Chechênia - 1992...
No conflito da Chechênia os russos tiveram que reaprender as táticas de sniper
na cidade e testaram armas e táticas novas. As batalhas em Grozny lembravam
Stalingrado onde podia se perceber facilmente a importância dos snipers. O
problema é que os sniper russos eram treinados para atuar como parte de um
ataque de armas combinadas avançando rapidamente contra forças se defendendo,
atuando como DM. Não estavam preparados para caçar snipers em ruínas ou preparar
emboscadas por dias seguidos. Cada pelotão tinha um DM armado com um SVD e que
era protegido pelo pelotão.
No inicio da guerra na Chechênia em 1992 havia na Rússia os snipers da reserva
das unidades de snipers da RVGK em pequena quantidade e os snipers como parte
das unidades que eram DM. As equipes do FSB e MVD eram mais treinadas para ações
tipo policia e eram ruins para caçar snipers ou atuar em campo ou guerra urbana.
Depois da Segunda Guerra Mundial os russos continuaram enfatizando as táticas de
supressão, usando até as AK-47/74 para supressão, e com os snipers/DM batendo
alvos a longa distância. Até 1984, os snipers/DM russos eram treinados a nível
de Regimento por um oficial escolhendo alguns recrutas de melhor desempenho.
Eram retreinados a cada dois meses por alguns dias. Esta doutrina criava bons DM
que cobriam setor de 200 x 1000m.
Já os chechênos conheciam bem o terreno e tinham muitas armas de snipers.
Bastavam alguns poucos snipers chechênos para conseguir parar unidades russas
inteiras nas cidades. Atuavam como sniper sozinhos ou como parte de uma equipe
de quatro armados com PKM e RPG-7. Estes times eram muito efetivos para caçar
blindados. Enquanto os snipers com SVD pegavam tropas de apoio os soldados com
RPG engajavam os blindados. Grupos de 4-5 times atuavam contra um único
blindado. Nas montanhas os snipers chechênos engajavam a longa distância junto
com a equipe de apoio. A equipe de apoio ficava mais distante. O sniper
disparava alguns tiros e mudava de posição. Se os russos respondiam ao fogo a
equipe atirava para atrair o fogo e deixar o sniper fugir.
Em 1999 foi criada uma escola de sniper. Testaram várias combinações de equipes
de 2-3 tropas com vários tipos de armas como PKM, RPG-7, SVD e fuzil AK. Vários
destacamentos atuavam juntos para apoio múltiplo. Logo voltaram a usar snipers
da reserva RVGK. Atuavam em dupla com apoio de uma equipe de cinco tropas. Os
russos voltaram a invadir a Chechênia em 1999, mas com equipes de caça e ataque
com dois a três snipers junto com uma equipe de segurança com pelo menos cinco
tropas. Não eram só DM e estavam preparados para entrar em posição de dia e
atuar a noite.
Na Segunda Guerra Mundial a dupla ficava na mesma posição de tiro, mas na
Chechênia ficavam separados podendo ver um ao outro. Criavam pontos de
emboscadas 200-300 metros do local. O grupo de apoio ficava a cerca de 200m
atrás e 500m para o lado, em uma posição camuflada, por uma ou duas noites e
depois retornavam a base.
Os snipers não tinham intenção de se render e por isso, além do fuzil de sniper,
levavam um fuzil AK-74 ou pistola, além do óculos NVG, flares, granadas e as
vezes um rádio. Se a equipe de apoio falhar, o flare vermelho era usado para
chamar a artilharia para a posição. As vezes o grupo chegava a 16 tropas no
total. Os russos não atuam com dupla observador/sniper. Geralmente opera com um
a três atiradores. Os periscópios tinham sido retirados de uso e voltou a operar
na Chechênia para observação.
Os alvos prioritários eram os snipers chechênos e os operadores de lança-chamas
RPO (na verdade um lança-rojão com munição termobárica). A seguir estavam os
operadores de PKM e RPG-7.
Snipers russos operando na
Chechênia. Notem a escolta de fuzileiros. Um sniper russo atuando na
Chechênia. No conflito da Chechênia o Exercito russo estava sem treino há 2 anos
e as unidades estavam incompletas. Reuniram unidades sem treino com as pouco
treinadas em unidades mistas.
O SV-98 é o novo fuzil dos
sniper russos. O modelo acima está equipado com um supressor de som.
Em 1990 foi iniciado a substituição
do SVD com o SV-98 a ferrolho derivado do fuzil Record 1 de competição. Foi
instalado um sistema anti-mirage depois da experiência no deserto e foi adotado
no ocidente. Os russos iniciaram o uso de fuzil pesado calibre 12,7mm em 1999
para bater alvos a até 2km. Outra munição foi a de 9mm e .22 silenciosa. Ao
invés de desenvolver uma arma para todos os terrenos e alcances, criaram armas
para cada terreno e situação. A maioria tem silenciador. Todos fuzis de sniper
russos são projetados com o opção de usar a mira de ferro para tiro rápido a
curta distância (snap shot) ao contrario do ocidente. Sempre levam armas
automáticas para combate aproximado.
Somália 1993
Durante combates na ruas de
Mogadiscio, Somália, para resgatar as tripulações de
helicópteros abatidos, episódio muito bem
retratado no filme Falcão Negro em Perigo, os snipers da Força Delta o
sargento mestre
Gary Gordon e o
primeiro sargento Randy
Shughart foram
abatidos, mas não antes de eliminarem cerca de fueron abatidos en acción
inimigos. Ambos receberam postumamente a
Medalha de Honra do Congresso
por suas ações para ajudar no resgate da tripulação do
segundo Black Hawk abatido.
Iraque - 2003...
Nos dois primeiros anos de conflito no Iraque em 2003 os snipers americanos
conseguiram muitos kills. Depois menos de um por mês. Os alvos "fáceis" foram
todo mortos e os sobreviventes se adaptaram. O inimigo sabe o que americanos
podem fazer e passaram a tomar mais cuidado com a presença de tropas próximas.
Também passaram a considerar as regras de engajamento e uma diz que um sniper só
atiram em inimigos armados. Assim não levam armas até precisarem usar.
Com o inimigo vestido de roupas civis, as tropas americanas passaram a levar kit
policial RIFF. Se colocam nas mãos e roupas o kit fica azul em contato com
pólvora o que denuncia quem usou armas recentemente. Os guerrilheiros iraquianos
também usam humanos como proteção freqüentemente. As vezes os civis são pagos ou
simplesmente aterrorizados. Os civis são compensados se indicam os esconderijo
dos sniper o que virou a maior atividade das crianças. Mesmo assim o uso dos
snipers mostrou ser eficiente. Poucos podem manter vários quilômetros de estrada
livre de bombas ou deixar a guerrilha longe de certos locais.
Um fuzil M40A-1 do USMC foi encontrado em um carro atacado em Habbaniyah. O
fuzil tinha sido capturado em uma emboscada em Ramadi dois anos antes em 2004.
Outra equipe de seis snipers dos USMC foi emboscada em Haditha e levou o serviço
a repensar o emprego dos snipers. Agora operam em grandes grupos.
O US Army levou três sniper para treinar tropas americanas em Bagdá. Realizam
cursos de quatro semanas ao invés de cinco. O curso no local é bom para já
aclimatar com o deserto. Os tiros são feitos em alvos com fotos dos mais
procurados e já treinavam inteligência. Também preparavam os alunos para chamar
artilharia.
No Iraque os snipers americanos protegiam as instalações de petróleo com
helicópteros UH-60 com capacidade de disparar com fuzil M-24 ou M-107 dando
grande mobilidade. Esta técnica já tinha sido usada no Vietnã. A aeronave em
alerta decola em 30 minutos em resposta rápida ou cobre uma área bem grande em
patrulha de rotina. Os americanos colocaram dúzias de duplas de sniper no topo
dos prédios em Bagdá para atirar em qualquer um armado ou atacando tropas. Com
superioridade aérea tiveram domínio fácil dos topos dos prédios.
Os snipers são geralmente usados para apoiar patrulhas avançando. Usavam seus
óticos para procurar locais suspeitos de ter explosivos IED.
SAS em ação
no Iraque -
Operação Marlborough
Uma operação
antiterrorista do tipo
"atirar para matar" foi executado por uma
unidade do SAS britânico em julho de 2005 no Iraque, em Bagdá. Três terroristas foram abatidos
simultaneamente por snipers do SAS armados com rifles especiais para este tipo
de operação. Cada terrorista vestia um traje recheado de explosivos que deveriam
ser detonados em cafés e restaurantes freqüentados por membros das forças de
segurança iraquianas.
Um grupo de 16 homens do SAS britânico, foi acionado a partir de
informações que foram consideradas "de alta
qualidade" e que vieram de um agente iraquiano que operava infiltrado por ordem
do Serviço Secreto Britânico (MI6). Pela manhã, pouco antes
que o tráfego começasse a encher as ruas de Bagdá, o grupo do SAS ocupou
posições de emboscada, pré-determinadas em torno de certa casa nos subúrbios da
cidade..
Os britânicos haviam sidos informados que a casa era usada como base para
insurgentes - e que vários homens-bomba deveriam sair cedo para cumprir suas
missões. Vestidos em trajes recheados de explosivos, estavam bem equipados para
atingir um bom numero de locais pela cidade. Seus alvos preferenciais eram cafés
e restaurantes freqüentados por membros das forças de segurança iraquianas.
A expectativa entre os membros da TFB ( Task Force Black ) baseados na capital
iraquiana era grande. Cada membro da unidade era um veterano de muitas missões,
e sabiam que este tipo de informação prometia sempre muito - e afinal dava em
nada.
O plano da Operação Marlborough era simples: permitir que os três suspeitos
saíssem da casa, para abatê-los simultaneamente com certeiros disparos na
cabeça.
Foi enfatizado aos soldados que os três deveriam ser
abatidos simultaneamente, pois se qualquer deles conseguisse detonar os
explosivos que trazia, dezenas de pessoas inocentes seriam mortas.
Os soldados, durante o briefing anterior, haviam
discutido a alternativa de entrarem na casa e abaterem os terroristas lá dentro,
porém o plano foi descartado por ser muito perigoso. As paredes da casa iriam
intensificar qualquer explosão e os resultados poderiam ser terríveis.
Cada grupo foi dividido em quatro equipes de quatro
homens e estavam equipados com rifles sniper L 115A, calibre.338, capazes de
matar a 800 metros com eficiência.
Em apoio aos snipers havia uma Força de Reação
Rápida (QRF), que deveria prover uma dúzia extra de soldados em caso de
emergência. Estava posicionada próximo ao local, junto com uma equipe de
especialistas em neutralizar explosivos. Um grupo da policia Iraquiana também
havia se juntado à operação - embora não tivessem sido informados dos detalhes.
Também havia, a 2.000 pés, acima da cidade de cinco
milhões de habitantes, uma aeronave sem piloto Predator, controlada pela CIA,
que monitorava toda a operação, e transmitia em tempo real imagens de vídeo para
o QG da TFB, na segura área verde de Bagdá.
Pouco após as 08:00hs os operadores árabes que
monitoravam as comunicações, a partir de escutas plantadas dentro da casa,
informaram que os terroristas preparavam-se para sair. O QG da TFB foi
notificado e a ordem dada: "Preparem-se, preparem-se"...
Assim que os três terroristas estavam na rua, uma chuva de balas caiu sobre
eles, e os três tombaram na calçada. Cada terrorista havia sido certeiramente
abatido por um único disparo na testa. O aviso de que os três estavam mortos foi
passado rapidamente, enquanto os soldados iraquianos avançavam para proteger a
área. Ao aproximarem-se, os homens do SAS comprovaram que realmente os projéteis
de .338 eram mais do que suficientes para a missão. A Operação Marlborough foi
um sucesso total e uma das raras ocasiões em que as forças da Coalizão
conseguiram causar danos importantes aos grupos de homens-bomba.
Detalhes da
operação com o código "Marlborough" permaneceram secretos até o momento -
principalmente devido ter sido realizada na mesma semana, que uma unidade da
Metropolitan Police, em Londres, matou Jean Charles de Menezes, brasileiro de 27
anos, erroneamente tomado como um homem bomba.
Sniper Marine em ação no Iraque
atinge alvo a 1.614m
O Sarg. Steve Reichert, um sniper de 25 anos do QG do 2º Batalhão , 2º Regimento
de Marines, recebeu uma das mais altas condecorações do Corpo de Fuzileiros
Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps), a Estrela de Bronze, com "V" por
Valor em combate, por sua atuação, no dia 9 de Abril de 2004. Naquela data, ele
e seu observador subiram em um enorme e abandonado tanque de óleo na cidade de
Lutafiyah, Iraque. Sua tarefa era considerada "rotina", pois era a de prover
cobertura a distancia para seu pelotão, que se movimentava na pequena cidade,
durante um evento local, a Peregrinação de Arbacen, o que gerava muita
movimentação de civis, e poderia ocasionar algum enfrentamento com
guerrilheiros. Mas a missão de rotina iria tornar-se um épico nos anais dos
Marines.
O topo do tanque de óleo era uma posição bastante exposta, embora ele e seu
colega tivessem posto algumas chapas de aço e sacos de areia em volta, para pelo
menos diminuir o risco.
Enquanto a patrulha movia-se pela cidade, Reichert observou um cão morto no
caminho por onde ela deveria passar. Lembrou-se então de seu treinamento em
táticas inimigas de emprego de explosivos em objetos aparentemente inocentes, (boobytraps),
e chamou pelo radio o chefe do pelotão para avisá-lo. Recebeu a resposta de que
o animal morto já havia sido notado e eles tinham a mesma suspeita, pois haviam
detectado a presença de dois arames que saiam da carcaça.
Mas, apesar dos cuidados tomados, a missão de rotina tornou-se uma situação
extremamente perigosa. Um foguete RPG foi disparado contra o pelotão, ao mesmo
tempo em que fogo de metralhadora e armas leves os imobilizavam. Os Marines não
conseguiam responder ao fogo pois não localizavam o metralhador, que estava
escondido no topo de um prédio próximo, então pediram ajuda a Reichert, no alto
do tanque de óleo. Ele disparou seu fuzil Barnett .50, mas errou. Ajustou a
pontaria, compensando o vento cruzado, e um puxão de gatilho depois, a
metralhadora calava. Depois da ação, o líder de pelotão fez uma declaração
espantosa: afirmou que Reichert atingiu seu alvo, a uma distancia de 1.614
metros. Sua precisão de tiro foi o fator determinante no resultado do combate.
Momentos depois, um grupo de insurgentes começou a subir uma escada atrás do
prédio onde estava o metralhador abatido. Reichert apontou para o muro de
tijolos atrás do qual eles se protegiam e disparou. Todos os três homens caíram.
O pesado projétil calibre .50 AP (antiblindagem) atravessou os tijolos, e matou
um dos homens, ferindo os outros dois com estilhaços de tijolos e chumbo.
Juba - O Sniper
Um relato famoso de sniper no Iraque pós-Saddam é o
de
Juba, o franco-atirador, o atirador de Bagdá
(جوبا)
ou "Juba the Sniper”.
Páginas da web de grupos Islâmicos, estórias em
quadrinhos, vídeos e canções têm nos últimos anos exaltado os feitos de “Qannas
Baghdad,” o sniper insurgente a quem são creditados inúmeros sucessos — muitos
falam em centenas — de soldados americanos e iraquianos mortos nos quarteirões
da capital do Iraque.
Muito acreditam que não existe um Juba, mas sim um
grupo de Jubas em ação no Iraque.
E a que a idéia de um "único" sniper é resultado do
medo e tensão por parte dos soldados americanos, assim como da propaganda
inimiga, que procura solapar a moral dos soldados.
Este sniper,
que opera sobretudo na área da grande Bagdá - já é considerado um dos maiores
franco-atiradores de todos os tempos, no mesmo nível de lendas como o russo
Vassili Vaitsev, herói da batalha de Stalingrado e que serviu de inspiração para
o filme "Círculo de Fogo" ou o fuzileiro norte-americano Carlos Hatchcock, que
matou comprovadamente nada menos que 93 soldados inimigos no Vietnã. Segue os
passos de outro legendário atirador iraquiano que atuava logo após a ocupação do
país - o Caçador - sendo que ambos são aficcionados de uma versão do mortífero
rifle russo Dragunov, talvez a melhor arma já desenvolvida para uso de
franco-atiradores, capaz de perfurar até os capacetes de kevlar dos soldados
ocidentais.
O fuzil russo Dragunov (SVD =
Semipolarnya Vintovka Dragunova ou Fuzil semi-automático Dragunov), é um fuzil
semi-automático, com luneta, carregador de 20 tiros, munição 7,62X54R mm. O SVD
foi uma resposta a um requerimento de 1958 para um novo fuzil semi-automático
para substituir o Mosin-Nagant , mas com mesmo calibre. A mira PSO-1 tem zoom
fixo de 4x sendo adequada até mil metros, mas é boa mesmo até 350m. Quando
introduzido o ocidente pensou que os russos dariam um fuzil de sniper para todo
infante pois o fuzil tinha uma baioneta. Com o SVD é difícil de acertar um alvo
a mais de 500m, pois flutua muito, mas é possível até 800m com munição especial.
É usado mais pelos DM. O fuzil SVD mostrou ser ruim para counter-sniper no
Afeganistão. Os russos logo passaram a desenvolver o SVDS com cano mais curto e
coronha rebatível. O SVD também mostrou que não tinha a mesma rusticidade dos
fuzis AK e precisava de um operador mais bem treinado.
Fuzil Dragunov ou Snaiperskaya Vintovka Dragunova ou
simplesmente SVD é uma arma de alta precisão geralmente utilizada por atiradores
de elite. Sua fabricação prevê o uso de mira telescópica com as mais variadas
tecnologias disponíveis como: sensor infravermelho ou calor, mira laser para
confirmação de alvo.
Era uma arma importante para os atiradores de elite do antigo "Bloco Comunista".
Sendo, hoje em dia fabricado principalmente na Rússia e China e exportado para
dezenas de países. Projetado por E. F. Dragunov, utiliza o sistema
semi-automático e munição 7,62 x 54R (a mesma do antigo fuzil Mosin-Nagant).
Pesa cerca de 4,80 kg municiado e tem 1,22 m de comprimento. Seu sistema de
disparo é semelhante ao da série AK. No bloco ocidental existem fuzis de
desempenho superior como o PSG1 e fuzis customizados para forças especiais ou
policiais. Porém, o Fuzil Dragunov ainda possui a melhor relação custo-benefício
entre os fuzis de atiradores.
Juba sempre que possível opera
a curta distância quando surge a oportunidade,
prescindindo então do alcance de mais de 1 quilômetro dos projéteis disparados
pelo Dragunov. Mesmo não sabendo se é um único atirador ou uma equipe, o que se
sabe é que
o seu modus operandi é situar-se em algum local
oculto, a cerca de 200 m de suas vítimas, efetuar um disparo e retirar-se
imediatamente. Os relatos da imprensa indicam que nunca efetua um segundo
disparo e costuma deixar como marca registrada no local do disparo o cartucho
vazio e uma mensagem em árabe. Por vezes, atua em conjunto com um cinegrafista
também oculto. Esses vídeos são
editados logo após, com direito a trilha musical com canções patrióticas e
militares em árabe, e se tornam a coqueluche de vendas nos bazares de Bagdá. Os
vídeos também podem ser facilmente encontrados e baixados pela Internet por
qualquer pessoa, e não dão a menor margem a desmentidos do Pentágono sobre a
eficácia dos ataques de franco-atiradores rebeldes. Para evitar que o mito Juba
se espalhe, são raros os veículos de comunicação do ocidente que divulgam as
ações de Juba. A exceção foi o
The Guardian, que
publicou uma matéria sobre Juba em
em 5 de agosto de 2005.
Em um vídeo Juba aparece dentro de um carro, usando
o kefyiah vermelho típico dos beduínos sunitas e exibindo um fuzil Tabuk -
produzido no país sob licença iugoslava - equipado com mira telescópica. O
alcance da arma gira entre 500 e 600 metros. Juba explica como vem matando
sistematicamente. E o faz, por mais incrível que possa parecer, ensinado pelos
próprios americanos. Seu manual é um livro escrito por um general americano das
Forças Especiais - "Ultimate Sniper", de 1993, Major John L. PLaster, atualizado
e relançado este ano com o subtítulo "para a atual guerra ao terror".
Considerada a Bíblia do gênero, a obra está à venda em qualquer livraria.
Oficialmente, os comando dos EUA só reconhece três baixas provocadas pela ação
dos atiradores em Bagdá, depois de julho deste ano. "Filmar as operações é
importante porque cenas com soldados sendo atingidos causam mais impacto no
inimigo que qualquer outra arma", afirma o sniper. Tem toda razão. A
Internet
eliminou o controle sobre informações que sustentou a blindagem de campanhas
impopulares como a do Vietnã. Sendo verdadeiros ou uma obra de propaganda, no
caso do Iraque, os vídeos de Juba (há mais vídeos) se transformaram na mais real
e eficiente arma contra o apoio interno nos EUA à guerra.
O sucesso extraordinário de Juba comprova, mais uma
vez que o papel dos franco-atiradores nas guerras contemporâneas, as chamadas
"guerras de quarta geração" é absolutamente essencial, e que possuem um lugar
privilegiado assegurado nas guerras do futuro.
O Alto Comando das tropas de ocupação tem
enviado equipes de elite de franco-atiradores - e os franco-atiradores do
exército e dos fuzileiros navais americanos têm a reputação de serem uns dos
melhores e mais bem treinados do mundo - para caçar Juba e seus colegas, mas até
agora o resultado tem sido apenas um: mais vitórias do mito iraquiano, entre
elas uma espetacular: uma equipe de quatro franco-atiradores de alto nível dos
EUA mortos de um em seguida ao outro em Ramadi - todos com tiros na cabeça.
Para caçar um franco-atirador, batalhões inteiros e as mais modernas aeronaves
são inúteis - é preciso outro da mesma espécie. Os duelos de franco-atiradores
são um jogo onde quem perde paga com a vida, e constituem o teste supremo de
resistência física e mental - podem durar dias, semanas ou até meses, e o mais
leve movimento irá denunciar a sua posição para o oponente - o que significa
xeque-mate na realidade crua desses caçadores de troféus humanos.
São quatro os requisitos essenciais para se tornar um bom franco-atirador:
paciência, sangue-frio, olhar aguçado e mãos firmes. Com essas características,
uma pessoa comum pode começar a ser trabalhada através de um treinamento
especializado para se tornar a mais eficiente e temível máquina de matar da
guerra moderna. Um franco-atirador de elite é capaz de ficar horas imóvel, sem
mexer um só músculo, sob sol ou chuva, comido por formigas e urinando nas
próprias calças. É capaz de calcular rapidamente o efeito da velocidade e da
direção do vento no projétil disparado, e conhecer sua arma tão intimamente a
ponto de se tornar uma extensão de seu próprio braço.
Embora os franco-atiradores venham sendo empregados sistematicamente pelo menos
desde a Primeira Guerra Mundial, só a partir da Guerra do Vietnã seu potencial
destrutivo foi finalmente compreendido e sua posição de destaque foi consolidada
nos melhores exércitos do mundo. Porém, foram as guerras de secessão na
Iugoslávia que se tornaram um verdadeiro laboratório de ensaio para a teoria e
prática da guerra com franco-atiradores. Durante o cerco de Sarajevo, a sua
implacável eficácia, que não poupava militares, civis ou mesmo animais, foi
celebrizada pelos jornais do mundo inteiro. E na guerra de guerrilhas, o
franco-atirador derrubou vários mitos, a começar pela crença de que o único
terreno adequado para sustentar uma campanha guerrilheira bem-sucedida é a
selva, e que portanto no desértico Iraque a resistência seria inútil e suicida.
Afeganistão
Durante combates no Afeganistão em 2002 o Corporal
canadense
Rob Furlong obteve o recorde de morte confirmada mais longa da história,
excedendo a de
Carlos Hathcock no Vietnã, de 2.286 m. Ele abateu.
Ema equipe de armas composta por três homens da Al-Qaeda estava se movendo entre
suas posições de defesa numa montanha afegã
do vale de Shah-i-Kot, quando Furlong atirou e matou um deles que levava uma
metralhadora RPK de uma distância exatamente medida de 2.430 metros. O primeiro
tiro dele perdeu-se completamente, e o segundo tiro acertou a mochila do
inimigo. O terceiro tiro golpeou o torso do objetivo. A arma usada foi um rifle
Long Range Sniper Weapon (LRSW), um calibre .50 da McMillan Brothers TAC-50.
A TAC-50 de
Furlong
estava equipada com uma luneta Leopold com zoom de 16x e munição AMAX Match .50.
Os canadenses estavam participando da Operação Anaconda no avanço
pelo vale Shah-i-Kot onde apoiavam a 101ª Divisão
Aerotransportada americana quando as tropas americanas passaram a ser alvo de snipers,
metralhadoras e morteiros do Talibã/Al-Qaeda. Os snipers canadenses engajaram a
distâncias na maioria entre 780-1.500km. Em cada um dos nove batalhões de infantaria
canadenses ativos
há um grupo de snipers constituído de dois atiradores e seu auxiliar.
A equipe
ao lado de três operadores está armada com um fuzil calibre 7,62mm, um fuzil de longo alcance calibre
TAC-50 calibre 12,7mm. O líder da equipe (o primeiro a esquerda) está armado com
um rifle
C3A1 Parke. O segurança da
equipe está armado com um fuzil
Diemaco C7A1 (versão canadense
do M-16) com lançador de granada M203A1 e visor optico Elcan C79.
O MacMillan TAC-50 Tactical Anti-Materiel Sniper Rifle
System foi comprada pelo Canadá para armar seus snipers e depois por vários
países europeus.
Este snipers canadenses se
movem com muito cuidado entras as rochas de um montanha afegã. Eles usam trajes
ghillie, que
provêem camuflagem excelente, e quando parados os snipers se misturam
perfeitamente com o ambiente. Esse homens estão seguindo rastros deixados por
homens do Taliban, buscando objetivos de oportunidade. O homem da frente está
armado com um fuzil Diemaco SFW com lançador de granada M203, o homem atrás dele
está armado com um rifle tático pesado McMillan calibre .50
Novo recorde
O recorde de
distância de tiro de
Rob Furlong foi quebrado pelo “sniper” britânico Craig Harrison, Corporal de
Regimento de Cavalaria, quando este neutralizou, com a ajuda de seu
observador, Trooper Cliff O'Farrell, dois insurgentes talibãs no Afeganistão em
novembro de 2009. A distância foi de 8.120 pés (2.476,6m), medida por GPS, tão
grande que os alvos não ouviram os disparos. Harrison acertou os insurgentes em
novembro passado, numa operação no Sul do Afeganistão, na província de Helmand, disparando um rifle
Accuracy International L11583. O primeiro tiro acertou um homem operando uma
metralhadora, atingindo-o no estômago, matando-o na hora. O segundo homem tomou
a metralhadora e também foi atingido do lado.
Craig Harrison
Os alvos talibãs estavam tão longe que as balas – de
8,59 milímetros – demoraram quase três segundos a chegar ao destino, depois de
saírem do cano da arma, disparadas a quase três vezes a velocidade do som. “O
primeiro tiro atingiu um dos talibãs no estômago e matou-o imediatamente. Caiu e
não se mexeu mais. O segundo rebelde agarrou na arma e virou-se. O segundo tiro
atingiu-o de lado. Caiu. Morreram os dois”, descreveu Craig Harrison à imprensa
britânica. As condições estavam perfeitas para o tiro, sem vento, clima ameno,
boa visibilidade, mas ele teve que mirar
1,82m acima dos alvos, e 50cm para a esquerda. Ele estava operando em apoio ao
seu comandante e tropas do Exército Nacional afegã que estavam sob fogo inimigo
de uma metralhadora PKM operada pelos dois alvos de Harrison.
O feito só foi confirmado, depois de Craig Harrison
ter regressado ao quartel, no Reino Unido. Um sistema de GPS instalado na arma
de longo alcance com que disparou – uma L115A3 (calibre -> .338 Lapua Magnum) –
permitiu medir a distância dos alvos e confirmar o novo recorde: 2470 metros.
Fuzil L115A3
Hoje
A importância dos snipers hoje em dia pode ser comprovada com as novas mudanças no US Army
após as experiências nos conflitos recentes e combate ao terror. Atualmente são
três equipes nas Companhias de comando e uma equipe em cada Companhia de
infantaria. A Brigada BCT do US Army vai ter 48 vagas para sniper contra 18 das
brigadas de assalto aéreo e pára-quedistas, mas serão usado mais como DM e não
como sniper verdadeiros. Os Rangers aumentaram o número de snipers por batalhão
de 14 para 40.
Uma dupla e scout-sniper do USMC no Iraque. O US Army e Reino Unido empregam o sniper atachado a unidade e não
como parte, dando mais liberdade aos movimentos. Outros países como França,
Israel e Rússia empregam seus snipers como parte da unidade. Os Scout Sniper do
USMC agora são parte do pelotão de Surveillance Target and Acquisiton. Também
são empregados em pequenos times atachados ao batalhao de infantaria passando a
ter proteção. As tropas convencionais EUA usam sniper em duplas, com apoio
mútuo, com rádios de linha de visada em missões de curta duração. As SOF usam
equipes de dois a quatro snipers, podem ter apoio externo, rádios de longo
alcance e missões de longa duração.
No US Army, as funções do sniper apoiando comandantes são:
- coleta de informação de combate em tempo real
- reconhecimento
- apoio de fogo
- tiro de precisão
- eliminação de ameaça
- proteção de força
- coordenação rápida
- aumenta da área de influencia
- diminuição do risco colateral
Existem três tipos de sniper: militar, policial e propósitos especiais. O sniper
militar já pode ser separado no sniper propriamente dito e o DM (Designated
Marksman) para apoio de fogo preciso para tropas de infantaria.
Alguns exércitos escolhem os melhores atiradores que são distribuídos ao nível
de pelotão ou grupo de combate com armas equipadas com lunetas. No US Army são
chamados de Designated Marksman (DM). Um DM não tem todas as habilidades do
snipers e apenas batem alvos mais distantes funcionando como apoio de fogo.
Os russo sempre deram muita importância aos DM. Um DM é distribuído para cada
pelotão como função semelhante ao do US Army. Acompanham a tropa ou patrulha e a
maioria não é treinada como um sniper profissional.
Snipers no Brasil
Em 1988, o Estado-Maior do Exército (EME) despertou para o problema de falta de
uma doutrina de uso de sniper no EB.
Caçador era a denominação dos soldados de infantaria
e cavalaria ligeiras, os primeiros chamados Caçadores a Pé e os outros Caçadores
a Cavalo. Formavam linhas à frente ou aos lados tanto para atrapalhar as tropas
inimigas como para proteger as suas próprias tropas.
No EB a designação para sniper é caçador.
As unidades do Exército Brasileiro que ainda
levam essa designação, são Batalhões de Infantaria Leve, que apenas permanecerão
com seus antigos nomes.
O uso militar do nome caçador surgiu a partir de
finais do séc. XVII quando a infantaria dos exércitos europeus, começou a
incluir subunidades armadas com armas mais ligeiras e de maior precisão
(sobretudo carabinas), que cobriam os flancos das tropas de linha (mosqueteiros
e, posteriormente, fuzileiros) alvejando as forças inimigas com tiros de
precisão. Ao contrário da infantaria de linha, que atuava em ordem unida e fazia
descargas conjuntas de fuzilaria, a infantaria ligeira atuava em ordem dispersa
e efetuava tiro individual de precisão. Em alguns países, entre os quais
Portugal, essas tropas começaram a ser conhecidas por Caçadores, dado que a sua
atuação era semelhante à atividade de caça. Mais tarde, já no séc. XIX começou
também a ser dada a designação de Caçadores a Cavalo, às tropas de cavalaria
ligeira usadas na função de exploração e reconhecimento.
Brasil
Doutrina
Diante do valor do sniper o EB iniciou os estudos para equipar os
batalhões de infantaria com equipes de caçadores. Desde 2006, o desenvolvimento
da doutrina é feita pela Brigada de Operações Especiais. A doutrina já cita que
o pelotão de Comando da Companhia de Comando e Apoio dos Batalhões de Infantaria
tenha duas equipes de Caçadores e este número pode ser ampliado.
O EB testou varias armas estrangeiras como o M-24, M-21, Sig Sauer SSG 3000, PGM
Mini-Hecate, PSG-1 e MSG90 adquiridos em pequenas quantidade. Parece que o
escolhido foi o IMBEL Fz .308 AGCL calibre .308. com mira Bushnell Elite 3200 e
reticulo MilDot. O AGLC foi desenvolvido segundo as especificações do EB e que
foi o que se saiu melhor quando avaliado contra fuzis de sniper de fabricação
estrangeira, principalmente no ambiente da Selva Amazônica, onde os snipers
seriam mais empregados. No EB, os caçadores utilizam-se de uma luneta com
capacidade de telemetria de fabricação israelense. O observador leva um fuzil
FAP, com a luneta-telêmetro acoplada, para apoio de fogo.
A doutrina do EB cita como alvos principais:
- oficiais e comandantes de todos os níveis
- guias e rastreadores e seus cães
- atiradores de armas coletivas e pessoal de comunicações
- chefes e motoristas de blindados
- pilotos de helicópteros, pousados ou pairado
- observadores avançados
- snipers/caçadores inimigos
Fz .308 AGLC -PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
O fuzil .308 IMBEL AGLC é um fuzil de precisão baseado na ação Mauser.
Com um cano flutuante tipo match, em calibre .308 (7,62 x 51mm), forjado
a frio e adaptado para o tiro com luneta, foi desenvolvido para atender
as necessidades das Forças Armadas e Políciais.
Munição (mm) |
.308 WIN |
Capacidade |
5
cartuchos |
Comprimento (m) |
1,20 |
Comprimento do cano |
609 mm |
Passo (pol) |
10 ou 12 |
Peso (g) |
4700 |
Precisão |
< 1 MOA |
O
Brasil também conta com snipers em suas unidades de elite como os
Fuzileiros Navais, Grumec e o Grupo Especial da Polícia da Aeronáutica entre
outros. As policias civil, militar e federal brasileiras também contam com
atiradores de elite em seus quadros.
Até a criação do GATE (Grupo de Ações
Táticas Especiais), em São Paulo, em agosto de 1988
o emprego de atiradores de precisão pela
forças policiais era realizado de forma tímida. A partir de 1994, o GATE passou a se constituir como uma equipe própria, independente da
equipe tática de assalto.
Um sniper do EB em operação no
Haiti com um FAL equipado com luneta.
O FAL não é bom parar sniper por ter
cobertura móvel onde é adicionada a luneta.
Dupla de caçadores do EB.
Os snipers da FAB usam o fuzil
SIG 551 5,56mm com mira ACOG nos seus BINFA.
Outra arma usada é o fuzil de
precisão PSG-1.
Snipers dos GRUMEC armados com
um fuzil Parker-Hhale M85 calibre 7,62mm com luneta alemã Schmidt & Bender 6x42.
Para tiro noturno pode ser usado a luneta com intensificador de imagem SU-88/TVS-5.
Os snipers do COMANF usam o mesmo equipamento.
As forças policiais e os
snipers
A
primeira metade dos anos 70 veio à tona o terrorismo internacional, que
defendia ideologias políticas as mais variadas. Incidentes
registraram-se na Europa e EUA, que atônitos viram que suas forças
policiais eram despreparadas para este tipo de crime.Num esforço para
tentar dotar a polícia de meios eficazes, em LOS ANGELES, EUA, criou-se
uma unidade que deu origem à sigla mundialmente conhecida como SWAT, ou
SPECIAL WEAPONS AND TACTICS (armas e táticas especiais), que além de dar
resultados satisfatórios, criou doutrina em terras norte-americanas.
Esta unidade basicamente era constituída por duas equipes, os atiradores
com armas curtas( Assault Team, ou time de assalto) e os atiradores de
fuzil (Sniper Team, ou equipe de snipers ). Para doutrina e treinamento
do Sniper Team, como não havia referências na polícia, buscou-se
profissionais do Exército norte-americano. Apenas como curiosidade,
citamos o fato de que anteriormente quando era necessário a intervenção
de um bom atirador de fuzil, procurava-se o melhor caçador da cidade,
que após breve compromisso,” executava a tarefa”, sendo dispensado logo
após! Durante este período, a incumbência de combater este terrorismo na
Europa, ficou por conta de forças conjuntas entre polícia e exércitos
dos países atingidos, o que possibilitou o intercâmbio e treinamento
qualificados para os policiais que iniciavam-se como snipers, como o
policial austríaco ao lado.Atualmente, face à experiência adquirida
deste os primórdios desta nobre tarefa, forças policiais das mais
diversas partes do mundo utilizam-se de atiradores de fuzil para aquelas
missões em que o risco envolvido é muito grande e não pode haver erros!
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Assunto:
Atiradores de Elite