OVERLORD - DIA D - NORMANDIA (FRANÇA) - 1944

6-O DESEMBARQUE NAS PRAIAS

AMERICANOS: UTAH E OMAHA


1- A PREPARAÇÃO

2 - O PLANO

3 - O INIMIGO

4 - ALIADOS

5 - ASSALTO AEROTERRESTRE

6 - DESEMBARQUE 

NAS PRAIAS

7 - O FIM DO DIA

8 - O DIA-D 

HORA A HORA


VII Corpo de Exército - UTAH

O VII Corpo de Exército, sob as ordens do Major-General Collins, dos Estados Unidos, tinha a seu cargo o desembarque na praia Utah; compunham os seus efetivos a 4a, a 9a e a 90a Divisões de Infantaria dos Estados Unidos, que seriam distribuídas nos dias 6, 10-13 e 6-9 de junho.

 

Ordem de Batalha - 4ª Divisão de Infantaria

Commanding General :
Major General Raymond O. Barton
 
Assistant Commanding :
Brigadier General Henry A. Barber
Assistant Commanding :
Brigadier General Theodore Roosvelt, Jr
 
Chief of Staff :
Col. James S. Rodwell
 
G 1.  
Lt Col. Garlen R. Bryant
G 2.  
Lt Col. Harry F. Hansen
G 3.  
Lt Col. Orlando C. Troxel, Jr
Major David B. Goodwin (From 13 June)
G 4.  
Lt Col. Richard S. Marr
G 5.  
Lt Col. Dee W. Stone
 
Artillery Commander :
Brigadier General Harold W. Blakeley
Adjutant General :
Major George H. Garde
 
8th Infantry Rgt :
Colonel James A. Van Fleet
1/8th :
Lt Col. Conrad C. Simmons
A Co :
Captain Carl Cline
B Co :
1st Lt. Gail Lee
C Co :
Captain Robert Crisson
D Co :
1st Lt. Joseph Samson
2/8th :
Lt Col. Carlton O. MacNeely
E Co :
Captain Howard Lees
F Co :
Captain Leonard Schroeder
G Co :
Captain James Haley
H Co :
Captain John Greenip
3/8th :
Lt Col. Erasmus H. Strickland
I Co :
Captain Frederick C. Maisel, Jr
K Co :
Captain John Spangler
L Co :
Captain John Reckord
M Co :
Captain Robert Rappleye
 
12th Infantry Rgt :
Colonel Russell P. Reeder, Jr
Colonel James S. Luckett (From 11 June)
1/12th :
Lt Col. Charles Jackson
A Co :
Captain John B. Holton
B Co :
Captain Irving Gray (KIA 6 June)
Lt Harold W. Pearcey (From 6 June)
C Co :
Captain Allen H. Heidingsfelder
2/12th :
Lt Col. Dominick Montelbano
E Co :
2nd/Lt John T. Everett (KIA 7 June)
F Co :
Captain Warren J. Clark
3/12th :
Lt Col. Thaddeus R. Dulin
K Co :
Captain Kenneth R. Linder
M Co :
Captain Michael Mihalik
 
22nd Infantry Rgt :
Colonel Hervey A. Tribolet
Colonel Robert T. Foster (From 26 June)
1/22nd :
Lt Col. Sewell M. Brumby
A Co :
Captain Tom Shields
2/22nd :
Major Earl W. Edwards
E Co :
Captain James Burnside
F Co :
Captain Harold Fulton
G Co :
1st Lt J. O. Jackson
H Co :
1st Lt Thomas Harrison
3/22nd :
Lt Col. Arthur S. Teague
I Co :
Captain Joseph T. Samuels
K Co :
Captain Charles Earnest
L Co :
Captain Edward Gatto
 
1st Engineer Special Brigade:
General James E. Wharton
4th Engineer Combat Bn :
Lt Col. William H. Ragland
49th Engineer Combat Bn :
 
237th Engineer Combat Bn :
Major Herschel E. Linn
B Co :
Captain Victor Calvisino
B/299th Engineer Combat Bn :
Captain Ambrose Manion
   
531st Engineer Shore Rgt :
 
1/531st :
Lt Col. Robert May
2/531st :
Lt Col. Stephen Force
 
6th Armored Group :
Colonel Francis F. Fainter
70th Tank Bn :
Lt Col. John C. Welborn
A Co :
1st Lt De Witt C. Fair
B Co :
1st Lt Francis E. Senger
C Co :
1st Lt John L. Ahearn (SWA 6 June)
1st Lt Dwight McKay (From 6 June - SWA 8 June)
Captain Albert M. Krekler (From 8 June)
D Co :
1st Lt Gordon R. Brodie
 
746th Tank Bn :
Lt Col. Clarence G. Hupfer
Hq Co :
Captain Thomas J. Hoshell
Svc Co :
Captain Raymond E. Carlson
Medical Det. :
Captain Alex Hochman MD
A Co :
Captain Loveaire A. Hedges
B Co :
Captain Asher K. Pay
C Co :
Captain James A. Crawford (KIA 9 June)
D Co :
Lieutnant Eugene M. McDonough
 
4th Reconnaissance Troop :
Captain L. E. Goodrich
4th Cavalry Group :
Colonel Joseph M. Tully
4th Cavalry Squ :
Lt Col. Edward C. Dunn
24th Cavalry Squ :
Lt Col. F. H. Gaston, Jr
   
29th FA Bn :
Lt Col. Joel F. Thomason
42nd FA Bn :
Lt Col. Thomas I. Edgard
44th FA Bn :
Lt Col. William A. Watson
20th FA Bn :
Lt Col. Fred W. Urick
87th Chemical Mortar Bn :
Lt Col. James H. Batte
A Co :
Captain John T. Stiefel
B Co :
Captain James J. Marshall
C Co :
Captain Robert D. Trather
D Co :
Captain Henry S. Williams
65th Armored FA Bn :
Lt Col. Edward Bailey
899th Tank Destroyer Bn :
 
 
704th Ord. Light Maint. Co :
Captain Winston J. Lawrence
4th Quartermaster Co :
Captain Eveleth V. Richardson
4th Signal Co :
1st Lt Philip Bragar
Military Police Platoon :
Major Frank H. Dowler
4th Medical Bn :
Lt Col. Joseph H. Dwinelle
 
ATTACHMENTS
         
359th Infantry Rgt : 
Colonel Clarke K. Fales
1/359th : 
Lt. Col. Leroy H. Pond
2/359th : 
Lt. Col. Paul Smith
 
 
915th FA Bn : 
Lt. Col. Bob Thomas Hughes
13th FA Observation Bn : 
 
B Btry, 980th FA Bn : 
 
   
11th AA Gp :
Col. H. P. Newton
474th AAAA AW (SP) Bn :
Lt. Col. W.A. Strickland
Btry C, 320th AA Barrage Bln Bn :
 

A Invasão

Às 2 horas da madrugada de 6 de junho, os principais navios da FORÇA "U", organizados em 12 comboios compostos de 865 barcos e comandados pelo Contra-Almirante Moon, da Marinha dos Estados Unidos, dirigiram-se para a área de reunião, a 20 km ao largo da costa ocidental da península do Cotentin, do lado oposto às Dunas de Varreville, a praia "Utah".

Dentro de seis horas, três assaltos distintos seriam desfechados contra aqueles 80 km de costa da Normandia, ligados pelo fator comum da Operação Naval "Netuno". Planejamento meticuloso e atenção aos detalhes haviam trazido as grandes belonaves, os esquadrões de bombardeiros, os barcos de desembarque, os incontáveis barcos de assalto e seus barcos de apoio, sãos e salvos através de dez canais livres de minas, até seus navios-baliza ao largo da costa. Na última hora, um imenso plano de artilharia procuraria lançar as tropas através das defesas costeiras inimigas. O êxito de cada assalto seria vital para o desenvolvimento de uma cabeça de ponte comum, de onde o plano "Overlord" para vencer a Alemanha poderia infligir-lhe derrota decisiva. Ali, a cunha deveria ser enterrada e defendida contra a força total dos carros blindados inimigos até que chegasse o momento em que a direita e o centro pudessem desenvolver suas forças.

Desembarque de soldados americanos de um LCVP,

sob fogo, em Omaha.

O fracasso em "Omaha", o centro ocidental, exporia um flanco perigoso, mas se a extremidade oriental resistisse, a posição poderia ser reparada. Naquele dia, o assalto à praia "Utah", o flanco ocidental extremo, foi uma operação virtualmente isolada. Se tudo o mais falhasse, ela poderia ser reforçada para estabelecer uma cabeça de ponte, isolar a península de Cotentin, ganhando-se Cherburgo como um porto importante de onde partiria operação de envergadura. Mas nesse caso a "Overlord", como planejada, deixaria de existir. A Ordem de Campanha n.° l dizia: "O 7.° CORPO assalta a praia 'Utah' no DIA "D" e na HORA "H", capturando Cherburgo o mais depressa possível."

Às 2,30h, a Bayfield, nave-capitânia da FORÇA "U", ancorou na sua posição. Foi uma manhã ruim para os barcos pequenos. Um vento oeste, soprando a 15 nós, levantava ondas de l metro no mar picado. O teto subira para 3.500 metros, com nuvens baixas correndo entre 300 e 1.500 metros de altura.

De 6 a 8 km para o interior, o braço do Cotentin dava algum abrigo, mas os comandantes americanos, que obedeciam com relutância ao Comando Britânico, rejeitaram o conselho do Alm. Ramsay de se reunirem a uma distância inferior a 12 km da praia. Eles eram de opinião de que estariam perigosamente próximos das baterias costeiras, mas na verdade o comando estrangeiro lhes era intolerável e muitos não conseguiam ocultar seu "intenso desagrado pessoal e profissional", como disse Tngersoll. O Almirante King lhes dera um exemplo claro.

Pelo menos eles agora estavam sozinhos e não havia nenhuma interferência senão as do vento e do mar. Um grupo de lanchas torpedeiras inimigas voltara para Cherburgo, não tendo conseguido estabelecer contato. As ilhas de Marcouf, que poderiam ter sido usadas como posto de observação, foram ocupadas por um destacamento de 132 americanos, homens do 4º e 24º esquadrão de Cavalaria. Quatro homens, armados de facas, nadaram até lá às 4:30h e encontraram as ilhas desertas.

Regularmente, nas horas antecedentes do amanhecer, as ordens enviadas ao 7.° Corpo ficaram limitadas aos poucos que desembocariam nos baixios do mar hostil. A 4ª Divisão de Infantaria estabeleceria a cabeça de ponte: o 8.° Regimento na liderança, seu 1º Batalhão à direita (Green beach); o 2º Batalhão à esquerda (Red beach); duas companhias de cada batalhão na frente, 30 homens para cada barcaça de desembarque, 5 barcaças para cada companhia, num total de 25, transportando 600 homens na vanguarda, com duas companhias do 70° Batalhão de Tanques na primeira leva.

Atrás deles, as ondas do mar trariam leva após leva dos seus companheiros: "H" + 5; "H" + 15; "H" + 17 e "H" + 30 etc., durante todo o dia, toda a noite e mais além. Infantaria, força blindada, engenheiros, todos desceriam nos baixios, atravessariam os obstáculos, campos minados, cruzariam as praias, a muralha marítima, os caminhos, os pântanos, atravessariam aldeias e campos, ao todo 43 km pela península, desde Carentan até Lessay, ao norte de Cherburgo.

Americanos desembarcam na Normandia. Os soldados estão sobrecarregados de equipamentos.

A HORA "H", no flanco ocidental, era 06:30h. As variações de maré decretaram quatro HORAS "H" diferentes, da direita para a esquerda: da praia ''Utah" para a "Sword", numa extensão de 85 minutos. Mas os homens à direita estavam envoltos pela solidão, pelo sofrimento, pela "morte" antes da morte, provocados pelas 70 horas de prisão nos navios. Agora, na dura manhã, eles eram sacudidos nos barcos rasos, com o céu lá em cima ressoando o ronco das aeronaves, o crescendo cada vez mais intenso, o fragor dos disparos da bateria pesada, o silvo dos obuses e a turbulência de homens em barcos ao seu redor.

À esquerda, numa extensão de quase 80 km, ouviam-se variações do mesmo tema nas águas de "Omaha", "Gold", "Juno", "Sword". Por toda a extensão escura da costa, erguia-se o pó em altas colunas lançadas pêlos obuses e bombas, estendendo-se como sinistra cortina sobre o palco.

Entrementes, dentro d´água, as tripulações lutavam para controlar seus barcos rasos. Os que iam nas barcaças de assalto da vanguarda nada sabiam do destino dos seus barcos de controle: um deles havia colidido num obstáculo e outro afundara. Uma das barcaças de desembarque de tanques, transportando 4 tanques anfíbios DD, explodiu, sobrando apenas sete dessas barcaças e 28 tanques, em lugar dos 32.

Explosões aéreas inimigas sobre as águas, as explosões das minas, os gritos dos homens que se debatiam, vergados ao peso do equipamento, os últimos gritos solitários dos perdidos, as grandes tragédias pessoais, cujo ruído não era mais forte do que o chiar de camundongos em meio aos rugidos de leões que eram a orquestração da guerra. Sessenta homens da Bateria "B" do 29.° Batalhão de Artilharia de Campanha transformaram-se em estatística negativa, sombras escuras que se debatiam no torvelinho das águas.

Mas o plano prosseguia, imperturbado pela calamidade. Aproximou-se a segunda leva, os bulldozers nas suas barcaças, as unidades especiais de engenheiros, todos a postos, enquanto o esquadrão de bombardeiros fazia explodir a aurora cinzenta em rasgões púrpura. Faltavam 40 minutos, e 276 aeronaves da 9ª Força Aérea dos EUA passaram sobre as defesas da praia, despejando um, total de 4.404 bombas de 250 Ibs sobre sete alvos, "de acordo com as instruções". Dezessete, das 33 barcaças de apoio, pareciam rachar o universo quando seus colchões de foguetes eram lançados para terra. As outras máquinas disparavam, talvez na esperança de detonar minas, talvez apenas para estimular o moral, mas todas "encharcando as praias com fogo".

 

Submetralhadora Thompson M1

Famosa graças aos gangsters e o cinema americano, a Thompson era uma arma refinada,

com coronha e empunhadura de madeira. Utilizada durante a 2ª guerra pelo exército americano e seus aliados,

com modificações para facilitar sua produção, incluindo a substituição do complicado (e sujeito a falhas) carregador de tambor,

por um carregador reto convencional (modelo M1A1).

Modelo: M1A1

Calibre: 11,43 mm (.45)

Comprimento: 813 mm (total) / 267 mm (cano)

Peso: 4,74 Kg (com carregador)

Carregador: Pente com 20 ou 30 cartuchos

Cadência de Tiro: 700 tpm

Velocidade Inicial do Projétil: 280 m/s

Faltavam ainda 700 metros. Na hora certa, chegaram 10 barcaças de assalto, com 300 homens à esquerda; outras 10 barcaças e outros tantos homens à direita. Atrás vinham 28 tanques DD, corcoveando nas águas agitadas, um verdadeiro milagre, realizado graças à audaciosa iniciativa do seu comandante de lançá-los ao mar a 300 metros da praia, "o que não estava de acordo com as regras". Quase não se via a praia, oculta pela cortina de areia levantada pelas bombas. Por trás desta cortina, o inimigo - pronto para matar. Sessenta e sete dos bombardeiros não conseguiram lançar suas bombas; um terço das que foram lançadas caíra entre as marcas da preamar e baixa-mar e as das restantes, sobre as fortificações de La Madeleine. Da primeira leva de barcaças de assalto, foguetes de sinalização subiam para o céu, exigindo armação da força.

Grupos isolados abrem caminho para o perímetro que se amplia de bombardeio. Faltavam 300 metros; a respiração estava presa quando as rampas baixaram: 300 homens do 2.° Batalhão lançaram-se à água, ora perdendo, ora recuperando o pé, fuzis erguidos, dirigindo-se para a terra firme. Depois, o súbito alívio do espírito, o grito exultante do renascimento.

Os primeiros homens estavam nas praias da Normandia, e de dentro da névoa da batalha, nem um disparo. As formas cinzentas dos tanques saíam das profundezas, infundindo o terror nos poucos alemães que ainda erguiam a cabeça nas defesas e se atreviam a atirar, "alguns tiros irregulares". Os poucos homens desembarcados, e seus camaradas que desembarcaram minutos depois à'sua direita, não sabiam que estavam a mais de 1.600 metros ao sul do seu objetivo; que a maré, correndo para sudeste e a perda da barcaça de controle os haviam levado para a Saída 2, em lugar da Saída 3, cuja defesa era bem mais forte.

Soldados americanos em Utha

Duas horas depois, as tropas de vanguarda já haviam avançado, deixando a praia para trás. Os pontos fortificados inimigos cederam às operações de limpeza, e a muralha marítima não exigiu assalto. Muito antes do meio-dia, o 1° Batalhão limpou a posição de La Made-leine e abriu a saída de três passagens na estrada de Audoville-la-Hubert, enquanto os 2° e 3° Batalhões cruzavam as passagens para Pouppeville e Hou-dienville, flanqueados pêlos seus tanques DD, que chapinhavam nos alagadiços e abriam-lhes o caminho a tiros. Atrás deles, os engenheiros de combate, abandonando seu plano original para limpar seis pistas, abriram a praia sem molhar os pés, enquanto os bulldozers arrancavam grandes massas de ferros angulares da estrada e os destacamentos de engenheiros faziam explodir brechas na muralha do mar.

Por volta das 10:00h, seis batalhões de infantaria começaram a sair das praias; apenas uma ou outra explosão aérea atrapalhava os engenheiros em seu trabalho, ou lembrava-os da sua extrema vulnerabilidade, enquanto colocavam suas cargas à mão. Pelo meio-dia, a praia estava limpa, ao custo de 6 mortos e 39 feridos, dos 400 'designados para desempenhar funções de defesa da praia, todos eles alvos fáceis, sem proteção e sem carros blindados. Pouco antes do meio-dia, 3 batalhões do 22° Regimento de Infantaria rumavam para o norte, para abrir a saída naquele setor: o 3° ao longo da estrada costeira, para fixar um flanco em Hamelde-Cruttes; os 1° e 2° vadeando penosamente os alagados em diagonal, com água pela cintura, muitas vezes pelo peito ou até o pescoço, durante quase todo o caminho até St.-Germain-de-Var-reville.

O 12° RI teve maiores dificuldades ainda, porque, impacientado pela espera até que o 1° Btl. do 8.° RI limpasse a passagem da saída 3, se pôs a caminho, vadeando desde a posição da Grande Duna, imediatamente além da praia, cruzando a linha de marcha ao chegarem em terreno seco, muitos deles molhados até as orelhas. Durante todo aquele dia, o 8° e o 22° RI tiveram 12 mortos. Vinte vezes esse número teria sido considerado uma sorte.

O fim do dia em Utah:

O 8º Regimento de Infantaria alcançou os seus para o Dia-D. Eles tinham aliviado os pára-quedistas da 101ª Aerotransportada na área de Pouppeville e tinham se posicionado para proteger o flanco sul-oeste da divisão. O único problema estava vindo de um bolso de resistência alemão situado ao Norte de "Les Forges" onde os planadores iriam pousar. Os dois outros regimentos da 4ª divisão não alcançaram os seus objetivos. A razão principal era a zona inundada que dificultou a mobilidade dos americanos durante todo o dia. Após 15 horas de desembarque toda a 4ª Divisão estava na Normandia. A divisão teve 197 baixas durante o dia e na noite de 6º de junho, 20,000 homens e 1.700 veículos estavam em Utah. A 4ª Divisão de Infantaria lutou sobretudo contra as forças da natureza, que eram consideráveis. Do lado leste, em Omaha, a coisa era diferente.

Omaha

V Corpo de Exército - OMAHA

O V Corpo de Exército, sob o comando do General Gerow, compreendendo as Divisões 29a e 2a de Infantaria americanas, desembarcariam nos dias 6-7 e 7-8 de junho, respectivamente.

Ordem de Batalha - 1ª Divisão de Infantaria

Commanding General :
Major General Clarence R. Huebner
 
 
adjoint :
Brigadier General Willard G. Wyman
 
Chief of Staff :
Colonel Stanhope B. Mason
 
G 1.  
Lt Col. Charles S. Ware
G 2.  
Lt Col. Robert F. Evans
G 3.  
Lt Col. Frederick W. Gibb
G 4.  
Lt Col. Clarence M. Eymer
G 5.  
Lt Col. John M. Rogers, Jr.
 
Adjutant General :
Lt Col. Leonidas Gavalas
 
16th Infantry Rgt :
Colonel George A. Taylor
Medical det. :
Major Charles Tegtmeyer
1/16th :
Lt. Col. Edmund F. Driscoll
A Co :
Captain James Pence
B Co :
Captain Thomas Merendino
C Co :
Captain Victor Briggs
D Co :
Captain Polydore Dion
2/16th :
Lt. Col. Herbert C. Hicks, Jr
E Co :
Captain Edward F. Wozenski
F Co :
Captain John Finke
G Co :
Captain Joseph Dawson
H Co :
Captain Robert Irvine
3/16th :
Lt. Col. Charles T. Homer, Jr
I Co :
Captain Kimball Richmond
K Co :
Captain Anthony Prucnal
L Co :
Captain John Armellino (WIA 6 June)
M Co :
Captain Emil Edmonds
 
18th Infantry Rgt :
Colonel George Smith, Jr.
1/18th :
Lt. Col. Henry G. Learnard, Jr.
2/18th :
Lt. Col. John Williamson
3/18th :
Lt. Col. Courtney P. Brown
 
26th Infantry Rgt :
Colonel John F. R. Seitz
1/26th :
Lt. Col. Francis J. Murdock, Jr
D Co :
Captain Robert Bridges
2/26th :
Lt. Col. Derrill M. Daniel
3/26th :
Lt. Col. John T. Corley
I Co :
Captain Semanchyk
K Co :
Captain Moultrap (WIA 6 June)
L Co :
Captain Billings
M Co :
Captain Uffner
 
1st Cavalry Reconnaissance Troop :
Captain William L. Blake
1st Engr Combat Bn :
Lt. Col. William B. Gara
299th Engr Combat Bn :
Lt. Col. Milton Jewett
 
1st Division Artillery :
Brigadier General Clift Andrus
5th FA Bn :
Lt. Col. Robert N. Tyson
7th FA Bn :
Lt. Col. George W. Gibbs
32nd FA Bn :
Lt. Col. Edward S. Bechtold
33rd FA Bn :
Lt. Col. Walter J. Bryde
C Battery :
Captain Pelletier
81st Chemical Mortar Bn :
Colonel Thomas H. James (WIA 6 June)
A Co :
Captain Moundres (KIA 6 June)
1st/Lt. James P. Panas
D Co :
Captain Gaffney (KIA 6 June)
Lt. Marshall
56th Signal Bn :
Major Ernest L. Smith
A Co :
Captain Howard E. Porter
1st Signal Co :
 
701st Ord. Light Maintenance Co :
Captain Raymond C. Huntoon
1st Quatermaster Co :
Captain John J. King
1st Military police Platoon :
Major Thomas F. Lancer
1st Medical Bn :
Lt. Col. Samuel Blechfeld
 
ATTACHMENTS
 
741st Tk Bn :
Lt. Col. Robert N. Skaggs
Svc Co :
Lt Frank A. Klotz
A Co :
Captain Cecil D. Thomas
B Co :
Captain James G. Thornton
C Co :
Captain Charles R. Young
D Co :
Captain John F. Sicks
745th Tk Bn :
Lt. Col. Wallace Nichols
635th Tk Destroyer Bn :
Lt Col. Wint Smith
 
111th FA Bn :
Lt Col. Thornton L. Mullins
             
197th AAA AW Bn : 
  Lt. Col. Charles T. McEniry
Med Det. : 
  Captain Irving S. Roth
A Battery : 
  Captain William S. Heitz
B Battery : 
  Captain Everett V. Peterson (KIA 6 June)
1st Lt. Knox W. Livingston
C Battery : 
  Captain William R. Olcott
D Battery : 
  Captain Thomas A. Chappelle
             
115th Regimental Combat Team :
Col. Eugene N. Slappey
116th Regimental Combat Team :
Col. Charles D.W. Canham
1 det, 29th Reconnaissance Troop :
 
1 det, 121st Engr Combat Bn :
 

Soldados do 116º Regimento da 29ª Divisão de infantaria desembarcam em Omaha.

Eles estão armados com fuzis M1 Garand , Carabina M1 e fuzil automático Browning BAR (Browning Automatic Rifle) M1918A2 .30, e pistola Colt .45 para o oficial.

 

Ordem de Batalha - 29ª Divisão de Infantaria

Commanding General :
Major General Charles H. Gerhardt
 
adjoint :
Brigadier General Norman D. Cota
 
Chief of Staff :
Col. Godwin Ordway, Jr
 
G 1.  
Lt Col. Cooper B. Rhodes
G 2.  
Major Paul W. Krznarich
G 3.  
Lt Col. William J. Witte
G 4.  
Lt Col. Louis M. Gosorn
G 5.  
Captain Asa B. Gardiner
 
Adjutant General :
Lt Col. Robert H. Archer, Jr
 
115th Infantry Rgt :
Colonel Eugene N. Slappey
Hq Co :
1st Lt. Frank D. Bergstein
1/115th :
Lt Col. Richard C. Blatt
Hq Co :
Captain David F. Mentzer, Jr
A Co :
Captain John M. Ryan
B Co :
Captain LeRoy Weddle
C Co :
Captain Frank Bowen
D Co :
Captain George B. Nabb, Jr
2/115th :
Lt Col. William E. Warfield
Hq Co :
Captain Richard P. Scott
E Co :
Captain Waldo E. Schmitt
F Co :
Captain Robert J. Kaiser
G Co :
1st Lt. Livingston Eaddy
H Co :
Captain Angelo W. Onder
3/115th :
Major Victor P. Gillespie
Hq Co :
Captain Jacobs L. Jones
I Co :
Captain William L. Spry
K Co :
Captain Louis I. Hille
L Co :
Captain Arthur D. Lawson
M Co :
Captain George B. Fowler
 
116th Infantry Rgt :
Colonel Charles D.W. Canham
Hq Co :
Captain Joseph A. Rice
1/116th :
Lt Col. John A. Metcalfe
Hq Co :
Captain Thomas J. Callahan
A Co :
Captain Taylor N. Fellers (KIA 6 June)
B Co :
Captain Ettore V. Zappacosta (KIA 6 June)
C Co :
Captain Berthier B. Hawks
D Co :
Captain Walter O. Schilling
2/116th :
Major Sidney V. Bingham, Jr
Hq Co :
Captain Charles R. Cawthon
E Co :
Captain Lawrence A. Madill (KIA 6 June)
F Co :
Captain William Callahan
G Co :
Captain Eccles Scott
H Co :
Captain George Boyd
3/116th :
Lt Col. Lawrence E. Meeks
Hq Co :
Captain Archibald A. Sproul
I Co :
Captain Mifflin Clowe
K Co :
Captain William G. Pingley, Jr
L Co :
Captain Charles W. East
M Co :
Captain Charles Kidd
 
175th Infantry Rgt :
Colonel Paul R. Goode
Hq Co :
Captain Henry J. Reed
1/175th :
Lt Col. Roger S. Whiteford
Hq Co :
Captain Guy G. Griffin, Jr
A Co :
Captain Joseph E. Mueller
B Co :
Captain Jack Brashears
C Co :
Captain Alexander Pouska, Jr
D Co :
Captain Miles C. Shorey, Jr
2/175th :
Lt Col. Millar G. Bowen
Hq Co :
Captain Louis J. Curl, Jr
E Co :
Captain Lawrence E. Maddox
F Co :
Captain Robert M. Miller
G Co :
Captain Kearney Slingluff
H Co :
Captain Edward Wolff
3/175th :
Lt Col. Edward A. Gill
Hq Co :
Captain Paul T. Freund
I Co :
Captain Frank J. McKenna
K Co :
Captain John T. King III
L Co :
Captain Alvin W. Hobbs
M Co :
1st Lt. Thomas C. Emlo
 
29th Reconnaissance Troop :
Captain William H. Puntenney
121st Engr Combat Bn :
Lt Col. Robert P. Ploger
Hq Co :
Captain Henry E. Lewis
A Co :
Captain Christian L. Martin
B Co :
Captain Edward L. Humphrey
C Co :
Captain Svend A. Holmstrup (KIA 6 June)
 
29th Division Artillery :
Brigadier General William H. Sands
110th FA Bn :
Lt Col. John Purley Cooper
Hq Co :
Captain James R. McCarthy
Battery A :
Captain William H. Beehler
Battery B :
Captain Charles C. Cole
Battery C :
Captain Arthur L. Flinner
111th FA Bn :
Lt Col. Thornton L. Mullins (KIA 6 June)
Hq Co :
Captain William L. Decamps
Battery A :
Captain Jack R. Wilson
Battery B :
Captain John Hodges
Battery C :
Captain Louis A. Shuford
224th FA Bn :
Lt Col. Clinton E. Thruston, Jr
Hq Co :
Captain Harry J. Mathews
Battery A :
Captain Arnold J. Young, Jr
Battery B :
Captain Delos H. Mathiesen
Battery C :
Captain Harry Ostler
227th FA Bn :
Lt Col. Neal W. Harper
Hq Co :
Captain Robert M. Godber
Battery A :
Captain Doyle E. Conrad
Battery B :
Captain George F. Weidl
Battery C :
Captain Walter J. Rakow
29th Signal Co :
Captain Arba G. Williamson
729th Ord. Light Maintenance Co :
Captain Harold S. Price
29th Quatermaster Co :
Captain Frank B. Hines
29th Military police Platoon :
Major Vern E. Johnson
104th Medical Bn :
Lt Col. Arthur N. Ericksen
A Co :
Captain Raymond F. Conway
B Co :
Captain Lester L. Kolman
C Co :
Captain John S. Williams
 
ATTACHMENTS
 
743rd Tk Bn :
Lt Col. John S. Upham, Jr (KIA 6 June)
A Co :
Captain Vodra Philips
B Co :
Captain Charles Ehmka
C Co :
Captain Ned Elder
   
747th Tk Bn :
Lt Col. Stuart G. Fries
635th Tk Destroyer Bn :
 
 
1 det, Hq & Hq Btry, 49th AAA Bde :
General Edward W. Timberlake
Hq & Hq Btry, 18th AAA Grp :
Col. T. W. Munford
110th AAA Gun Bn :
Lt. Col. William F. Curren, Jr.
457th AAA AW Bn :
Lt. Col. C. G. Remmington
1 det, 413th AAA Gun Bn :
 
320th AAA Bln Bn VLA - [C Btry] :
 
 
102nd Cavalry Rcn Squadron :
 
 
5th Engr Special Bde :
Colonel William D. Bridges
6th Engr Special Bde :
Colonel Paul W. Thompson (WIA 6 June)
Colonel Chase
992nd Engr Treadway Br Co :
 
1 det, 996th Engr Treadway Br Co :
 
502nd Engr Light Pon Co :
 
503rd Engr Light Pon Co :
 
1st Engr Combat Bn, C Co :
 
234th Engr Combat Bn :
 
254th Engr Combat Bn :
 
Hq & Hq Co, 1121st Engr C Grp :
 
37th Engr Combat Bn :
Lt. Col. Lionel F. Smith (KIA 6 June)
A Co :
Captain Louis J. Drnovich
147th Engr Combat Bn :
 
336th Engr Combat Bn :
 
Hq & Hq Co, 1171st Engr C Grp :
 
112th Engr Combat Bn :
Major William A. Richards (KIA 6 June)
146th Engr Combat Bn :
Lt. Col. Carl J. Isley
Hq Co :
Captain Arthur Hill
A Co :
Captain Sam H. Ball, Jr
B Co :
Captain John K. Howard
C Co :
Captain Vincent L. Wall
149th Engr Combat Bn :
 
1340th Engr Combat Bn :
 
610th Engr Light Equip Co :
 
 
Hq & Hq Btry, V Corps Arty :
 
1 det, 17th FA Obsn Bn :
 
33rd FA Bn :
 
Hq & Hq Btry, 190th FA Grp :
 
186th FA Bn :
 
187th FA Bn :
 
190th FA Bn :
 
200th FA Bn :
 
58th Armored FA Bn :
Lt. Col. Mc Quade (KIA 6 June)
Major Walter J. Paton (From 6 June)
 
26th Regimental Combat Team :
Colonel John F. R. Seitz
   
2nd Ranger Bn :
Lt Col. James E. Rudder
Hq Co :
Captain James W. Wikner
A Co :
Captain Joseph Rafferty (KIA 6 June)
B Co :
Captain Edgar Arnold
C Co :
Captain Ralph E. Goranson
D Co :
Captain Morton L. McBride
E Co :
1st Lt. Gilbert C. Baugh
F Co :
Captain Otto Masny
5th Ranger Bn :
Lt Col. Max F. Schneider
Hq Co :
Captain John C. Raaen Jr.
A Co :
Captain Charles Parker
B Co :
Captain George P. Whittington, Jr.
C Co :
Captain Wilmer K. Wise
D Co :
Lt. George R. Miller
E Co :
Captain Edward Luther
F Co :
Captain William M. Runge

A praia de Omaha

A praia "Omaha" está situada entre afloramentos rochosos da Pointe-de-la-Percée, no oeste, e Port-en-Bessin, no leste, um arco raso "de areia encerrado na terra firme por penhascos de aclive suave de 45 metros, até um platô onde há campos cercados de pequenas sebes, valas profundas e povoações solidamente construídas de pedra. É uma região esparsamente populada. A maior aldeia, Trévière, situada a 4 ou 6 quilômetros para o interior, do lado sul do rio Aure, tem 800 habitantes. A. 5km para o oeste de Omaha estava Pointe du Hoc, um precipício rochoso de 30m de altura.

Três aldeias costeiras, Vierville, St. Laurent e Colleville, estão situadas além da praia, a espaços regulares de 2 km entre si e ligadas por um caminho estreito, situado entre 500 e 1.000 metros da linha da costa. Um trecho pavimentado, ao longo da "frente", com umas vinte boas casas entre Vierville e St. Laurent, dá fundos para uma baixa muralha marítima de alvenaria e madeira. Ravinas que começam na praia dão acesso aos caminhos estreitos que levam às aldeias.

Na maré baixa, as areias sobem, em suave aclive, até a muralha marítima; indo, em certos pontos, até um banco de grandes seixos, alguns com até 10 cm de diâmetro, uma barreira de 2 a 3 metros de altura entre a praia e os capinzais das ribanceiras. Para o mar, a erosão deste e das fortes correntes abrem sulcos nas areias molhadas.

As divisões de infantaria 352ª e 716ª eram responsáveis pela defesa deste setor. Os ressaltos rochosos das ribanceiras da "Omaha", flanqueando o crescente da praia, ofereciam posições protegidas para canhões que poderiam cobrir com fogo de enfiada não só a praia, mas também os aproches do mar. Atrás dos obstáculos do banco de cascalho grosso e da muralha, os arames farpados do inimigo defendiam as trincheiras que ligavam os pontos fortificados, casamatas e embasamentos de concreto para canhões montados de maneira a desfechar fogos cruzados sobre a praia. Eram 12 pontos fortes chamados Widerstandsnester-WNs ("ninhos de resistência") cercando a praia e interditando o seu acesso para o interior. Pelo menos teoricamente, metralhadoras leves e pesadas, canhões antitanque, peças de artilharia de 75mm e 88 mm, fariam de toda a área da praia uma zona varrida. Atrás das posições defensivas, os aclives em terraço das ribanceiras davam guarida a outro sistema de trincheiras, ninhos de metralhadora e campos minados. O apoio dos defensores da praia vinda de vários batalhões de artilharia da 352ª posicionados a alguns milhas na retaguarda, entre La Cambe e Formigny, e essas formações estavam equipadas com vinte e quatro canhões de 105mm e 150mm que podiam disparar em todos os 6 quilômetros de costa.

A praia em si estava moderadamente minada, especialmente nas áreas entre as ravinas; das marcas de baixa-mar a preamar, um sistema complicado de mortíferos obstáculos escalonados parecia desafiar a passagem de qualquer barco maior do que uma caixa de fósforos. Mas tudo isto havia sido estudado pêlos aliados com certo cuidado, pêlos pequenos grupos que visitavam as praias à noite, e por meio de incontáveis fotografias aéreas. A praia "Omaha" não tinha mistérios nem surpresas.

Mesmo a chegada de uma divisão alemã nova e muito reforçada - a 352ª - fora observada pelo serviço britânico de informações e comunicada ao 1° Exército americano. Infelizmente essa informação pareceu suspeita ao Comando do 1° Exército e as tropas de assalto não foram informadas. Entretanto, é inconcebível que elas tivessem sido instruídas a não esperar a pior ação do inimigo.

Os objetivos:

A meta dos desembarques nesta praia era estabelecer uma cabeça de ponte entre Port en Bessin e o rio Vire e então ir para o sul para Caumont e Saint-Lô ao lado do Segundo Exército britânico. Quando as praias fossem limpas, as tropas iriam para o interior e alcançariam uma linha indo de Isigny para Tour en Bessin e se uniria com os Us Rangers em Pointe du Hoc no oeste e como 47º Royal Marine Commando em Port en Bessin no leste.

A invasão

O General Bradiey planejara que as suas tropas assaltariam diretamente os pontos mais fortificados, enquanto suas equipes de engenheiros, altamente treinados, transportando seu equipamento pesado à mão e em espaços abertos abririam caminho, através dos obstáculos e campos minados, para as tropas, forças blindadas e artilharia que viriam atrás. Ainda de pé, e inteiramente expostos, eles fariam explodir brechas no banco de cascalho e na muralha marítima.

Os valentes soldados do 116º/29ª desembarcam sob pesado fogo inimigo em Omaha.

Assaltando com os 116.° e 16.° Grupamentos de Combate Regimentais e com o apoio de forças blindadas e artilharia, Bradiey planejava atravessar as aldeias de Vierville, St. Laurent e Colleville, para cobrir a estrada de Isigny a Bayeux ao anoitecer, abrangendo Trévières, do outro lado do rio Aure, ficando com sua direita na linha dos pântanos do Aure e sua esquerda no ressalto ocidental do vale do Drôme, o limite entre o 1.° Exército americano e o 2.° Exército britânico.

Na HORA "H", os pára-quedistas precursores assaltariam uma poderosa bateria inimiga nos rochedos alcantilados da Pointe du Hoc, a oeste da praia "Omaha", eliminando a ameaça aos lados leste e oeste. Estes pára-quedistas formariam então a pinça mais ocidental do avanço para Isigny, tendo o 1.° Btl. do 116.° R. l. à sua esquerda. Este era o objetivo do V Corpo para o DIA "D".

Às 3 horas da madrugada de 6 de junho, a FORÇA "O", comandada pelo Contra-Almirante Hall, da Marinha dos Estados Unidos, transportando 34.001 homens e 3.300 veículos, com uma força de seguimento imediato quase igual, situada poucas horas à ré, começou a lançar suas barcaças de desembarque ao mar a 19 km da praia. Seguiram-se quatro horas de confusão verdadeiramente dantesca, durante as quais os homens, tomados de desespero, lutavam às cegas com o mar. Enquanto os barcos maiores avançavam, equilibrando-se com dificuldade no mar agitado, os menores pouco resistiam à torça total do vento norte, lutando com ondas de até 2 metros de altura, fazendo água mais depressa do que as bombas podiam escoar.

Praticamente não havia nenhuma proteção contra o fogo inimigo nas praias.

Alguns dos navios maiores puderam lançar ao mar as suas barcaças já inteiramente carregadas, mas outros tiveram de fazer os homens descer pelo costado até as barcaças que corcoveavam furiosamente, um sofrimento para os que já estavam arrasados pela náusea. O mar, que fora hostil durante toda a longa travessia, em poucos minutos transformou-se numa floresta disforme onde homens e barcos lutavam em confusão num labirinto de espuma. Quase que imediatamente, 10 pequenos barcos afundaram e mais de 300 homens lutavam para salvar-se na escuridão. Pequenos barcos desgovernados e restos de equipamento que ainda flutuavam faziam crescer a ameaça, atingindo os homens nos seus salva-vidas.

Em quase 200 barcaças de assalto, as tripulações e as tropas que em pouco deviam assaltar o inimigo pelas praias desprotegidas e -sob fogo de artilharia, esgotavam a água dos barcos com seus capacetes, para salvar a vida. Em alguns barcos, todos faziam isso, mas em todos eles, os homens estavam encharcados, comprimidos e gelados.

Os registros oficiais informam que o grau de enjôo era variado entre os que haviam tomado o mesmo desjejum. Mas não se tratava de um caso de desjejum, uma refeição para a qual os homens, com a tensão do assalto já atacando suas entranhas arrasadas por dois dias e duas noites de enjôo, tiveram pouco apetite; homens para quem até mesmo o cigarro perdera atrativo. Finalmente, à beira do esgotamento físico e nervoso, as tropas de assalto aproximaram-se da costa e suas barcaças se esforçavam para manobrar para a corrida final às praias. Nada ficou mais claro com u aurora, exceto o céu; mesmo então, uma densa nuvem de fumaça obscurecia a costa.

Mas esses homens na vanguarda estavam mais desprotegidos do que julgavam. O mar lhes havia arrebatado as armas e os carros blindados; as equipes de engenharia de combate haviam sofrido tanto quanto eles. Com imprudência, o comandante da barcaça de desembarque de tanques, que transportava 32 tanques DD que deviam desembarcar cinco minutos antes da HORA "H", lançou seus pesados veículos nas águas agitadas a 6 km da praia. Não havia muitas esperanças de salvar esses tanques, mesmo com tripulações bem treinadas. Desse modo, 27 foram engolfados em poucos minutos e afundaram. Dois deles, com brilhante habilidade náutica e com sorte, flutuaram e alcançaram a praia. Três outros foram salvos trancando-se a rampa da barcaça e recolhendo-os. Assim, os 96 tanques planejados para dar apoio imediato e vital para os 1.450 homens e as 8 companhias, bem como para a primeira leva de equipes de engenheiros no momento do assalto, foram reduzidos a quase um terço antes que se iniciasse a batalha. Haveria outras perdas no caminho para a terra firme, mas essas se-.riam os resultados naturais da guerra. Os comandantes dos LCT restantes preferiram atravessar o caminho entre a artilharia e as minas em vez de entregar suas cargas ao mar.

Também houve desastres nas tentativas de transportar a artilharia de apoio para as praias em DUKWS. Os pequenos barcos sobrecarregados, quase ingovernáveis, afundaram rapidamente. O 111.° Btl. de Artilharia de Campanha só salvou um dos seus 12 obuseiros de 105 mm. A 16.° Cia. de Canhões de Infantaria teve destino semelhante, e o 7.° de Artilharia de Campanha se saiu pouco melhor. As equipes de engenheiros, desembarcando seu equipamento pesado dos LCT, também tiveram suas dificuldades e perdas. Não obstante, na última hora, uma grande multidão de homens, canhões, veículos blindados se aproximou das perigosas regiões dos baixios e suas primeiras baixas foram muito inferiores às que poderiam ter sido infligidas por um inimigo capaz de um desafio moderado no mar e no ar. Mas estes dois elementos pertenciam aos aliados. Faltando ainda 40 minutos, o poderoso dispositivo de bombardeio abriu fogo sobre as defesas costeiras com armamento pesado, desde os canhões de 16 pol. dos couraçados até os de 5 pol. dos destróieres, transformando a linha das ribanceiras em fogo e fumaça. Ao mesmo tempo, 329 dos 446 Liberators enviados atacaram 13 alvos, nas praias e nas suas proximidades, com mais de mil toneladas de bombas.

Um dos famosos caminhões anfíbios DUKWS - Este anfíbio é a versão para desembarque do caminhão padrão de 2,5 toneladas, tração nas seis rodas (6x6), equipado com um casco a prova d’água e um hélice para navegação. Seu sucesso foi tal que é considerado como uma das armas “que ganhou a guerra” para os aliados, junto com o Jipe e o C-47.

Ficha técnica

Modelo: DUKW-353 (the Duck – o pato)
Comprimento: 9,43 m
Largura: 2,43 m
Altura: 2,16 m (capota arriada), 2,68 m (capota levantada)

Peso: 8.865 kg (tara)
Blindagem: não tinha
Motor: General Motors 270, em linha, 6 cilindros, refrigerado a água, gasolina (94 hp)
Carga: até 25 homens equipados na caçamba ou 2.400 kg de carga (lotação).
Velocidade máxima: 72 km/h (em terra) ou 10,1 km/h (na água).
Armamento: um em cada quatro caminhões era equipado com 1 metralhadora 12,7 mm.
Tripulação: 1-2

Desde 5:50 até cinco minutos antes da HORA "H", os homens, comprimidos nas estreitas paredes de aço das barcaças de assalto, não podiam distinguir qualquer tipo de plano, exceto o mais óbvio que seguia determinado curso. Eles estavam no meio de imenso fragor que os envolvia em sua solidão absoluta. Sabiam que a barcaça de foguetes de apoio imediato estava atirando aquém do alvo, mas isso não os interessava. O barulho era enlouquecedor. Eles não sabiam que a grande leva de Liberators que passavam rugindo pelo espaço não conseguiram lançar uma única bomba sobre os alvos na praia e que^ frustrados pela neblina e pela fumaça, temerosos de acertar seus próprios homens, haviam despejado suas bombas até 5 km para o interior. Os homens na ' vanguarda do ataque só souberam que , algo saíra errado, quando viram as praias intactas. As primeiras barcaças de assalto estavam a uns 800 metros da praia quando a medonha barragem de artilharia na sua retaguarda silenciou e o imenso fragor calou-se diante do violento staccalo todos canhões nos barcos de assalto que viam na sua esteira. O estrondo dos morteiros, obuses e bombas e o choque das balas de metralhadora nas rampas avisavam as tropas de assalto que o inimigo as tinha em mira. Os gritos dos homens na água, os súbitos e ardentes lençóis de chamas, as troantes explosões quando um barco era atingido por um obus ou morteiro inimigo, os enredava e fazia em pedaços a sua sensação de isolamento. E desceram-se as rampas.

Há uma chocante simplicidade no desastre. Não houve desembarques em terra firme. As barcaças de assalto e os LCVP e LCM maiores encalharam nos bancos de areia, adernaram nas valas submersas e lançaram dezenas de homens nas águas, onde afundavam até a cintura e o pescoço, onde eram castigados não só pelo vento mas também pelas granadas dos morteiros e balas de  metralhadora. Enquanto grupos isolados vadeavam para a praia, atordoados e confusos naqueles 8 km de areia, cegos pela fumaça dos muitos incêndios que grassavam nas ribanceiras, outros, a grande maioria, experimentavam a sensação de haver ingressado no inferno: munição que explodia, descarga dos artefatos, instalados pêlos engenheiros e que tiros certeiros detonavam. Aqui e ali, uma barcaça explodia.

Os LCT do 743.° Btl. de Tanques, que ia na vanguarda do flanco direito, balançavam sobre os homens que mergulhavam do barco atingido, procurando o abrigo perigoso das águas, enquanto outros, havendo superado os trechos mais profundos, arrastavam-se para a praia, vergados ao peso do equipamento, com seus feridos e seus ferimentos. Mas era mais seguro no mar. Um tiro certeiro sobre o LCT de comando matou todos os oficiais da Companhia exceto um, mas 8 dos tanques DD desembarcaram na beira da praia.

Os tanques da 743.° estavam avançando mais a leste, mas os homens, sem as forças blindadas, tinham pouca chance. Quando as rampas da barcaça de assalto de vanguarda baixaram, as metralhadoras abriram fogo. Dezenas saltavam aqui e ali para salvar a vida. Faltando meia hora para a HORA "H", havia pelo menos mil soldados de infantaria de assalto e engenheiros vivos na praia e nos baixios, mas não estavam combatendo o inimigo; estavam simplesmente tentando sobreviver. Exaustos demais para arrastar seu equipamento pela praia; incapazes de correr, para assaltar diretamente os pontos fortificados inimigos.

LCVP - "Higgins Boats" de 36 pés

Projetados para transportar tropas totalmente equipadas e todo o material necessário para um assalto anfíbio, estas lanchas eram os veículos perfeitos para desembarcar milhares de soldados em um período de tempo relativamente curto. Além disso, ao usar os "Higgins Boats" para estabelecer cabeças-de-praia, as forças Aliadas não precisavam se preocupar em invadir e dominar portos fixos, que eram, em sua maioria, fortemente defendidos.

 

Ficha Técnica

Fabricantes: Industrias Higgins

Material: Madeira (carvalho, pinho ou mogno)
Deslocamento: 15.000 libras (6.804 Kg)
Comprimento: 36 pés (10.97 m) - 3 polegadas (7.62 cm)
Raio: 10 pés (3.04 m) - 10 polegadas (25.4 cm)
Velocidade: 12 nós (22.22 Km/h)
Armamento: Duas metralhadoras calibre .30
Tripulação: Três - timoneiro, engenheiro e tripulante
Capacidade: 36 tropas com equipamento, ou um veículo de 6.000 libras (2.721 Kg) ou ainda 8.100 libras de carga (3,674 kg)
Usina de força: motor Gray 225-HP à diesel (167.78 KW)

Alguns voltavam para a água e retornavam com a maré, como destroços flutuantes, até o escasso abrigo da muralha marítima ou do banco de cascalho. Muito poucos dos que se espalharam, quase a esmo, pela extensão daquela praia - e eram todos treinados para as tarefas específicas que enfrentariam -, sabiam onde estavam. Eram poucos os que haviam atingido os "estágios" para os quais haviam ensaiado. Equipes de barcos, organizadas para lutar como unidades, estavam misturadas, às vezes, sozinhas, um destacamento aqui, outro a 200 ou 300 metros de distância. Muitos tinham a impressão de estar sozinhos. O mar estava às suas costas e a fumaça cegante que os protegia do fogo inimigo em alguns lugares afortunados os deixava tontos e lacrimejantes. Os poucos oficiais demoravam demais para se orientar ou decidir o que fazer. Poucos encontraram a liderança, naquela primeira hora, que os teria feito avançar, afastando-os da praia.

Americanos sob fogo nas praias buscam qualquer proteção.

 As equipes de engenheiros de combate, vindo logo atrás da infantaria de assalto, haviam sofrido seriamente na corrida à praia, perdendo grande parte do seu equipamento vital. Tiros certeiros haviam destruído alguns dos seus barcos, e das 16 equipes, cada uma treinada para um papel específico em seu setor, apenas 5 chegaram perto dos seus objetivos. Três delas estavam totalmente sós, desprotegidas diante do inimigo. Passados alguns minutos, restavam apenas três bulldozers, de um total de 16, para arrasar as pesadas barreiras de ferros angulares e obstáculos, e mesmo estes perdiam a mobilidade à medida que os homens vinham proteger-se atrás deles. Entretanto, apesar das baixas que sofreram e da exposição à força do fogo inimigo, os engenheiros salvaram o equipamento que puderam e se esforçaram por abrir caminhos por onde as forças de seguimento esperavam passar. Pesado fogo de morteiros e granadas detonava cadeias de estopins, instaladas à mão e com dificuldade, matando destacamentos inteiros de engenheiros antes que pudessem escapar. A rápida enchente da maré se agitava aos seus pés, chegando à cintura, submergindo os obstáculos externos e obrigando os sobreviventes a ir até a muralha marítima e ao banco de cascalho, antes de completarem um décimo das suas tarefas. Em todo o setor do 116.° GCR, eles haviam limpado duas brechas. Bem para leste, onde praticamente nenhum homem desembarcara, limparam quatro brechas, mas apenas uma delas foi marcada. Os esforços custou mais de 40 por cento dos efetivos de engenheiros, a maioria na primeira meia hora.

Atrás dos engenheiros estava não só a maré enchente, mas a tremenda maré de homens e veículos fazendo pressão, crescendo leva após leva, aumentando nas praias e nos baixios e exigindo um escoadouro. Depois de três horas terríveis, a praia era uma selva de destroços, de veículos em chamas, de barcos destroçados e homens despedaçados. Nenhuma das saídas estava aberta, nenhuma das posições defensivas havia sido tomada de assalto. Para o mar, mandou-se a mensagem para que não desembarcassem mais veículos, apenas homens.

Não obstante, muito antes que os destróieres da Força Naval se aproximassem da praia para destruir os pontos fortificados do inimigo a pouco mais de 1km, começava a surgir um pouco de ordem no caos; os homens, no extremo da resistência, recuperaram o pé, ergueram a cabeça e começaram a lutar por algo mais do que a própria vida.

Engenheiros de combate em treinamento. Eles normalmente desembarcavam na terceira onda. Um "demolitioner" com uma sacola com cargas explosivas (2) destinada a obstáculos de aço "hedgehog". Outro membro da equipe de demolição (3) afixa cargas de TNT em outro obstáculo. Um bulldozer blindado D-8 ao fundo dá apoio removendo outros obstáculos.

A praia "Omaha" fora dividida em quatro setores principais, de oeste para leste, sob os nomes-código de "Charlie", "Dog", "Easy" e "Fox". Cada um desses setores, exceto "Charlie", que estava limitado às operações dos pára-quedistas precursores, se subdividia em "Dog-Green", "Dog-White" e "Dog-Red", abrangendo a ala direita de Vier-ville até St. Laurent; "Easy-Green" e "Easy-Red" no centro, da ravina de St. Laurent até um ponto imediatamente a oeste da ravina do Colleville; "Fox-Green" e "Fox-Red", com a primeira sobre a ravina de Colleville; a l km para leste, para uma pequena ravina e possível saída, estava o principal objetivo de "Fox-Red".

O limite regimental entre o 116.° e o 16.° GCR estava ao longo da linha divisória do "Easy-Green" e "Easy-Red", mas os rigores da corrida à praia, juntamente com a maré correndo forte para leste, tendiam a arrastar todo o assalto nessa direção e a destorcer o plano, a ponto de deixá-lo irreconhecível. Uma parte do 116.°, desembarcando misturada com o 16.° no extremo leste de "Easy-Red", estava a mais de l km da sua unidade de flanco mais próxima, situada em "Easy-Green". Os incêndios da mata, ardendo furiosamente nas ribanceiras após o bombardeio naval, permitiam desembarques tranqüilos em seções isoladas, mas deixavam homens abandonados e atordoados. Os oficiais demoravam a tomar decisões. Poucos podiam ter esperanças de realizar as tarefas específicas para as quais haviam sido tão arduamente treinados.

Enquanto os flancos das companhias em "Dog-Green" e "Fox-Green" lutavam pela vida a 4 km de distância uma da outra, todo o setor central começou a mover-se lentamente. Foram surgindo líderes nas fileiras e estes estimularam os companheiros. Um medo paralisador das minas atormentou muitos deles durante todo o dia: um passo em falso representava a morte ou a perda de membros: homens feridos ficavam onde i haviam caído, sem coragem de se moverem. Toda uma Companhia saiu da k praia pelo flanco esquerdo em fila indiana, sem se atreverem a limpar o caminho minado e expondo-se durante horas.

Um US Army Ranger, armado com um fuzil automático Browning BAR M1918A2 .30, durante o Dia-D. O 2º Batalhão Ranger, através de suas companhias D, E, e F atacaram a posição inimiga em Pointe du Hoc. Os 2º e 5º batalhões tinham um diamante laranja com o número do batalhão pintado na parte de trás do capacete. a faixa branca vertical era para os oficias e a horizontal para os NCO.

O dia pertenceu a uns poucos, ao tenente e ao sargento de engenharia ferido, que caminharam eretos, cortaram fios e fizeram explodir minas, censurando os que se deixavam ficar na beira do mar, mais pelo seu exemplo do que com palavras, até que finalmente os remanescentes espalhados pela "Easy-Red" avançaram. O dia pertenceu também a um tenente de sapadores que se arrastara por lama e areia à procura de minas com uma faca de caça; a um tenente de infantaria que assaltou um ponto fortificado sozinho, com granadas, entregando seu mapa e bússola a um sargento ao morrer, crivado de balas. Havia homens assim, que, sozinhos ou aos pares, indiferentes ao perigo, avançavam, normalmente, às cegas. Mas a luz não tardaria. Em pouco, o nevoeiro que a guerra adensou se dissiparia, e esses homens se reuniriam para novas tarefas.

Mas em "Dog-Green" e "Fox-Green", onde as companhias de vanguarda haviam sido destroçadas, literalmente à boca do canhão, quando suas barcaças se aproximaram das poderosas defesas das ravinas de Vierville e Colleville, o plano tinha forma diferente. À esquerda, em "Fox-Green", os pelotões dos 116.° e 16.° chegaram tarde, misturados, e seus tanques haviam afundado. Privados de quase toda a liderança de oficiais e sargentos, dos quais só um quarto havia sobrevivido, esses remanescentes não podiam ser reunidos.

 A luta pertencia aos que lhes viriam atrás. No flanco da extrema direita de "Charlie", a 5 km a oeste de Vierville, uma força especial do 2° Batalhão US RANGERS assaltara a posição da bateria na Pointe du Hoc, lançando seus arpéus a foguete para o alto do rochedo, e subindo por escadas e cordas, apenas para encontrar a posição abandonada. Esse grupo dirigiu-se então para o interior, para mais tarde fazer com que as poucas reservas inimigas contra-atacassem.

Mas os Rangers não se deram por vencidos, avançaram para o interior eliminando focos de resistência inimiga. Em seu avanço uma dupla solitária formada pelos sargentos Leonard Lomell e Jack Kuhn, descobriram os canhões de 155mm bem camuflados a cerca de 1km para o interior. Suas guarnições estavam a cerca de 100m e se preparavam para entrar em formação. Aparentemente os canhões foram recuados para evitarem o forte bombardeio aliado. Sem perder tempo o sargento Lomell com a cobertura Kuhn usou granadas de termita para inutilizar o mecanismo de recuo e de pontaria em direção de dois canhões e a alça de mira de um terceiro. Os dois correram para pegar mais granadas de termita e voltando a bateria desmantelaram os outros três canhões. Outros Rangers destruíram o deposito de munição inimigo. Eram 09:00 e os Rangers completaram a sua missão.

As companhias restantes do 2° Batalhão Rangers haviam desembarcado a leste do seu objetivo e a companhia de Rangers situada ao largo no flanco direito de "Dog-Green", não recebendo o sinal convencionado de sucesso na hora certa, passou a desembarcar em meio aos escombros da companhia de vanguarda do 116.° GCR de Infantaria, junto da ravina de Vierville. Recebidos com fogo de morteiros e metralhadoras e atingidos pêlos tiros de canhões antitanques ao baixarem as rampas, um terço dos seus efetivos se perdeu e o restante chegou à terra e lutou persistentemente através dos 200 metros de terreno aberto até a muralha. Nenhum dos homens tinha forças para correr e muitos tropeçavam, mas todos estavam possuídos da vontade de prosseguir. Dos 130 homens, 62 chegaram à muralha.

Mas à esquerda, o 5.° Batalhão de Rangers seguiu uma Cia. do 116.° GCR na "paz" de "Dog-White", que estava limpa, entre as ravinas fortemente defendidas de Vierville e St. Laurent. A  primeira leva, com 450 homens, chegou à muralha marítima perdendo apenas 5 ou 6 homens, unindo-se ali à companhia do 116.°

O impulso final foi dado pela chegada do General-de-Brigada Cota e do Coronel Canham, dois homens destemidos; Cota fora derrubado por uma explosão, e Canham fora ferido no pulso, mas ambos se puseram a organizar incansavelmente, conduzindo os homens até as ribanceiras, fazendo-os atravessá-las e tomar o caminho de Vierville, à direita. Assim, começava a abrir-se um caminho naquela direção. Dois grupos, de 20 homens cada um, já haviam alcançado Vierville e os reforços chegaram a tempo de repelir um contra-ataque inimigo.

À esquerda, em toda a área do 116.° GCR da .3ª Divisão, parecia ser necessário um milagre para pôr de pé os remanescentes destroçados de homens exaustos. O Coronel Taylor fez esse milagre. Destemido, com o porte natural do bravo, ele passou pêlos homens inertes e desiludidos, sem forças até mesmo para arrastar seu equipamento, e liderou-os na saída da praia, não como uma turba, mas como combatentes altivos para lutar pelas saídas de Colleville-St. Laurent. "Há dois tipos de homens na praia", disse ele apontando para os corpos nas areias molhadas, "os mortos e os que vão  morrer." Mas do lado do mar, os homens nos barcos que rondavam ao largo, muitos deles não se atrevendo a atracar, pareciam ao Coronel Talley, o Observador Especial do Comandante do Corpo, "uma boiada em pânico". Apenas 100 das 2.400 toneladas de suprimentos essenciais, necessárias ao sucesso do DIA "D", foram desembarcadas. 

Mas, finalmente, os homens, reforçados pelas levas dos batalhões de seguimento imediato, estavam saindo das praias. Para os generais, nas suas naves de comando, isso não parecia ser muito esperançoso, mas a dura crosta externa fora rompida e o inimigo estava sem reservas. Ao anoitecer, os alemães haviam perdido a batalha da praia de "Omaha", mas os americanos não sabiam que tinham vencido. No flanco leste, os ingleses lutavam sua batalha bem diferente.

US Rangers atacam ferozmente Pointe du Hoc. O militar empunhado a sub-metralhadora Thompson é o sargento Leonard Lomell

O fim do dia em Omaha:

O assalto a Omaha tinha tido sucesso mas tinha sido muito mais duro do que foi pensado. Em geral, a praia tinha sido liberada e estava organizada aos poucos já no anoitecer. As penetrações feitas pela manhã através de grupos relativamente pequenos não tinham poder de fogo suficiente para penetrar profundamente no interior e uma resistência alemã feroz tinha limitado o avanço, e a cabeça de ponte era estreita não maior que uma milha e meia na área de Colleville. Atrás das linhas dos EUA, bolsões alemães se recusaram a se render. Desnecessário dizer, nenhum dos objetivos do Dia-D nomeados à 1ª Divisão de Infantaria tinha sido alcançados, nem a penetração para a rota RN 13 nem a junção com os britânicos em Port en Bessin ou com os US Rangers em Pointe du Hoc.

Como o fim do dia foi possível se fazer a seguinte análise: foi evitado um grande desastre militar. Só 100 toneladas de material tido sido desembarcado das 2.400 toneladas  planejadas, pior do que isto foram as perdas humanas. De um total de 34.000 soldados desembarcados, os americanos tinham sofrido 4.720 baixas entre mortos e feridos, dando a esta praia o nome pelo qual sempre seria conhecida "Omaha Sangrenta".

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