As táticas dos snipers não nasceram prontas, mas
foram criadas com o desenrolar dos conflitos, assim como suas armas e
equipamentos. Os snipers recebem treinamento sobre camuflagem, ocultação, caça e
observação, alem de tiro em varias condições. Disparam centenas de tiros em
varias semanas enquanto aprendem outras habilidades.
A principal defesa é a camuflagem e ocultação. O sniper limita seus movimentos
para evitar detecção. Toma cuidado com a luneta pois pode refletir a luz
ambiente. Geralmente evita expor a luneta ou tampa a maior parte.
Os snipers reais treinam muito as técnicas de camuflagem, pois deve atirar sem
ser notado. Dependem dela para sobreviver. A técnica de camuflagem principal é
criar vestimentas chamadas de "Gillie Suit" que são colocadas em cima do
uniforme.
O uniforme de baixo convém ser de infante normal para não ser descoberto. Os
snipers são mortos na hora se capturados. Os snipers podem usar qualquer
uniforme e não são obrigados a fazer tarefas diárias como outros soldados além
de poderem ir onde quiserem. O tratamento diferenciado os torna mal vistos pelas
outras tropas.
Foram os "Lovat Scouts" britânicos que introduziram a roupa "Gillie Suit". Eram
caçadores escoceses que formaram uma unidade em 1900 com 200 escoceses das
terras altas. Eram muito bons em camuflagem, stalking e reconhecimento. Ajudaram
na formação dos snipers britânicos na Primeira e Segunda Guerra Mundial. Foram a
primeira contramedida britânica contra os snipers alemães na Primeira Guerra. O
lema dos Lovats Scouts era "quem atira e foge, vive para atirar outro dia (He
who shoots and runs away, lives to shoot another day).
A roupa "ghille", vem do escocês para "garoto". Em inglês é o assistentes de
caçadores ou pescadores em expedições. A roupa é feita pelo próprio sniper
conforme o local que opera e não comprada pronta. É feita com rede ou roupa com
tiras de roupas ou tecido enrugado, parecendo folhas e galhos, lembrando um
matagal, fácil de fundir com o fundo vegetal. Vegetação local é adicionada. É um
processo demorado e demora mais ainda se for necessário uma maior qualidade. O
sniper deve estar preparado para adaptar seu ghille em minutos. O problema é que
esta roupa são pesadas e quentes, podendo chegar a 50 graus centígrados. São
fáceis de pegar fogo e por isso são tratadas com ratardante de fogo.
A proteção térmica passou a ser importante com o emprego de sensores térmicos
pelo inimigo que pode detectar facilmente um sniper. Placas de plástico e mantas
térmicas podem ser usadas pelo sniper e equipamentos e devem ser camufladas.
A função da roupa "gillie
suit" é quebrar o contorno da figura humana e a vegetação adicional é que
camufla. A forma, sombra, brilho e silhueta podem denunciar a posição do sniper.
A eficiência do sniper está mais relacionada
com o atraso dos movimentos inimigos e não numero de mortes. O soldado comum
sabe que pode ser atingido, mas pensa "não vai acontecer comigo". A presença do
sniper muda esta concepção e piora com os amigos sendo mortos por snipers. O
efeito se multiplica quando os snipers agem na retaguarda onde as tropas pensam
estar seguros. Os recrutas se escondem e não obedecem ordens. Um sniper alemão
na Segunda Guerra cita que disparava de longe, sem chances de acertar, mais para
mostrar para os russos que não estavam seguros.
A aproximação do alvo, ou técnicas de progressão, é chamado "stalk" no USMC.
Para ser bom em stalk o sniper precisa de muita paciência e coragem. Arrasta em
zig-zag na grama para dificultar a visualização do próprio rastro. O nascer e
por do sol faz os óticos da luneta brilhar e cada hora trás vantagem e
desvantagens em um combate de snipers. A tática anti-barulho é levar o mínimo de
equipamento possível. Bom mesmo é só o fuzil, munição e vestimenta. Qualquer
barulho pode ser mortal. Na guerra civil espanhola e colocados junto com
metralhadoras para mascarar os tiros. No frio o vapor eliminado na respiração
pode ser fatal.
As técnicas de progressão no terreno são importantes, pois o sniper deve chegar
ao local do alvo e mudar de posição. Os afegãos cancelaram a superioridade
numérica e qualitativa russa com conhecimento do terreno. Era onde caçavam e
viviam. Contra os EUA não foi possível, pois estavam atuando junto com outros
afegãos e a superioridade técnica era muito acima da russa.
Os sniper deve entrar em posição sem ser detectado, movendo-se com paciência,
devagar e sem fazer barulho. O olho humano sempre é atraído pelo movimento. Por
exemplo, em uma missão no Vietnã, na fronteira com o Laos, o sniper dos USMC
Carlos Hathcock cobriu 2km de terreno com grama em quatro dias sem se alimentar
e beber água direito. A área estava coberta de patrulhas e foi até pisado na
perna por um vietcong. Abateu um general vietcong a 800m e teve que fugir dos
vietcongs que os procuravam.
Na escolha da posição devem considerar onde alvo vai aparecer no terreno. Devem
pensar na reposta para cada situação. Podem atirar, chamar artilharia, ou ataque
aéreo. São ensinados a ter disciplina e fogo controlado, e não apenas esconder e
atirar em tudo que move.
Um sniper deve ter muita paciente e resistência física, pois pode ficar dias
dormente até disparar. Não sai atirando a esmo. Seletividade é a qualidade
daquele capaz de selecionar bem seu alvo. Como exemplo, veja-se o caso do
seqüestro de um ônibus escolar no Djibouti, por forças terroristas. O GIGN
francês postou seus snipers em volta do veiculo parado numa estrada no deserto,
e cada um deles recebeu a missão de neutralizar um dos quatro terroristas que
mantinham as crianças imobilizadas dentro do veiculo. Porém só poderiam atirar
quando "todos" tivessem o campo livre ao mesmo tempo. Depois de quase dez horas
de paciência, eles obtiveram luz verde e, com certeiros disparos, abateram todos
os terroristas ao mesmo tempo, liberando as crianças do cativeiro.
Uma tática é nunca atirar mais de uma vez do mesmo lugar e se expor o mínimo
possível. Bom mesmo é tiro rápido tipo "snap shot" que precisa de muito treino.
Para caçar snipers inimigos podem usar a tática de disparar fuzil com corda de
longe para chamar fogo dos snipers inimigos ou dispara de posição falsa e volta
para a posição real. Um pano molhado pode ser colocado debaixo da arma para
evitar levantar poeira e não é aconselhável atirar de dentro de folhagem por
defletir o tiro e denunciar a posição. Observar animais é importante para
sobreviver, pois avisam se tem alguém perto. O alcance é item para aumentar a
sobrevivência. O tiro deve estar longe para não receber fogo de retorno, mas
próximo para atirar com precisão.
Na observação das tropas inimigas o mais importante é saber quem é o oficial. Na
Segunda Guerra Mundial os snipers alemães reconheciam os oficiais britânicos
pelo bigode que só eles usavam. Os oficiais americanos e britânicos usavam o
mesmo uniforme das tropas comuns e passaram a ter aparecia e comportamento de
recrutas. Escondiam mapas, binóculos, divisas e armas diferenciadas como as
pistolas. Na Guerra da Coréia os oficiais eram abatidos por usarem óculos
ray-ban. As tropas americanas modernas podem ser identificados por detalhes como
o apontador laser na arma. Não usam metralhadoras e nem carregam lança-rojões.
Sem detalhes para diferenciar, o sniper deve ser capaz de notar quem está dando
ordens.
Os conceitos de escolha de posição são relativamente simples. Deve prepara para
mudar de posição logo que sente que vai ser descoberto. Não se deve escolher
locais óbvios e já planejar a rota de fuga antecipadamente. Torres e andares de
prédios mais altos são exemplos de locais óbvios. São os primeiro alvos do
inimigo. O inimigo pode chamar artilharia e armas pesadas contra locais
suspeitos. Partes altas dos prédios são as primeiras a serem atingidas por
artilharia e a infantaria também não usa pelo mesmo motivo. As posições são as
menos esperadas. Os snipers inimigos saberiam onde procurar facilmente.
Uma casa qualquer com telhado destruído é mais segura. Usando uma casa sozinha o
sniper pode ser descoberto e cercado. Uma posição camuflada próxima dá menos
problemas. Veículos danificados são bons para esconder, mas tem que mudar de
posição freqüentemente.
Plantações são bons locais, pois não tem características especificas para o
inimigo observar e são bons para mudar de posição. Em cima da arvore é o pior
lugar, pois geralmente são pegos. Os japoneses na guerra do Pacífico escondiam
nas arvores e a maioria morria, mas mesmo assim causavam muitas baixas nos EUA.
As matas usadas como cercas são boas para facilitar a mudança de posição
rapidamente.
Os cruzamentos devem ser evitados e são alvos de artilharia por serem pontos de
cruzamento de veículos sendo freqüentemente bombardeados só por isso. São fáceis
de localizar no mapa e o inimigo pode atirar a esmo tentando destruir o tráfego
que deve estar passando e até engarrafado no local. Uma posição próxima pode ser
ideal. As tropas tendem a parar nestes pontos e esperar ordens. Próximo a pontes
é bom para causar baixas e atrasar o avanço inimigo.
A tática de expor um
pedaço de roupa com forma humana para chamar atenção inimigo é da Primeira
Guerra Mundial. Era muito efetiva contra snipers. No Aden, um sniper britânico
detectava terroristas simplesmente chamando a atenção deles. Se aproximavam,
mostravam armas e logo eram mortos. Na Guerra Civil americana os snipers
levantavam o chapéu para chamar o tiro inimigo enquanto outro respondia ao fogo.
Existem várias posições de tiro de sniper. O
sniper acima está sentado e o fuzil está sem luneta.
Na Chechênia os sniper russos passaram a usar o bipé da
metralhadora PKM nos seus fuzis SVD por tornar o tiro mais estável. Mesmo assim
treinam para realizar o tiro em todas as situações.
Outra técnica usada pelos snipers é a de não matar, e sim apenas ferir um
inimigo, o que leva outros a tentarem resgatá-lo, elevando o número de alvos em
potencial. O cinema nos mostra bem isto, como no filme "Nascido para Matar", que
mostra uma sniper vietcong ferindo um soldado americano, e usando-o como isca
para atrair seus companheiros, ou o filme "Resgate do Soldado Ryan", onde ocorre
a mesma situação.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os alemães foram também os primeiros a
utilizarem pares de snipers, onde enquanto um dispara, o outro serve de
observador e guarda-costas. A experiência mostra que é melhor atuarem aos pares
em uma equipe de sniper e observador tendo maior capacidade de sobrevivência e
eficiência. Em posição fixa as duplas de snipers fazem vigilância e
reconhecimento em turnos de 20 minutos. O observador (ou spotter) usa arma mais
leve e granadas. Também tem a missão de evitar times anti-sniper inimigos e
observar e corrigir o tiro do sniper. No USMC são chamados de equipe
Scout-Snipers. Os sniper móveis são mais agressivos e cobrem uma área maior.
Agem atrás da retaguarda inimiga, atacando alvos móveis e suas linhas de
suprimento.
Os snipers podem operar como parte de uma patrulha, dirigindo artilharia e para
se proteger. Isto anula uma das desvantagens de operar sozinho ou aos pares,
estando sempre superado em número. Os snipers podem usar um grupo de combate
para apoiar sua retirada.
Seu emprego nas operações ofensivas permite participar em ataque improvisado,
ataque organizado, ataque frontal (atirando contra alvos preparados, casamatas,
flanco exposto), ataque envolvente, participar de patrulhas atirando contra
alvos distantes. Em uma incursão a função do sniper pode ser a observação de
pontos de evasão e escape, vigiar rota de emprego, realizar tiro de longo
alcance e toda a operação. Em operações defensivas pode realizar proteção de
retaguarda.
Uma tática de emprego comum dos snipers na Segunda Guerra Mundial era penetrar
as linhas inimigas a noite e se posicionar em um colina próximo a uma estrada.
Os snipers dividiam a área entre equipes ou observador e sniper. Atiravam
principalmente nos oficiais. Evitaram atirar mais de duas vezes para não
denunciar a posição. Os comboios avançavam na estrada e eram atingidos depois
por mais sniper cobrindo outro setor. Já na guerra civil espanhola os snipers
eram usados para atrapalhar a linha de suprimentos inimigas.
Uma tática muito eficiente é a emboscada de triangulação. Nesta tática são
usados três snipers ou três equipes de snipers. Após escolher o terreno, cada
sniper/equipe, fica em um extremo do triangulo no terreno escolhido. A distancia
da zona de morte varia de 300 a 600m. Com o inimigo na zona de tiro uma equipe
abre fogo. Se for localizada a segunda equipe abre fogo e primeira equipe
abandona a posição. Se a segunda equipe for detectada a terceira repete o
processo. Esta tática cria muita confusão no inimigo sobre o local dos disparo e
quantidade de snipers.
Em uma emboscada anti-carro, a função do sniper é ajudar a atrapalhar as tropas
de escoltas e forçar o comandante do blindado a ficar dentro do veículo e assim
com menos visão ao redor. Na Segunda Guerra Mundial, a área em torno da cúpula
dos comandantes de blindados eram muito marcadas por tiros. Eram o alvo
principal da infantaria e dos snipers.
O sniper mostrou sua importância tática ao parar tropas em número muito
superior, na ofensiva ou defensiva, por bom um bom tempo. Isso foi provado em
várias ocasiões como nas batalhas pela posse da capital da Chechênia, Grozny,
onde muitas vezes, um simples sniper chechênos, e muitos eram mulheres, detinha
forças russas por dias, fazendo com que o avanço geral fosse interrompido.
A guerra psicologia faz parte das táticas dos snipers, no sentido de
desmoralizar as tropas inimigas. Durante a Revolução Cubana, os snipers dos
guerrilheiros do Movimento 26 de julho sempre atiravam nas tropas da frente em
um grupo de soldados Batistas. Assim, ninguém queria ir na frente considerando
suicídio. Resultou na falta de interesse em realizar buscas nas bases rebeldes
nas montanhas. Outra opção é atingir o segundo no comando, levando ao efeito
psicológico de não querer seguir o líder.
A frase "um diparo, uma morte" é outro efeito psicológico da mística dos
snipers. A frase incorpora a táticas e filosofia da furtividade e eficiência dos
snipers: um único tiro evita disparo desnecessário, todo disparo é certeiro.
Recentemente no Iraque surgiu a lenda de um sniper iraquiano chamado Juba que
vem aterrorizando os americanos. Estes sniper tem uma página na Internet onde
mostra os vídeos que grada com uma camera instalado no seu fuzil SVD. As imagens
mostra claramente soldados americanos sendo atingidos, principalmente na cabeça.
Juba tem a seu crédito pelo menos 37 kill, mas pode chegar a 150. Os americanos
citam que são vários sniper e não um só e que já foi capturado. Juba atua em um
veículo com um buraco de onde realiza os disparo, raramente mais de um.
O sniper é uma ótima arma para guerra assimétrica com um lado em franca
desvantagem. A estratégia do mais fraco pode usar poucos indivíduos e recursos
para retardar o movimento ou outros avanços de uma força muito maior. O sniper
atuaria como arma de terror, sendo mais efetivo que ataque maior proporções. Na
Irlanda do Norte, os sniper eram iscas com uma posição obvia para as patrulha
britânica que eram levados para um emboscada ao tentar se aproximar.
Em combate em localidade (terreno urbanizado) algumas táticas são recomendadas.
Um sniper deve atirar do fundo do cômodo, com um plataforma elevada se atirar
para baixo. O objetivo é dificultar a detecção. Deve preparar a cobertura contra
tiros inimigos de retorno. Deve evitar os últimos andares, que mais sofrem com
artilharia. As aberturas nas paredes oferecem bons campos de tiros, mas o sniper
deve proteger as laterais das aberturas onde executar os tiros. Os restos de
vidro devem ser retirados para não denunciar a posição durante o disparo caso
quebrem. As rotas de fuga devem ser preparadas com antecedência. O uso de
armadilhas e minas tipo claymore devem ser usadas para proteger as rotas de fuga
ou possíveis locais onde o inimigo possa tomar a posição. Deve aproveitar
material local para ajudar a esconde a posição como cortinas, telas e móveis. É
aconselhável evitar locais muito aberto e fácil de ser localizado. Quanto mais
elevado o andar onde atira, maior o angulo morto e vice-versa. O ideal é
executar fogo oblíquo ao objetivo que será mais difícil de detectar. É
aconselhável ter muitas posições de tiro e evitar as melhores por ser muito
evidente. O tiro deve ser certeiro devido a distancia curta e provável reação.
Um inimigo ferida pode ser melhor que morte por retardar a ação do inimigo.
As operações em terreno montanhoso tem a vantagem de proporcionar grandes campos
de observação e tiro. Por outro lado os grandes desníveis e ventos constantes e
irregulares dificultam a balística, mas atiram para baixo e com menor densidade
ar o que já é uma vantagem. Outra desvantagem é a dificuldade de se movimentar
com equipamento pesado em terreno irregular. É um terreno ideal para emprego de
armas pesadas de sniper. De uma posição elevada, várias equipes de sniper podem
restringir facilmente a movimentação inimigo pelo fogo de longa distancia com
economia de forças. Podem proteger vias de aproximação importantes, assim como
as comunicação e obstáculos naturais e artificiais (rios, pontes etc).
Um sniper do Vietnã do Norte criou uma
tática bem simples para sobreviver durante o cerco de Khe Sanh, na guerra do
Vietnã. A base dos Marines estava cercada por forças do Vietna do Norte, e é
lógico, haviam snipers norte-vietnamitas ao redor. Após dias de busca usando
binóculos, os Marines localizaram um sniper inimigo que já havia abatido vários
dos seus. Trouxeram uma peça de canhão sem-recuo de 106 mm e eliminaram a
ameaça. Dia seguinte, um novo sniper estava no mesmo local. Novas baixas entre
os norte-americanos, nova busca minuciosa, localização e eliminação. Dias
depois, um terceiro sniper vietnamita apareceu. Os Marines, que já haviam
iniciado a busca deste novo inimigo, notaram que, ao contrário dos outros, este
não acertava ninguém. Limitava-se a disparar seguidamente, porém sem causar
baixas. Um sargento Marine, veterano de muitas campanhas, formulou a seguinte
hipótese: este novo sniper havia sido mandado por seu comando para continuar o
trabalho dos outros e, eventualmente sofrer o mesmo destino dos outros. Acontece
que ele não estava disposto a sofrer o mesmo destino de seus companheiros e,
deduziu-se, acertadamente, que se atirasse para satisfazer sues comandantes,
porém não acertando ninguém, os americanos o deixariam em paz. E foi o que
ocorreu. Durante o restante do cerco, ele seguiu atirando, e errando, e os
americanos não revidaram com o temido canhão de 106 mm.
Um sniper policial em um helicóptero. O
helicóptero permite que os snipers tenham muita mobilidade. Esta tática vem
sendo usada desde o Vietnã.
Dois snipers seguem o rastro de guerrilheiros
em uma trilha no Afeganistão. As técnicas de rastreamento são ensinadas aos
snipers.
Uma dupla de snipers dos Seals da US Navy. A
dupla está armada com fuzil M-40 de ferrolho, um Mk12 semi-automático com
cilenciador e uma M-4. Sua arma principal ainda é o rádio por satélite com
laptop que pode ser usado para chamar artilharia e apoio aéreo aproximado.
Durante a invasão do Iraque em 2003 os EUA usou cerca de 1.000 operadores das
forças de operações especiais para controlar o norte do país e evitar que os
três Corpos de Exército na região fossem deslocados para o sul. Foram ajudados
por cerca de 10.000 guerrilheiros curdos que conheciam. As equipes se
comunicavam com um centro de comando com rádio de satélite que passava as
informações para as aeronaves táticas (TACAIR) da posição dos controladores
aéreos. A comunicação com as TACAIR era por rádio de curto alcance. As equipes
usavam lasers para indicar alvos para as aeronaves. A maioria das equipes era
formada por duplas de snipers, armados também com fuzil pesado, e se
movimentavam com motos que era ideal para a região. Operavam a partir de uma
base maior escondida que apoiava várias duplas. O treino de sniper era útil para
se esconder e para realizar reconhecimento e vigilância, além de dar uma boa
capacidade de defesa contra tropas em número superior.
Táticas Anti-Sniper
Quando o inimigo está usando snipers a prioridade é matá-los. Neste caso a
melhor arma são outros snipers. Enviar infantaria só aumenta as baixas. A
atividade de caçar sniper inimigos virou rotina na Primeira Guerra Mundial. No
Vietnã os americanos usavam canhões, lança-rojões, artilharia, metralhadora e
até apoio aéreo contra posições inimigas.
A guerra de sniper levou a evolução de varias táticas anti-sniper. O objetivo é
diminuir os danos causados pelos sinper que podem ser muito prejudiciais em
termos de capacidade de combate e baixar o moral da tropa. Para diminuir o risco
de danos que o sniper causa na cadeia de comando, doutrina e equipamento é
necessário prevenir comportamentos e sinais de "liderança". As insígnias
precisam ser escondidas, com uniforme idêntico para todas os postos, sem luxos
na linha de frente, com ordens de comandos sendo dados discretamente. Atos como
olhar mapa, mostrar autoridade, abstenção de tarefas comuns e outras linguagens
corporais podem denunciar o posto de oficial. As tropas não prestam continência
para oficiais no campo e os oficiais procuram cobertura antes de se revelar como
bons candidatos para os sniper antes de ler mapas e usar o radio. Meios
valorosos devem ser estacionados em locais protegidos, evitando ataques
"anti-material". É uma tática efetiva em qualquer circunstancia, visto que
previne danos de fragmentos.
Quando um ataque de sniper acontece, a tarefa mais difícil é determinar a
localização do sniper. Devido ao fato do sniper usar camuflagem, escolher
posição de tiro cuidadosamente e sempre atacar a longa distancia, sempre é
possível que ele ataque e se retire sem ser detectado. Estar consciente dos
métodos que os snipers usam para se ocultar faz parte do processo de detecção
dos sniper, como a maioria dos objetos que geralmente não são percebidos podem
funcionar como ninho de sniper. Estes objetivos incluem carros estacionados com
buraco por onde podem atirar, com o motorista atuando como sniper. Pilhas de
escombros não são geralmente suspeitos e devem ser considerados.
Um sniper amigo costuma ser a maior ferramenta anti-sniper. Com pouco treino,
conhecimento das imediações e equipamento, um sniper pode oferecer conselhos a
um pelotão, melhorando a capacidade de busca, e meios de combater o sniper
diretamente. Quando dito o que observar, o pelotão pode agir como ouvido e olhos
adicionais do sniper. Além de acompanhar o pelotão, o sniper pode atuar de forma
autônoma. Sem ajuda do grupo de combate, um sniper mais habilidoso irá vencer.
De qualquer forma, o duelo de sniper irá distrair o sniper inimigo de sua
missão.
A observação direta é o meio mais preciso de se localizar um sniper, mas é um
luxo raro quando se encara um sniper bem treinado. Vários outros métodos podem
ser usados:
- Câmera térmica. O melhor meio de detecção de sniper atualmente são as câmeras
térmica. Funciona a noite e com neblina e só é imune a trajes especais.
- Azimute reversa. Se um projetil de sniper entra em um objeto fixo, inserindo
uma barra no buraco se consegue determinar a direção e arco do projetil além de
estimar a distancia e elevação. Esta técnica é arriscada sem cobertura e sempre
corre o risco de entrar no campo de visão do sniper.
- Triangulação. É uma técnica onde duas ou mais localizações podem identifica a
posição do sinper na hora que atira. Em um mapa, cada um coloca a posição onde
estava e indica a direção do tiro. As direções irão se cruzar na posição
aproximada do sniper. Pode ser feito visualmente com munição traçante que irão
se cruzar na posição aproximada do sniper.
- Atraso de som ("crack-bang"). Um projetil supersônico produz uma onda de
choque supersônica quando passa. Se a velocidade do projetil inimigo for
conhecida, o alcance pode ser estimado mediando o atraso entre a passagem do
projetil e o som do tiro, comparando com uma tabela. Este método é efetivo em
distancias até 450 metros. Além disso o atraso aumenta, mas a uma razão muito
pequena para um humano distinguir.
- Engodo. Quanto mais tiros disparados, maior a chance de se localizar ou
observar o sniper. Engodos ajudam a aumentar este numero de disparos sem perdas
humanas e pode incluir equipamento de valor como mostrar o capacete. Sinais
provocativos podem funcionar se o sniper estiver descuidado, agressivo ou não
sabe da presença de outras tropas na área. Um sniper bem treinado realiza o
mínimo possível de disparos, sendo paciente e disciplinado para evitar isso. O
finlandês Kylma-Kalle usou esta técnica contra os russos. Usava um manequim
vestido de oficial. Os snipers soviéticos não resistiam a tentação de umtiro
fácil. Após determinar a direção do tiro, o finlandês usava um fuzil pesado
Lahti L-39 para eliminar o sniper russo. Outra tática boa é colocar trapos em
arbustos, ou coisas similares em áreas de perigo. Os trapos balançando na brisa
criam movimentos randômicos no canto dos olhos dos snipers, criando distrações.
É fácil de usar, mas não evita que o sniper selecione alvos, e ainda pode dar
informação sobre o vento próximo do alvo.
- Detetores. O primeiro sistema de detecção de sniper, chamado "Boomerang" foi
desenvolvido pelo DERA britânico e consegue determinar o tipo de projetil,
trajetória e ponto de disparo de um local de disparo desconhecido. O sistema usa
microfones para detectar o disparo e a onda sônica do projetil. O sensor
detecta, classifica, localiza e mostra o resultado em um mapa. O sistema fica
montado em um veiculo. Os EUA tem o projeto RedOwl, com laser e sensores
acústicos.
- Cachorros (K9 - ki-nine, ou canine). Cachorros são bons para detectar, alertar
e perseguir snipers a noite. Os cachorros iniciaram a caça aos sniper com
sucesso no Vietnã. Podem determinar facilmente a direção do sniper pelo som do
projetil. Os cachorros deitam com a cabeça apontada para a direção do sniper.
Foto da antena do Bumerang na
traseira de um HUMVEE. Cerca de 700 sistemas foram deslocaldos para o
Afeganistão e Iraque. O painel que indica a direção fica na cabine. Os sistemas
de detecção de sniper acústicos e radar portáteis se tornaram operacionais.
Detectores de som agora são capazes de determinar caminho de tiro e colocar dado
em mapa em milisegundos. Se levados por blindados com mira automática pode
inserir dados e responder ao tiro imediatamente sem chances de fugir ou chamar
artilharia para saturar área. Os sistemas podem ser usados por equipes
anti-sniper e funciona bem em ambiente urbano.
Uma vez que a posição do sniper foi encontrada existem
as seguintes opções de ação:
- Reconhecimento pelo fogo. Se são poucas as posições onde o sniper pode estar,
o grupo de combate pode concentra o fogo nestas posições e observar sinais de
sucesso. Em uma situação com muita opção de proteção, um sniper amigo pode
disparar uma munição traçante no local para concentrar fogo do pelotão no local.
- Minuto louco (Mad Minute". Se existem muitas posições para ser coberto pelo
"reconhecimento pelo fogo", cada posição inimiga possível é atacada por um ou
mais soldados, após receber sinal e atirar, com todos os membros do pelotão
disparando simultaneamente um certo numero de tiros. O método é efetivo e tem
valor secundário de aumentar o moral das tropas.
- Artilharia. Se a posição geral do sniper pode ser determinada por outros
meios, a área pode ser bombardeada por morteiros ou artilharia. Talvez até pelo
ar se for um grande problema.
- Cortina de fumaça. Em áreas urbanas e outros ambientes com poucas opões de
movimentação e campos de visão, a fumaça pode ser um meio efetivo de esconder o
movimento das tropas. A cortina de fumaça pode ser criada para mudar de posição
ou fugir, ou se aproximar e eliminar o sniper. Soldados comuns ainda podem
causar danos através da fumaça atirando aleatoriamente ou por intuição, mas o
sniper perde sua vantagem da precisão e é menos provável que atinja algo com sua
baixa razão de tiro.
- Correr. Táticas de fogo e movimento pode funcionar contra sniper, mas o bom
mesmo é correr e se esconder. O maior erro dos alvos é deitar e congelar. São
pegos um após o outro. Se o grupo de combate esta paralisado por tiro de sniper
e sofrendo baixas, a ordem deve ser dada para tomar a posição do sniper. Se o
sniper estiver longe, a ordem é correr para uma posição abrigada. O grupo irá
sofrer baixas, mas com muitos alvos móveis e com baixa razão de tiro, as perdas
são geralmente pequenas comparadas com a opção de manter posição e ser pego
lentamente.
- Movimento em pinça. Se a posição do sniper for conhecida mas sem opção de
retaliação direta, um par de grupo de combate pode se mover ocultamente,
preferencialmente com cobertura, e direcionar o sniper para o grupo com os
alvos. Isto diminui as chances do sniper encontrar uma rota de escape rápida e
oculta.
- Armas adequadas. Contra a posição suspeita do sniper pode se usar
artilharia ou morteiro. Cortina de fumaça, minas são outras armas que devem
estar sempre disponíveis. Armadilhas em posições suspeitas podem ser colocadas
caso a tropa esteja estacionada. Até armadilhas falsas podem ajudar a atrapalhar
a movimentação de snipers. Sem minas para fazer armadilhas, pode ser usado
granadas, fumaça e até flares. Não mata mas releva a posição. Armadilhas devem
ser colocadas próximos a bons locais de tiro de sniper e rotas prováveis. Para
isso é bom ter um sniper para conhecer táticas prováveis do inimigo. As equipes
do SAS britânico que operaram em Oman na década de 1970 começaram a atacar
snipers com o canhão sem recuo Carl Gustav de 84m. Pesando 16kg ele disparava
uma granada de 2,6kg a até 1000m com precisão. Era efetivo contra alvos bem
protegidos. Os Russos usaram seus RPG no Afeganistão na mesma tarefa com
sucesso.
Operador do SAS britânico
com um
Carl Gustav de 84m
em operação anti-sniper
na província de Dhofar em Oman.
As equipes anti-sniper são outro meio para caçar sniper inimigos nas áreas onde
operam. As táticas dos sniper são relativamente previsíveis e a melhor reação é
usar outro sniper que vai raciocinar de modo contrario. As atividades dos
snipers ao caçar outros snipers se baseia em estudar seus hábitos e métodos, e
esperar pacientemente por um bom tiro. Acaba sendo um estudo de tiro e
camuflagem. Para detecção de snipers inimigos os britânicos iniciaram o uso de
telescópios potentes na Segunda Guerra Mundial e mostraram ser uma ótima arma.
As equipes anti-snipers usam posições falsas e truques para o inimigo atirar e
revelar sua posição. Uma tática simples das equipes anti-snipers é um atira a
esmo e buscar cobertura enquanto outra equipe espera a resposta inimiga para
detectar suas posições.
Uma equipe anti-sniper deve ter uma arma de longo alcance e de preferência maior
que o do inimigo. O calibre Lapua mostrou ser insuficiente para contra-sniper
como mostrado pela experiência francesa em Serajevo, a russa na Chechênia e
americana no Iraque. A melhor arma é um fuzil pesado.
Já um sniper deve estar preparado para a reação inimiga. Deve evitar atirar do
mesmo lugar sempre contra o mesmo objetivo. Se torna uma posição óbvia para
outro sniper assim como possíveis rotas de fuga e pode ser emboscado. De
detectado por outros sniper tem poucas chances de sobreviver. Deve estar pronto
para criar cortina de fumaça, se esconder e fugir correndo para dificultar o
tiro inimigo.
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Assunto:
Atiradores de Elite