Perfil da Unidade

US ARMY - SPECIAL FORCES

"BOINAS VERDES"

PARTE I


PARTE I - PARTE II - PARTE III

 

Forças Especiais dos EUA - Uma história de longa tradição

Os Estados Unidos têm uma longa e rica história de operações militares especiais. Contudo, a primeira organização moderna para ações do gênero, realmente integrada às forças armadas do país, só veio a estabelecer-se em 10 de abril de 1952, quando o Centro de Operações de Guerra Psicológica foi criado em Fort Bragg, Carolina do Norte. Na época, as operações de guerra psicológica nas forças armadas também compreendiam ações não-convencionais. Era um legado das operações empreendidas pelo Escritório de Serviços Estratégicos (Office of Strategic Services-OSS), comandado pelo general "Wild Bill" Donovan durante a Segunda Guerra Mundial. As forças especiais tinham sido ressuscitadas no início da década de 50, com a reativação em Fort Bragg do 10° Grupo de Forças Especiais, em 20 de junho de 1952, seguindo-se a do 77°, em 25 de setembro de 1953. A enumeração desses grupos parece ter sido tirada inteiramente ao acaso. Na seqüência, apareceu o 1° Grupo que teve sua formação em 24 de junho de 1957, em Okinawa e o seguinte foi o 5º Grupo em 21 de setembro de 1961, inicialmente em Fort Bragg.

O presidente John F. Kennedy era fascinado pelas SOF e visitou Fort Bragg, onde autorizou o uso da simbólica e distintiva cobertura — a boina verde —, no outono de 1961. 

Cabe esclarecer que a expressão "boina verde" é uma simples referência ao tipo de proteção para a cabeça utilizado, e não — como se pensa — a uma unidade do exército americano, inclusive os membros das Forças Especiais não gostam de ser chamados de boinas verdes, eles dizem que são soldados e não uma boina.

Ações das Forças Especiais - Do Vietnã a Bósnia

Vietnã

Em 1957 o 1º Grupo de Forças Especiais enviou um pequeno destacamento para Nhã Trang, Vietnã do Sul, a fim de treinar 58 homens do Exército sul-vietnamita, iniciando-se então uma longa associação entre as Forças Especiais dos EUA e o governo daquele país. O grupo seguinte a chegar no Vietnã foi o 5°, onde se tornaria responsável por todas as atividades das SOF que ali atuaram.

Como resultado da visita de Kennedy, um número maior de  tropas das forças especiais foram enviadas ao Vietnã do Sul, em novembro de 1961. Era a idéia original, quando as SOF foram formadas na década de 50, que elas iriam travar operações de guerrilha contra tropas inimigas regulares numa guerra convencional, principalmente contra o Pacto de Varsóvia . Logo porém ficou claro que no Vietnã o inimigo em si era uma guerrilha, de modo que elas tiveram de rever seus métodos. 

Unidades das Forças Especiais dos EUA foram enviadas em 1961 para o Laos com as "Mobile Training Teams" (MTTs), do Projeto White star (depois Projeto 404), e estavam entre as primeiras unidades americanas que se envolveram no conflito da Guerra do Vietnã.

Como a presença militar dos EUA no conflito aumentou com o passar dos anos, as missões das Forças Especiais expandiram também. Visto que as Forças Especiais foram treinadas para formar e liderar guerrilhas, parecia lógico que elas teriam uma compreensão profunda de ações contra-guerrilha, e então se envolveram no que ficou conhecido como missão Foreign Internal Defense (FID).

O fuzil M16A1, (aqui com carregador de 30 tiros), calibre 5.56x45 mm NATO, foi a principal arma da infantaria dos EUA no Vietnã e as Forças Especiais também usaram muito esta arma, porém preferiam a sua versão mais curta, o CAR-15. O M16 é nada mais que um AR-15 que podia disparar em modo semi-automático e automático e nessa versão M16 foi introduzido um dispositivo que auxilia o trancamento da cabeça do ferrolho.

O envolvimento das Forças Especiais dos EUA no Vietnã começou com os habitantes do Planalto Central do Vietnã teve início em dezembro de 1961, com a criação do plano piloto de um programa de defesa da aldeia de Buon Enao, na província de Darlac. Para desenvolver um programa de "ação cívica" na região, foram destacados sete homens e um contingente sul-vietnamita. Em 1962, a equipe A, composta de doze elementos do 1. ° Grupo das Forças Especiais, começou o treinamento militar.

O sucesso inicial levou ao rápido fortalecimento da operação anticomunista e, em agosto de 1962, cinco equipes A foram destacadas para a criação e treinamento dos Grupos de Defesa Civil Irregular (CIDG). Mais tarde, formou-se o QG das Forças Especiais americanas, para o qual eram designados, por períodos de seis meses, homens do 1°, 5° e 7° Grupos. Em julho de 1964, dezoito equipes A controlavam 11.250 soldados cidgee acampados nas fronteiras do Laos e do Camboja. foram estabelecidos mais de 80 acampamentos CIDG entre 1961 e 1965.

No Vietnã, um sargento das Forças Especiais era capaz de comandar até uma companhia de tropas locais que eles mesmos treinavam chamados de CIDGs. Faziam ação direta, apoiavam postos locais e interditavam rotas de infiltração do Vietcong. Quando o CIDG passou a ser usado como tropa regular em ofensivas ao invés de defesa dos locais que viviam perderam a eficiência. Já os Strikers eram forças locais que tinham objetivo limitado em tempo de atuação (até uma semana) e contra inimigos locais. As FE davam a capacidade de chamar apoio extra de artilharia, apoio aéreo aproximado e helicópteros de ataque nas missões.

Já as forças MIKE eram do tamanho de uma companhia e respondia ao chamado dos CIDIGs. Era uma força de ataque móvel e faziam penetração atacando alvos no Laos, Camboja e Vietnã na trilha Ho Chi Min. Passou de força de reação para ação com missão de infantaria leve durante a guerra.

NCO, 5º Grupo de Forças Especiais, Projeto Delta, Destacamento B-52, Vietnã, 1964. Ele usa um uniforme camuflado de listras, um fuzil  M-16 e também um lançador de granadas M79. Para manter contato com a sua base ele usa um rádio AN/PRC-25.

Foi implantado em 1964 o Projeto Delta, que tinha como objetivo específico treinar tropas capazes de executar perigosas ações de coleta de informações, além da busca e eliminação de forças vietcongues que operavam nas fronteiras do Vietnã do Sul. Como outros projetos denominados com letras gregas (Ômega, Sigma e Gama), o Delta deveria operar em conjunto com as Forças Especiais dos EUA e dos aliados do sul do país. As operações passaram a ser controladas pelo Destacamento B-52 à medida que o projeto cresceu e teve suas funções ampliadas.

Sob a coordenação do B-52, os soldados foram organizados em doze grupos de reconhecimento, aumentados posteriormente para dezesseis, cada um composto por dois americanos das Forças Especiais e quatro vietnamitas. Os outros grupos de operação clandestina tomaram-se conhecidos como road runners (batedores de estradas). Vestidos como guerrilheiros, os nativos trabalhavam ao longo das rotas de infiltração do inimigo.

O Delta também possuía uma força de reação, o 91º Batalhão de Rangers do Exército sul-vietnamita, cuja missão consistia em neutralizar as bases e as unidades vietcongues. Quando o projeto atingiu excelente desempenho, as Forças Especiais dos EUA contavam com quase 1.200 indígenas, recrutados da tribo Nung. Os outros projetos de letras gregas incluíam ainda elementos de etnia cambojana, chams e montagnards. Além de atividades de caráter essencialmente bélico, o Projeto Delta se envolveu com o treinamento de outras equipes de reconhecimento.

É importante não confundir a Força Delta com o Projeto Delta. Em meados da década de 60, Charlie Beckwith, criador da Força Delta, participou deste projeto. Mas a Força Delta, criada em 1977era uma organização totalmente diferente e com um conceito bastante distante do Projeto Delta.

Os compromissos das Forças Especiais cresceram a ponto de envolver todo o 5° Grupo, cujo número de homens chegou a 2.627 em julho de 1966.

As forças especiais operavam eventualmente por todo o Vietnã do Sul numa variedade de missões, das quais apenas algumas foram até hoje reveladas. Seu contato mais estreito foi com o ARVN (Exército Sul-vietnamita) — particularmente com o Montagnard, destacamento de montanha — do que com qualquer outra unidade das forças armadas americanas. Recebiam prêmios por heroísmo e dedicação ao dever numa proporção bem maior que a do número de missões. Apesar disso, sua relação com alguns elementos da cadeia de co­mando dos Estados Unidos nem sempre foi fácil. 

O 5º Grupo de Forças Especiais (Airborne) realizou um misto de missões de guerra não-convencional e FID, muitas vezes liderando unidades vietnamitas de nativos, agrupados nos famosos CIDGs. A principal unidade das SF no Vietnã do Sul foi o 5º Grupo de Forças Especiais. Os soldados que serviram nesta unidade ganharam dezessete medalhas de honra durante o conflito, tornando-a a mais visível unidade condecorada deste tamanho no Vietnã. O pessoal das SF também desempenhou papel preponderante no altamente secreto Military Assistance Command Vietnam Studies and Observation Group (MACV-SOG) com um número extraordinariamente grande de soldados perdidos em combate durante as suas missões de reconhecimento.

Soldados das Forças Especiais dos EUA, com nativos vietnamitas das tribos locais

em uma missão MACV-SOG. Todos estão armados com carabinas CAR-15. Estes pequenos grupos

estavam sempre fortemente armados, com pistolas Colt M1911A1 calibre 45, carabinas CAR-15 Colt Commando (algumas com lançadores de granadas), submetralhadoras suecas K de 9mm, lança-granadas M79 e minas Claymore. Eles também podiam usar armamento inimigo. Com o rádio eles podiam pedir apoio aéreo de caças ou de aviões artilhados como o AC-47, ou ainda solicitar evacuação por via aérea. A ra´´idez da coleta de informações permitia à força Aérea dos EUA realizar ataques precisos contra o inimigo.

O MACV-SOG executava operações não convencionais em todo sudeste da Ásia principalmente no Vietnam do Norte e países vizinhos ao Vietnam como, Camboja e Laos onde se escondiam tropas vietcongs. O MACV-SOG era formado por operadores das forças especiais do U.S Army (Green Berets), Controladores de Combate da US Air Force, e por SEAL’s da US Navy, e por alguns soldados de outras unidades americanas e sul vietnamitas que fossem aptos a operar no macv-sog. O MACV-SOG realizava operações de reconhecimento estratégico , Resgate de pilotos abatidos e também operações de apoio as tropas sul vietnamitas, ressaltando que parte dessas operações eram realizadas atrás das linhas inimigas. No auge das suas atividades, o SOG mantinha cerca de 2.000 americanos e 8.000 nativos. Muitas das missões secretas do SOG foram realizadas no Vietnã do Norte. Camboja e Laos. Acreditasse que missões altamente secretas foram realizadas no sul da China.

 

CAR-15 XM-177E2

A primeira versão carabina do fuzil M16 surgiu em 1965 com o nome de CAR-15, era destinado as forças especiais que combatiam no Vietnã. Era simplesmente um M16 original com um cano de 10 polegadas ao invés das 20 do M16 padrão e com o guarda-mão encurtado em 3 polegadas em forma triangular e com uma coronha regulável feita em plástico. A Colt também desenvolveu um CAR-15 para a USAF destinada a pilotos de aviões ou helicópteros abatidos, esta versão tinha um guarda-mão tubular e por alguma razão a empunhadura foi encurtado. A experiência de combate do rifle não foi muito promissora em principal o grande clarão do disparo que à noite, segava o atirador e denunciava sua posição o problema foi parcialmente resolvido com a instalação de um novo focinho, essa versão ficou conhecida como Colt 609 Comando usando também guarda-mão tubular, seu nome oficial no US Army é XM-177E1. Em meados de 1967 algumas pequena modificações como o cano de 11,5pol(292mm) deram origem ao XM-177E2. Do ponto de vista técnico o CAR-15 é semelhante ao M16, com as mesmas técnicas de construção com ligas leves, operando por ação diretas de gases com trancamento do ferrolho por rotação

Durante o famoso Raid de Son Tay, para resgatar prisioneiros de guerra americanos, havia um grande elemento de soldados das Forças Especiais. A descrença e a suspeita algumas vezes interferiam em suas operações, um problema por demais freqüente para qualquer força de elite. Seu último soldado deixou o Vietnã em 1° de março de 1971.

Os soldados das Forças Especiais também foram acionados para barrar o avanço do comunismo em outros países, especialmente na América Central e América do Sul, devido a influência de Cuba. O setor de assuntos latino-americanos viu muito trabalho devido o avanço dos movimentos revolucionários guerrilheiros dos anos 1960. Como resposta foi ampliada as atividades da Escola das Américas no Panamá, com vistas ao treinamento de oficiais do Exército dos EUA e das nações amigas nas táticas de contra-insurreição. Além de treinar os oficiais latino-americanos os soldados das Forças Especiais participaram diretamente de uma série de missões altamente secretas, principalmente na Guatemala, Colômbia e Bolívia. Posteriormente as Forças Especiais também participaram de ações no Oriente Médio, em especial no Irã.

Pós-Vietnã

Depois da Guerra do Vietnam, não só as Forças Especiais, como todas as Forças Armadas dos EUA caíram em descrédito público e tiveram momentos difíceis. Aconteceram reduções na Força e nas finanças e o Pentágono teve que se adaptar aos novos desafios.

Os EUA ainda sofreu um grande revés com o fracasso dos reféns no Irã durante a operação Eagle Claw. Nesta operação, liderada pela Força Delta, enquanto estivesse sendo realizado o resgate na Embaixada americana pelos operadores Delta, um Destacamento A (com treze homens) das Forças Especiais dos EUA, que estava baseado em Berlim Ocidental, assaltaria o Ministério das Relações Exteriores, e resgataria os três reféns e os levaria até um parque, onde seriam apanhados por um helicóptero e também levados para o estádio de futebol, que seria assegurado por Rangers e dali todos sairiam em helicópteros da Marinha. Mas nada disso aconteceu... (para saber mais: OPERAÇÕES - EAGLE CLAW - IRÃ - 1980)

Com Ronald Reagan na presidência dos EUA a partir de 1981, os militares foram novamente valorizados, especialmente as Forças Especiais. Diante da invasão do Afeganistão pela União Soviética, do fracasso no resgate dos reféns americanos no Irã, da instabilidade na América Central, especialmente na Nicarágua, e dos problemas no Líbano, Reagan queria uma América forte e preparada em todos os sentidos.  

Homens das Forças Especiais dos EUA com soldados hondurenhos próxima a fronteira nicaragüense, na década de 80.

Os homens das Forças Especiais, estiveram envolvidos em várias operações secretas durante os anos 80 especialmente em Honduras, Guatemala, El Salvador, Nicarágua e Oriente Médio. É importante destacar que as Forças Especiais estiveram diretamente envolvidas na Invasão de Granada, Operação Urgent Fury (83), na Força de Paz no Líbano(83).

El Salvador

Na década de 1980 homens das SF foram mobilizados para servirem com consultores militares em El Salvador. A sua missão era treinar o Exército salvadorenho, que nesta época estava lutando uma guerra civil contra as guerrilhas de esquerda da FMLN - Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional. Em 1992 a FMLN acertou um acordo de cessar fogo com o governo de El Salvador. Após o sucesso das SF em El Salvador, o 3º Grupo de Forças Especiais foi reativado em 1990.

Panamá

Em finais de 1988, as tensões entre os Estados Unidos e o Panamá foram extremamente elevados com o líder panamenho, Manuel Noriega, apelando para a dissolução do acordo que permitia aos Estados Unidos ter bases em seu país. Em Dezembro de 1989  o presidente George H W Bush ativou o planejamento para a secção da Operação Just Cause / Promover Liberty. Just Cause foi a parte da missão para depor Noriega e retorna o Panamá à democracia. Inicialmente planejada para se iniciar as 02:00h de 20 dezembro de 1989, se iniciou realmente as 23:15h quando quando parte de um descolamento das Forças Especiais já estava esperando o sinal para começar a avançar contra um portão do checkpoint panamenho. A Just Cause foi a primeira missão em que foi envolvido um grande contingente das Forças de Operações Especiais. As unidades que estavam envolvidas com a missão foram as seguintes: Joint Task Force Delta (Força Delta), Joint Task Force South (7º SFG, 5º SFG, 3º SFG, 4º PSYOP Grupo, 101ª Air Assault, 75º Rangers), e muitas outras unidades a partir de outras forças, como os Navy Seals, Marine Force Recon, e TCC da Força Aérea. A missão foi bem sucedida.

Colômbia

No final dos anos 1980, sério problemas com tráfico de drogas e terroristas dentro da região abrangida pelo Comando Sul (USSOUTHCOM - Responsável pelas operações militares na América do Sul, América Central, e Caribe (CARIBCOM)) atingiram níveis alarmantes. O 7º Grupo de  Forças Especiais deslocou destacamentos, treinadores e consultores, em conjunto com equipes do 1º Batalhão de Operações Psicológicas para apoiar a Colômbia. Destacamentos das Forças Especiais dos EUA ainda operam em vários locais dentro Colômbia, treinando unidades contra-guerrilha e contra-narcóticos, e rotineiramente destacamentos das SF operam em outros países dentro da área de responsabilidade do USSOUTHCOM.

Anos 1990

Os anos 90, com a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, trouxe um mundo repleto de desafios para Forças Especiais. 

O terrorismo voltou a ser uma ameaça em escala global, explodiram guerras de libertação e os conflitos étnicas sem avolumaram. Além de tudo isto Saddam Hussein e o Oriente Médio exigiram uma grande atenção e envolvimento dos EUA, tanto a nível político, quanto militar. Diante da invasão do Kuwait pelo Iraque, fez-se necessário montar uma grande Coalizão de Nações para expulsar o Ditador Saddam Hussein e trazer paz a região. 

Primeira Guerra do Golfo

Soldados das Forças Especiais dos EUA testando 

novas técnicas de  combate urbano.

Os homens das Forças Especiais foram extremamente importantes no processo de formação, integração e manutenção das forças que compunham a Coalizão. Com uma capacidade excepcional para trabalhar de forma integrada com exércitos estrangeiros, o domínio de vários idiomas e o conhecimento dos costumes de vários países, as Forças Especiais foram de suma importância na Operação Tempestade no Deserto. 

Mas os homens das SF (Special Forces) não ficaram apenas na retaguarda do conflito, eles trabalharam com os curdos no Norte do Iraque e com os grupos opositores xiitas no Sul, além de realizarem inúmeras outras operações que ainda permanecem secretas.

Somália

Após o conflito no Iraque, as SF estiveram envolvidas na Somália (92-93) em apoio as tropas da Nações Unidas que foram enviadas para intervir numa guerra entre as facções do então presidente Ali Mahdi Muhammad e as tropas do general rebelde Farah Aidib. Neste país aconteceu em 1993 um grande incidente envolvendo forças americanas (Deltas e Rangers) e rebeldes da clan de Farah Aidib, quando os americanos montaram uma operação para prender os tenentes de Aidib. A operação foi comprometida e morreram 18 americanos e centenas de somalis (Ver mais detalhes...).  

Haiti

As SF também estiveram envolvidas no Haiti (94), quando tropas norte-americanas foram usadas para garantir a posse do presidente eleito, o exilado Jean-Bertrand Aristide, que estava sendo impedido pelo general Raoul Cédras. Diante da grande pressão dos EUA Cédras cedeu e deixou o governo.

Bálcãs

Grandes conflitos étnicos aconteceram na região dos Bálcãs na década de 90, e em 1995 tropas americanas, juntamente com as suas SF,  como parte da OTAN são enviadas para a Bósnia com o objetivo de garantir a assinatura formal do acordo de paz entre Sérvia, Croácia e Bósnia. 

Os americanos também se envolveram nos conflitos em Kosovo, e as SF estiveram na região travando contato com as forças do Exército de Libertação do Kosovo (ELK) que faziam oposição ao exército iugoslavo. E importante notar que as SF operaram tanto em Kosovo quanto na própria Iugoslávia, principalmente nas operações de assinalação de alvos para os aviões da OTAN e no monitoramento do exército de Milosevic. Um capítulo importante das Forças Especiais americanas é a sua contribuição ao combate ao narcotráfico. Desde os anos 80 que os militares americanos estão envolvidos neste tipo de operação, especialmente na América do Sul.

Oficialmente assessores americanos treinam e monitoram tropas de vários países sul-americanos na luta contra os traficantes de drogas especialmente em países como a Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Porém muitas das suas operações são secretas e são realizadas em cooperação com a CIA e DEA (Agência antidrogas americana). Só em 1998 as SF realizaram 123 missões de combate ao tráfico de drogas em 104 países. 

As SF também desempenharam inúmeras outras missões de apoio a política externa americana como programas de intercâmbio, exercícios militares conjuntos, programas de treinamento e atividades humanitárias. Muitas destas missões foram realizadas de forma bastante discreta e executadas por pequenas equipes.

Uma fator importante, que resultou do desmoronamento do império soviético foi a disseminação das armas de destruição em massa, sejam elas químicas, biológicas ou nucleares. Junto com outras agencias americanas e em cooperação com outros países as Forças Especiais estão empenhadas até os dias de hoje na monitoração desta grande ameaça. 

Organização:

Há atualmente são sete os grupos de forças especiais (aerotransportados) — cinco ativos (1° Special Forces Group (Airborne)-SFGA, Washington, 3° SFGA, 5° SFGA e 7° SFGA e dois da Guarda Nacional (19° SFGA e 20° SFGA).

Cada Grupo de Forças Especiais, com cerca de 1.400 homens, é constituído por:

  • 3 Batalhões, compreendendo:

    • 1 Operational Detachment-Charlie (ODC)-Destacamento Operacional Charlie  
      Batalhão de Comando e Controle, responsável por:

      • Operações

      • Treinamento

      • Sinais

      • Logística

    • 3 Companhias

      • 6 Operational Detachment-Alpha (ODA) - Destacamento Operacional Alpha.
        O ODA normalmente é formado 12 homens, comandados por um capitão. Este Destacamento é a força principal de combate das Forças Especiais. Cada Conpanhia das Forças Especiais geralmente possue 6 ODAs.

      • 1 Operational Detachment-Bravo (ODB) - Destacamento Operacional Bravo
        A Companhia de Forças Especiais geralmente contém um ODB, com cerca de 11-12 homens, que prevê o suporte para a Companhia de Forças Especiais. Os OBCs prestar apoio em:

        • Treinamento

        • Inteligência

        • Contra-espionagem

        • Logística

Cada Grupo de Forças Especiais é cobre uma parte do mundo recebendo treino de linguagem, cultura e geografia local. As localizações e as área de responsabilidade dos SFGA são as seguintes:

1° SFGA, Fort Lewis, Washington, com o 1° batalhão formado no exterior e sediado no Posto de Torii, Okinawa; Pacifico e o Ásia oriental.

3° SFGA, Fort Bragg, Carolina do Norte; África.

5° SFGA, Fort Campbell, Kentucky; Chifre da África,  Oriente Médio, e Ásia Sul e Central.

7° SFGA, Fort Bragg, Carolina do Norte; América Central, Sul e Caribe.

 

 

 

 

10° SFGA, Fort Carson, Colorado, com um batalhão em Stuttgart, Alemanha; Europa.

19° SFGA (Guarda Nacional), Sait Lake City, Utah; Pacifico e Comando Central.

20° SFGA (Guarda Nacional), Birmingham, Alabama; América Central, Sul e Caribe.

O 1° Comando de Operações Especiais (Aerotransportado) tem a tarefa de consolidar a administração de todos os ativos das forças especiais do exército. Não apenas administra e comanda esses ativos das SFGA, como também oferece eficaz treinamento e se responsabiliza pelo estado de preparação da Guarda Nacional. 

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DETALHAMENTO DOS TEAMS  A-B-C

ODA - Operational Detachment Alpha

O elemento operacional primário de uma companhia de Forças Especial, é o ODA - Operational Detachment Alpha, mais conhecido como "A-Team". Comandado por um capitão, conta com dois oficiais e dez soldados. Cada membro da equipe é especialista em medicina, engenharia, inteligência militar, armamento ou comunicações. Eles também são multi-liguista.

Quando o A-Team está treinando ou então formando uma força contra-revolucionária, essas habilidades são usadas para ensinar técnicas básicas aos recrutas locais. Na teoria, a cada mês um destacamento é capaz de formar uma unidade antiguerrilha com até 1.500 homens.

Um A-Team é quase ilimitado em sua capacidade de operar atrás das linhas inimigas. Eles podem ser infiltrados por ar, mar ou terra. O tempo que podem ficar atrás das linhas inimigas é indefinido, mesmo o local sendo remoto, e o apoio externo quase inexistente. Eles podem treinar, aconselhar ou apoiar unidades militares americanas, de outras agências dos EUA ou de países amigos, e ainda terem condições de executarem outras operações especiais. Todos os seus membros são capazes de assessorar, apoiar, ou dirigir contrapartes estrangeiras em suas funções até o nível de batalhão.

As capacidades de um A-Team altamente-versátil incluem: planejamento e comando de operações de SF separadamente ou como parte de uma força maior; infiltração e exfiltração em áreas operacionais por via aérea, terra ou mar; administrar operações em áreas remotas e ambientes hostis para períodos estendidos de tempo com um mínimo de direção e apoio externo; desenvolver, organizar, equipar, treinar e aconselhar ou dirigir forças nativas até tamanho de batalhão em operações especiais; treinar, aconselhar e ajudar outras forças americanas e forças aliadas; planejar e comandar operações de SF unilaterais; executar outras operações especiais conforme ordens superiores.

Em uma Companhia de SF, um dos seis A-teams é treinado em combate subaquático e um é treinado em salto de queda livre militar. Ambos são usados como métodos de infiltração. O Destacamento pode servir como uma força de trabalho conjunta a qual os comandantes das SF organizam tipos "mixados" conforme a necessidade das missões.

Em geral, os A-teams estão equipados com comunicações táticas por satélite, rádios de alta-freqüência, e sistema GPS. Os kits médicos incluem instrumentos de laboratório e dentais, esterilizador, ressuscitador, kits para testar água e equipamento veterinário. Outro equipamento fundamental são as armas individuais e de defesa de perímetro, como cargas de demolições e dispositivos de visão noturna.

A distribuição de equipamento é feita conforme missões específicas. Para infiltração subaquática ou infiltração por mar, as equipes de mergulhadores usam por exemplo equipamentos de circuito aberto, circuito fechado, botes Zodiac ou caiaques Klepper, entre outros. As equipes de salto usam equipamentos especiais e sistema de oxigênio.

ODA "A-team" - Estrutura
Um capitão comanda uma equipe de 12 homens. O segundo em comando é um subtenente. Dois oficiais não-comissionados, ou NCOs, são treinados em cada uma das cinco áreas funcionais das Forças Especiais: armas, engenharia, médico, comunicações, e operações e inteligência incluem o resto do time. Todos os membros do time são SF qualificados e treinamento diversificado com habilidades diferentes, como também fluentes em outros idiomas.

18 Alpha - COMANDANTE DO DESTACAMENTO
(1 por A-team)
Posto: 0-3, Capitão,
Primeiro no comando. O comandante do destacamento é responsável para assegurar e manter a prontidão operacional e todos os outros aspectos de um A-team. Ele pode comandar ou pode aconselhar uma força de combate nativa até o tamanho de batalhão.

18 Alpha - TÉCNICO DO DESTACAMENTO
(1 por A-team)
Posto: subtenente ou superior
Ele comanda na ausência do comandante do destacamento; serve como autoridade técnica e tática em todos os aspectos das Operações de Forças de Especiais; supervisiona todas as atividades de pessoal; é a autoridade nass operações psicológicas (PSYOPs) e Assuntos Civis; tem habilidades culturais, regionais, e lingüísticas; administra planejamentos meio e longo prazo. Ele pode recrutar, organizar, treinar, e supervisionar forças de combate nativas até o tamanho de batalhão.

18 Zulu - SARGENTO DE OPERAÇÕES DE FORÇAS ESPECIAIS
(1 por A-team)
Sargento da equipe (Grau: E-8, Sargento Mestre)
O Sargento da equipe é o soldado sênior do A-team. Ele é responsável para supervisionar todas as operações da equipe e administrar todo o recrutamento de pessoal da equipe. Às vezes é conhecido como o " Papai " da equipe, ele normalmente é a pessoa que de fato faz a equipe funcionar. Ele pode recrutar, organizar, treinar, e supervisionar forças de combate nativas até o tamanho de batalhão.

18 Fox - SARGENTO ASSISTENTE DE OPERAÇÕES DE FORÇAS ESPECIAIS
(1 por A-team) 
Sargento (Grau: E-7, Sargento de Primeiro Classe)
Ajuda o Sargento da equipe a operar com o A-team. Planeja, coordena, e dirige a coleta de inteligência do A-team, além da catalogação, análise, produção e disseminação. Ele é o encarregado de interrogar os prisioneiros inimigos. Ele faz os briefs e os debriefs das patrulhas amigáveis. Ele pode treinar, aconselhar, ou conduzir forças de combate nativas até o tamanho de Companhia.

18 Bravo - SARGENTO DE ARMAS DAS FORÇAS ESPECIAIS
(2 por A-team) 
Sargento de armas (Grau: E-7, Sargento de Primeiro Classe)
Asst. Sargento de armas (Grau: E-6, Sargento de Pessoal)
São os peritos em armas. São capazes de empregando quase todo tipo de arma pequenas existentes no mundo; como pistolas, rifles, metralhadoras, morteiros, armas antitanque, e lançadores de granada. Eles também treinam os membros do destacamento e forças de combate nativas no uso destas armas. Os dois sargentos de armas empregam táticas e técnicas convencionais e não convencionais com líderes de missões táticas. Eles são responsáveis pela segurança tática do A-team. Cada um pode treinar, aconselhar, ou pode conduzir forças de combate nativas até tamanho de Companhia.

18 Charlie - SARGENTO ENGENHEIRO DAS FORÇAS ESPECIAIS
(2 por A-team)
Sargento Engenheiro (Grau: E-7, Sargento de Primeiro Classe)
Asst. Sargento Engenheiro (Grau: E-6, Sargento de Pessoal)
São os peritos em demolições. Eles podem construir como também destruir praticamente qualquer estrutura. Podem construir casas, pontes, escolas, etc. São fundamentais em qualquer missão de ação cívica. Cada um pode treinar, aconselhar, ou pode conduzir forças de combate nativas até tamanho de Companhia.

18 Delta - SARGENTO MÉDICO DAS FORÇAS ESPECIAIS
(2 por A-team)
Sargento médico (Grau: E-7, Sargento de Primeiro Classe)
Asst. Sargento médico (Grau: E-6, Sargento de Pessoal)
O "médico" das SF emprega os mais avançados recursos em tecnologia médica de combate e pode realizar procedimentos cirúrgicos limitados. Ele é capaz de administrar qualquer dano de trauma de campo de batalha, como também administrar medicamento preventivo. O Médico das SF é uma parte integrante do programa de ação cívica, levando tratamento médico as populações nativas. Os médicos das SF também se tornam "paramédico" em complemento de seu treinamento médico. Suas capacidades incluem: tratamento avançado de trauma, cirurgia limitada, odontologia, e procedimentos veterinários. Cada um pode treinar, aconselhar, ou pode conduzir forças de combate nativas até tamanho de Companhia. Alem do treinamento regular dos Boinas Verdes, cada Médico recebe um treinamento adicional de 10 meses em medicina.

18 Echo - SARGENTO DE COMUNICAÇÕES DAS ESPECIAL FORÇA
(2 por A-team)
Sargento de comunicações (Grau: E-7, Sargento de Primeiro Classe)
Asst. Sargento de comunicações (Grau: E-6, Sargento de Pessoal)
A responsabilidade dele é estabelecer e manter comunicações. Ele emprega os mais recentes sistemas táticos de comunicação FM, multi-canal, e dispositivos de comunicações de satélite (ele também leva a mochila mais pesada da equipe). Ele é uma parte inestimável e vital de todas as missões das SF. Também são os soldados que transmitem as informações reunidas pelos Sargentos de Inteligência ao Comando de Operações Especiais (SOCOM). O Sargento de Comunicações também pode ser responsável por realizar Operações Psicológicas (PSYOP) relacionadas a transmissões. Cada um pode treinar, aconselhar, ou pode conduzir forças de combate nativas até tamanho de Companhia.

ODB  - Special Forces Operational Detachment Bravo

Um Destacamento B controla quatro A-Teams e é comandado por um major. Conta com seis oficiais e dezoito soldados. Em serviço ativo, um "B-Team" pode operar com autonomia. No Vietnã, por exemplo, os B-Teams formaram quadros para as unidades de tropas de choque e aerotransportadas do Exército sul-vietnamita.

Um A-team não pode se desdobrar ou não pode operar sem o apoio do B-team. Este consiste em uma equipe 11 pessoas e é o elemento de QG da Companhia de Forças Especiais. Age como o Comando e Controle dos A-teams dentro da companhia. O B-team estabelece e opera a AOB - Advanced Operational Base, ou Base Operacional Avançada. O B-team pode e faz - Plano e condução das operações das SF separadamente ou como parte de uma força maior; Treina e prepara A-teams das SF para engajamento; Infiltra e exfiltra os A-teams em áreas operacionais por via aérea, terra, ou mar; Administra operações em áreas remotas e ambientes hostis por períodos estendidos de tempo com direção ou apoio externo mínimo; Desenvolve, organiza, equipa, treina, aconselha ou dirige forças de combate nativas de tamanho regimental em Operações Especiais; Treina, aconselha, e apóia outras forças e agências americanas e aliadas.

ODB "B-team" Estrutura

COMANDANTE DE COMPANHIA DE FORÇAS ESPECIAIS (O CO)
Grau: 0-4, Major,
O Comandante de Companhia exerce o comando do pessoal e de elementos nomeados ou anexados à companhia. Quando a companhia estabelecer uma AOB, ele serve como comandante da AOB.

OFICIAL EXECUTIVO (XO)
Grau: 0-3, Capitão,
Ele dirige o pessoal da Companhia e nomeia responsabilidades específicas. Ele coordena com o Sargento Major da Companhia para dirigir e supervisionar os procedimentos administrativos e logísticos da Companhia.

ESPECIALISTA DA COMPANHIA
Grau: W0-1 e superior, subtenente
Ele é responsabilidade pelo pessoal e por todos os assuntos que pertencem à organização, treinamento, atividades de inteligência e contra-inteligência, e operações de combate da companhia e seus destacamentos.

18 Zulu - SARGENTO MAJOR DA COMPANHIA
Grau: E-9, Sargento Major,
Ele é o alistado sênior da Companhia e o principal conselheiro para assuntos relacionado ao alistado. Ele supervisiona o treinamento diário, operações, e a administração da Companhia.

18 Zulu - SARGENTO DE OPERAÇÕES DE FORÇAS ESPECIAIS
Grau: E-8, Sargento Mestre,
Ele auxilia o XO e o Especialista da Companhia a realizar os seus deveres. Quando a Companhia e seus destacamentos estão cumprindo suas missões, ele administra o programa de treinamento da Companhia para o Comandante da Companhia.

18 Fox - ASST. DO SARGENTO DE OPERAÇÕES
Grau: E-7, Sargento Primeiro Classe
Ele ajuda o Sargento de Operações na realização dos deveres dele.

18 Delta -  SARGENTO MÉDICO DE FORÇAS ESPECIAIS
Grau: E-7, Sargento de Primeira Classe
Ele provê cuidados médicos de rotina, preventivos e de emergência para a Companhia e qualquer força nativa. Ele também treina aliados e forças nativas em emergência básica e cuidado médico preventivo. Ele colhe informação médica e aconselha o pessoal da Companhia em todos os assuntos de cuidado médico.

18 Echo - SARGENTO DE COMUNICAÇÕES DE FORÇAS ESPECIAIS
(2 por "B Team")
Sargento de comunicações (Grau: E-7, Sargento DE Primeiro Classe)
Asst. Sargento de Comunicações (Grau: E-6, Sargento de Pessoal)
Esses sargentos assessoram o Comandante da Companhia na área de comunicações, e preparam planos de comunicaçõe. Eles instalam, operam, e mantêm o equipamento de comunicação de toda a Companhia. Eles também treinam os membros dos destacamentos e de forças nativas na operação de equipamento de sinais.

SARGENTO ALMOXARIFE
Grau: E-6, Sargento de Pessoal,
Ele é o principal planejador de logística. Ele coordena de perto com o batalhão S-4 e o comandante do destacamento de serviço para satisfazer as necessidades da Companhia e seus destacamentos.

SARGENTO ESPECIALISTA EM NBC
Grau: E-5, Sargento,
Ele supervisiona, opera, e mantém os equipamentos de detecção e proteção NBC da Companhia. Ele também ajuda estabelecendo, administrando, e aplicando medidas defensivas de NBC.

ODC

Cada grupo de três B-Teams é controlado por uma companhia das Forças Especiais, geralmente chamada de Destacamento C. Cada uma dessas companhias tem dezenove homens, sendo seis deles oficiais, comandados por um tenente-coronel. Os "C-Teams" indicam os objetivos aos outros destacamentos e avaliam as informações secretas. No início dos anos 60, foram criadas as Forças Especiais de Ação, que incluíam um grupo de assuntos civis, um batalhão de operações psicológicas, um destacamento médico, um de engenharia e uma unidade do serviço secreto do exército.

Dentro dos seis A-Teams Alfa que formam uma companhia da Força Especial, um deles recebe treinamento especial em inserção aérea, e outro grupo é treinado em inserção subaquática. Ambas as táticas, além de infiltração por terra, são usadas para levar os Boinas Verdes de maneira rápida e silenciosa para além das linhas inimigas.

Todos os grupos de forças especiais, incluindo os Boinas Verdes, são de responsabilidade do Comando de Operações Especiais (SOCOM). Em 1986, a Lei de Reorganização do Departamento de Defesa dos Estados Unidos deu às Forças Especiais mais espaço para operar. Esta Lei criou o cargo civil de Sub-Secretário de Defesa para Operações Especiais de Conflitos de Baixa Intensidade, cargo que supervisiona as operações especiais. Ao criar um cargo diretamente responsável pela supervisão e aprovação das operações especiais, o governo dos Estados Unidos (em inglês) não só deu mais agilidade para as Forças Especiais realizarem suas missões, mas também gerou mais responsabilidade por prestar contas.

As operações que estes soldados altamente qualificados realizam podem ser divididas em três grupos gerais: operações em tempos de guerra, operações de pós-guerra/tempos de paz e missões humanitárias. Os objetivos e parâmetros de uma operação dependem em grande parte do contexto de cada operação. As operações podem coincidir e ser similares: Ação direta em tempos de guerra pode ter a finalidade de por fim à guerra, ao passo em que ação direta em tempos de paz pode ter como propósito evitar que uma guerra comece.

Tarefas dos Boinas Verdes em épocas de guerra

Algumas das operações mais importantes dos Boinas Verdes acontecem em tempos de guerra. Existem dois tipos de táticas em época de guerra: convencional e não-convencional, em uma guerra pode haver os dois tipos. A guerra convencional inclui operações militares em grande escala. Tanques, aviões, navios e grandes forças de tropas são usados. Pense na guerra convencional como uma marreta - o golpe pode causar um efeito profundo, e ela é pesada e de difícil manejo.

A guerra não-convencional funciona como um bisturi de precisão. Inclui guerrilhas - batalhas que não são graduais e geralmente acontecem de surpresa -, insurreições ou revoltas, assaltos rápidos e precisos, e outras táticas de pequena escala que podem ter um grande efeito. As operações dos Boinas Verdes se encaixam bem na categoria de guerra não-convencional.

Imagine que um país em guerra é uma grande célula. O front - a linha divisória entre oponentes militares - é a parede da célula. Apesar de batalhas e combates enfraquecerem e mudarem a parede da célula, ela é geralmente reforçada. As táticas convencionais conseguem somente diminuir sua força. A melhor maneira de romper a parede de uma célula é por dentro e por fora ao mesmo tempo.

O papel dos Boinas Verdes em períodos de guerra é penetrar esta célula e criar insurreições dentro do território inimigo, o que geralmente é perigoso: frequentemente pede-se que os Boinas Verdes trabalhem sozinhos, por longos períodos. Eles vivem como os habitantes locais, interagindo com eles para conseguir informações e ganhar sua confiança. Os Boinas Verdes vivem de suas próprias sanidades mentais, tomando suas próprias decisões com pouca, às vezes nenhuma, interferência ou ajuda de seus superiores.

Para ter sucesso, um Boina Verde deve trabalhar à paisana com freqüência, deixando-o vulnerável e fora da jurisdição da Convenção de Genebra. De acordo com a Convenção de Genebra - tratado global que define as funções de um combatente durante a guerra e que descreve os seus direitos -, nenhum soldado capturado sem uniforme está sujeito à proteção da Convenção. Isso significa que ele pode ser torturado e assassinado se for encontrado por combatentes inimigos, o que torna seu trabalho muito mais perigoso.

Uma vez dentro do território inimigo, os Boinas Verdes identificam grupos insatisfeitos, aquelas pessoas que não estão felizes com a atual estrutura de poder ou com as condições de vida correntes. Podem ser tribos nativas ou comunidades que tenham sido maltratadas pelo atual poder, minorias, ou a própria estrutura de poder anterior. Os Boinas Verdes unem estas pessoas - geralmente com históricos bastante diversos - em uma força de combate ou em exércitos de guerrilha. Isso se chama multiplicar forças (expandir o número de tropas combatendo junto com os EUA  contra outras forças armadas através do recrutamento de pessoas nativas), e os Boinas Verdes são bons nisso. Durante a Guerra do Vietnã, por exemplo, alguns Boinas Verdes conseguiram reunir várias tribos indígenas em um exército de 60 mil membros, a Força de Defesa Irregular Civil.

Os exércitos de guerrilha que os Boinas Verdes reúnem atrás das linhas inimigas são treinados, equipados e liderados pelas Forças Especiais. Os Boinas Verdes também são muito bons em coletar informações sobre o inimigo, assim como disseminar desinformações, e até mesmo afetar diretamente as capacidades de informações das forças armadas oponentes através de ataques à infra-estrutura de comunicações.

Devido à sua discrição e habilidade de desaparecer subitamente, os Boinas Verdes são um recurso de muito valor na localização de alvos para as forças armadas convencionais. No Afeganistão, por exemplo, os Boinas Verdes selecionaram e obtiveram os alvos que teriam mais impacto para os mísseis dos Estados Unidos.

Tarefas dos Boinas Verdes no pós-guerra

Durante a guerra, os Boinas Verdes trabalham sozinhos em território inimigo. Após a guerra, eles trabalham para estabelecer um ambiente onde agências oficiais podem ser organizadas e entrar em operação. Quando os Estados Unidos (em inglês) conseguem derrotar forças armadas estrangeiras, o governo que foi deposto deixa um vácuo de poder - em outras palavras, não há ninguém no comando.

Os Estados Unidos têm uma política declarada contra a formação de nação, o que significa que a nação não invade países para alterar sua estrutura para melhor atender as necessidades da nação. Apesar de ser a política oficial, quando um governo é derrubado pode ser quase inevitável que o poder que conquista tome atitudes para restaurar a ordem e influenciar o governo.

Durante o tempo em que reúnem exércitos de guerrilha, interagindo com nativos e reunindo informações durante períodos de guerra, os Boinas Verdes estão em uma posição única e útil para identificar o grupo mais amistoso que muito provavelmente preencherá o vácuo de poder. Isto é parte do papel que os Boinas Verdes desempenham no período pós-hostilidade (imediatamente posterior à guerra). Ao orientar líderes de grupos e oferecer o apoio dos Estados Unidos, os Boinas Verdes atuam como diplomatas secretos e auxiliam grupos estrangeiros a chegar ao poder depois que um governo é deposto.

Uma das melhores maneiras de os Estados Unidos evitarem entrar em uma guerra é treinar outras nações para que elas possam se defender - defesa interna estrangeira. Destacamentos viajam para nações estrangeiras amistosas aos Estados Unidos e treinam suas organizações militares em contra-terrorismo, contra-revolução, e outros métodos para manter o poder e lidar com ameaças de dentro e de fora do país. Os Boinas Verdes também são contatos entre os governos destas nações e os Estados Unidos. Este tipo de treinamento e orientação também se estende as nações que lidam com grandes organizações de comércio de drogas - as operações contra-drogas dos Boinas Verdes.

Outras operações dos Boinas Verdes evoluíram a partir da mudança no clima sócio-político moderno. Atividades de contra-proliferação, por exemplo, são uma função bem recente dos grupos de Forças Especiais. Nestas atividades, os Boinas Verdes identificam, encontram e removem ou inutilizam armas de destruição em massa, também conhecidas como armas nucleares, biológicas e químicas.

Atividades de contra-terrorismo também emergiram como um papel importante que os Boinas Verdes desempenham. Além de realizarem operações de contra-terrorismo pelo mundo, os Boinas Verdes têm trabalhado dentro dos Estados Unidos. Devido à falta de agentes que falam árabe e de provas de ameaça terrorista real, o FBI contou com a ajuda de Boinas Verdes que traduziram conversas e documentos entre suspeitos terroristas. Os Boinas Verdes deram ao FBI as pistas de que eles precisavam, anulando um ataque terrorista planejado para o dia 31 de dezembro de 1999 no Aeroporto Internacional de Los Angeles [fonte: Truman National Security Project].

Operações Psicológicas dos Boinas Verdes

Vencer uma guerra requer mais que armamento, suprimentos e tropas. Também é de bastante ajuda o apoio (ou pelo menos a anuência) da população local. Quando o General de Brigada Robert McClure ajudou a fundar os Boinas Verdes em 1952, sabia que as táticas convencionais pediam ajuda psicológica. A propaganda já havia sido usada em larga escala na Segunda Guerra Mundial, e em vários níveis em todas as guerras em que os Estados Unidos se envolveram antes dela. Mas McClure ajudou a trazer a psicologia de ganhar os "corações e mentes" de um povo conquistado para o âmbito da ciência militar.

Um exemplo das Operações Psicológicas
Imagem cedida por USASOC
Soldado cola cartazes sobre parede pichada
no Iraque em uma
missão das Operações Psicológicas

 

Desde o início, os Boinas Verdes sempre foram treinados em Operações Psicológicas (PSYOPs) no Centro de Psicologia de Guerra de Fort Bragg, Carolina do Norte (em Inglês). Este treinamento é intercalado e apoiado pelo treinamento em línguas, sensibilidade cultural, e intenso estudo das Áreas de Operação (AOs) do grupo. Ao compreender os valores do povo de uma área, os Boinas Verdes podem auxiliar no ajuste das mensagens contidas nas operações psicológicas para obterem o melhor resultado possível. Operações psicológicas de grande escala são criadas pelo comando de operações psicológicas, o Comando de Operações Psicológicas e Interesses Civis das Forças Armadas dos Estados Unidos (em inglês) (USACAPOC). Mas as missões de verdade em terra são geralmente realizadas pelos Boinas Verdes.

Convencer um povo que sofreu invasão de que a ocupação de seu país pelos Estados Unidos é benéfica pode ser uma tarefa monumental. Mesmo assegurar à população que os militares não vão lhe fazer mal pode ter efeitos de longo alcance no resultado de uma guerra. As operações psicológicas também fazem parte das tarefas de pós-guerra dos Boinas Verdes - orientar um líder sobre como ganhar o apoio de um grupo descontente da população, por exemplo.

Técnicas de Operações Psicológicas

As operações psicológicas podem assumir muitas formas, mas geralmente são compostas por uma vasta variedade de técnicas de propaganda. Algumas são extremamente óbvias, como encorajar a população local a se tornar militante através de panfletos e folhetos jogados de aviões. Outras técnicas incluem a transmissão de mensagens via televisões e rádios locais.

O contato pessoal também é importante, como patrulhas que visam a cumprimentar a população local e incluem atos de benevolência e ajuda humanitária (falaremos mais sobre isso a seguir). A imagem de um soldado entregando um ursinho de pelúcia a uma menininha, ou um pelotão distribuindo água pode ter um efeito positivo na maneira como os militares americanos são vistos. É tarefa dos Boinas Verdes determinar as maneiras mais eficazes de conduzir as operações psicológicas, e eles também podem ter um papel ativo na sua execução.

Nem sempre isso acontece no contexto de uma guerra. Às vezes as operações psicológicas podem ser usadas para prevenir guerras. No Haiti, em 1994, os Estados Unidos tiveram muito equilíbrio para invadir as Ilhas do Caribe (em inglês) para restaurar o governo do Presidente Jean-Bertrand Aristide e depor o regime militar que governava o país. Na operação chamada de Defesa da Democracia, os Boinas Verdes realizaram operações psicológicas, incluindo distribuição de panfletos e transmissão por rádio de discursos de Aristide, e conseguiram convencer os cidadãos do país de que a "democratização" seria benéfica para sua nação. Estas operações de propaganda foram consideradas de extremo sucesso, e as forças convencionais americanas que entraram no país encontraram pouca resistência armada, o que poupou vidas de ambos os lados.

Tarefas Humanitárias dos Boinas Verdes

O mesmo treinamento e entendimento de cultura que transformam os Boinas Verdes em uma importante vantagem para as forças armadas dos Estados Unidos também os tornam importantes para as pessoas necessitadas em geral. As operações humanitárias em tempos de guerra que visam ganhar os "corações e mentes" das populações locais funcionam bem quando crises surgem em tempos de paz.

Em Ruanda  nos anos 90, os Boinas Verdes realizaram operações para ajudar refugiados capturados no confronto da guerra civil que tomava a nação africana. Os Boinas Verdes ajudaram milhares de pessoas chegarem a campos de refugiados e também auxiliaram na operação dos campos.

Durante a guerra civil da Nicarágua nos anos 80, os Boinas Verdes guardaram as fronteiras que o país da América Central compartilhava com Honduras  e El Salvador. Também obtiveram sucesso em evitar que a violência da guerra atravessasse a fronteira e incitasse batalhas nas nações vizinhas.
Os Boinas Verdes também são líderes de operações de Interesses Civis, geralmente compostas de grupos políticos locais e organizações não-governamentais (ONGs), como a Cruz Vermelha. Estas operações podem envolver levar comida a pessoas famintas em vilas após uma guerra ou assegurar que suprimentos médicos cheguem a áreas de conflito.

Além de interromper as linhas de suprimentos normais, a guerra deixa muitas marcas na região, como minas e artilharias não detonadas, além de armadilhas explosivas que foram esquecidas. Após a Guerra do Vietnã (em inglês), os campos e matas do Camboja (em inglês) estavam tão cheios de minas não detonadas que o país tinha a maior população per capita de amputados, com um em cada 236 cambojanos que perderam pelo menos um membro do corpo [fonte: Clear Path International]. Outro trabalho humanitário dos Boinas Verdes são as operações de inutilização de minas, nas quais destacamentos viajam para nações estrangeiras para remover e inutilizar armamento não detonado.

Durante uma época dos anos 70, os efeitos das missões humanitárias dos Boinas Verdes foram sentidos também nos Estados Unidos. Após a Guerra do Vietnã, os Boinas Verdes deram início à operação SPARTAN (Proficiência Especial em Terrenos Acidentados e Construção de Nação). Nesta operação, os Boinas Verdes viajaram para áreas rurais pobres da Flórida e da Carolina do Norte e ajudaram as populações locais com assistência médica e projetos de construção comunitária que incluíam escolas e hospitais.


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Assunto: Forças Especiais do Exército dos EUA