulherengo, conheceu a embaixada da Síria e com seus contatos Kamel “voltou” para o país de origem em 1961 e lá rapidamente se tornou íntimo da classe política. Os anos se passaram e Eli (Kamel) participava de festas e manifestações políticas na Síria e aos poucos foi cultivando amizades e ganhando confiança de milites e políticos do alto escalão. Durante todos esse período, ele alimentava Israel com informações via cartas secretas.

Cohen freqüentava as altas rodas, ficou amigo do presidente, visitou as linhas de frente do exército inimigo e soube tudo sobre as diretrizes militares da Síria, as ligações com a Rússia e os planos contra Israel. Quando não conseguia informações por meios diplomáticos, chantageava mulheres de oficiais com fotos comprometedoras.

Esse posto de observador privilegiado durou 4 anos, até 1965. Nessa época, já disfarçava mal suas atividades secretas – ligava todos os dias, no mesmo horário, para Israel. Eli Cohen foi desmascarado e preso por especialistas soviéticos em contra-espionagem, que o pegaram mandando uma mensagem de radio para a Mossad e foi condenado a forca, em 18 de Maio de 1965. Cohen foi torturado antes de ser enforcado: teve água injetada em seu corpo, sofreu choques elétricos e queimaduras com brasas de cigarros e teve as unhas arrancadas. Depois de tudo isso ele foi enforcado. O se corpo ficou pendurado por mais 6 horas e com direito a transmissão ao vivo na TV Síria. Até hoje Israel clama pela devolução de seu corpo.

Com as informações de Israel entrou em guerra contra Síria, Egito e Jordânia: a guerra dos 6 dias. Eli já conhecia todos os pontos fracos da fortaleza Síria e havia sugerido aos militares que plantassem arvores de eucaliptos ao redor das bases secretas como camuflagem (na verdade era a forma de avisar a Força Aérea Israelense a localizar as bases). E a Síria teve o exercito destroçado e o fim da guerra negociado com Jordânia e Egito.

O MiG iraquiano

Em 1963 o Mossad ganhou um novo chefe, Meir Amit substituindo o homem que fez do Mossad uma agência de primeira: Isser Harel. Amit que era dotado de grande inteligência e carisma procurou o chefe da FAI, na ocasião este era Mordechai “Motti” Hod e perguntou-lhe o que ele podia fazer para ajudar a FAI. Hod que não era homem de muitas palavras respondeu: “Me arranje um MiG!”.

O Mossad então executou uma operação digna dos melhores romances de espionagem. Uma agente, que nunca ficou claro se era uma israelense ou americana a serviço de Israel ou mesmo judia, aproximou-se de um jovem piloto iraquiano chamado Munir Redfa seduziu-o e fez com que ele se apaixona-se por ela. Convenceu-o então a desertar levando o mais moderno caça soviético cedido aos países árabes, um MiG-21F-13 de No.534. Em 16 de agosto de 1966 ele levou o caça para Israel, pousando numa base área no deserto do Negev. A FAI mandou dois Mirages interceptar a aeronave, mas não disse aos pilotos do que se tratava. Já próximo de obter contato visual, os pilotos ouviram do controle de terra que iriam ver um MiG em breve, mas que de modo nenhum poderiam abatê-lo. Eles acharam que era alguma piada, mas quando viram o MiG não discutiram mais e o escoltaram até a base.

O MiG-21F-13 No.534 do piloto Munir Redfa

A família do piloto que era casado e tinha 3 filhos, foi retirada pelo Mossad no mesmo dia, mas de modo mais fácil. O piloto desertou por uma motivação amorosa, mas houve um fator foi determinante para o sucesso. Redfa fazia parte da minoria cristã maronita do Iraque. Não foi só o coração que falou mais alto. Redfa como cristão não tinha chances de subir na hierarquia da Força Aérea do Iraque, ficava desconfortável em bombardear os curdos e seus superiores não confiavam muito nele, pois só voava com pouco combustível. No dia da fuga convenceu a equipe de terra a encher o seu tanque e também tinha 490 litros em seu tanque auxiliar sob a fuselagem o que lhe deu condições de voar 900 km até o mar Mediterrâneo. Vendo o sucesso da fuga Rodfa outros 3 pilotos iraquianos fugiram para a Jordânia com os seus MiG-21. Os pilotos conseguiram o asilo político, mas as aeronaves foram devolvidas ao Iraque. Após o desembarque Munir Redfa viveu afastado do publico. Ele obteve a cidadania israelense. Logo após a deserção de Redfa, os cristãos iraquianos não tinham permissão para se juntar à Força aérea, por ordens do então presidente do Iraque. Essa ordem ainda era válida até a invasão do Iraque pelos EUA em 2003.

O avião foi examinado em Israel por Danny Shapira. Piloto de caça experiente tendo lutado na Guerra de Independência, Shapira ensinou aos seus companheiros como lutar e vencer o Mig-21 Mais tarde o avião foi entregue aos americanos. Em homenagem ao Mossad, um Mig-21F que está no museu da Força Aérea de Israel recebeu no nariz o prefixo “007”.

Mirage 5

Em meados da década de 1960, a pedido de Israel, a Dassault Aviation iniciou o desenvolvimento do Mirage 5 , uma versão de ataque ao solo todo-tempo do Mirage III. Seguindo as sugestões feitas pelos israelenses, os aviônicos localizado atrás do cockpit foram removidos, permitindo que os aviões tivessem aumentada a sua capacidade de transporte de combustível, reduzindo assim custos de manutenção. Em 1968, a Dassault finalizou a produção dos 50 Mirage 5J pagos por Israel, mas um embargo de armas imposto ao país pelo governo francês do General De Gaulle em 1967 impediu a Dassault de entregar as aeronaves.

Com esse embargo a FAI - Força Aérea de Israel temia que não teria uma vantagem sobre seus adversários regionais que estavam sendo reequipados com os mais avançados aviões soviéticos. Além disso a FAI estava enfraquecida pois tinha perdido muitos Mirage III na Guerra dos Seis Dias.

Diante deste quadro de eminente perigo o Mossad foi acionado para realizar uma das maiores operações de espionagem industrial da história. Os israelenses conseguiram adquirir os planos para o Mirage III, que foram utilizados diretamente no processo de produção em série aviões Kfir  (leãozinho em hebraico). Não são muitos os detalhes desta operação, mas James Follett escreveu uma novela chamada Mirage, em estilo de narrativa histórica, em que ele estima que os israelenses receberam 150 mil desenhos de ferramentas, gabaritos e peças; 400 desenhos de células; 50.000 desenhos de instrumentação; 4.000 desenhos do motor; Além de cerca de 50.000 documentos abrangendo testes e especificações de serviços. Estes dados estão bem perto da verdade e dão uma idéia da enorme dimensão do golpe de espionagem, além de que parece provável que os israelenses receberam esses dados de várias fontes, diferente do retratado no livro de de James Follett. Por exemplo os desenhos do motor foram entregues aos israelense por um engenheiro judeu suíço chamado Albert Fraunknecht - renomeado Albert Heinkein no livro de James Follett. A Suíça fabricava Mirages sob licença da Dassault. Especula-se que parte dos documentos veio de cúmplices dentro da empresa Dassault, mas nada nunca foi provado. também há rumores de que a própria Dassault tenha burlado o embargo francês fornecendo aos israelenses duas células do Mirage 5, mas a Dassault nega esta informação.

 

Com a  espionagem industrial do Mirage 5 da Dassault, os israelenses fabricaram o excelente Kfir C1

 

Operação Plumbat

No dia 15 de novembro de 1968, na cidade de Olen (Bélgica), uma carga de 200 toneladas de óxido de urânio, foi armazenada em tambores de óleo, de 200 litros cada. Um total de 560 tambores foram utilizados para armazenar o conteúdo radioativo. Estes tambores, que tiveram suas tampas fechadas com múltiplos selos de borracha, não continham nenhuma inscrição, apenas a palavra PLUMBAT.

A carga foi enviada por trem até o Porto de Antuérpia, onde a Ziegler (empresa que estava negociando o material) iria embarcar os 560 tambores no cargueiro Scheersberg A, que seguiria à Genova, na Itália, onde a carga deveria ser desembarcada. O cargueiro ainda não havia entrado no porto, mas chegaria logo ao amanhecer do dia 16.

O porto de Antuérpia tem seus canais bastante apertados e tem diversas pontes móveis de ligação. Quando o Scheersberg A estava realizando os procedimentos de atracação no canal chamado “Suez”, o piloto se distraiu e bateu a lateral do navio em um dos pilares, da ponte chamada “Sibéria”. Se a ponte caísse, bloquearia todo o canal do porto e causaria atrasos de toda a ordem. Quando as autoridades portuárias examinaram a ponte, perceberam que os danos eram apenas superficiais. Numa atitude inesperada, a Ziegler se comprometeu em pagar todos os danos, para que o navio fosse liberado e a carga pudesse ser carregada dentro do previsto.

Após este incidente, o navio recebeu autorização para atracar, dirigindo-se então para o cais “Berth 42”, onde foi inspecionado pelo gerente da Ziegler e por dois outros homens, que provavelmente eram representantes dos “compradores” da carga. O carregamento teve início às 14:00 horas. Ao final da tarde, Marcel Heynen, gerente portuário da Ziegler, subiu a bordo do Scheersberg A, para verificar o trabalho de carregamento e certificar-se que tudo estava transcorrendo sem incidentes.

Marcel Heynen informaria posteriormente que percebeu que um dos “representantes”, do comprador, contava todos os tambores que eram levados à bordo e verifiva se estavam cheios.

Após verificar o carregamento, Heynen procurou o capitão do navio. Ele o encontrou na cabine (do capitão), bebendo uísque e conversando em inglês com outros dois homens, sobre o tempo. Ele então trocou algumas palavras e desejou “Bon Voyage”.

No cais, a correria era intensa, o responsável pela liberação da documentação de embarque, subiu a bordo do cargueiro, procurando algum oficial que assinasse a documentação. A documentação oficial informava que haviam sido carregados 208′998,55 quilogramas de “Plumbat” (o peso incluia os tambores de metal) e que estes haviam sido entregues em “perfeitas condições”. Quem assinou a documentação foi o Primeiro Imediato Tilney, que após ler a documentação, inquiriu Verhulst (o responsável pela documentação da carga), se a carga não se tratava de “produtos químicos”, mas apenas foi informado que se tratava de “Plumbat”.

Por volta das 22:00 horas, o navia estava pronto para partir. Ao timão, estava o novo piloto Pierre Slaghmeulen (não permitiram que o piloto que havia abalroado a ponte, conduzisse o navio para for a do porto), mas ainda faltava passar pela inspeção das autoridades portuárias competentes. Verhulst entrou em contato com as autoridades portuárias solicitando a inspeção final.

De forma simples e normal, os responsáveis pela fiscalização subiram a bordo do cargueiro, verificaram se a carga conferia com a documentação, mas seu interesse maior era em procurar por contrabando. Como nada de irregular foi encontrado, o navio recebeu a autorização para partir. Os canais do porto já estavam cheios graças a maré, e o Scheersberg A inciou então sua viagem (eram 00:04 do dia 17 de novembro).

O transporte de óxido de urânio havia sido autorizado pela comunidade européia, porque para todos os fins, a carga estava sendo enviada para a Itália. Devemos observar que a rota determinada para o cargueiro, foi obedecida integralmente até o dia 24 de novembro, quando o navio se encontrava nas proximidades das Ilhas Beleares. Neste ponto, a embarcação deveria ter tomado rumo norte e se dirigido a Gênova, na Itália, no entanto, a embarcação tomou rumo Leste, seguindo em frente. Por volta do dia 27 de novembro, o Scheersberg A, estava passando entre a Sicília e a Tunísia, rumo ao Mediterrâneo Oriental.

Não era de se esperar que o navio, contendo 200 toneladas de óxido de urânio, se dirigisse diretamente para Israel, afinal de contas, empresas seguradoras, como a Lioyd’s, mantinham agentes portuários ao redor do mundo, para informarem sobre as movimentações dos navios, especialmente dos segurados por eles. O que foi reportado pela tripulação, é que entre o Chipre e a costa da Turquia, a carga foi transferida para um cargueiro israelense, durante a noite.

De acordo com um marinheiro anônimo, que dizia estar a bordo do Scheersberg A , naquela ocasião, a ação ocorreu na madrugada, já no mes de dezembro. (A matéria foi pulicada na revista “Time”, de 30 de maio de 1977).

“Um (pequeno) cargueiro israelense, escoltado por duas canhoneiras fortemente armadas, se aproximou pelo sul. O cargueiro israelense manobrou para ficar alinhado lateralmente com o Scheersberg A. A tripulação daquele cargueiro lançou diversos cabos, ao longo de todo o deque, para que as duas embarcações permanecessem unidas.

Logo em seguida, se dirigiram aos tambores de Plumbat, onde soltaram todos as amarras que prendiam os tambores. Os 560 tambores foram levados, um a um, para o cargueiro israelense. A bordo do Scheersberg A, não havia nenhuma conversa, o Capitão Barrow havia ordenado completo silêncio. Mas uma ou duas vezes, a tripulação ouviu algumas ordens de comando, em hebraico, porém numa tonalidade bem suave, vindas de ambos os navios.

A baldeação da carga durou menos de quatro horas. Quando tudo terminou, o cargueiro (israelense) partiu em direção ao sul. Logo em seguida partiram também os barcos de escolta. Quando as três embarcações se encontravam bastante distantes, o Capitão Barrow ordenou que o navio mudasse sua rota em direção a nordeste, imndo em direção à costa turca. O Scheersberg A navegava a 12 nós, o que fez com que demorássemos cerca de cinco horas para aportarmos no pequeno porto turco de Iskenderum. Já era dia 02 de dezembro.”

Já o cargueiro israelense tinha que viajar por cerca de dezesseis horas, até o porto de Haifa. Chegando ao porto, a valiosa carga pode ser descarregada sem maiores incidentes. Os tambores, marcados apenas “PLUMBAT”, não despertariam nenhuma suspeita. De Haifa, os tambores poderiam seguir pela rodovia de Tel Aviv. Ao anoitecer do dia 03 de dezembro, todas a carga já poderia estar em Dimona.

Pouco mais de um mês depois do incidente, Burham Yarisal, então propriétário do Scheersberg A, vendeu a embarcação. O Mossad (Serviço Secreto Israelense), adquiriria posteriormente, através de um de seus agentes, o Scheersberg A, que em 1969, seria utilizado em outra missão, que seria chamada posteriormente de “Incidente Cherbourg”.

Tudo seria descoberto em 1973, através de investigações realizadas na Noruega, Grã-Bretanha, Itália, Alemanha e França. Diversos agentes do Mossad seriam descobertos e presos. Suas declarações e depoimentos serviriam para juntar todas as peças deste quebra-cabeças, chamado “OPERAÇÃO PLUMBAT”, uma das mais notórias operações desta espécie.

As canhoneiras de Cherburgo

Uma das mais audaciosas operações do serviço secreto israelense foi o resgate, em dezembro de 1969 de cinco poderosas canhoneiras que estavam em poder dos franceses. Agiram conjuntamente o Mossad e a Marinha israelense, que precisava das embarcações para compor uma força naval efetiva no Mediterrâneo.

Israel havia encomendado a les Constructions mécaniques de Normandie (CMN), uma companhia francesa de construção naval, instalada nos estaleiros de Cherburgo, a construção de doze canhoneiras Sa'ar 2 que eram na verdade um projeto alemão ocidental. Em 1968, cinco delas já tinham sido entregues. No início do ano seguinte, contudo, em represália a um ataque israelense ao aeroporto de Beirute, o general De Gaulle, presidente da França, resolveu embargar todas as vendas de armamentos ao Estado judeu.

Israel agiu rápido. Mal era anunciado o embargo e a sexta canhoneira deixava às pressas o porto de Cherburgo. Três dias depois, era a vez da sétima canhoneira. Restavam, ainda, cinco embarcações inacabadas, retidas no estaleiro sob a vigilância da Marinha francesa. Segundo as ordens de De Gaulle, essas canhoneiras jamais deveriam chegar a Israel. Mas os franceses não contavam com a astúcia e determinação do general Yariv, chefe do serviço de inteligência militar de Israel, e do almirante Mordechai Limon, comandante da operação que retiraria os barcos do estaleiro francês.

Canhoneira israelense Sa'ar 2

Começava a Operação Arca de Noé, cuja finalidade era resgatar as canhoneiras de Cherburgo. O plano teria toda a aparência de transação comercial. Os israelenses dariam a impressão de conformar-se com a perda das embarcações e, preocupados apenas em compensar o prejuízo, arranjariam a venda delas para uma companhia norueguesa, secretamente controlada por Israel. A empresa se chamava Starboat, estava registrada no Panamá, e trabalhava com perfuração de petróleo no Mar do Norte. Segundo a empresa Starboat as embarcações desarmadas seriam úteis em suas operações petrolíferas. Era um frágil disfarce, mas revelou-se suficiente para que os franceses liberassem as canhoneiras.

Foi uma operação complexa. Os israelenses, para o êxito da missão, precisariam percorrer a Europa em busca do equipamento adicional necessário para uma viagem de mais de 4.800 km; os suprimentos da tripulação deveriam ser armazenados e embarcados em segredo; tripulantes extras (disfarçados de noruegueses) teriam de vir disfarçadamente de Israel a Cherburgo; e além de desviar a atenção das autoridades francesas, seria preciso contar com bom tempo.

Nas ultimas semanas de dezembro começaram a chegar os 50 jovens marinhos "noruegueses", todos eram israelenses, porém alguns eram de origem dos países nórdicos, loiros e de olhos azuis.

O dia escolhido foi 24 de dezembro, Natal, quando a maioria das famílias francesas faz sua ceia natalina e a vigilância é menos rígida. O almirante Limon veio de Paris a Cherburgo pela manhã e reservou mesa para festa num dos melhores restaurantes da cidade, com o intuito de afastar qualquer suspeita por parte dos franceses. Limon decidiu também que a flotilha deveria estar pronta para zarpar às 20h30.

À hora marcada, porém, uma tempestade impediu a partida. Só às 2h da madrugada do dia de Natal as canhoneiras começaram a deixar Cherburgo. Quando saíram do porto, as embarcações aproaram para oeste; depois seguiram para a baía de Biscaia. Seguiram em direção a  Gibraltar e, por fim, o Mediterrâneo, onde navios israelenses, esperando a intervalos regulares, garantiram-lhes combustível e provisões.

A rota das cinco canhoneiras israelenses

Na noite de 31 de dezembro de 1969, as canhoneiras aportavam a salvo no porto de Haifa em Israel. Terminava uma das mais formidáveis operações do serviço secreto de Israel e suas forças armadas.

A operação Cólera de Deus

Série de assassinatos com o objetivo de eliminar os responsáveis pelo Massacre de Munique nos Jogos Olímpicos de 1972.

Operação Diamante

Enquanto os esquadrões de execução da Metsada trabalhavam a pleno vapor durante a Operação Ira de Deus, exterminando quase uma dezena de membros do grupo palestino Setembro Negro, responsáveis pelos assassinatos de onze atletas da equipe israelense nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, Ali Hassan Salameh, que o Mossad conhecia pelo apelido de Príncipe Vermelho, preparava um ataque surpresa para liquidar a própria Golda Meir, primeira-ministra de Israel a caminho de sua visita com o Papa Paulo VI no Vaticano.

Resgate em Entebbe

Assistência na missão de resgate realizada por forças especiais israelenses em Entebbe, Uganda, a 4 de Julho de 1976.

Reator nuclear em Osirak

Entre 1978 e 1981 o Mossad esteve envolvido na Operação Sphinx (Esfinge) com o objetivo de obteve a informação altamente sensível sobre o reator nuclear Osirak no Iraque através do recrutamento de cientistas iraquianos na França. Em 05 de abril de 1979, o Mossad destruiu 60 por cento dos componentes do reator iraquiano construído na França, Uma organização ambiental chamada "Groupe des français écologistes", que ninguém nunca ouviu falar antes deste incidente, reivindicou o crédito para a explosão. Durante a operação Ópera, realizada em 7 de junho de 1981, caças F-16A da Força Aérea de Israel, destruíram o reator nuclear Osirak, no Iraque.

Operação Moisés

Assistência na Operação Moisés, o resgate de judeus etíopes (falashas) em novembro de 1984. Oprimida por anos de guerra civil e pela fome assassina e implacável a comunidade etíope negra Falash Nura foi descoberta. A grande surpresa era serem judeus, manterem as tradições judaicas e o estudo da religião, provavelmente descendentes da época do rei Salomão e suas minas africanas. Se você perceber pelo mapa, o sul do Sudão e o norte da Etiópia são os lugares de concentração negra nos dois países, exatamente onde ocorria a guerra.

Entre 1980 e 1982 2.500 judeus negros etíopes foram resgatados em meio ao conflito e levados para Israel. Em 1983, outros 1.800 cruzaram a pé a fronteira do Sudão dali foram para Israel. A situação foi ficando crítica e as condições de vida nos campos de refugiados judeus negros no Sudão não podia mais ser mantida.

No dia 21 de novembro de 1984 começou a operação Moisés, que utilizava aviões militares Hercules levando 200 pessoas de cada vez. A viagem e os vôos para Israel foram mantidos em segredo por ambos os governos. Até 5 de janeiro de 1985, cerca de 8.000 judeus negros etíopes tinham encontrado a salvação em Israel.

As notícias vazaram e os países árabes pressionaram o governo do Sudão para impedir o trânsito de judeus pelo seu território. O governo cedeu e 1.000 judeus ficaram por lá, enquanto dezenas de milhares ainda aguardavam na Etiópia. Tentando fugir a pé para o Sudão cerca de 4 mil judeus negros etíopes morreram, como nas caminhadas da morte pela Europa ocupada pelos nazistas na Segunda Guerra.

Em 1985, o então vice-presidente americano George Bush (pai) inicial a operação Joshua que conseguiu resgatar 800 dos 1.000 judeus retidos no Sudão. Os últimos 200 foram alvo de 5 anos de negociações, mas foram retidos pelo governo sudanês e seu destino provável foi a morte na região de Darfur, junto com os negros cristãos.

Em199 0 os governos de Israel e Etiópia fecharam um acordo diplomático que permitiu a saída do judeus negros dos campos de refugiados, dos campos de fome, dos campos de morte, que existem até hoje, agora com cristãos negros.

O acordo era frágil e podia ser revogado a qualquer momento. Em 36 horas 34 aviões Hercules C-130 de Israel com os assentos removidos para caber mais gente, salvaram 14.325 etíopes da miséria, opressão, perseguição e morte certa.

Ao longo dos anos, cerca de a comunidade de judeus negros da Etiópia, conhecidos como Falashas, já chegou às 80.000 pessoas em Israel, mas o governo africano ainda retém entre 18.000 e 26.000 judeus em seu território.

Chegaram magros, famintos, sem propriedades. Hoje são parte integrante da sociedade israelense sem nenhum tipo de discriminação racial ou social. Participam do exército e da religião como qualquer outra pessoa por lá.

Mordechai Vanunu

Mordechai Vanunu judeu marroquino, nasceu na cidade de Marraquech e veio com sua família para Israel em 1963.Em 1976, foi admitido para trabalhar como sub-técnico, no Centro de Pesquisas Nucleares de Negev. Em 1985, Vanunu foi dispensado dos trabalhos em Negev. Em 1986 mudou-se para Sydney na Australia e trava contato com Peter Hounam, um jornalista do jornal inglês “The Sunday Times”.  Em setembro do mesmo ano, Vanunu decide então revelar o que sabia sobre o programa nuclear israelense, violando assim sua promessa de manter segredo. Em Londres, Vanunu faz revelações bombásticas ao “The Sunday Times”, entregando inclusive, 60 fotografias que fez secretamente enquanto trabalhava como funcionário do complexo de Negev. Vanunu deu descrições detalhadas do processo de separação do Lítio-6, necessário para a produção de Trítio, um material essencial para a fabricação de bombas termonucleares. Quando indagado se Israel estaria de fato, construindo uma bomba termonuclear, Vanunu se limitou a dizer que no Negev, seu trabalho se limitava ao material, e não poderia fornecer nenhuma evidência específica de que Israel estaria fabricando artefatos termonucleares. Vanunu também descreveu o processo de reprocessamento de plutônio, informando que a produção anual era da ordem de 30 quilogramas e que Israel utilizava cerca de quatro quilogramas do material em cada artefato, o que possibilitou calcular que Israel possuía plutônio suficiente para cerca de 150 bombas nucleares.

Desconfiado das informações de Vanunu o jornal inglês passa a checar as informações com vários especiais listas e cientistas, e inclusive com a embaixada israelense, em busca de maiores informações. Inconformado com a demora na publicação (Vanunu pretendia doar parte do dinheiro obtido com a venda da história, para a Igreja Anglicana), Vanunu decidiu procurar o concorrente do Sunday Times, o jornal “The Daily Mirror”, de propriedade de Robert Maxwell, judeu, com diversos contatos em Israel.

Vanunu foi delatado aos israelenses pelo serviço secreto britânico. Acredita-se que Robert Maxwell o tenha denunciado (em 1991, Ari Ben-Menashe, que se auto descreveu como ex-integrante do Mossad, alegou que Maxwell entrou em contato com o Mossad, informando sobre Vanunu). Também é possível que os israelenses tenham tomado conhecimento dos fatos pelas investigações realizadas pelo Sunday Times, que contatara a Embaixada Israelense em Londres atrás de evidências que corroborassem a matéria.

O governo israelense tinha um bom relacionamento com a então Primeira Ministra Margaret Thatcher, então seria preciso que Vanunu saísse do Reino Unido por sua própria vontade, para permitir que fosse posteriormente capturado. O Mossad sabia que o ponto fraco de Vanunu eram as mulheres. Sabendo disso, o Mossad enviou à Grã-Bretanha uma agente, de nome Cheryl Bentov. Cheryl deveria encontrar “casualmente” Vanunu e se mostrar interessada nele, para posteriormente convencê-lo a ir para Roma, para um passeio de final de semana. No dia 30 de setembro de 1986, a agente do Mossad obteve êxito, e viajou à Roma com Vanunu.

Chegando no apartamento de Cheryl em Roma três agentes do Mossad o aguardavam. Eles prendem Vanunu e lhe aplicam uma injeção que o faz desmaiar. Logo depois ele é colocado em uma caixa e embarcado em um navio israelense como carga diplomática e enviado para Israel. No dia 05 de outubro de 1986, o The Sunday Times publicou a história na primeira página, com o seguinte título: “Revelado: Os segredos do arsenal nuclear de Israel”.

Vanunu foi julgado em 07 de fevereiro de 1988, em Israel, por traição e espionagem, sendo condenado a 18 anos de detenção. O julgamento foi realizado secretamente no Distrito Judicial de Jerusalém, perante o Chefe de Justiça Eliahu Noam e os juízes Zvi Tal e Shalom Brener. Não lhe foi permitido contato com a mídia, mas ele escreveu detalhes de sua captura (ou “seqüestro”, como escreveu) na palma de sua mão, e enquanto era transportado para a prisão, mostrou-a pela janela do automóvel para que os jornalistas a vissem.

A pena de morte em Israel só é cabível em circunstâncias especialíssimas. Em 2004, o o ex-diretor da Mossad, Shabtai Shavit, relatou à Reuters que a hipótese de execução extrajudicial foi considerada à época do julgamento, mas rejeitada porque “judeus não fazem isto com outros judeus”. Vanunu foi mantido em total isolamento por cerca de 11 anos, sob o pretexto de que, de outro modo, ele poderia revelar mais segredos no programa nuclear nacional. Em 21 de abril de 2004, Vanunu foi libertado, mas vive debaixo de fortes restrições.

Fuga do general Ali Reza Askari

Um oficial de inteligência dos EUA disse ao Washington Post que Israel orquestrou a deserção e a fuga do general-brigadeiro iraniano Ali Reza Askari (vice-ministro da Defesa até 2005) entre 07-09 de fevereiro de 2007 quando este estava na Turquia. A informação foi negada pelo porta-voz israelense, Mark Regev. O Sunday Times informou que Askari era uma fonte do Mossad desde 2003, e foi resgatado quando estava prestes a ser descoberto.

O Mossad e o Promis (http://www.infoguerra.com.br/infonews/arc9-2001.html)

O Promis (Prosecutor's Management Information System) começou a ser desenvolvido em meados dos anos 70 pelo programador William Hamilton, que na época era funcionário da National Security Agency (NSA), e que depois veio a fundar a empresa Inslaw Inc., em Washington. Sofreu diversos aperfeiçoamentos desde então, até se tornar um programa usado por serviços secretos e agências de inteligência de vários países, para rastrear pessoas e transações financeiras.

Por ser um programa secreto, há pouca informação divulgada sobre o seu funcionamento. Mas há muitos depoimentos, investigações e evidências que são capazes de desvendar parte dos segredos do Promis. Segundo um artigo de Michael C. Ruppert, o software é capaz de ler e integrar simultaneamente diferentes bancos de dados ou programas de computador. E isso independentemente da linguagem em que os programas originais foram escritos ou do sistema operacional no qual foram instalados. Além disso, opera tanto em sistemas de computadores gigantes quanto num simples PC. Ruppert é um ex-oficial do Departamento de Polícia de Los Angeles, que, investigando ligações da CIA com o tráfico de drogas, acabou descobrindo também fatos relacionados ao Promis. Ruppert afirma que a versão atual do Promis “pode pensar, entender qualquer linguagem no mundo, entrar em qualquer computador, inserir arquivos em computadores sem a ajuda de nenhuma pessoa, preencher vazios além do raciocínio humano e também adivinhar o que uma pessoa vai fazer antes que ela o faça”. Como veremos adiante, para integrar diversos dados de diversos computadores, o Promis não usa a Internet, mas sim, canais de transmissão digitais e satélites. Um ex-agente da CIA, Charles Hayes, disse que o Promis, na sua versão atual, é até hoje o melhor programa que existe para rastrear pessoas e dinheiro.

O Mossad se interessou pelo Promis no início da década de 1980. Em fevereiro de 1983, Rafael Eitan, que era na época o chefe de operações do Mossad teria se apresentado como Ben Orr, um procurador público de Israel, quando fez uma visita ao escritório da Inslaw em Washington para uma demonstração do software. De acordo com documentos do Departamento de Justiça (DoJ) dos EUA, poucos meses depois disso Etian teria levado do Departamento uma cópia do programa. Rafael Eitan, participou da captura de Adolf Eichmann. 

 

Rafael Eitan, que era na época o chefe de operações do Mossad em 1983.


Ari Ben Menashe, um espião que trabalhou para o Mossad sob a liderança de Rafael Eitan, confirma a história em seu livro Profits of War. "Ele (Etian) me chamou e disse: 'Podemos usar este programa para destruir terroristas mantendo o rastro de cada um. Mas não é só isso. Podemos saber o que nossos inimigos sabem, também'", diz um trecho do livro. Eitanhavia compreendido que o Promis seria muito útil para o violento conflito que estava ocorrendo entre Israel e os palestinos na época. Segundo o site Cryptome, especializado em segurança e criptografia, Eitan ordenou que um grupo de programadores do Lakam, outro braço da inteligência de Israel, desmontasse os códigos de programação do software e inserisse vários elementos novos, de modo que não houvesse nenhum risco de alguém reclamar os direitos de propriedade do Promis.

Backdoor

De acordo com Menashe, a única coisa que faltava ao programa era um backdoor, ou seja, uma espécie de trojan, que permitisse que as agências de inteligência de Israel penetrassem nos computadores dos seus adversários políticos. Sem problemas. O referido backdoor foi desenvolvido por uma empresa com sede na Califórnia, chamada Software and Engineering Consultants, de propriedade de um israelense que Menashe conhecia desde a infância. “De acordo com programadores com quem falei em Israel, o backdoor do Promis é indetectável. Mesmo se uma nação que comprou o Promis souber da sua existência, não poderá removê-lo”, diz outro trecho do livro.

Por razões de segurança, os computadores das agências de espionagem geralmente não são conectados a redes externas, como a Internet. Então, como é possível que um backdoor funcione? O backdoor pode até ser instalado, mas o que o pretenso invasor faz para penetrar na máquina?

De acordo com um artigo de J. Orlin Grabbe, publicado pela Associated Comunications Internet, o software Promis geralmente é vendido junto com o disco rígido do computador, com um chip especial. O chip transmite informações desse computador utilizando canais de difusão digitais ou satélites, toda vez que o programa é executado.

Grabbe explica que algumas técnicas de difusão, chamadas “spread spectrum”, permitem que um sinal seja disfarçado, parecendo ser outra coisa. Por exemplo, alguém pode se comunicar secretamente utilizando o mesmo canal de transmissão de um sinal de TV, e essa mensagem secreta será disfarçada para o espectador como se fosse um ruído. No caso do canal de transmissão do Promis, o sinal também se disfarça como se fosse um ruído comum do computador. Técnicas de “spread spectrum” são muito usadas para comunicações militares secretas e em sistemas de satélites.

Um canal de comunicação secreta opera com códigos binários pseudo-aleatórios, como uma enxurrada de códigos, continua Grabbe. Ao contrário dos códigos em bloco, que fazem uma transformação estática em um bloco fixo do arquivo. Ele explica que os códigos em bloco operam da seguinte maneira:

Suponhamos que estamos codificando uma mensagem usando regras simples de adição XOR (um operador lógico booleano, equivalente ao “ou exclusivo”), utilizando linguagem binária:
0+0 = 0
0+1 = 1
1+0 = 1
1+1 = 0

Suponha que a mensagem original é “1011”. A chave para a codificação é “1010”. A mensagem codificada será:
1011+1010 = 0001.

A mensagem codificada “0001” não dá nenhuma informação sobre a mensagem original, que poderia ser qualquer uma das 16 seqüências possíveis de zeros e uns. Somando a mensagem codificada “0001” com a chave “1010”, obtemos novamente a mensagem original:
0001+1010 = 1011.

Numa enxurrada de códigos, ao contrário, há uma transformação variável no tempo para cada bit de arquivo. Ou seja, a chave da codificação será diferente em diferentes momentos. Suponhamos a mesma mensagem original “1011”:
momento 1: 1011 + 1010 = 0001
momento 2: 1011 + 1111 = 0100
momento 3: 1011 + 0011 = 1000

E assim por diante, em vários outros momentos. São possíveis muitas variações e combinações, que tornam quase impossível a remoção desse backdoor. De acordo com o The Toronto Star, especialistas em programação dizem que é impossível identificar um backdoor se ele for muito sofisticado, pois seu código pode ser escondido entre milhares de linhas de programação.

Vendas

Com o backdoor instalado, o programa estava pronto para ser vendido aos países que Israel tinha interesse em monitorar. Menashe revela que, para isso, Etian contou com a ajuda de outros dois personagens centrais nessa história: Earl W. Brian e Robert Maxwell. O primeiro, um ex-agente da Central Intelligence Agency (CIA) dos EUA, que continuava trabalhando para os serviços secretos americanos e que tinha o respaldo de uma empresa de informática chamada Hadron, adquirida por ele. O segundo, um homem de confiança dos agentes secretos israelenses que, além de também possuir uma empresa de informática, tinha boas relações tanto com os países capitalistas como com aqueles do antigo bloco soviético.

Brian então vendeu o software para a Jordânia, país escolhido para “testar” a nova arma de espionagem de Israel. Mas o governo dos EUA também tinha seus planos para o Promis. De acordo com o Profits of War, quando as agências de inteligência americanas souberam que o backdoor funcionava, resolveram criar o seu próprio backdoor, para vender o Promis a vários países do mundo. O software então foi entregue para a empresa de informática Wackenhut, da Flórida — que trabalhava para os serviços de inteligência americanos — e o backdoor foi desenvolvido.

Menashe disse à Wired que outros departamentos do governo de Israel também conheceram o Promis, por meio de Earl Brian. Em 1987, ele teria feito apresentações com o objetivo de facilitar o uso do software. “Dr. Brian começou sua apresentação dizendo que todas as agências de inteligência americanas, incluindo a Defense Intelligence Agency, a Central Intelligence Agency (CIA), e a National Security Agency (NSA), além do Departamento de Justiça dos EUA, estavam usando o software de computador Promis”, afirmou Menasche.

Segundo a edição de 19 de setembro de 1997 do Washington Business Journal, a partir de então, o governo dos EUA e as agências de inteligência israelenses trabalharam juntos para vender o Promis para bancos do mundo inteiro, assim como para 88 governos estrangeiros. Desde então o Promis é usado como um instrumento para espionagem, que permite aos agentes de inteligência monitorar bancos e governos que usam o software. “Se o DoJ não roubasse o software, a Inslaw estaria recebendo royalties sobre o seu uso, e descobriria a existência do alegado instrumento de espionagem”, diz um trecho do artigo. Evidentemente, o governo americano não queria que ninguém, nem mesmo a Inslaw, soubesse para que fins o Promis estava sendo usado.

Hamilton diz que o software foi vendido ilegalmente para o Iraque, Líbia, Egito, Arábia Saudita, Israel, Jordânia, França, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Coréia do Sul e Japão. Segundo um artigo de Art Kunkin publicado pelo site de segurança francês IntrinSec, 88 países, no total, e muitos bancos do mundo inteiro compraram o Promis. A disseminação desse programa teria permitido aos EUA a criação de um fundo de muitos milhões de dólares para beneficiar ilegalmente diversas pessoas do governo americano, inclusive 26 membros do Congresso. O artigo diz ainda que há um grupo de hackers na CIA, chamado de “Quinta Coluna” que, usando o Promis, monitora três mil contas estrangeiras, nas quais ocorrem transferências internacionais de dinheiro proveniente do tráfico de drogas e de organizações terroristas.

O Promis é capaz de procurar em seus bancos de dados integrados qualquer referência que já existiu sobre uma pessoa, mesmo que esta tenha usado nomes diferentes. “O programa é sofisticado o suficiente para encontrar um detalhe que revelaria a verdadeira identidade”, diz um trecho do livro Profits of War.

O Brasil também teria comprado o software durante o governo de Figueiredo, segundo o depoimento de Charles Hayes a uma corte americana, em 1997. Hayes é um técnico aposentado da CIA e oficial da Força Aérea dos EUA, que tinha negócios no Brasil. De acordo com o depoimento, oficiais do governo brasileiro pediram a ajuda de Hayes para recuperar pedras preciosas que tinham sido negociadas com os EUA.

(Esse fato foi gerador de um outro escândalo, que resultou em processo contra o então ministro da Justiça brasileiro, Ibrahim Abi-Akel, e outros parlamentares).

Hayes disse ter presenciado um telefonema que Brian fez do Brasil para o Procurador Geral Ed Meese, que estava nos EUA, pedindo uma autorização para vender o Promis para o governo brasileiro. Ele afirma que em nenhum momento Brian mencionou o nome da empresa Inslaw, criadora do programa. O próprio Hayes usou o Promis para rastrear contas bancárias de membros do congresso americano.

O Mossad de Israel também teria usado o programa para saber onde Yasser Arafat estava indo e o que estava planejando. Além disso, poderia rastrear os passos das organizações terroristas palestinas.

Documentos obtidos pelo Comitê do Poder Judiciário dos EUA comprovam também que várias agências canadenses possuem o Promis. Entre esses documentos, há duas cartas de agências canadenses enviadas à Inslaw, pedindo manuais detalhados sobre o programa – sendo que a Inslaw nunca vendeu o Promis para o Canadá. Oficiais desse país agora alegam que as cartas foram “um erro”. Uma reportagem do The Toronto Star, do dia 4 de setembro de 2000, fala sobre isso. Um ex-militar chamado Bill Tyree, teria descrito detalhadamente a venda de uma cópia pirata do Promis para o Canadá, que estaria investigando a existência de um backdoor no programa, capaz de comprometer a segurança do país. O Promis também permitiria que o Mossad e a CIA espionem contas em bancos de todo o mundo.

PARTE II

 

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