Tanque Sherman


Parte I - Parte II

Sherman M4A3, armado com um canhão de 75mm, dando apoio a infantaria americana no Noroeste da Europa em 1944

O M4 foi o tanque principal produzido pelos EUA para seu uso e de seus aliados durante a Segunda Guerra Mundial. A produção do tanque médio M4 excedeu 50.000 unidades e seus chassis serviram como base para numerosos outros veículos blindados como destruidores de tanque, recuperadores de tanques e artilharia autopropulsada. O M4 recebeu o nome do General da União, William Tecumseh Sherman, seguindo a prática britânica de nomear os tanques usados pelo Grã-bretanha e construídos nos EUA com nomes de generais famosos da Guerra Civil americana. Subseqüentemente o nome britânico se tornou lugar comum inclusive nos EUA. Após a Segunda Guerra Mundial, o M4 foi usado pelos EUA até o fim da Guerra da Coréia. Muitas nações continuaram usando o tanque em seu papel de treinamento e combate as décadas finais do século XX.

O protótipo do M4

O Exército dos EUA projetou o Tanque Médio M4 como uma substituição para o M3 Lee e de sua versão modificada, o M3 Grant, em fevereiro de 1941 quando já era claro para o governo dos Estados Unidos que o país seria tragado pela guerra. O Lee era um desenvolvimento originário do Médio Tanque M2 que era derivado do Tanque Leve M2. O M3 foi desenvolvido rapidamente como um tanque substituto e recebeu um novo canhão de 75 mm, porém tinha uma silhueta alta para abrigar um canhão de 37mm. Uma falha considerável era que a sua arma principal era inflexível.

Detalhes do desenho do M4 foram apresentados ao Exército dos EUA no dia 31 de agosto de 1940, mas o desenvolvimento de um protótipo teve que ser atrasado para que a produção final do desenho do M3 pudesse ser terminada, e este tanque entrasse em escala de produção industrial. No dia 18 de abril de 1941 foi escolhido o mais simples dos 5 designes do M4. O T-6 utilizaria essencialmente o chassi do M3. Sua superestrutura (casco) foi modificada a fim de permitir o uso de uma torre convencional, armada com um canhão de 75mm de duplo propósito. Segundo as especificações do Exército norte-americano, era necessária uma arma deste tipo, capaz de disparar tanto um projétil alto-explosivo quanto um perfurador de blindagem. Neste projeto os americanos se beneficiaram de designes desenvolvidos para seus tanques leves, como suspensão, esteiras de borracha, etc. A meta era ambiciosa: construir um tanque médio que fosse capaz de destruir qualquer outro tanque produzido pelas nações do Eixo. O protótipo T-6 sofreu inúmeras modificações, e o primeiro M4A1, que teve seu protótipo em 2 de setembro de 1941, e emergiu da fábrica Lima Locomotive Works em, Ohio, em fevereiro de 1942, dois meses após a entrada dos Estados Unidos na guerra. Embora o M4A1 fosse o segundo modelo a ser padronizado - o primeiro seria o M4 - este modelo foi a primeira variante a entrar em produção.

Produção história

A produção, do então oficialmente denominado "Tanque Médio M4", cresceu em 100% em função da demanda causada pela Operação Barba-roxa, o ataque alemão à União Soviética no verão de 1941. Mais de 50 mil veículos, dentre os mais variados modelos de M4, foram produzidos entre 1942 e 1946, com muitas modificações feitas durante a produção, em empresas como a Ford, Fisher, Federal Machine & Welder e a Pacific Car & Foundry.

Durante o seu período de produção, as sete principais designações do Sherman no Exército dos EUA, M4, M4A1, M4A2, M4A3, M4A4, M4A5 e M4A6, necessariamente não indicavam melhorias lineares: por exemplo, A4 não queria dizer que era melhor que o A3. Ao invés disto, estes sub-tipos indicavam variações de uma produção unificada de tanques M4 fabricados simultaneamente em locais diferentes. Os americanos necessitavam construir um grande numero de blindados e conseguir atingir elevadas metas, isto levou a que muitas vezes, a falta de alguns componentes levasse à sua substituição por outros e dai novas designações. Por exemplo com o motor radial Continental, que foi substituído por um Ford GAA-V8 (M4-A4) e por um motor Caterpillar RD180 radial (M4-A6). Os modelos iniciais M4-A1 são facilmente identificáveis pelo casco moldado, que apresenta as laterais arredondadas.

Tipos de suspensão do Sherman

Os modelos M4-A1 foram submetidos a várias modernizações, pelo que é comum vermos veículos mais antigos (M4-A1 com o casco arredondado) equipados ou com outros canhões, ou adaptados para outras funções. É o caso por exemplo dos tanques M4-A1 que receberam a suspensão mais moderna HVSS (Horizontal Volute Spring Suspension). O M4-A2 não diferia muito do M4-A1, com a diferença de utilizar um motor General Motors a Diesel. O M4-A3 e M4-A4 têm casco soldado. Por causa do seu motor Diesel, o M4-A2 foi fornecido à União Soviética, que recebeu uma boa parte dos exemplares fabricados. Do total de 2.915 modelos da séria M4-A2 que foram fabricados, 2.095 (cerca de 72%) foram enviados para a União Soviética. 22 unidades do M4-A2 perderam-se quando o navio que os transportava para a URSS foi afundado por submarinos alemães. O M4A6 também era diesel. O M4A5 foi designado para ser produzido na Canadá.

Muitos detalhes de produção, forma, força e desempenho melhoraram ao longo de vida de produção sem uma mudança para o número de modelo básico do tanque como por exemplo: unidades de suspensão mais duráveis, deposito de munição (W) "molhado" mais segura e arranjos na blindagem para torná-la mais forte. A nomenclatura britânica diferiu da empregada pelo EUA.

O Exército dos EUA começou a trabalhar em um substituto para o Sherman, chamado Tanque Médio T-20, mas no final das contas o Exército decidiu minimizar rompimento da produção incorporando elementos de outros desenhos de tanques na produção do Sherman. Depois os modelos M4A1, M4A2 e M4A3 receberam a torre T-23 maior e que podia alojar o canhão M1 (versão terrestre adaptada para utilização em carros de combate de um canhão de artilharia antiaérea naval) de alta-velocidade de 76mm. Os britânicos ofereceram o seu canhão de 17 libras (76.2 mm) muito melhor que a arma dos EUA, mas como os americanos estavam trabalhando num tanque com um canhão de 90 mm (o M26 Pershing), eles infelizmente recusaram a oferta britânica e isto refletiu duramente nos campos de batalha da Europa em 1944-45. Depois foram produzidos os M4 e M4A3 com um obus de 105 mm. O modelo padrão Do Sherman com 76 mm era o M4A1 que teve a sua produção iniciada em janeiro de 1944 e a produção do Sherman com o obus de 105 mm começou em fevereiro de 1944.

Os EUA iniciaram em junho-julho de 1944 uma produção limitada de 254 M4A3E2 Jumbo Shermans com armadura muito grossa e uma arma de 75 mm em uma nova torre T23 (originalmente maior por abrigar um canhão de M1 de 76 mm)  mais pesada com o objetivo de assaltar fortificações. O M4A3 era o primeiro em ser produzido com a nova suspensão HVSS (Horizontal Volute Spring Suspension) com esteiras mais largas para baixa pressão no solo. Essa versão foi denominada M4-A3 E8 (conhecida como Easy Eight).

Os americanos desenvolveram várias versões especiais do Sherman. A maioria permaneceu experimental, mas as que participaram de combates incluíam o Sherman Dozer (com uma lamina escavadeira) e o Sherman DD (Duplex Drive - Dupla Propulsão) "nadador", o R3 lança-chamas, conhecido por Zippo (uma marca de isqueiro) e o T34, com um lança foguetes de 4.5 polegadas montado acima da torreta. Uma grande variedade de surgiram a partir dos chassis básicos dos Sherman como os recuperadores de tanques M32 e M74 e para peças de artilharia como um morteiro de 81 mm para granadas de fumaça (M34) e o M35 (do M10A1), e canhões autopropulsados M7B1, M12, M40, and M43 e destruidores de tanques M10 e M36.

Tanque anfíbio Sherman DD - Duplex Drive

Os "Shermans DD" que usavam uma espécie de "saia-de-lona" que teoricamente permitiria que estes tanques deixassem seus transportes e "navegassem" até a praia. Enquanto as "saias" (que eram feitas de lona sanfonada) não se rasgaram ia tudo bem...

Mas no Dia-D a operação com a maioria desses tanques virou uma tragédia. O interessante é que nos testes feitos a exaustão correu tudo bem. Além da Normandia, foram usados na travessia do Reno e no vale do Pó (Itália). As versões britânicas do Sherman que usaram esse dispositivo foram a III e a V.

Como parte da Operação Fortitude, que tinha o objetivo de enganar os alemães sobre o local dos desembarques no Dia-D, levando o inimigo a pensar que fosse em Pas de Calais, muitas Shermans de borracha foram construídos e deslocados para Kent, sendo posicionados ao lado de falsas peças de artilharia feitas de compensado. Outra versão falsa do Sherman era feita de uma tela pintada em cima de uma armação de aço que poderia ser montada em cima de Jipe, simulando um tanque em movimento.

Em serviço

Durante Segunda Guerra Mundial, o M4 Sherman serviu com o Exército dos EUA e Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (USMC). Uma grande quantidade de Shermans foi transferida para as forças aliadas do Reino Unido (incluindo o Commonwealth), União Soviética, França Livre, Governo polonês no exílio, Brasil e China. O USMC usou a versões diesel M4A2 e a gasolina M4A3 no Pacífico. O Exército dos EUA usou todos os tipos para treinamento ou testes dentro dos Estados Unidos mas designou as versões M4A2 e M4A4 para serem exportadas nos acordos firmados com os aliados dos EUA. Necessidades britânicas também reivindicaram uma grande quantidade dos M4 e M4A1.


 

O batismo de fogo do Sherman se deu em 24 de outubro de 1942 com o 8º Exército britânico durante a Batalha de El Alamein junto às tropas blindadas britânicas. O layout do M4A1 mais moderno em relação ao M3 Grant e Lee e o poder de fogo superior aos seus contemporâneos, imediatamente, tornaram o M4 muito popular entre os britânico. O primeiro Sherman "americano" a entrar em combate foi o M4A1 usado durante a Operação Tocha em novembro de 1942. Os Shermans substituíram os restantes dos M3 nos batalhões de tanques dos EUA durante o curso das campanhas da África do Norte. O M4 e M4A1 eram os  principais tanques nas unidades dos EUA até fins de 1944, quando o M4A3 com um motor de 500 hp (370 kW.) começou a substituir os M4s e M4A1s como a versão principal. Porém, os M4s e M4A1s mais velho continuaram em serviço com os americanos pelo resto da guerra.

A primeira arma de 76 mm a entrar em combate (em julho de 1944) foi com o M4A1, de perto seguido pelo M4A3. Ao final da guerra, metade dos Shermans do Exército dos EUA na Europa estavam armados com o canhão de 76 mm.. O primeiro sistema HVSS a ver combate foi com o M4A3E8 (76) W em dezembro de 1944.


 

Depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA mantiveram o M4A3E8 "Easy Eight" em serviço armado com o canhão de 76 mm ou o obus de 105 mm. O Sherman permaneceu em serviço como o mais numeroso tanque na linha de frente no Exército dos EUA até a Guerra da Coréia (1950-1953) quando começou a ser substituído pelo moderno Patton nos anos cinqüenta. O EUA continuou transferindo tanques Shermans para muitos dos seus aliados.

Armamento
Quando o Sherman viu seu combate primeiro em 1942, sua arma era o canhão M3 de 75 mm. que poderia penetrar a blindagem do modelo mais antigo dos tanques alemães em operação na África do Norte. Porém, com a invasão da Normandia se aproximando, foi descoberto que o canhão M3 de 75 mm era completamente ineficaz contra a blindagem frontal do Panther e do Tiger I alemães e a frente da versão posterior mais comum dos tanques alemães como o Panzer IV.

O canhão M3 de 75 mm obsoleto para Teatro de Operações Europeu (TOE) exigiu rapidez na entrega de Shermans armados com o M1 de 76 mm, como também tanques e destruidores de tanque com o canhão M3 de 90 mm. Embora os Shermans armados com o obus M4 de 105 mm proviam armamento altamente explosivo e mais poderoso, eles eram de uso limitado contra os tanques inimigos devido pois entre outros problemas era difícil de acertar nos pequenos alvos com um obus.

Os número crescente dos Panteras na frente ocidental levaram o Exército dos EUA a desdobrar o canhão de 76 mm para armar os Shermans que iriam que iriam desembarcar na Normandia em 6 de junho de 1944. A alto-velocidade do canhão M1 de 76 mm deu pelo menos aos Shermans potência de fogo antitanque igual a maioria dos veículos alemães que eles encontrariam, particularmente o Panzer IV e o StuG.

Porém, com a munição regular M79 AP (Armour Piercing, Shot) ou APCBC (M62), o 76 mm. poderia ter só uma chance para bater fora um Panther em um combate a curta distância com um tiro para seu manlet dianteiro, ou com um tiro no seu flanco. A longa distância, o Sherman era presa fácil para o canhão de 75 mm do Panther que poderia penetrar a blindagem do Sherman facilmente. Isto contribuiu para às altas perdas dos Shermans que os EUA experimentaram no TOE.

O Comando Aliado considerava que eram necessários 5 Shermans para combater cada Panther com possibilidades de sucesso. Assim, após os desembarques na Normandia, a tática favorita das tripulações dos Shermans dos exércitos aliados quando descobriam alguns Panthers emboscados era aguardar fora do alcance das peças alemãs e chamar os aviões caça-tanques Typhoon para resolverem o problema a partir do ar. Centenas de Panthers foram assim destruídos nos combates na Normandia. Quando os Shermans enfrentavam os Tiger II que tinha blindagem de 100 mm, e era inclinada em relação ao solo, não podiam enfrentá-lo em um combate aberto, a tática ofensiva neste caso era utilizar em média 5 tanques para atirar primeiro na esteira imobilizando assim o tanque alemão, em seguida eles flanqueavam o mesmo para poder atacar a parte traseira do tanque, no compartimento do motor do tanque, onde a blindagem era mais fina e tinha alguns buracos que ajudavam no resfriamento do motor. Ou seja uma estratégia militar simples, flanquear e atacar por trás.

A munição HVAP (Hypervelocity Armor Piercing) M93, foi desenvolvida para a arma de 76 mm em 1944 de julho. Este novo projétil poderia penetrar a torreta dianteira de um Panther em uma distância maior. Porém, sua distribuição foi priorizada para as unidades destruidoras de tanques do Exército dos EUA.

Existe uma controvérsia sobre a utilidade do Sherman no TOE. Muitos defendem que ele era um bom tanque, e em certo ponto estão certos. A chave para a controvérsia de quanto o M4 era "bom" pode ser encontrada na doutrina oficial do Exército norte-americano em relação aos blindados durante a Segunda Guerra Mundial. Os M4 essencialmente  deveriam ser usados como apoio em ataques de infantaria nas operações ofensivas e servir como artilharia contra pontos fortes de resistência inimiga. Não era sua função enfrentar ou destruir os tanques inimigos. Tais missões deveriam ser executadas pelos destruidores de tanques, como os M3 75mm, M10, M18 e M36, apenas para citarmos os mais conhecidos. Além disso os caça-bombardeios tinham uma missão importante também na destruição dos blindados inimigos como relatado acima, com o Typhoons. Participavam dessas missões também os P-47 e P-51, principalmente.

No Pacífico houveram poucas batalhas de tanques, e até mesmo a arma de 75 mm dos Shermans excedia o poder de fogo dos blindados japoneses. O uso de munição HE (High Explosive) foi preferida porque era suficientes para penetrar na fina blindagem dos tanques japoneses (tanques leves com desenho da década de 1930) sem necessariamente os parar. Embora a alto-velocidade disparado pelos destruidores de tanque fosse útil para penetrar fortificações, os Shermans também usavam lança-chamas na destruição de das fortificações japonesas. Havia uma variedade de tipos de lança-chamas, diferindo principalmente no tipo e local de lançador.

Um dia rotineiro na Normandia

O Sherman tinha uma tripulação de 5 homens. O comandante, que ficava na torreta o tempo todo, expedia ordens através do intercon e as recebia pelo rádio do esquadrão, responsabilizava-se pela leitura do mapa e, armado de binóculos, levantava os alvos.

O artilheiro passava o dia todo sentado num banquinho, espiando por um pequeno periscópio de 15 cm x 2 cm. Ele aponta o canhão para o alvo por meio de dois volantes, disparava com um pedal, e esperava que ele fosse remuniciado. Isto era feito pelo soldado municiador que, quando não estava metendo granadas na culatra ou às volta com uma metralhadora enguiçada, passa o tempo operando o aparelho de rádio. Estes homens ficavam na torreta. Embaixo iam o motorista, que não só cuidava do motor, mas do tanque em geral, e o quinto membro da tripulação, o co-motorista, que se sentava ao lado do motorista, exceto no tanque dotado de canhão de 17 Ib. cuja munição ocupava tanto espaço que só deixava lugar para quatro homens. Em geral o co-motorista se encarregava do preparo das refeições, pois era quem menos tinha o que fazer. Esta era a tripulação. Eles viviam, comiam, dormiam e lutavam juntos. O tanque era sua casa, casa mais ou menos auto-suficiente, pois dispunha de um fogão a gasolina, beliches, e carregava água, comida e barraca para acampar.

Na Normandia, se moviam e lutavam  freqüentemente o dia inteiro, ou talvez apenas observando e esperando, o que é igualmente cansativo. Após o anoitecer, quando liberados pela infantaria, eles se reuniam ao resto do esquadrão num "porto" escolhido, onde podiam preparar uma refeição, reabastecer os tanques e dormir um pouco durante as horas da noite, Se a artilharia alemã estava ativa, eles dormiam nos tanques ou num poço cavado debaixo dele medida esta perigosíssima, pois em certos terrenos o peso do tanque podia fazê-lo afundar, esmagando os que estivessem em baixa dele.

Eis o que os homens do Real Corpo Blindado britânico, que lutaram na Normandia, pensavam a seu respeito da capacidade de combate do Sherman: "Não demoramos muito a sentir que nossos tanques eram superados pelos tanques e canhões antitanque inimigos, e que em luta aberta, a qualquer distância superior à alça de mira zero, sempre saiamos perdendo. A blindagem do Sherman raramente resistia a uma bala penetradora de blindagem, exceto a distância muito grande, e quando penetrado, em geral explodia em chamas quase que espontaneamente, acrescentando queimaduras às outras formas de transformar em baixas os seus tripulantes".

Os cinco tripulantes de um tanque Sherman da 3 Divisão Blindada dos EUA no Noroeste da Europa em 1944. Os tripulantes

usavam para sua autoproteção as submetralhadoras Thompson .45 ou a M3 (vista na ilustração) e pistolas Colt M1911A1 .45

Blindagem

A blindagem do Sherman era efetiva contra os canhões dos tanques do início da Segunda Guerra Mundial. A espessura frontal era de 91 mm, a torre frontal de 76 mm e o casco frontal de 63 mm. A blindagem frontal do Sherman foi projetada para resistir a velocidade baixa do canhão de 50mm Kwk 38 L/42 que era uma arma antitanque alemã comum e o canhão do tanque médio Panzer III durante a Campanha da África do Norte em 1942. Porém, a blindagem do Sherman, enquanto boa para um tanque do início da guerra, era inadequado contra o canhão de 75 mm KwK 40 L/48 uasado pelo Panzer IV, a alta velocidade do canhão de 75mm KwK 42 L/70 usado pelo Panther, e o infame canhão 88mm KwK 36 L/56 usado nos tanques Tiger. Era esta deficiência em sua blindagem frontal que fazia o Sherman ser muito vulnerável para a maioria dos disparos antitanque alemães em 1944.

Para a sobrevivência da tripulação, o M4 tinha uma porta no fundo do casco, os fuzileiros navais usaram esta característica para recuperar algum soldado ferido debaixo de fogo no Pacífico. As experiências de combate indicam que uma única porta de escape para a torre de 3 homens era inadequada para a evacuação oportuna, assim foi adicionada uma saída para o comandante. Depois os Shermans também receberam um casco redesenhado para melhorar a evasão.

Os modelos de shermans mais antigos eram propensos a queimar quando golpeados com munição de alta velocidade. O Sherman ganhou apelidos de "Tommycooker" (pelos alemão que se referiram a soldados britânicos como "Tommys"; um fogão tommy era como se chamava o fogão de trincheira na Primeira Guerra Mundial). Com seu humor característicos os britânicos os chamavam de "Ronsons", se referindo a um famoso isqueiro de cigarro que tinha o slogan "Ilumina a primeira vez, toda vez!", enquanto tanquistas poloneses se referiam ao Sherman como "A Sepultura Ardente." Esta vulnerabilidade aumentava o número de baixas entre a tripulação e significava muitos veículos danificados e com pouca probabilidade de serem reparados.

O Exército dos EUA pesquisou a razão de tantas baixas e chegou a conclusão de a munição estocada ficava desprotegida. O mito comum era que o uso de motores a gasolina era o culpado é pelos incêndios; a maioria dos tanques da Segunda Guerra Mundial usaram motores a gasolina. No princípio um remédio parcial para evitar o  fogo da munição era soldar uma polegada de blindagem nos lados dos depósitos de munição. Modelos posteriores moveram o deposito de munição para o piso do casco, com placas de água adicionais que cercavam o deposito de munição da arma principal. Isto diminuiu a probabilidade de "se preparar para sair."

A blindagem foi progressivamente sendo fortalecida nos vários modelos seguintes, enquanto improvisações de campo incluíram a adição de sacos de areia para proteger de tiros de morteiro a superfície superior do casco do tanque, que tinha uma blindagem muito fina. Os sacos eram armados ao redor da lataria (que aumentava o peso e acarretava em quebras no motor e suspensão). Também se usava  madeira, pedaços de esteira, e outros materiais. O General George S. Patton, informado pelos peritos técnicos de que a adição de sacos de areia aumentava a vulnerabilidade do tanque pois causava problemas nos chassis, devido o peso extra, proibido o uso de sacos de areia e ao invés disso ordenou que todos os tanques sob se comando devia ter o ter o casco dianteiro placas extras de blindagem.

Mobilidade estratégica
O Exército de EUA exigiu que o Sherman não excedesse certas larguras e pesos para permitir que este pudesse usar uma variedade pontes, estradas de rodagem e de ferro em seu deslocamento. O peso do Sherman, não ultrapassando 40 toneladas, foi pensado devido a limitação do número dos navios que podiam transportar blindados mais pesados e que os portos, tanto nos EUA quanto na Europa estavam melhor adaptados para operar cargas neste limite de tonelagem. O substituto do Sherman na Segunda Guerra Mundial, o tanque M26 Pershing, que só chegou a Europa no início de 1945, sem gerar muito efeito no desfecho do conflito, era maior e mais pesado e só podia ser desembarcado em portos completamente equipado com guindastes. Seu desembarque numa praia não era possível, o que teria feito muito diferença no Dia-D. Um LST podia transportar dois Shemans até a praia.

Mobilidade tática
O Sherman desenvolvia uma boa velocidade tanto na estrada, quanto fora dela. O seu desempenho off-road era variável. No deserto, era se desenvolvia bem, nas montanhas da Itália o Sherman poderia cruzar facilmente terrenos que os tanques alemães não podiam. Porém, as tripulações americanas achavam o desenvolvimento do Sherman inferior aos blindados alemães da segunda geração (como o Panther) em terrenos macios, como lama ou neve, devido as fraca pressão das esteiras estreitas. As experiências das tripulações soviéticas de Shermans também eram semelhantes e foram modificadas as esteiras para melhorar o desenvolvimento em terrenos com neve. Esse problema foi corrigido com o M4A3E8 "Easy Eight" e modelos mais modernos, adotando-se a suspensão HVSS, mas esses modelos formaram só uma proporção pequena dos tanques americanos em serviço em 1945.

A serviço dos aliados dos EUA

Shermans britânicos

O Império britânico recebeu 17.184 tanques Sherman debaixo do programa de Empréstimo e Arrendamento de material bélico do governo dos EUA. Aparamente 78% de todos os Shermans que foram providos por este programa para nações aliadas dos EUA, foram destinados aos britânicos. Neste caso esse número inclui todos os Shermans usados pelos paises membros do Império britânico.

Depois de muitos golpes no campo de batalha, os ingleses praticamente desistiram de produzir seus tanques médios em larga escala, passando a utilizar os tanques americanos. O tanque inglês que teve o melhor retrospecto foi o Churchill, que ainda foi usado até o fim da guerra, ao contrário dos fracos e frágeis Matilda e Crusader, muito usados no Norte da África, mas tirados de serviço antes do fim do conflito.

Os primeiros Shermans operados pelos britânicos em combate eram os Mark I (M4A1) em sua versão inicial ("Very Eearly"), usados no deserto ocidental no Norte da África com o 8º Exército, que tiveram o seu batismo de foto durante a batalha de El Alamein em outubro de 1942. Os Shermans vieram para substituir os tanques Grant e Lee, substituição completa em 1944, completada pelos tanques britânicos Churchill e Cromwell.

Os novos Shermans do 8º Exército receberam modificações bastante visíveis (para lamas, compartimentos para guarda de material, suportes para colocar latas e afins). Os Ingleses receberam muitos M4A4, pois este modelo praticamente só foi destinado aos russos e britânicos, sendo muito pouco usado pelos próprios americanos. A denominação Britânica para o M4A4 era Sherman Mk V, igualmente quase todos Shermans Firefly eram baseados neste modelo e denominados Sherman Mk V C (o C especificava Firefly). A mudança mais significativa dos Shermans britânicos era o rádio que se notava apenas na parte interna. O Firefly, além do canhão de 17 libras (denominação britânica que designava o peso do projétil e não o seu calibre) tinha a posição ao lado do motorista eliminada para armazenar munição e a abertura da metralhadora coberta por uma placa, o rádio (britânico) era montado atrás da torre e o espaço original usado mais uma vez para estocagem. Coincidentemente, os britânicos também usavam um padrão de lagartas bastante incomum em relação aquele usado nos veículos americanos.

Desde 1940 que as forças britânicas, que tinham enfrentado a blindagem cada vez maior dos tanques alemães se tinham apercebido de que os seus canhões antitanque se tornavam inúteis perante tanques como o Tiger I. O canhão de 17 libras, calibre 76,2mm foi desenvolvido propositadamente contra ele e as primeiras versões produzidas foram entregues a unidades de infantaria com sistemas de transporte improvisados, tal era a urgência britânica em termos de armas antitanque em 1943.

O Sherman Firefly, foi provavelmente o mais poderoso de todos os tanques Sherman em serviço durante a II Guerra Mundial. Ele foi o único tanque Sherman de que os alemães tinham algum receio, o que já de si dá uma idéia da opinião que os alemães tinham sobre o principal tanque dos aliados. O canhão antitanque de 17 Ib. britânico não podia ser montado nos carros britânicos padronizados por serem muito pequenos os anéis de suas torretas. O 17 Ib. equiparava-se ao temível 88 mm alemão exceto a distâncias muito grandes. O fato de usar um carro de combate de fabricação americana para alojar seu poderoso canhão foi no mínimo constrangedor para os britânicos pois eles foram os lideres em desenhos de tanques na Primeira Guerra Mundial e os primeiros a pressentir toda a possibilidade dos blindados num segundo conflito mundial, porém jamais produziram um tanque capaz de rivalizar com Tiger ou Panther alemães.

O Sherman Firefly, ao contrário dos outros Sherman equipados com canhões americanos podia atacar tanques alemães como o Panther sem ter que se aproximar a distâncias mínimas, como acontecia com os Sherman americanos. As alterações no Firefly foram consideráveis, para conseguir colocar um canhão bastante pesado na torre do Sherman, que era relativamente pequena. Foi mesmo necessário colocar contrapesos no canhão, que era extremamente longo para poder alterar a sua configuração dentro da torre. O 17 Ib. equiparava-se ao temível 88 mm alemão, exceto a distâncias muito grandes.

 

Sherman Firefly

Tripulação: Quatro homens.

Peso: 34 3/4 t.

Velocidade: 35 km/h (estrada), 25 km/h (em terreno variado).

Comp. total: 7,78 m.

Largura: 1,98 m.

Altura: 2,85 m.

Armamento: Um canhão de 17 Ib. (76,2 mm), com 78 granadas, uma metralhadora de .3 pol., com 5.000 cartuchos, e uma metralhadora de .5, com 500 cartuchos.

Blindagem: 50 mm (frente do casco), 32 mm (lados), 38 mm (traseira), 76 mm (frente da torreia) e 50 mm (lados e traseira da torreta).

 

Canhão de 17 lb

Fabricante da arma: Royal Ordnance Factories
Função principal: Anti-tanque - Calibre: 76.2mm
Cadência de tiro: 8 disparos p/min (max) Alcance eficaz: 500M - máximo: 1200M
Comprimento da peça (cano): 4580mm /
Peso da munição: 7600gr Peso da arma: 826.46Kg
Velocidade do projétil: 1204 metros/s (max) - para munição perfurante APDS.

Carregamento: Manual

Sherman Firefly em apoio a infantaria britânica.

Uma característica interessante no Firefly era a prática de algumas de suas tripulações de pintar parte do cano do seu longo canhão de branco ou azul claro, para fazê-lo parecer, à distância, com um Sherman comum, com canhão de 75 mm.

 

O Firefly era usado junto com o Cromwell para aumentar a capacidade anti-tanque das unidades britânicas. Em 1944 um esquadrão blindado britânico (equivalente a uma companhia do Exército dos EUA) tinha um Firefly por tropa (pelotão) de quatro Shermans. Foram produzidos aproximadamente 1200 unidades do Firefly para o exército britânico.

Depois quando o Sherman estava sendo substituído em algumas unidades britânicas pelo Cromwell, o Firefly foi retido em unidade de Cromwell até a introdução do novo tanque britânico Cometa que era armado com um canhão de 77mm HV, uma versão mais curta 17 libras.

Interessante que este sistema Britânico de "Mark" (I, II, III, IV, V) para cada modelo seguido da "letra" (A, B, C) para cada tipo americano gerava todas as combinações possíveis para designar qualquer que fosse o modelo, incluindo aqueles que nunca foram usados pelos britânicos. Vale lembrar que assim como nos modelos americanos, não havia distinção entre modelos "early", "mid" ou "late"...
 


 

Um detalhe interessante do M4A4 - do qual os ingleses eram os principais usuários, como Sherman V - era o casco alongado, com maior espaço entre os bogies e maior número de links na esteira - 83 do M4A4 contra 79 do M4A3. O comprimento maior se devia ao uso do motor Chrysler A57 Multibank 30 - na verdade cinco motores de 6 cilindros, totalizando 20.5 de cilindrada. Havia um certo receio quanto à confiabilidade desse arranjo, daí a destinação maciça do M4A4 para o Lend-Lease. Mas os britânicos apreciaram muito a confiabilidade que o motor apresentou, melhor até que as outras motorizações do Sherman.

Nomenclatura britânica

Como vimos os britânicos tinham o costume de nomear os tanques de fabricação americana que eles operavam como nome de generais da época da Guerra Civil americana como Sherman e Lee. Os EUA adotaram este costume de nomear tanques como nomes de generais depois disto

.

Os britânicos batizaram os seus Shermans da seguinte forma: Sherman I para o M4, Sherman II para o M4A1, e assim por diante.  Letras adicionais denotaram outras características; A para o Sherman com canhão de 76 mm M1/M1A2 L/55, B para o com o obuseiro de 105 mm M4 L/22.5, C for o Sherman armado com o canhão de 17 lb, e Y para o que possuíam a suspensão tipo HVSS.

  • Sherman I - M4 com canhão 75 mm M3 L/40

    • Sherman Hybrid I - Sherman I com Composite Hull (é uma espécie de Híbrido que junta a parte traseira do Sherman M4, com a parte frontal do Sherman M4A1)

    • Sherman IB - Sherman I com obuseira de 105 mm M4 L/22.5

      • Sherman IBY - Sherman IB com suspensão HVSS

  • Sherman II - M4A1 com canhão de 75 mm M3 L/40 

    • Sherman IIA - M4A1(76)W, Sherman II copm canhão de 76 mm M1 L/55

      • Sherman IIAY - M4A1(76)W HVSS, Sherman IIA com suspensão HVSS

  • Sherman III - M4A2 com canhão de 75 mm M3 L/40

    • Sherman IIIA - M4A2(76)W, Sherman III com canhão de 76 mm M1A2 L/55 ((improvável ter sido usado pelas tropas britânicas)

      • Sherman IIIAY - M4A2(76)W HVSS, Sherman IIIA com HVSS (não usado operacionalmente pelos britânicos)

  • Sherman IV - M4A3 com canhão de 75 mm M3 L/40 (nenhum Sherman IVs foi usado operacionalmente)

    • Sherman IVA - M4A3(76)W, Sherman IV com canhão de 76 mm M1A2 L/55

    • Sherman IVB - M4A3(105), Sherman IV com obuseiro de 105 mm M4 L/22.5

      • Sherman IVBY - M4A3(105) HVSS, Sherman IVB com HVSS.

  • Sherman V - M4A4 com canhão de 75 mm M3 L/40

  • Sherman VI - M4A5 (designação no papel para prevenir confusão com a produção canadense)

  • Sherman VII - M4A6 com canhão de 75 mm M3 L/40 (entregue aos britânicos com o motor a diesel RD-1820)

  • Sherman II ARV III - M32B1 TRV (M4A1 Sherman II chassis) veículo de recuperação.

Os britânicos também produziram um número enorme de variantes baseadas no Sherman, sendo a mais famosa delas o Sherman Duplex Drive, ou Shermans DD, utilizados no Dia-D e em outras operações. As outras variantes eram:

  • ARV: Armored Recovery Vehicle (veículo blindado de recuperação)

  • BARV: Sherman M4A2 convertido em Beach Armored Recovery Vehicle (veículo blindado de recuperação para praia)

  • Kangaroo: nome dado ao Sherman III sem torre, usado como transporte de infantaria. ,

  • Crab: nome dado ao Sherman (I/II) equipado com equipamentos para a "limpeza" de campos minados.

  • Cird: Sherman canadense com a mesma funcção do Crab.

  • Tulip: Sherman com dois lançadores de foguetes RP-3 de 60 lb, um de cada lado da torre, usado pelo 1º Coldstream Guards no Reno.

  • Adder, Salamander, Crocodile, and Badger: Shermans lança-chamas.

  • Skink: Sherman antiaéreo canadense com quatro canhões de 20mm Polsten, montados em uma torre de um M4A1.

  • Crib, Twaby Ark, Octopus, Plymouth (Bailey Bridge), e AVRE (SBG bridge): Shermans lançadores de pontes.

  • Sherman com torre de canhão: Conversão feita durante a campanha da Itália em que se removeu a torre de um M4A2 e colocou um canhão de 17 lb, com um reboque para munição.

Canadá
Os Estados Unidos não listaram o Canadá oficialmente como um receptor do programa de Empréstimo e Arrendamento, mas criaram em 1941 o Comitê Conjunto de Produção de Defesa com o Canadá assim "cada país deveria prover o outro com os artigos de defesa que pode melhor produzir" e a American Locomotive Company tinha uma subsidiária canadense, a Montreal Locomotive Works, destinada a construir variantes de M4A1 no Canadá. O Canadá usou muitos de seu Shermans domesticamente construídos (Grizzlys) para treinamento e Grizzlys foram usados ao lado dos Shermans construídos pelos EUA em combates ultramarinos.

Polônia
A Polônia não era diretamente um país favorecido pela ajuda do programa de Empréstimo e Arrendamento, porém, forças polonesas também usaram uma longa variedade de Shermans redirecionada das remessas destinadas ao Império britânico. A 1ª Divisão Blindada polonesa entrou na Batalha da Normandia principalmente equipada com Sherman Vs (M4A4s) com canhões de 75 mm, e Firefly VC. Depois de grandes perdas para fechar o Bolsão de Falaise e a campanha holandesa, a divisão foi re-equipada, em grande parte com tanques Sherman IIA (M4A1 (W) 76 mm.). foram muitas as tentativas para fortalecer a blindagem dos Shermans poloneses. O II Corpo do Exército polonês, lutou na Itália, usando principalmente tanques Sherman M4A2s (Sherman III) que tinha sido usado pelo exército britânico na África do Norte. Porém, alguns Firefly ICS e Sherman IB (M4 (105mm)) também foram usados. Partes do I Exército polonês ousou por pouco tempo o modelo M4A2 (W) (76mm) pedido emprestado dos exércitos soviéticos depois das grandes perdas na libertação de Gdansk. Depois os tanques emprestados foram substituídos pelos tanque soviético T-34.

Nova Zelândia
A Nova Zelândia com a sua 4ª Brigada Blindada operou que aproximadamente 150 Shermans M4A2 recebidos no início de 1942 e usados até o fim da guerra. A 4ª Brigada formou parte da nova 2ª Divisão neozelandesa que foi convertida de uma brigada de infantaria. A 4ª Brigada Blindada lutou na a Campanha italiana.

Austrália
Embora o Exército australiano tenha recebido 757 tanques M3 Lee pelo programa de Empréstimo e Arrendamento em 1942 só recebeu três Shermans . Estes três tanques foram providos pelo Reino Unido e só foram usados para propósitos de experimentos. Quando o programa australiano de um tanque Cruiser  foi cancelado em 1943, uma proposta foi feita para substituir os 775 Cruiser australianos por 310 Shermans. Esta proposta não foi aceita.

O primeiro Sherman australiano, um M4A2, chegou na Austrália em 1943 com um dois M4s adicional (às vezes mal-rotulados como M4A1s) desembarcados na Guiné Nova em 1944 para testes. Os resultados destas tentativas mostraram que o tanque Churchill era melhor que o sherman para o apoio a infantaria em um ambiente de guerra de guerra de selva, característico de baixa e manobras limitadas. Como resultado destas tentativas o Governo da Austrália ordenou a compra de  510 Churchill (dos quais foram entregues 51 antes que a ordem fosse cancelada ao término da guerra) e não se ordenou a compra de nenhum Shermans adicional. Seguindo a guerra os três tanques foi colocado à mostra em bases do Exército australiano e um dos tanques foi destruído depois depois de ser usado como um alvo de tanque.

França
As Forças francesas livres usaram várias versões do tanque médio M4. Esse tanques foram providos pelos EUA,  debaixo do programa de Empréstimo e Arrendamento. As divisões blindadas francesas eram organizadas e equipadas igual as divisões blindadas leves americanas. Em 1943, o governo francês livre decidiu criar um novo exército no Norte da África e fez um acordo com os americanos para que os franceses fossem equipados com modernas armas americanas. A 2ª divisão blindada francesa livre entrou na Batalha da Normandia completamente equipada com tanques Shermans M4A2s. A 1º e 5º Divisões blindadas que eram parte do Primeiro Exército francês eram equipadas com uma mistura de modelos M4A2 e M4A4. A 3º Divisão blindada que serviu como unidade de treinamento e organização de reserva para as três divisões blindadas operacionais e era equipada com 200 tanques médios e leves. As perdas de combate subseqüentes das 1º, 2º e 5ª Divisões Blindadas foram substituído com tanques dos depósitos do Exército dos EUA.

Brasil
Com a adesão brasileira ao lado dos aliados em 1942, em plena segunda guerra mundial, os Estados Unidos, de acordo com o programa de Empréstimo e Arrendamento, supriram o Exército Brasileiro com modernos armamentos e dentre diversos, virão modernos carros de combate médios M-3 Lee a partir de 1943 e M-4 Sherman a partir de 1944. O Brasil recebeu um total de 53 Shermans, todos equipados com canhões de 75 mm. Os blindados americanos foram destinados para equipar as unidades recém criadas no Exército Brasileiro, como a Companhia Escola de Carros de Combate Médio. Porém a grande experiência brasileira com a utilização de blindados em território estrangeiro durante a Segunda Guerra Mundial, foi a participação do 1º Esquadrão de Reconhecimento na Campanha da Itália em 1944 e 45, onde 13 blindados M-8 de rodas 6x6 participaram de operações reais no campo de batalha.

O Exército brasileira recebeu no total aproximadamente 80 Sherman das versões M-4, M4-A1 e M-4 Composite Hull que passaram a equipar diversas unidades blindadas até o final dos anos 60, quando foram sendo substituídos gradativamente pelos M-41 Walker Bulldog. Houveram alguns projetos brasileiros para tentar atualizar os seus Shermans, mas nenhum foi adiante. Os Sherman remanescentes foram sucateados e derretidos em siderúrgicas, transformados em porcas, parafusos e outros componentes, devido a qualidade do material com que fora construído.

URSS
O apelido do Sherman na União Soviética para o M4 era Emcha porque a figura do 4 aberto em cima se assemelhava a letra Cirílica Ч (pronunciada "Cha"). Um total de 4.102 M4A2 foram enviados a URSS de acordo com o programa de Empréstimo e Arrendamento. Destes 2.007 eram equipados com o canhão de 75 mm e 2.095 carregaram a arma de 76 mm. O número total de Shermans enviados a URSS representou 18.6% de toda Locação de Shermans. Os soviéticos substituíram os canhões de 75 mm  em alguns M4A2 com o canhão de 76.2mm F-34 do T-34 e criaram o M4M.

Resumo
O Sherman era comparativamente rápido e maneável, mecanicamente seguro, fácil fabricar e consertar e foram produzidas muitas variantes com finalidades especiais cujas capacidades grandemente diferiram. Sem duvidas era efetivo no papel de apoio de infantaria. O Sherman executou bem o seu trabalho durante a Segunda Guerra Mundial contra tanques japoneses, italianos e os tanques padrões alemães do início da guerra. Porém, o Sherman típico era significativamente inferior em blindagem e armamento contra os tanques pesados Tiger alemães, o "médio" Panther (pesado para os padrões dos EUA) alguns destruidores de tanques alemães em 1944. Eram facilmente perfurados por canhões e bazucas alemãs à mais de 2Km de distância. O uso de sacos de areia armados ao redor da lataria (que aumentava o peso e acarretava em quebras no motor e suspensão) e apliques soldados sobre a área do compartimento de munição, eram medidas paliativas.

Quando os americanos em 1944 encontravam unidades de tanques alemães que às vezes possuíam grande número de tanques Panther as perdas americanas eram altas. Porém, devido ao poderio dos Aliados em artilharia e supremacia aérea, essas unidade alemãs eram freqüentemente derrotadas.

O canhão de 75 mm do Sherman, embora muito preciso e excelente para disparar alto explosivo, não tinha potência para molestar os Tigers ou, frontalmente, os Panthers _ os primeiros eram particularmente formidáveis, com sua blindagem muito grossa e seu canhão de 88 mm. Além disso, os canhões,autopropulsados alemães, tanto os de 88 mm como os de 75 mm, superavam amplamente os do Sherman em alcance. Bradley não alimentava ilusões a respeito. Ele disse: "Somente envolvendo os panzers, para atingi-los no flanco, é que nossos Shermans podiam pô-los fora de combate". Mas, com demasiada freqüência os tripulantes de tanques americanos queixavam-se de que lhes custava um ou dois tanques, com suas tripulações, a destruição de cada carro germânico.

Para destruir tanque inimigos melhores e mais pesados os Shermans usavam boas táticas de combate, apoiadas no números superiores de blindados, ou trabalhando em conjunto com destruidores de tanques como o M10 (adaptado do Sherman), o M36 Jackson (com uma arma antitanque de 90 mm.) e/ou o M18 Hellcat (um trator rápido e móvel com a mesma arma de 76 mm.).

Uma boa parte das perdas de Shermans não foi para outros tanques, mas também para minas, aeronaves, armas antitanque da infantaria, em muitas ocasiões, fogo amigo. Embora os tanques americanos fossem menos poderosos que as suas contrapartes alemãs, as forças blindadas aliadas na Europa triunfaram por causa de superioridade numérica, uma provisão mais consistente de combustível e munição, no final das contas, tudo mais o poder da artilharia e superioridade aérea aliada fizeram a balança pender para os Aliados. Na verdade a artilharia e os aviões não destruíam tantos tanques assim, mas a artilharia dispersava as formações blindadas e era mortífera contra os veículos não blindados e os aviões eram muito eficientes contra as linhas de provisão das unidades alemães, além de tornarem a mobilidade durante o dia extremamente limitada. Mas qualidade das tripulações dos Shermans era alta e sua combatitividade não deixava nada a dever aos germânicos.

No entanto, o fato de que o Sherman era significativamente inferior ao Panther permaneceu um assunto de muita controvérsia e recriminação até os dias de hoje. Antes do dia Dia-D, as tripulações dos tanques Sherman tinham ouvido de seus superiores que ele era o melhor tanque do mundo, mas isto era patentemente falso como se foi manifestado durante aquela campanha na Normandia.

No início de 1944. o Exército dos EUA defrontou-se com uma decisão crucial concernente às suas forças blindadas: deveria manter o M4 Sherman como seu carro de combate principal ou acelerar a produção do novo carro de combate pesado M26 Pershing? Embora muitos comandantes de blindados preferissem o Pershing, o debate sobre os carros de combate continuou até o Ten Gen George S. Patton, o principal especialista em carros de combate do Exército, entrar na briga. Patton preferia o Sherman, menor (e supostamente dotado de maior mobilidade), assinalando que “os carros de combate não deviam combater outros carros de combate, mas contorná-los, se possível, e atacar objetivos inimigos à retaguarda.” Por fim, os comandantes aliados mais graduados — incluindo o General Dwight Eisenhower — deram apoio a Patton e decidiram aumentar a produção do Sherman.

Tanque Sherman em ação próximo a Bastogne

Essa continua sendo uma das escolhas mais desastrosas da Segunda Grande Guerra — decisão que, segundos alguns argumentam contribuiu para prolongar a guerra e se tornou literalmente uma sentença de morte para milhares de integrantes de guarnições de carros de combate. Em suas memórias no livro Death Traps, Belton Cooper, Oficial de manutenção que serviu na lendária Terceira Divisão Blindada (“Ponta de Lança”), fala que foi incumbido da tarefa crucial de localizar carros de combate Sherman danificados, dirigir sua recuperação e garantir o fluxo de carros de combate novos ou reparados para as unidades de frente.

Desde a invasão da Normandia até o Dia V-E (Vitória na Europa), Cooper testemunhou de primeira mão a tolice da lógica de Patton. O autor calcula (com certo toque de ironia) que ele “viu mais carros de combate postos fora de ação do que qualquer outro americano vivo”. Suas observações, na qualidade de testemunha ocular, confirmaram o que as guarnições de carro de combate descobriram em combate: o Sherman era facilmente superado pelos carros de combate médios e pesados alemães, mais notadamente o Panther Mark V e o Tiger Mark VI. Dotados de blindagem mais pesada, o Panther e o Tiger eram quase impermeáveis a granadas disparadas pelo canhão principal de 75mm ou 76mm do Sherman; de modo inverso, o canhão de 88mm dos carros de combate alemães dava cabo rapidamente de seus adversários americanos.

Somando os resultados dessa desigualdade, Cooper ressalta o custo estonteante da escolha infeliz, por parte do Exército, de seu carro de combate principal. No decorrer dos 11 meses seguintes, a Terceira Divisão Blindada, que começou a campanha da Normandia com 232 carros de combate M4, veria 648 dos seus Shermans totalmente destruídos em combate e 700 outros postos fora de ação antes de serem reparados e devolvidos ao serviço – um índice de perda cumulativa de 580%. O número de baixas entre as guarnições de carro de combate também elevou-se abrupta e rapidamente, produzindo crítica escassez de pessoal especializado. No final de 1944, relembra Cooper, o Exército estava enviando infantes recém-chegados ao combate para substituir guarnições de carros de combate. Alguns desses recrutas haviam recebido apenas um dia de treinamento com blindados antes de serem encaminhados em seus M4 para o front. E eles iriam enfrentar tripulações de panzers alemães muito experientes, lideradas por oficias de alta qualidade, muitas deles que lutaram na frente russa.

O autor efetivamente reconta a negligência e o subfinanciamento do pré-guerra, que resultou às vezes em decisões de aquisição infelizes. Em 1939, ano em que as colunas blindadas alemãs passaram como um raio pela Polônia, o orçamento do Exército dos EUA para pesquisa e desenvolvimento de carros de combate era de apenas U$ 85.000. Tal parcimônia, observa Cooper, forçou escolhas duras que com freqüência degradaram a capacidade de combate. O canhão de 75mm ou 76mm de baixa velocidade do Sherman, por exemplo, foi escolhido porque a Arma de Artilharia do Exército queria uma arma barata e confiável para o apoio de fogo. Em outra medida de redução de custos, muitos M4 foram equipados com motor radial originalmente projetado para aeronaves. No campo de batalha, esse motor produzia um estouro provocado pelo retorno de chama no momento em que era dada a partida, atraindo instantaneamente o fogo inimigo.

Tanque Sherman em apoio as operações da infantaria americana em Aachen, durantes os duros combates urbanos

Cooper é igualmente bem sucedido em retratar as destemidas guarnições de carros de combate e as engenhosas equipes de manutenção que enfrentaram grandes desvantagens e mantiveram as unidades de carros de combate americanas em combate. Dando-se conta de que o canhão principal do Sherman não poderia penetrar a blindagem anterior de um Panther ou um Tiger, as guarnições dos EUA tentaram combativamente superar o inimigo na manobra, buscando pôr os carros de combate alemães fora de ação por meio de disparos contra as laterais ou a traseira, onde a blindagem era mais fina. Enquanto isso, as equipes de reparo trabalhavam dia e noite para recuperar M4 danificados e devolvê-los ao combate, desenvolvendo inovações de campo de batalha tais como “placas protetoras” blindadas (para aumentar a capacidade de sobrevivência das guarnições) e o famoso “cortador” de cercas-vivas, que permitia aos carros de combate dos EUA penetrarem as densas fileiras de cerca viva da Normandia. Conforme nos lembra Cooper, a vitória derradeira das unidades blindadas dos EUA contra o Exército alemão foi resultado direto da coragem, da resolução e da determinação das guarnições de carros de combate americanas e de seus companheiros da área de manutenção.

Cooper revelou-nos um elemento relativamente pouco divulgado (e não devidamente apreciado) da vitória americana contra as legiões blindadas de Hitler. Embora os historiadores freqüentemente afirmem que os Sherman superaram seus adversários alemães por meio da força absoluta da produção de guerra e da superioridade aérea dos Aliados, Cooper lembra-nos que foram as guarnições e as equipes de manutenção de carros de combate que mudaram a maré do combate.

Mas vale a pena relembrar que a mesma mentalidade que produziu o carro de combate Sherman também legou-nos aeronaves inferiores como o P-39 e o P-40, que colocaram os pilotos americanos em desvantagem no combate aéreo durante os primeiros dias da Segunda Guerra Mundial. Mais importante que isso, enquanto os líderes de hoje em muitas nações livres pelejam com decisões críticas sobre a modernização das forças — incluindo o corte no orçamento para adquirir armas mais modernas da próxima geração de sistemas de armas — o livro de Belton Cooper oferece uma história de advertência. À medida que a tecnologia avança, os esforços no sentido de poupar dinheiro ou adiar compras de armas acarreta, com freqüência, graves conseqüências nos campos de batalha futuros. Os oficiais mais graduados que estejam contemplando a possibilidade de cancelar ou adiar sistemas críticos de armas deveriam ser devidamente aconselhados a ler Death Traps antes de tomarem uma decisão final.

O único tanque da Segunda Guerra Mundial produzido em números comparáveis ao Sherman foi o T-34 soviético que muitos críticos consideram como o melhor contendor da Segunda Guerra Mundial. Comparado ao T-34, cada versão contemporânea do M4 Sherman tinha blindagem frontal melhor As versões de 76 mm. posteriores tinham poder antitanque superior ao 85 mm soviético. O Sherman superava o T-34 em confiança mecânica. As vantagens do T-34 eram seu baixo perfil, esteiras mais largas, que facilitavam o cruzamento de terrenos barrentos e velocidade e mobilidade superior ao Sherman. Cada um era o projeto de tanque médio que serviu como o tanque principal de campo de batalha de seu respectivo país durante a Segunda Guerra Mundial, e foi sendo atualizado, servido por alguns anos durante a Guerra Fria, inclusive equipando aliados dos respectivos blocos. Durante a Guerra da Coréia, os Shermans americanos lutaram bem contra os seus adversários T-34-85, embora uma comparação direta é difícil devido o treinamento superior de tripulações dos EUA.

Um Sherman M4A3 americano passa ao lado de um T-34 abatido durante a Guerra da Coréia

Para colocar mais controvérsia na questão do Sherman um documento da época, do ministro de armamentos alemão, Albert Speer, depois de sua visita à Itália, escrito em novembro de 44, aponta as virtudes do tão criticado tanque aliado: "No front sudeste, opiniões são favoráveis ao tanque Sherman e sua habilidade de cruzar todo tipo de terreno. O Sherman é capaz de subir morros que as nossas tripulações de tanques julgam impossíveis. Isso é devido ao motor especialmente poderoso do Sherman, em relação ao seu peso. Além disso, de acordo com relatos da 26a Divisão Panzer, a capacidade do Sherman em transpor terrenos em velocidade cruzeiro - nas ações no Vale do Pó, é muito superior à dos nossos "Panzers". O Sherman é capaz de rodar livremente em qualquer terreno, enquanto nossos Panzers só podem rodar em trilhas e estradas estreitas, sendo assim muito limitados em sua capacidade de luta. Todas as tripulações de Panzers querem receber tanques mais leves, que são mais manobráveis, com habilidade de cruzar qualquer terreno e garantir maior poder de fogo com um canhão superior. Esse anseio das tropas corresponde às condições que apontam para o futuro próximo, como resultado da queda de produção e pelo fato da escassez cada vez maior de cromo para blindagens. Couraças blindadas não poderão ser fabricadas para corresponder aos planos iniciais de produção. Sendo assim, ou reduz-se o número de tanques produzidos ou reduz-se a espessura das blindagens. Nesse caso, as tropas optarão pela redução nas blindagens, de maneira a aumentar a produção total de tanques disponíveis."

 


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Assunto: Tanque Sherman