Perfil da Unidade
US ARMY - SPECIAL FORCES "BOINAS VERDES"
PARTE I
Forças Especiais dos EUA - Uma história de longa tradição Os Estados Unidos têm uma longa e rica história de operações militares especiais. Contudo, a primeira organização moderna
para ações do gênero, realmente integrada às forças armadas do país, só veio a estabelecer-se em 10 de abril de 1952, quando o Centro de Operações de Guerra Psicológica foi criado em Fort Bragg, Carolina do Norte. Na época, as operações de guerra psicológica nas forças armadas também compreendiam ações não-convencionais. Era um legado das operações empreendidas pelo Escritório de
Serviços Estratégicos (Office of Strategic
Services-OSS), comandado pelo
general "Wild Bill" Donovan durante a Segunda Guerra Mundial. As forças especiais tinham sido ressuscitadas no início da década de 50, com a reativação em Fort Bragg do 10° Grupo de Forças Especiais, em 20 de junho de 1952, seguindo-se a do 77°, em 25 de setembro de 1953.
A enumeração desses grupos parece ter sido tirada inteiramente ao acaso. Na
seqüência, apareceu o 1° Grupo
O presidente John F. Kennedy era fascinado pelas SOF e visitou Fort Bragg, onde autorizou o uso da simbólica e distintiva cobertura — a boina verde —, no outono de 1961.
Cabe esclarecer que a expressão "boina verde" é uma simples referência ao tipo de proteção para a cabeça utilizado, e não — como se pensa — a uma unidade do exército americano, inclusive os membros das Forças Especiais não gostam de ser chamados de boinas verdes, eles dizem que são soldados e não uma boina. Ações das Forças Especiais - Do Vietnã a Bósnia Vietnã
Como resultado da visita de Kennedy, um número maior de tropas das forças especiais foram enviadas ao Vietnã do Sul, em novembro de 1961. Era a idéia original, quando as SOF foram formadas na década de 50, que elas iriam travar operações de guerrilha contra tropas inimigas regulares numa guerra convencional, principalmente contra o Pacto de Varsóvia . Logo porém ficou claro que no Vietnã o inimigo em si era uma guerrilha, de modo que elas tiveram de rever seus métodos.
No Vietnã, um sargento
das Forças Especiais era capaz de comandar até uma companhia de tropas locais
que eles mesmos treinavam chamados de CIDGs. Faziam ação direta, apoiavam postos
locais e interditavam rotas de infiltração do Vietcong. Quando o CIDG passou a
ser usado como tropa regular em ofensivas ao invés de defesa dos locais que
viviam perderam a eficiência. Já os Strikers eram forças locais que tinham
objetivo limitado em tempo de atuação (até uma semana) e contra inimigos locais.
As FE davam a capacidade de chamar apoio extra de artilharia, apoio aéreo
aproximado e helicópteros de ataque nas missões.
É importante não
confundir a
Força Delta com o Projeto Delta.
Em meados da década de 60,
As forças especiais operavam eventualmente por todo o Vietnã do Sul numa variedade de missões, das quais apenas algumas foram até hoje reveladas. Seu contato mais estreito foi com o ARVN (Exército Sul-vietnamita) — particularmente com o Montagnard, destacamento de montanha — do que com qualquer outra unidade das forças armadas americanas. Recebiam prêmios por heroísmo e dedicação ao dever numa proporção bem maior que a do número de missões. Apesar disso, sua relação com alguns elementos da cadeia de comando dos Estados Unidos nem sempre foi fácil.
O
Pós-Vietnã Depois da Guerra do Vietnam, não só as Forças Especiais, como todas as Forças Armadas dos EUA caíram em descrédito público e tiveram momentos difíceis. Aconteceram reduções na Força e nas finanças e o Pentágono teve que se adaptar aos novos desafios. Os EUA ainda sofreu um
grande revés com o fracasso dos reféns no Irã durante a operação Eagle Claw.
Nesta operação, liderada pela Força Delta, enquanto estivesse sendo realizado o
resgate na Embaixada americana pelos operadores Delta,
um Destacamento A (com treze homens) das Forças Especiais dos EUA, que estava
baseado em Berlim Ocidental, assaltaria o Ministério das Relações Exteriores, e
resgataria os três reféns e os levaria até um parque, onde seriam apanhados por
um helicóptero e também levados para o estádio de futebol, que seria assegurado
por Rangers e dali todos sairiam em
Com Ronald Reagan na presidência dos EUA a partir de 1981, os militares foram novamente valorizados, especialmente as Forças Especiais. Diante da invasão do Afeganistão pela União Soviética, do fracasso no resgate dos reféns americanos no Irã, da instabilidade na América Central, especialmente na Nicarágua, e dos problemas no Líbano, Reagan queria uma América forte e preparada em todos os sentidos.
Os
homens das Forças Especiais, estiveram envolvidos em várias operações
secretas durante os anos 80 especialmente em Honduras, Guatemala, El Salvador, Nicarágua e Oriente Médio.
El SalvadorNa década de 1980 homens das SF foram mobilizados para servirem com consultores militares em El Salvador. A sua missão era treinar o Exército salvadorenho, que nesta época estava lutando uma guerra civil contra as guerrilhas de esquerda da FMLN - Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional. Em 1992 a FMLN acertou um acordo de cessar fogo com o governo de El Salvador. Após o sucesso das SF em El Salvador, o 3º Grupo de Forças Especiais foi reativado em 1990. PanamáEm finais de 1988, as tensões entre os Estados Unidos e o Panamá foram extremamente elevados com o líder panamenho, Manuel Noriega, apelando para a dissolução do acordo que permitia aos Estados Unidos ter bases em seu país. Em Dezembro de 1989 o presidente George H W Bush ativou o planejamento para a secção da Operação Just Cause / Promover Liberty. Just Cause foi a parte da missão para depor Noriega e retorna o Panamá à democracia. Inicialmente planejada para se iniciar as 02:00h de 20 dezembro de 1989, se iniciou realmente as 23:15h quando quando parte de um descolamento das Forças Especiais já estava esperando o sinal para começar a avançar contra um portão do checkpoint panamenho. A Just Cause foi a primeira missão em que foi envolvido um grande contingente das Forças de Operações Especiais. As unidades que estavam envolvidas com a missão foram as seguintes: Joint Task Force Delta (Força Delta), Joint Task Force South (7º SFG, 5º SFG, 3º SFG, 4º PSYOP Grupo, 101ª Air Assault, 75º Rangers), e muitas outras unidades a partir de outras forças, como os Navy Seals, Marine Force Recon, e TCC da Força Aérea. A missão foi bem sucedida. ColômbiaNo final dos anos 1980, sério problemas com tráfico de drogas e terroristas dentro da região abrangida pelo Comando Sul (USSOUTHCOM - Responsável pelas operações militares na América do Sul, América Central, e Caribe (CARIBCOM)) atingiram níveis alarmantes. O 7º Grupo de Forças Especiais deslocou destacamentos, treinadores e consultores, em conjunto com equipes do 1º Batalhão de Operações Psicológicas para apoiar a Colômbia. Destacamentos das Forças Especiais dos EUA ainda operam em vários locais dentro Colômbia, treinando unidades contra-guerrilha e contra-narcóticos, e rotineiramente destacamentos das SF operam em outros países dentro da área de responsabilidade do USSOUTHCOM. Anos 1990 Os anos 90, com a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, trouxe um mundo repleto de desafios para Forças Especiais. O terrorismo voltou a ser uma ameaça em escala global, explodiram guerras de libertação e os conflitos étnicas sem avolumaram. Além de tudo isto Saddam Hussein e o Oriente Médio exigiram uma grande atenção e envolvimento dos EUA, tanto a nível político, quanto militar. Diante da invasão do Kuwait pelo Iraque, fez-se necessário montar uma grande Coalizão de Nações para expulsar o Ditador Saddam Hussein e trazer paz a região. Primeira Guerra do Golfo
Os homens das Forças Especiais foram extremamente importantes no processo de formação, integração e manutenção das forças que compunham a Coalizão. Com uma capacidade excepcional para trabalhar de forma integrada com exércitos estrangeiros, o domínio de vários idiomas e o conhecimento dos costumes de vários países, as Forças Especiais foram de suma importância na Operação Tempestade no Deserto. Mas os homens das SF (Special Forces) não ficaram apenas na retaguarda do conflito, eles trabalharam com os curdos no Norte do Iraque e com os grupos opositores xiitas no Sul, além de realizarem inúmeras outras operações que ainda permanecem secretas. Somália Após
o conflito no Iraque, as SF estiveram envolvidas na Somália (92-93) em apoio as
tropas da Nações Unidas que foram enviadas para intervir numa guerra entre as
facções do então presidente Ali Mahdi Muhammad e as tropas do general rebelde
Farah Aidib. Neste país aconteceu em 1993 um grande incidente envolvendo
forças americanas (Deltas e Rangers) e rebeldes da clan de Farah Aidib, quando
os americanos montaram uma operação para prender os tenentes de Aidib. A
operação foi comprometida e morreram 18 americanos e centenas de somalis Haiti As SF também estiveram envolvidas no Haiti (94), quando tropas norte-americanas foram usadas para garantir a posse do presidente eleito, o exilado Jean-Bertrand Aristide, que estava sendo impedido pelo general Raoul Cédras. Diante da grande pressão dos EUA Cédras cedeu e deixou o governo. Bálcãs Grandes conflitos étnicos aconteceram na região dos Bálcãs na década de 90, e em 1995 tropas americanas, juntamente com as suas SF, como parte da OTAN são enviadas para a Bósnia com o objetivo de garantir a assinatura formal do acordo de paz entre Sérvia, Croácia e Bósnia. Os americanos também se envolveram nos conflitos em Kosovo, e as SF estiveram na região travando contato com as forças do Exército de Libertação do Kosovo (ELK) que faziam oposição ao exército iugoslavo. E importante notar que as SF operaram tanto em Kosovo quanto na própria Iugoslávia, principalmente nas operações de assinalação de alvos para os aviões da OTAN e no monitoramento do exército de Milosevic. Um capítulo importante das Forças Especiais americanas é a sua contribuição ao combate ao narcotráfico. Desde os anos 80 que os militares americanos estão envolvidos neste tipo de operação, especialmente na América do Sul. Oficialmente assessores americanos treinam e monitoram tropas de vários países sul-americanos na luta contra os traficantes de drogas especialmente em países como a Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Porém muitas das suas operações são secretas e são realizadas em cooperação com a CIA e DEA (Agência antidrogas americana). Só em 1998 as SF realizaram 123 missões de combate ao tráfico de drogas em 104 países. As SF também desempenharam inúmeras outras missões de apoio a política externa americana como programas de intercâmbio, exercícios militares conjuntos, programas de treinamento e atividades humanitárias. Muitas destas missões foram realizadas de forma bastante discreta e executadas por pequenas equipes. Uma fator importante, que resultou do desmoronamento do império soviético foi a disseminação das armas de destruição em massa, sejam elas químicas, biológicas ou nucleares. Junto com outras agencias americanas e em cooperação com outros países as Forças Especiais estão empenhadas até os dias de hoje na monitoração desta grande ameaça. Organização: Há atualmente são sete os grupos de forças especiais (aerotransportados) — cinco ativos (1° Special Forces Group (Airborne)-SFGA, Washington, 3° SFGA, 5° SFGA e 7° SFGA e dois da Guarda Nacional (19° SFGA e 20° SFGA).
Cada Grupo de Forças Especiais é cobre uma parte do mundo recebendo treino de linguagem, cultura e geografia local. As localizações e as área de responsabilidade dos SFGA são as seguintes:
Direitos autorais 2007 HowStuffWorks DETALHAMENTO DOS TEAMS A-B-C ODA - Operational Detachment Alpha O elemento operacional primário de uma companhia de Forças Especial, é o ODA - Operational Detachment Alpha, mais conhecido como "A-Team". Comandado por um capitão, conta com dois oficiais e dez soldados. Cada membro da equipe é especialista em medicina, engenharia, inteligência militar, armamento ou comunicações. Eles também são multi-liguista. Quando o A-Team está treinando ou então formando uma força contra-revolucionária, essas habilidades são usadas para ensinar técnicas básicas aos recrutas locais. Na teoria, a cada mês um destacamento é capaz de formar uma unidade antiguerrilha com até 1.500 homens. Um A-Team é quase ilimitado em sua capacidade de operar atrás das linhas inimigas. Eles podem ser infiltrados por ar, mar ou terra. O tempo que podem ficar atrás das linhas inimigas é indefinido, mesmo o local sendo remoto, e o apoio externo quase inexistente. Eles podem treinar, aconselhar ou apoiar unidades militares americanas, de outras agências dos EUA ou de países amigos, e ainda terem condições de executarem outras operações especiais. Todos os seus membros são capazes de assessorar, apoiar, ou dirigir contrapartes estrangeiras em suas funções até o nível de batalhão. As capacidades de um A-Team altamente-versátil incluem: planejamento e comando de operações de SF separadamente ou como parte de uma força maior; infiltração e exfiltração em áreas operacionais por via aérea, terra ou mar; administrar operações em áreas remotas e ambientes hostis para períodos estendidos de tempo com um mínimo de direção e apoio externo; desenvolver, organizar, equipar, treinar e aconselhar ou dirigir forças nativas até tamanho de batalhão em operações especiais; treinar, aconselhar e ajudar outras forças americanas e forças aliadas; planejar e comandar operações de SF unilaterais; executar outras operações especiais conforme ordens superiores. Em uma Companhia de SF, um dos seis A-teams é treinado em combate subaquático e um é treinado em salto de queda livre militar. Ambos são usados como métodos de infiltração. O Destacamento pode servir como uma força de trabalho conjunta a qual os comandantes das SF organizam tipos "mixados" conforme a necessidade das missões.
Em geral, os
A-teams estão equipados com
comunicações táticas por satélite, rádios de alta-freqüência,
e sistema GPS. Os kits
médicos incluem
A distribuição de
equipamento é feita conforme missões específicas.
Para infiltração subaquática ou infiltração
por mar, as equipes de mergulhadores usam
por exemplo equipamentos de circuito aberto, circuito fechado, botes
ODA "A-team" - Estrutura
18 Alpha - COMANDANTE DO
DESTACAMENTO
18 Zulu -
SARGENTO DE OPERAÇÕES DE FORÇAS ESPECIAIS
18 Fox - SARGENTO
ASSISTENTE DE OPERAÇÕES DE FORÇAS ESPECIAIS
18 Bravo -
SARGENTO DE ARMAS DAS FORÇAS ESPECIAIS
18 Charlie -
SARGENTO ENGENHEIRO DAS FORÇAS ESPECIAIS
18 Delta - SARGENTO MÉDICO DAS FORÇAS ESPECIAIS
18 Echo - SARGENTO DE COMUNICAÇÕES DAS ESPECIAL
FORÇA
ODB - Special
Forces Operational Detachment Bravo
Um Destacamento B controla quatro A-Teams e é comandado por um major. Conta
com seis oficiais e dezoito soldados. Em serviço ativo, um "B-Team" pode
operar com autonomia. No Vietnã, por exemplo, os B-Teams formaram quadros
para as unidades de tropas de choque e aerotransportadas do Exército
sul-vietnamita.
Um A-team não pode se desdobrar ou não pode operar sem o apoio do B-team.
Este consiste em uma equipe 11 pessoas e é o elemento de QG da Companhia
de Forças Especiais. Age como o Comando e Controle dos A-teams dentro da
companhia. O B-team estabelece e opera a AOB -
ODC
Cada grupo de três B-Teams é controlado por uma companhia das Forças
Especiais, geralmente chamada de Destacamento C. Cada uma dessas companhias
tem dezenove homens, sendo seis deles oficiais, comandados por um
tenente-coronel. Os "C-Teams" indicam os objetivos aos outros destacamentos
e avaliam as informações secretas. No início dos anos 60, foram criadas as
Forças Especiais de Ação, que incluíam um grupo de assuntos civis, um
batalhão de operações psicológicas, um destacamento médico, um de engenharia
e uma unidade do serviço secreto do exército.
Dentro dos seis A-Teams Alfa que formam uma companhia da Força Especial, um
deles recebe treinamento especial em inserção aérea, e outro grupo é
treinado em inserção subaquática. Ambas as táticas, além de infiltração por
terra, são usadas para levar os Boinas Verdes de maneira rápida e silenciosa
para além das linhas inimigas. Algumas das operações mais importantes dos Boinas Verdes acontecem em
tempos de guerra. Existem dois tipos de táticas em época de guerra:
convencional e não-convencional, em uma guerra
pode haver os dois tipos. A guerra convencional inclui operações militares em grande escala.
Tanques, aviões, navios e
grandes forças de tropas são usados. Pense na guerra convencional como uma
marreta - o golpe pode causar um efeito profundo, e ela é pesada e de
difícil manejo. A guerra não-convencional funciona como um bisturi de precisão. Inclui
guerrilhas - batalhas que não são graduais e geralmente
acontecem de surpresa -, insurreições ou revoltas, assaltos rápidos e
precisos, e outras táticas de pequena escala que podem ter um grande efeito.
As operações dos Boinas Verdes se encaixam bem na categoria de guerra
não-convencional. Imagine que um país em guerra é uma grande
célula. O
front - a linha divisória entre oponentes militares - é a parede da
célula. Apesar de batalhas e combates enfraquecerem e mudarem a parede da
célula, ela é geralmente reforçada. As táticas convencionais conseguem
somente diminuir sua força. A melhor maneira de romper a parede de uma
célula é por dentro e por fora ao mesmo tempo. O papel dos Boinas Verdes em períodos de guerra é penetrar esta célula e
criar insurreições dentro do território inimigo, o que geralmente é
perigoso: frequentemente pede-se que os Boinas Verdes trabalhem sozinhos,
por longos períodos. Eles vivem como os habitantes locais, interagindo com
eles para conseguir informações e ganhar sua confiança. Os Boinas Verdes
vivem de suas próprias sanidades mentais, tomando suas próprias decisões com
pouca, às vezes nenhuma, interferência ou ajuda de seus superiores. Para ter sucesso, um Boina Verde deve trabalhar à paisana com freqüência,
deixando-o vulnerável e fora da jurisdição da Convenção de Genebra. De acordo com a Convenção de Genebra - tratado global que
define as funções de um combatente durante a guerra e que descreve os seus
direitos -, nenhum soldado capturado sem uniforme está sujeito à proteção da
Convenção. Isso significa que ele pode ser torturado e assassinado se for
encontrado por combatentes inimigos, o que torna seu trabalho muito mais
perigoso. Uma vez dentro do território inimigo, os Boinas Verdes identificam grupos
insatisfeitos, aquelas pessoas que não estão felizes com a atual estrutura
de poder ou com as condições de vida correntes. Podem ser tribos nativas ou
comunidades que tenham sido maltratadas pelo atual poder, minorias, ou a
própria estrutura de poder anterior. Os Boinas Verdes unem estas pessoas -
geralmente com históricos bastante diversos - em uma força de combate ou em
exércitos de guerrilha. Isso se chama multiplicar forças
(expandir o número de tropas combatendo junto com os EUA contra outras forças armadas através do
recrutamento de pessoas nativas), e os Boinas Verdes são bons nisso. Durante
a Guerra do Vietnã, por exemplo, alguns Boinas Verdes
conseguiram reunir várias tribos indígenas em um exército de 60 mil membros,
a Força de Defesa Irregular Civil. Os exércitos de guerrilha que os Boinas Verdes reúnem atrás das linhas
inimigas são treinados, equipados e liderados pelas Forças Especiais. Os
Boinas Verdes também são muito bons em coletar informações sobre o inimigo,
assim como disseminar desinformações, e até mesmo afetar diretamente as
capacidades de informações das forças armadas oponentes através de ataques à
infra-estrutura de comunicações. Devido à sua discrição e habilidade de desaparecer subitamente, os Boinas
Verdes são um recurso de muito valor na localização de alvos para as forças
armadas convencionais. No Afeganistão, por exemplo, os Boinas Verdes selecionaram e
obtiveram os alvos que teriam mais impacto para os mísseis dos Estados
Unidos. Durante a guerra, os
Boinas Verdes trabalham sozinhos em território inimigo. Após a guerra, eles
trabalham para estabelecer um ambiente onde agências oficiais podem ser
organizadas e entrar em operação. Quando os Estados Unidos (em inglês)
conseguem derrotar forças armadas estrangeiras, o governo que foi deposto
deixa um vácuo de poder - em outras palavras, não há ninguém no comando. Os Estados Unidos têm uma política declarada contra a formação de
nação, o que significa que a nação não invade países para alterar
sua estrutura para melhor atender as necessidades da nação. Apesar de ser a
política oficial, quando um governo é derrubado pode ser quase inevitável
que o poder que conquista tome atitudes para restaurar a ordem e influenciar
o governo. Durante o tempo em que reúnem exércitos de guerrilha, interagindo com
nativos e reunindo informações durante períodos de guerra, os Boinas Verdes
estão em uma posição única e útil para identificar o grupo mais amistoso que
muito provavelmente preencherá o vácuo de poder. Isto é parte do papel que
os Boinas Verdes desempenham no período pós-hostilidade
(imediatamente posterior à guerra). Ao orientar líderes de grupos e oferecer
o apoio dos Estados Unidos, os Boinas Verdes atuam como diplomatas secretos
e auxiliam grupos estrangeiros a chegar ao poder depois que um governo é
deposto. Outras operações dos
Boinas Verdes evoluíram a partir da mudança no clima sócio-político moderno.
Atividades de contra-proliferação, por exemplo, são uma função bem recente
dos grupos de Forças Especiais. Nestas atividades, os Boinas Verdes
identificam, encontram e removem ou inutilizam armas de destruição em massa,
também conhecidas como armas nucleares, biológicas e químicas. Atividades de contra-terrorismo também emergiram como um papel importante
que os Boinas Verdes desempenham. Além de realizarem operações de
contra-terrorismo pelo mundo, os Boinas Verdes têm trabalhado dentro dos
Estados Unidos. Devido à falta de agentes que falam árabe e de provas de
ameaça terrorista real, o FBI contou com a ajuda de Boinas Verdes que
traduziram conversas e documentos entre suspeitos terroristas. Os Boinas
Verdes deram ao FBI as pistas de que eles precisavam, anulando um ataque
terrorista planejado para o dia 31 de dezembro de 1999 no Aeroporto
Internacional de Los Angeles [fonte: Truman National Security Project]. Vencer uma guerra requer mais que armamento, suprimentos e tropas. Também
é de bastante ajuda o apoio (ou pelo menos a anuência) da população local.
Quando o General de Brigada Robert McClure ajudou a fundar os Boinas Verdes
em 1952, sabia que as táticas convencionais pediam ajuda psicológica. A
propaganda já havia sido usada em larga escala na Segunda Guerra Mundial, e
em vários níveis em todas as guerras em que os Estados Unidos se envolveram
antes dela. Mas McClure ajudou a trazer a psicologia de ganhar os "corações
e mentes" de um povo conquistado para o âmbito da ciência militar.
Desde o início, os
Boinas Verdes sempre foram treinados em Operações Psicológicas (PSYOPs) no
Centro de Psicologia de Guerra de Fort Bragg, Carolina do Norte (em Inglês).
Este treinamento é intercalado e apoiado pelo treinamento em línguas,
sensibilidade cultural, e intenso estudo das Áreas de Operação (AOs) do
grupo. Ao compreender os valores do povo de uma área, os Boinas Verdes podem
auxiliar no ajuste das mensagens contidas nas operações psicológicas para
obterem o melhor resultado possível. Operações psicológicas de grande escala
são criadas pelo comando de operações psicológicas, o Comando de Operações
Psicológicas e Interesses Civis das Forças Armadas dos Estados Unidos (em
inglês) (USACAPOC). Mas as missões de verdade em terra são geralmente
realizadas pelos Boinas Verdes. Convencer um povo que sofreu invasão de que a ocupação de seu país pelos
Estados Unidos é benéfica pode ser uma tarefa monumental. Mesmo assegurar à
população que os militares não vão lhe fazer mal pode ter efeitos de longo
alcance no resultado de uma guerra. As operações psicológicas também fazem
parte das tarefas de pós-guerra dos Boinas Verdes - orientar um líder sobre
como ganhar o apoio de um grupo descontente da população, por exemplo.
Técnicas de Operações Psicológicas O contato pessoal também é importante, como patrulhas que visam a
cumprimentar a população local e incluem atos de benevolência e ajuda
humanitária (falaremos mais sobre isso a seguir). A imagem de um soldado
entregando um ursinho de pelúcia a uma menininha, ou um pelotão distribuindo
água pode ter um efeito positivo na maneira como os militares americanos são
vistos. É tarefa dos Boinas Verdes determinar as maneiras mais eficazes de
conduzir as operações psicológicas, e eles também podem ter um papel ativo
na sua execução. Nem sempre isso acontece no contexto de uma guerra. Às vezes as operações
psicológicas podem ser usadas para prevenir guerras. No Haiti, em 1994, os
Estados Unidos tiveram muito equilíbrio para invadir as Ilhas do Caribe (em inglês) para restaurar o governo do Presidente Jean-Bertrand
Aristide e depor o regime militar que governava o país. Na operação chamada
de Defesa da Democracia, os Boinas Verdes realizaram operações psicológicas,
incluindo distribuição de panfletos e transmissão por rádio de discursos de
Aristide, e conseguiram convencer os cidadãos do país de que a
"democratização" seria benéfica para sua nação. Estas operações de
propaganda foram consideradas de extremo sucesso, e as forças convencionais
americanas que entraram no país encontraram pouca resistência armada, o que
poupou vidas de ambos os lados. O mesmo treinamento
e entendimento de cultura que transformam os Boinas Verdes em uma importante
vantagem para as forças armadas dos Estados Unidos também os
tornam importantes para as pessoas necessitadas em geral. As operações
humanitárias em tempos de guerra que visam ganhar os "corações e mentes" das
populações locais funcionam bem quando crises surgem em tempos de paz. Em Ruanda nos anos 90, os Boinas Verdes realizaram operações para ajudar
refugiados capturados no confronto da guerra civil que tomava a nação
africana. Os Boinas Verdes ajudaram milhares de pessoas chegarem a campos de
refugiados e também auxiliaram na operação dos campos. Durante a guerra
civil da Nicarágua nos anos 80, os Boinas Verdes guardaram as
fronteiras que o país da América Central compartilhava com
Honduras e El Salvador. Também obtiveram sucesso em
evitar que a violência da guerra atravessasse a fronteira e incitasse
batalhas nas nações vizinhas. Além de interromper
as linhas de suprimentos normais, a guerra deixa muitas marcas na região,
como minas e artilharias não detonadas, além de armadilhas explosivas que
foram esquecidas. Após a Guerra do Vietnã (em inglês), os campos e matas do
Camboja (em inglês) estavam tão cheios de minas não detonadas que o país
tinha a maior população per capita de amputados, com um em cada 236
cambojanos que perderam pelo menos um membro do corpo [fonte: Clear Path
International]. Outro trabalho humanitário dos Boinas Verdes são as
operações de inutilização de minas, nas quais destacamentos viajam para
nações estrangeiras para remover e inutilizar armamento não detonado. Durante uma época dos anos 70, os efeitos das missões humanitárias dos
Boinas Verdes foram sentidos também nos Estados Unidos. Após a Guerra do
Vietnã, os Boinas Verdes deram início à operação SPARTAN (Proficiência
Especial em Terrenos Acidentados e Construção de Nação). Nesta operação, os
Boinas Verdes viajaram para áreas rurais pobres da Flórida e da Carolina do
Norte e ajudaram as populações locais com assistência médica e projetos de
construção comunitária que incluíam escolas e hospitais. O que você achou desta página? Dê a sua opinião, ela é importante para nós. | |||||||