Duque de CAXIAS - LÍDERES
Caxias do alto de uma colina comanda as suas tropas durante a Batalha do Avaí na Guerra do Paraguai
Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, nasceu a 25 de agosto de 1803, na fazenda de Taquaru, próxima à vila de Porto de Estrela, onde hoje é o Parque Histórico Duque de Caxias, no município de Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro. Seus ascendentes, todos militares e políticos, desempenharam funções de relevo na vida pública do país, fator este, provavelmente, de grande influência na trajetória de sua carreira.
Seu avô paterno, José Joaquim de Lima e
Silva, nascido em Portugal, transferiu-se para o Brasil em 1783, como
capitão do regimento de Bragança, no Rio de Janeiro, atingindo o posto
de marechal-de-campo. Do casamento de José Joaquim com Joana Maria da
Fonseca Costa, nasceram filhos que se Casado com Maria Cândida de Oliveira Belo, Francisco de Lima e Silva, pai de Caxias, desempenhou importantes funções. Comandou a expedição militar contra a Confederação do Equador (1824), assumiu a presidência de Pernambuco e exerceu o Comando de Armas, primeiro em São Paulo e depois na Corte. Foi, ainda, membro das duas regências trinas e eleito para uma cadeira vitalícia no senado do Império, como representante da província do Rio de Janeiro. A carreira militar de Luís Alves de Lima e Silva iniciou-se aos cinco anos de idade, quando foi titulado Cadete de 1ª classe, no 1º Regimento de Infantaria de Linha do Rio de Janeiro, em cumprimento ao Aviso de 20 de novembro de 1808, época em que a Família Real Portuguesa transfere-se para o Brasil. Cursou, com distinção, a Academia Real Militar durante o período de 1818 a 1821, tendo dedicado especial atenção à engenharia militar, cujo proveito se mostrou evidente nos campos de batalha. Com a Proclamação da Independência do Brasil, D. Pedro organiza, pessoalmente, em outubro de 1822, no Campo de Sant’Ana, a Imperial Guarda de Honra e o Batalhão do Imperador, tropa de elite, integrada pelos melhores homens, cabendo ao Tenente Luís Alves de Lima e Silva receber, na Capela Imperial, das mãos do Imperador D. Pedro I, a bandeira do Império recém-criada. Em 1823, o jovem tenente marchou para a Província da Bahia, como ajudante do Batalhão do Imperador, para expelir as tropas portuguesas, comandadas pelo General Madeira de Mello, que se opunham à Independência do Brasil. Em sua primeira experiência de combate, deu mostras de sua bravura ao lançar-se, impetuosamente, com sua espada desembainhada, à testa de sua companhia, ao assalto de uma casaforte guarnecida por caçadores portugueses. Tomados pelo exemplo daquele jovem oficial, seus comandados investiram com coragem e determinação, conquistando o objetivo. Sua conduta lhe valeu, como justa recompensa, o “Hábito do Cruzeiro”, conferido pelo Governo e considerado, na época, a mais alta distinção militar. Esta foi a condecoração de que mais se orgulhou Caxias, em toda a sua carreira.
Ao retornar para o Rio, Caxias é
promovido ao posto de capitão, com apenas vinte anos de idade. Sua
promoção precoce foi motivo de comentários, mas logo se espalharia a
fama de suas virtudes militares e dos exemplos de abnegação e bravura
que dera mostras em sua campanha na Bahia. Enviado para Montevidéu, em
razão da revolta da Província Cisplatina, em 1825, deu outros exemplos
de bravura. Em uma de suas ações audaciosas, liderando um grupo de Em outra surtida fulminante, saiu de Montevidéu durante a noite e, numa ação rápida sobre uma linha de postos avançados inimigos, fez mais de trinta prisioneiros. Pela coragem demonstrada, o fato foi citado em Ordem do Dia. Cessada a guerra com aquela Província, em virtude do tratado de paz firmado com o governo argentino, retornou ao Rio de Janeiro, tendo sido promovido a major e assumido o comando do Batalhão do Imperador até a abdicação de D. Pedro I, em 1831. Após a constituição da regência trina provisória, da qual seu pai fazia parte, passou a defender o novo governo, combatendo eficazmente os diversos movimentos que irromperam no Brasil. Colaborou, também, com o ministro da Justiça Diogo Antonio Feijó, depois regente, e atuou de maneira decisiva na sufocação da Abrilada, em 1832, período de desenfreada anarquia no Rio de Janeiro.
Naquele período, em contraste com os
diversos motins ocorridos e apesar do envolvimento da maioria dos
oficiais com grupo políticos, Caxias era visto como um soldado que nunca
se revoltava. Sua participação na Bahia e na Cisplatina, além de sua
brilhante passagem pelo Batalhão do Imperador, revelaram o seu
equilíbrio e um rígido espírito de lealdade e disciplina. Diante da
crise de confiança que assolava o País, inclusive o Exército,
considerado um conglomerado
Em 6 de janeiro de 1833, casou-se com D.
Anna Luiza de Loreto Carneiro Vianna (Marquesa de Caxias), com quem
viveu 41 anos e teve um filho, herdeiro do nome do pai, e duas filhas:
Luiza de Loreto Carneiro Vianna de Lima e Maria de Loreto Vianna de
Lima. Iniciada a revolta dos Balaios, no Maranhão, em 1839,
Em 1842, foi nomeado Comandante das Armas
da Corte e, no mesmo ano, eleito, por unanimidade, deputado-geral pela
Província do Maranhão. No entanto, praticamente não exerceu o mandato em
razão da dissolução da Câmara alguns dias após sua posse. Porém, ao
romper a revolução liberal em Ao ver assegurado o domínio da situação, ofereceu imediatamente a paz aos adversários, em condições honrosas, insistindo na necessidade de fortalecer a união nacional em razão das ameaças externas. Os esforços do general vitorioso foram coroados com a anistia geral dos rebelados e a pacificação completa da província, permitindo-lhe ser indicado para figurar, em primeiro lugar, na lista tríplice na eleição para a vaga de senador pelo Rio Grande do Sul. Escolhido pelo imperador, em 1º de agosto de 1845, teve a oportunidade de exercer o mandato juntamente com o pai. Em 1851, é nomeado Comandante-em-Chefe das Forças no Sul para atuar na campanha contra o ditador argentino Juan Manuel Rosas e seu aliado uruguaio Manuel Oribe. Fixando-se em Montevidéu, Caxias executou seu plano militar simultaneamente às ações diplomáticas desencadeadas pelo plenipotenciário brasileiro Honório Hermeto Carneiro Leão, depois Marquês do Paraná. Após o final da campanha, é promovido a tenente-general e passa a ocupar importantes funções, como a de Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros. Foi elevado a marquês em 1862 e, no mesmo ano, atingiu o posto de Marechal do Exército. A difícil crise surgida em 1866, na guerra do Paraguai, após a derrota de Curupaiti, levou o governo, chefiado por Zacarias de Góis e Vasconcelos, a apelar para o prestígio e a experiência de Caxias. Assumindo o Comando em Chefe das Forças Brasileiras, utilizou longo período de preparação visando fortalecer a disciplina e reorganizar a tropa.
O afastamento de Bartolomeu Mitre,
comandante das forças aliadas pelo tratado da Tríplice Aliança, ampliou
a ação de Caxias. A famosa manobra do Chaco, na qual foram empregadas,
pela primeira vez em operações militares, as aeroestações, balões
cativos de reconhecimento e observação das posições inimigas,
Homenageado pela Câmara de Minas Gerais
pelo desempenho na Guerra do Paraguai, Caxias reafirma, da seguinte
forma, o seu respeito e admiração pelo Exército: “O Exército Brasileiro
que eu tanto me orgulho de haver comandado e dirigido em combates na
Guerra contra o Paraguai, muito merece da pátria por seu valor, por sua
intrepidez e abnegação, e eu me regozijo ao ter tão bem apreciado seu
heróico comportamento, tanto mais que eu fui testemunha de
Caxias ainda retornou à política sendo
nomeado Conselheiro de Estado em 20 de outubro de 1870. Assumiu, mais
uma vez, a chefia do governo, como Presidente do Conselho e Ministro da
Guerra, cabendo-lhe a tarefa de encerrar a Questão Religiosa, com a
concessão da anistia aos bispos. Cansado
As Principais Campanhas Militares
Balaiada Iniciou-se com o levante ocorrido na Província do Maranhão, em 1838, quando o vaqueiro Raimundo Gomes Vieira Jutaí, o Cara Preta, libertou os presos da cadeia. O levante transformou-se numa vingança coletiva contra fazendeiros e proprietários. Inicialmente, a revolta obteve o apoio da ala exaltada do Partido Liberal sendo, posteriormente, condenada pelos moderados face aos excessos praticados pelos revoltosos, como depredações e assassinatos. A adesão de escravos fugitivos mostrou claramente o aspecto não apenas social e econômico, mas também racial da balaiada, já que reuniu pretos e mulatos, que, aliados a índios e cafuzos, uniram-se contra os portugueses e seus descendentes que constituíam a classe dominante. Passados dezoito meses de luta, a situação era insustentável, uma vez que as tropas provinciais haviam sido batidas em todos os encontros. Balaio já contava com um exército de cerca de 12.000 homens, com perspectivas de grande crescimento, em razão do número de escravos na região. Para dominar o levante, que se estendera ao Ceará e ao Piauí, e manter a unidade e sobrevivência do Império, o regente Pedro de Araújo Lima, futuro marquês de Olinda, enviou ao Maranhão o coronel Luís Alves de Lima e Silva, nomeando-o Presidente da Província e Comandante das Armas, em 7 de fevereiro de 1840.
Com características diplomáticas,
inteligentemente, Caxias alia o seu dom político às suas qualidades de
chefe militar, lançando ao povo a seguinte mensagem:
Ao mesmo tempo em que atuava
politicamente, traçou estratégias para quebrar o moral dos “balaios”,
organizou as tropas, iniciou o processo de moralização
Farrapos
A Guerra dos Farrapos
Estancieiros liberais separatistas,
conhecidos como chimangos, vislumbravam a possibilidade de criar um
estado republicano e, para atingir tal objetivo com o apoio das camadas
populares, opuseram-se aos adeptos da monarquia, chamados de caramurus.
Tendo como mentor intelectual o jornalista Tito Lívio Zambeccari,
carbonário italiano exilado, e chefiada por Bento Gonçalves da Silva, a
Revolução Autonomista foi desencadeada em reação à pesada taxação
Um ano após, proclamaram um estado
republicano, denominado República de Piratini ou Farroupilha, que
pretendia constituir uma federação com as províncias brasileiras que a
ela aderissem. As lutas prosseguiam e os farroupilhas conquistavam novas
vitórias em Rio Pardo e Caçapava, em 1837, estendendo-se à Santa
Catarina. Lá, os revoltosos proclamaram, em 22 de julho de 1839, em
Laguna, a República Juliana, de curta duração. Mais de dez Presidentes
de Província e Generais sucederam-se desde o início da luta, porém sem
êxito. As forças governamentais aumentaram a pressão a partir de 1840,
mas só em 1842, com a nomeação de Luís Alves de Lima e Silva, barão de
Caxias, para Presidente da Província e Comandante das Tropas Imperiais,
foi selada a
Logo ao chegar a Porto Alegre, Caxias fez
um apelo aos sentimentos patrióticos dos insurretos: “Lembrai-vos que a
poucos passos de vós está o inimigo
Porém, os rebeldes, reforçados pelo pacto
firmado em Quaraí com o general-chefe do Exército uruguaio, José
Fructuoso Rivera, ainda conseguiram importantes vitórias em 1843, mas
acabaram neutralizados pelos êxitos de Caxias, no ano seguinte.
Concretizada a vitória, Caxias cuidou de atender algumas das mais
urgentes reivindicações republicanas dos revolucionários, concernentes à
instrução pública e às comunicações terrestres. Em fevereiro de 1845,
Bento
Guerra contra Oribe e Rosas No Uruguai, o Presidente Rivera, eleito em 1830, transmitiu o cargo ao seu sucessor, Manuel Oribe, após quatro anos de governo. Rivera retomou o poder em 1838, após derrotar Oribe na Batalha do Palmar. Com o objetivo de recompor o antigo Vice-Reinado do Prata, Rosas se constituía em séria ameaça à soberania e integridade do Brasil , do Uruguai e do Paraguai. Rivera aliou-se, então, aos unitaristas anti-rosistas da Província de Corrientes. Em 1845, Rivera é deposto pelo general argentino Urquisa, que invadiu o Uruguai a mando de Rosas. Oribe, integrantedo Partido Blanco e aliado de Rosas, passa a dominar o Uruguai, exceto a cidade de Montevidéu, principal reduto do Partido Colorado, que ficou sitiada. Em 1850, o Brasil assinou com o Paraguai um tratado de aliança para fazer frente ao objetivo de Rosas de incorporar o Paraguai. Na área do Rio Grande do Sul, ao lado de medidas políticas e econômicas, a movimentação era intensa para o preparo de forças para a guerra iminente. Em 1851, Rosas resolveu investir contra a Província de Entre Rios, então governada pelo Gen Urquisa e sede de movimentos anti-rosistas. Antigo aliado de Rosas, Urquisa, rebelou-se e se dispôs a colaborar com o Brasil. Os colorados uruguaios ainda permaneciam cercados em Montevidéu. Mediante ações diplomáticas, o Brasil uniu-se aos argentinos que lutavam contra Rosas, conferindo-lhes a chefia da luta. O então Conde de Caxias foi, novamente, nomeado Presidente do Rio Grande e Comandante das forças brasileiras para fazer frente a Rosas e Oribe, em aliança com Urquiza e Virasoro, este último governador de Corrientes. Os objetivos da aliança eram a defesa dos limites do Brasil com o Uruguai, a manutenção da independência do Uruguai e do Paraguai e a defesa da livre navegação no Rio da Prata. Em Caçapava do Sul foi construída uma enorme base logística, com o objetivo de aproximar o apoio às operações militares. Caxias acelerou a concentração de suas forças na fronteira Brasil-Uruguai, com o grosso em Santana do Livramento e uma divisão em Jaguarão. Ao Gen Urquiza caberia atravessar o rio Uruguai, sob a proteção da Esquadra Brasileira, operando junção com as forças brasileiras no rio Negro. Urquiza, tirando proveito da cobertura das forças terrestres brasileiras e da Esquadra, marchou para o sul, sem cumprir o plano pré-estabelecido com Caxias. Obteve êxito na manobra, incorporou a vanguarda e prosseguiu sem se distanciar, porém, das tropas de Caxias que também avançavam pelo Uruguai percorrendo 500Km de terreno difícil, agravado pelo mau tempo. Oribe enfrentou Urquiza nas proximidades de Montevidéu, mas rapidamente estabeleceram negociações. Urquiza aceitou, com exagerada tolerância, a capitulação de Oribe, sem consulta prévia aos aliados. Porém, o acordo não se restringia a um ato militar, pois traria outras repercussões no campo político.
Em 15 de Outubro de 1851, Caxias operou
junção com Urquiza, assinalando o término da guerra contra Oribe e
assinalando as bases das futuras operações contra Rosas. Em 21 de
Novembro de 1851, foi estabelecido um acordo entre os aliados
(brasileiros, uruguaios e argentinos) contra Rosas e não contra a Sob o pomposo nome oficial “Exército Grande da América do Sul”, os aliados partiram em marcha para Buenos Aires. No dia 3 Fev 1852, teve lugar a vitoriosa batalha de Morón ou de Monte Caseros, na qual a 1ª Divisão Brasileira, destacada das tropas de Caxias, teve marcante atuação ao atacar o centro da posição inimiga, que era o ponto mais forte – El Palomar e Caseros. A vitória sobre Rosas definiu os limites Brasil-Uruguai, confirmou as independências do Uruguai e do Paraguai e permitiu ao Brasil o direito à livre navegação no Rio da Prata.
Guerra da Tríplice Aliança
Na época do conflito, o Império do Brasil
emergia como a nação mais influente e bem organizada da América do Sul,
cuja posição havia sido fortalecida no continente após o período de
lutas contra Rosas e Oribe. O marechal paraguaio Francisco Solano López,
que sucedera ao pai no poder no momento em que arrefecera a rivalidade
entre a Argentina e o Brasil, pretendia tornar o Paraguai uma potência
platina, capaz de competir igualmente com a Argentina e o Brasil, os
dois pólos de poder do continente. Sob a alegação de que ações
diplomáticas de seus vizinhos prejudicavam seu comércio e traziam
ameaças à integridade e à soberania de seu país, López desejava criar
uma confederação das populações hispânicas do interior, reunindo o
Paraguai, as províncias argentinas de Entre
Diante da inviabilidade de seu plano por
meios diplomáticos, López preparou sua nação para a guerra e, já em
1864, em flagrante contradição com os recursos de que dispunha, o
Paraguai surgia como a principal potência militar do Prata. A captura do
navio mercante brasileiro Marquês de Olinda, que subia o rio Paraguai,
deu início ao confronto. Outras ações se sucederam, com a invasão da
província de Mato Grosso, onde foram dominados: o Forte Coimbra, Com a recusa do presidente argentino Bartolomeu Mitre de autorizar que tropas paraguaias cruzassem seu território para atuar no sul do Brasil, López declarou guerra à Argentina. A conseqüência imediata foi a formação, em 1º de maio de 1865, da Tríplice Aliança, que reunia o Brasil, a Argentina e o Uruguai. Uma expedição de cerca de 2.500 homens partiu para combater os invasores em Mato Grosso. Porém, a tropa desgastada só atingiu as regiões atacadas quando as mesmas já estavam abandonadas. Rumando, a seguir, para o território paraguaio, foi rechaçada pelo inimigo em Laguna, sendo perseguida e obrigada a recuar, ação que ficou conhecida como a “Retirada da Laguna”.
A expressiva vitória da esquadra
brasileira, comandada por Francisco Manuel Barroso da Silva, em 11 de
junho de 1865, na Batalha do Riachuelo, mudou os rumos da guerra, pois
impediu o avanço de López, obrigando-lhe a recorrer, a partir de então,
à defensiva. Simultaneamente, as tropas imperiais repeliam o exército
paraguaio que invadira o Rio Grande do Sul. Com a rendição de
Estigarribia, comandante paraguaio, as forças aliadas partiram para a
ofensiva.
Em Tuiuti, ocorreu a mais sangrenta
batalha já realizada na América do Sul, mas as tropas aliadas
conquistaram expressiva vitória, apesar de inicialmente surpreendidas
por um ataque paraguaio. O caminho para Humaitá, onde estavam postadas
as tropas paraguaias, entretanto, não fora desimpedido. A partir de novembro de 1866, o Marquês de Caxias, passa a assumir o comando das forças brasileiras e, em seguida, assume também o comando das forças aliadas, quando Mitre se vê obrigado a retornar ao seu país em razão de uma crise interna. Caxias dedicou-se de imediato à reorganização do Exército, que começava a sofrer os perigos da desagregação, devido ao insucesso de Curupaiti e da crise de comando que se seguira ao conflito. Constituiu, ainda, um corpo de saúde não só para recuperar o grande número de feridos, mas para deter os progressos da cólera que grassava nos dois campos.
A ofensiva foi retomada em julho de 1867,
com a marcha de flanco sobre a ala esquerda das fortificações
paraguaias, na direção de Tuiu-Cuê. Embora bem-sucedida, López já havia
fortalecido a sua posição. Em 1º de agosto, Mitre retornou ao comando
dos aliados e ocupou, em 15 de agosto, Curupaiti, mas foi detido diante
dos poderosos canhões de Humaitá. A derrota causou novas dissensões no
alto comando aliado, uma vez que os brasileiros consideravam imprudente
e inútil prosseguir, enquanto não se concatenassem ataques terrestres
para envolver Humaitá. A proposta brasileira foi, desta vez, aceita e
ações Com a ocupação de Humaitá, Caxias concentrou as forças aliadas na região de Palmas, fronteiriça às novas fortificações inimigas. Situadas ao longo do arroio Piquissiri, essas fortificações barravam o caminho para Assunção, apoiadas nos dois fortes de Ita-Ibaté (Lomas Valentinas) e Angostura, este à margem esquerda do rio Paraguai. Reconhecimentos efetuados deram conta de forte esquema defensivo paraguaio, impossibilitando ataque frontal. O comandante brasileiro idealizou, então, a mais brilhante e ousada operação do conflito, com o objetivo de envolver as tropas paraguaias de norte para sul: a manobra do Piquissiri.
O fuzil Minié francês foi adotado pelas forças brasileiras
Em vinte e três dias fez construir uma
estrada de onze quilômetros através do Chaco pantanoso que se estendia
pela margem direita do rio Paraguai. Executou-se, então, a manobra: três
corpos do Exército Brasileiro, com 23.000 homens, foram transportados
pela esquadra imperial de Humaitá para a margem direita do rio,
percorreram a estrada do Chaco, reembarcaram em frente ao porto de
Villeta, e desceram em terra no porto de Santo Antônio e Ipané,
novamente
Prosseguindo na resistência, López ainda
refez um pequeno exército de 12.000 homens e 36 canhões na região
montanhosa de Ascurra-Caacupê-Peribebuí. Caxias, por motivo de saúde,
regressou ao Brasil. Em abril de 1869, assumiu o comando geral das
operações, o marechal-de-exército Gastão d’Órléans, conde d’Eu, genro do
imperador, que empreendeu a chamada campanha das cordilheiras, chegando
à vitória final em Cerro-Corá, onde López, cercado pelas Em 20 de junho de 1870, Brasil e Paraguai assinaram um acordo preliminar de paz. O tratado definitivo de paz entre Brasil e Paraguai, assinado somente em 9 de janeiro de 1872, consagrava a liberdade de navegação no rio Paraguai e as fronteiras reivindicadas pelo Brasil antes da guerra. Em 1943, o Brasil perdoou a dívida de guerra paraguaia, estipulada por esse tratado.
Caxias, Estrategista e Líder Militar
Como líder militar, um grande momento a
ser lembrado foi em Itororó. No instante em que suas tropas estavam
acuadas e diante da indecisão de seus comandados, Caxias, já com 65 anos
de idade, desembainhou a sua invencível espada de cinco campanhas e,
erguendo-a, bradou com determinação: “Sigam-me os que forem
brasileiros!”. Sem vacilar, avançou em seguida sobre a ponte com o seu
cavalo, arrastando com entusiasmo todo o seu Exército, para colher
A Contribuição Política
Entretanto, após o sucesso alcançado na
pacificação daquelas províncias, viu-se seduzido pela carreira política,
espelhando-se na trajetória do pai. Assim, Caxias ocupou a cadeira de
senador do Rio Grande do Sul, abrindo-lhe horizontes até então
desconhecidos. Entretanto, mesmo como senador, conservou-se sempre
general e sua presença no Senado foi útil ao Exército, uma vez que
mostrou-se sempre atento aos interesses da Força. Destacou-se pela
oratória, em Filiado ao Partido Conservador, enquadrou os deveres do mandato à disciplina militar, projetando-se no cenário nacional como atuante legislador. Três vezes Presidente do Gabinete de Ministros, foi também Ministro da Guerra por mais de seis anos, descontínuos, sendo respeitado pelos mais ardorosos adversários.
Quando Ministro da Guerra, tratou de
reorganizar o Exército, introduzindo profundas mudanças, inclusive na
doutrina, considerando sempre as características de nosso povo e a
natureza de nossos conflitos, afastando-se dos modelos preconizados por
Portugal e França. Criou as repartições do Quartel Mestre General, órgão
encarregado da Logística, e a do Ajudante-General, que passou a assumir
o comando direto sobre os Comandos das Armas das Províncias e sobre o
Comando das Armas da Corte. Anteriormente, todos os negócios do Exército
eram conduzidos pelos Ministros da Guerra, figuras geralmente Foram construídos os fortes de Uruguaiana, Corumbá e Tabatinga, com reflexos na defesa da fronteira e na Geopolítica Brasileira. Criou, no Rio Grande do Sul, o Corpo de Transportes, os Cursos de Infantaria e de Cavalaria. Reformulou e criou novos regulamentos, alterou os critérios de promoções, trabalhou para a criação do serviço militar obrigatório, e para a criação das Colônias Militares, que se constituíam em grande avanço no tocante à expressão geopolítica. As Colônias Militares visavam disseminar núcleos políticos nacionalizadores em vazios demográficos, junto às nossas fronteiras. Em tais núcleos eram aproveitados militares reformados, com a dupla missão de ocupar política e economicamente aquelas áreas e defendê-las, se necessário, como ocorreu em Dourados, sob a liderança do Ten Antônio João e seus comandados. Entre muitas outras ações, destacam-se, ainda, a criação da Escola Militar da Praia Vermelha e o do Quartel Central do Exército, no Campo de Santana.
Pacificador e Consolidador da Pátria
Alguns autores afirmam que o Brasil só se
tornou Nação quando Caxias se fez soldado. Esta afirmação se deve ao
fato de que a sua espada assegurou não só a unidade nacional, mas também
a integridade do País, ameaçada por países vizinhos. Por ter sufocado
conflitos internos, foram atribuídos a Caxias os títulos de Pacificador
e de Libertador, pois ao mesmo tempo em que combatia as idéias e os
movimentos que visavam retaliar o território brasileiro, buscava sempre
Antes de agir com a força nos movimentos
internos, Caxias sempre apelava para os sentimentos patrióticos do povo
ou buscava uma solução política. Assim, em São Paulo, escreveu uma carta
ao comando da resistência, representado pelo ex-regente Feijó, que se
unira aos revoltosos, contendo os seguintes dizeres: Não atendido em seu apelo, Caxias teve de cumprir seu dever com firmeza. Caxias não pode ser considerado apenas um sufocador de revoluções, mas um militar voltado para os objetivos maiores da Nação e um estadista que influenciou, diretamente, os rumos da nossa História. Pacificador do Brasil, foi também libertador do Uruguai, da Argentina e do Paraguai. A participação na “Balaiada” firmou a reputação de Caxias não somente no campo militar, como estrategista e condutor de homens, mas também no campo político e administrativo, sabendo muito bem utilizar elementos essenciais, do psicológico ao tático.
Em Farrapos, Caxias não conquistou apenas
a Província, mas conquistou, também, o seu povo, pacificando-a para
sempre. Assim como na Balaiada, ao
Vale lembrar que o sucesso obtido por
Simon Bolívar com a emancipação da Venezuela, arrastou outras colônias
da Espanha, desmoronando e fragmentando
Reconhecimento
Em 1923, o Exército consagra sua data
natalícia como “Dia do Soldado” e, em 1953, por ocasião do
sesquicentenário de seu nascimento, institui a Medalha do Pacificador.
Em 1962, pelo decreto 51.429, de 13 de março, o governo brasileiro
proclama-o “Patrono do Exército Brasileiro”. Sua escolha como patrono
constitui uma justa homenagem àquele que dedicou à Pátria e ao Exército
mais de 60 anos de relevantes serviços, sendo sempre lembrado, não só
pelos Seus restos mortais, solenemente trasladados do cemitério de São Francisco de Paula, no bairro carioca do Catumbi, jazem no panteão erguido em frente à antiga sede do Ministério da Guerra. Para lá se transferiu também a estátua eqüestre de autoria de Rodolfo Bernadelli, antes inaugurada no Largo do Machado. Em várias cidades do Brasil erguem-se monumentos em sua homenagem. Em mais uma justa homenagem ao maior de todos os soldados do Brasil, desde 1931 os Cadetes do Exército, da Academia Militar das Agulhas Negras, portam como arma privativa, o Espadim de Caxias, cópia fiel, em escala, do glorioso e invicto sabre de campanha de Caxias que, desde 1925, é guardado como relíquia pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Pela Lei nº 10.641, de 28 de janeiro de
2003, o nome do Duque de Caxias foi inscrito no “Livro dos Heróis da
Pátria” existente no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília,
juntamente com o de Tiradentes. A importância de Caxias para a Nação
Brasileira não se restringe aos seus feitos heróicos em ações de
combate. O alcance de suas ações é muito mais amplo e significativo,
pois foi ele Pacificador e Libertador. Coube a Caxias a obra patriótica
de preservar a nossa unidade geográfica e política. Hoje,
considerando-se o território sul-americano, o Brasil ocupa a metade de
suas fronteiras e encerra mais da metade Fonte: Military Review l 4o Trim 2003 |
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