Operação Red Castle - III Guerra Mundial


Para que a OTAN pudesse deter o assalto soviético, e empurrar o inimigo de volta as fronteiras de antes da guerra ela precisava urgentemente de reforços vindos dos EUA. Tropas, armamentos e suprimentos eram enviados através do Atlântico Norte de duas formas: através de comboios de navios e por uma intensa ponta aérea. Era tão intenso o trafego da ponte aérea que as trilhas de condensação criaram sobre a Grã-Bretanha uma espécie de véu leitoso, resultado das trilhas e condensação das aeronaves, em que cada avião (civil ou militar) tinha a sua trilha revolvida e aumentada pela aeronaves que vinha atrás, a medida que buscavam seus campos de pouso. Era um fluxo contínuo de aviões, um a cada dois ou quatro minutos, diariamente, pois era necessário trazer mais e mais homens e armas para a Região Central da Alemanha para deter o avanço inimigo. Para esse fluxo de homens e máquinas, transportados em navios e aviões, as maiores ameaças eram os submarinos e os bombardeiros de longo da Marinha soviética.

As forças navais da OTAN estavam conseguindo enfrentar os submarinos soviéticos, mas os bombardeiros inimigos causavam muita inquietação no Alto Comando Aliado. No quinto dia da guerra 20 aeronaves Tu-22M3 Backfire-C foram enviadas para atacar um comboio de tropas no Atlântico próximo a Irlanda. Felizmente a sua decolagem foi relatada por uma intricada rede de informações e caças Tornado ADV (Air Defence Variant) do Reino Unido conseguiram interceptar a segunda e terceira ondas de Backfires e um total, cinco foram destruídos, porém três navios do comboio de tropas da OTAN foram atingidos, sendo um deles afundando, e dois navios de escolta foram colocados fora de ação, inclusive o porta-aviões de escolta HMS Argus, o que comprometeu a capacitação de guerra anti-submarina da escolta. Por isso submarinos inimigos conseguiram atacar os navios danificados, todos os quais foram afundados.

Em outro ataque aeronaval de extremo perigo para a OTAN, o comandante da Frota Soviética da Norte, seguindo ordens expressas do Quartel-General Naval em Moscou, lançou dois terços dos Tu-22M3 Backfire-C (cerca de quarenta aviões) baseados na Península de Kola para atacarem um grande comboio que tinha partido dos portos americanos e canadenses. O Ataque dos bombardeiros soviéticos deveria coincidir com um ataque de um grupo de submarinos inimigos que tinha ordens de ignorar a escolta naval e se concentrar apenas nos navios de transporte.

Os Backfires tiveram planos de vôo individuais até o ponto de encontro entre a Terra Nova e o Canal da Mancha. As aeronaves soviéticas estavam carregando mísseis ar-superfície AS-6. Infelizmente a aproximação dos bombardeiros de seus alvos não foi detectada a tempo dos navios de escolta do comboio tomarem posições de defesa aérea totalmente eficazes. Os AS-6, num total de oitenta, foram lançados de uma distância entre 160 km e 220 km. Nada menos de trinta atingiram algum alvo. Sete navios de transporte foram atingidos, sendo que quatro afundaram imediatamente. Alguns navios da escolta também foram atingidos, cinco ao todo, dois afundaram. O que minimizou os danos foi que felizmente para os aliados, dois e até em alguns casos, três mísseis, atingiram o mesmo navio. Os Backfires pagaram caro por sua ousadia. Quinze deles foram logo destruídos. No mar da Noruega a Frota de Ataque do Atlântico da OTAN conseguiu destruir outros cinco bombardeiros Backfire-C que voltavam do seu ataque ao comboio no Canal da Mancha, e mais quatro aeronaves caíram no mar ou na terra por problemas mecânicos ou devido a avarias.

Um Tu-22M3 Backfire C, dispara um míssil Raduga Kh-22, mais conhecido no ocidente pela denominação dada pela OTAN “AS-4 Kitchen”. Este é um míssil antinavio extremamente potente cujo alcance pode chegar a 500 km dependendo da versão e condições do lançamento. Este míssil é guiado por INS e por radar ativo, na fase final do ataque, tem uma velocidade de 4300 km/h e sua pesada ogiva de 900 kg de carga moldada revela o principal alvo do Kh-22; os grandes porta-aviões da marinha dos Estados Unidos. Essa ogiva representa o dobro do tamanho de um míssil antinavio convencional. O fantástico Tupolev Tu-22M3 Backfire é um bombardeiro único em seu gênero devido a suas dimensões e desempenho diferenciados. Ele não é um bombardeiro estratégico, uma vez que seu raio de ação é de 2200 km e seu armamento, também não iguala o transportado pelos grandes bombardeiros estratégico como o Tu-95 Bear, porém, sua elevada velocidade que chega a 2327 km/h o coloca como o mais veloz bombardeiro dedicado do mundo. Devido a suas características diferenciadas, o Tu-22M3 pode ser classificado como um bombardeiro intermediário.

Os Backfires também ofereciam perigo a ponte aérea. Por exemplo no dia 9 de agosto de 1985 dois bombardeiros Tu-22M, armados inusitadamente com  mísseis ar-ar e usando seu canhão instalado na cauda conseguiram atingir a rota da ponta-aérea e ficaram soltos no meio da procissão de aviões pesados de transporte que sobrevoava o Atlântico. Foi uma caçada bem fácil. Os Backfire-C derrubaram três C-5, um C-141 e dois 747. Na volta para casa foram ambos derrubados por caças F-15C da USAF. Esse ataque em especial foi a gota d´água para que algo fosse feito contra os ataques dos Backfire-C a navios, e também agora aos aviões.

Respostas

Como resposta imediata a Marinha dos EUA acionou um submarino da Classe Los Angeles para realizar um ataque com doze mísseis BMG-109 Tomahawk, com ogiva convencional, contra a principal base aérea da Península de Kola. O submarino já estava a alguns dias realizando missões secretas no Mar de Barents. O Tomahawk é capaz de voar a uma altitude que oscila entre 15 e 100 metros, acertando o alvo com margem de erro inferior a 80 metros. Os radares inimigos tinham enormes dificuldades para detectá-lo, devido a sua capacidade para voar a baixa altitude. O Tomahawk é propulsionado por um motor turbo que acelera progressivamente depois do lançamento até alcançar uma velocidade de cruzeiro de 880 quilômetros por hora. Seu alcance é de 2.500 km.

Porém a missão não saiu como o esperado. Não haviam muitas aeronaves no solo quando os Tomahawk chegaram. Na verdade dos doze mísseis disparados, dois deles se perderam no caminho. E apenas 21 aeronaves foram destruídas ou avariadas. O submarino americano em sua fuga quase foi afundado, sofrendo pequenas avarias, pois os soviéticos conseguiram detectá-lo e realizaram uma caçada épica contra ele. Por sua bravura e determinação em conduzir a sua embarcação, o capitão do submarino foi agraciado com uma Medalha de Honra. Com esse resultado quase desastroso os almirantes em Washington se negaram a usar outros de seus valiosos submarinos em ataques as bases soviéticas em Kola. Eles queriam guardar seus barcos furtivos para um possível confronto nuclear onde eles seriam mais úteis. Eles e as centenas de mísseis Tomahawk munidos de ogivas nucleares. Se aquelas bases dos Backfires deviam ser atacadas, teria que ser feito por outros meios.

Diante da resistência dos almirantes voltou a torna uma velha idéia de bombardear as base em Kola com aeronaves. A primeira sugestão foi a de se usar os pesados B-52, mas devido a sua pouca agilidade seriam massacrados tanto na ida quanto na volta pelos caças soviéticos. Os britânicos ofereceram os seus Tornados com o auxilio dos velhos Buccaneers, mas esta idéia não se mostrou a mais adequada operacionalmente.

Mas existia um avião que poderia executar esta missão de forma excepcional. Esta avião era o moderno F-111F, contando com o auxilio do avançando EF-111A Raven, para lhe dar suporte de guerra eletrônica. O F-111 era o melhor avião de ataque tático da USAF capaz de voar em velocidades supersônicas e de operar tanto na altura do topo das arvores quanto em altitudes de até 18.300 m. Podia voar a 2.335 km/h. Tinha 22,40 m de cumprimento, 19,20 m de envergadura e 5,22 m de altura.

Com o tanques interno de combustível (ocupando quase toda a fuselagem e as asas) tinha o alcance de 4.000 km e com tanques externos de combustível (que depois podiam ser descartados, se necessário) ele podia cobrir 5.741 km. O F-111 pode se reabastecido em vôo, através de um receptáculo que fica localizado no topo da fuselagem. Isso significava que podia ser deslocado para atacar alvos bem atrás das linhas inimigas. O F-111 era o terror do Pacto de Varsóvia.

Um F-111F da 48th Tactical Fighter Wing operadmdo a partir da base de RAF em Lakenheath, Inglaterra

O F-111 possui asas de geometria variável ligadas à fuselagem e com sua posição determinada manualmente pelo piloto. Isso significa que o avião pode voar em velocidade de aproximação Ienta ou de pouso (com as asas num angulo de 16º com a fuselagem quando total mente para a frente), ou em velocidades supersônicas (asas em um angulo de 72,5º quando totalmente enflechadas). A grande altitude, o F-111 pode voar a duas vezes a velocidade do som, com as asas encolhidas; o piloto. contudo, tende a usar uma posição intermediaria (54º), já que a maior superfície alar garante melhor manobrabilidade. Com as asas totalmente para a frente, o F-111 possui sustentação máxima para decolagem e pouso curtos (STOL). As asas também fazem com que o avião dispense pára-quedas de freio ou reversão durante as operações de aterrissagem.

Sua tripulação é de dois homens, o piloto e o operador de sistemas de armamento (WSO). Este ultimo é responsável pela carga útil do avião e deve também estar preparado para auxiliar o piloto em qualquer tipo de tarefa. O piloto e o WSO sentam lado a lado, por isso o WSO é chamado de YOT  ("you over there", ou "você aí" e não o tradicional GIB, "guy inback", ou o "sujeito de trás", como chamados nos outros aviões da USAF). Eles dois estão sentados em um módulo de escape de emergência pressurizado e com ar condicionado. Um cordão detonador acionado por qualquer um dos tripulantes separa o módulo da fuselagem em qualquer altitude e velocidade, com um motor de foguete impulsionando-o para cima e para longe do avião acidentado antes que um pára-quedas se abra para garantir uma descida controlada. Para estabilizar o módulo, uma pequena asa permanece presa à capsula que esta adaptada para sobrevivência em terra e no mar, com colchões de ar que amortecem os pousos terrestres e a mantém flutuando na água. O módulo de segurança dispensa a tripulação uso de trajes com pára-quedas, para ejeção. Os tripulantes, porém, precisam usar trajes antigravidade, que inflam em condições de g elevado e evitam que o sangue se concentre nos pés do piloto e do WSO deixando-os inconscientes.

Embora podendo transportar uma carga nuclear, o poderio do F-111 esta mais ligado ao seu desempenho como avião de ataque com armas convencionais, voando a velocidades supersônicas.  O tipo de armamento convencional varia com as características de cada missão. As Mk 82, (225 kg) e Mk 84 (905 kg) são usadas para destruir pontes, estradas e outros alvos localizados em terra. A BLU-107 Durandal serve para abrir crateras em pistas de pouso, e a Mk 20 Rockeye CBU e uma arma antitanque. O F-111 transporta também outras bombas de fragmentação. Externamente, o avião pode carregar ate 11.340 kg de bombas e mísseis em varias combinações nos cabides sob as asas. Os dois cabides mais próximos a fuselagem são pivotantes, e se mantém paralelos a fuselagem quando as asas são enflechadas para trás; os dois cabides externos não se movem, mas podem ser alijados se houver necessidade. As formas de lançamento mais usadas são a baixa altitude, bombardeio de arremesso e de mergulho (esta ultima provavelmente a mais precisa delas). Um sistema de bombardeio por radar é utilizado para atingir alvos a noite ou com mau tempo. Seu nível de precisão permite que se atinja um alvo dentro de um raio de 20 m com uma porcentagem de êxito de 70%.

A diversidade e a quantidade de seus aviônicos são impressionantes, fornecendo navegação, comunicação e aquisição de alvos e ataque, supressão dos sistemas inimigos de defesa aérea e acompanhamento do terreno. O seu radar de acompanhamento de terreno (TFR) pode pilotar automaticamente o avião a uma altura fixa acima dos contornos de terra através de vales e sobre montanhas, de dia ou de noite. Se o TFR falhar o avião subirá, também automaticamente. permitindo que o piloto o leve até uma altitude considerada segura. O vôo a baixa altitude em velocidades supersônicas requer grande concentração e pericia do piloto e do WSO.

Existia na Grã-Bretanha uma unidade da USAF que operava o F-111F, a 48th Tactical Fighter Wing. Ela operava a partir da base de RAF em Lakenheath. Essa ala de caças táticos incluía três esquadrões de combate e um de treinamento. Os F-111F desta unidade tinha os motores TF30-P-100 aperfeiçoados e aviônicos mais baratos. Uma das vantagens da 48th TFW sobre a outra unidade da USAF baseadas na Grã-Bretanha que opera aeronaves F-111, a 20th TFW, e que operava o modelo F-111E, era o casulo Ford Aerospace AN/AVQ-26 "Pave Tack", um sistema de orientação de armas transportado semi-embutido no compartimento de bombas. O Pave Tack teve o desenvolvimento iniciado no fim da década de 70 com entrada em serviço em 1981.

Um F-111F equipado com visão frontal infravermelho (FLIR) e um designador/buscador laser, o "Pave Tack" podia realizar ataques autônomos de precisão com bombas guiadas por laser. No F-111F o Pave Tack é montado em um conjunto rolante que gira 180 graus para uso em cinco segundos. Pode ser baixado antes do ataque e logo depois de usado volta a posição protegida. Os pilotos calculam que o casulo diminui o alcance em 200km por hora se ficar estendido. O Pave Tack tem três funções primarias: navegação atualizando o INS, identificação e iluminação de alvos, e aquisição de alvos não detectáveis pelo radar. Depois do lançamento da bomba, o "Pave Tack" continua a "iluminar" o alvo, enquanto o avião inicia uma manobra evasiva para escapar do fogo antiaéreo.

Os F-111 preferem disparar bombas guiadas a laser no método "loft" quando o ataque é feito a baixa altitude. O laser só é ligado quando a bomba começa a descer e nos 10 segundos finais. O método é usado para evitar expor a aeronave em ataques em mergulho ou vôo nivelado.

O comandante da 48th Tactical Fighter Wing era o Coronel Charles T. Webb. O Coronel Webb nasceu em setembro de 1941, em Nova York. Seu pai foi um herói de guerra, servindo como piloto de caça-bombardeiro P-47 durante a Segunda Guerra Mundial na Europa, e piloto de F-86 na Guerra a Coréia, com um total de 11 vitórias. Webb foi comissionado como 2º Tenente na USAF em 1963. Depois de completar seu programa de bolsa em Rhodes em agosto de 1966, entrou para a formação de pilotos na Base da Força Aérea Williams, Arizona. Em março de 1968 ele foi designado para o 428º Esquadrão de Caça Tática, na Base Aérea de Nellis, Nevada, como um piloto de F-111. Mais tarde, ele serviu como comandante de uma aeronave F-111 e, como oficial de armas e táticas. Em 1972 estava servindo no Vietnã inclusive participando da Operação Linebacker II, realizada contra alvos na República Democrática do Vietnã (Vietnã do Norte), durante o período final do envolvimento dos EUA na Guerra do Vietnã. No resto dos anos 1970 exerceu cargos burocráticos, o que lhe desagradou bastantes, pensando em até passar para a reserva. Em 1980 se formou no National War College e tornou-se o vice-comandante de operações, da 20th Tactical Fighter Wing, lotada na base da RAF em Station Lakenheath, Grã-Bretanha. Depois ele foi transferido para a Base da USAF em Ramstein, na Alemanha Ocidental, em agosto de 1982 como Diretor de Inspeção da Força Aérea dos EUA na Europa. Em julho de 1983 ele foi designado como vice-comandante da 48th Tactical Fighter Wing, na base da RAF em Station Lakenheath, Inglaterra, e tornou-se comandante desta unidade em abril de 1984. 

Ele era um oficial exigente e buscava em seus homens o máximo de dedicação. Sabia que sua unidade era a ponta de lança da OTAN contra a retaguarda do Pacto de Varsóvia e que suas tripulações precisavam ser capazes de entrar no território inimigo, atacar seus alvo com precisão e voltarem a salvo para sua base. Dispensada especial atenção as equipes de terra, pois aprendeu com seu pai que, sem esses heróis anônimos no solo, os pilotos não eram nada, não conseguindo sequer decolar com suas aeronaves maravilhosas.

O Coronel Webb recebeu do Comando da Força Aérea dos EUA na Europa (USAFE) a incumbência de preparar a sua unidade para um ataque a Península de Kola para o dia 17 de agosto de 1985, e ele teria o apoio dos EF-111A do 42d Electronic Combat Squadron da 20th Tactical Fighter Wing, baseados na base da RAF em Upper Heyford, Inglaterra.

Planejamento e Cowboys

Os oficias do QG de Web se juntaram aos homens do QG da USAFE para planejarem o que ficou conhecido como a Operação Red Castle. Essa seria uma operação por demais complexa que envolveria um grande número de aeronaves, que além dos F-111E e EF-111A ECM (contramedidas eletrônicas), teria a mobilização de aviões tanque KC-10 e KC-135, um avião radar E-3A AWACS (que serviria de posto de comando aeromóvel) e caças F-15C.

O fantástico caça F-15C da USAF

Nas reuniões de planejamento da missão, Webb recebeu a infeliz noticia de que nem ele e nem o seu segundo em comando poderiam voar nesta operação. Os dois tinham muitas informações sobre o uso das armas atômicas táticas da OTAN na retaguarda do inimigo e como os alvos em Kola estavam localizados em uma posição em que nenhuma equipe CSAR poderia resgatá-los em caso de serem abatidos, o comando da USAFE não podia se dar ao luxo de entregar informações sensíveis nas mãos do inimigo.

Sendo assim o oficial que iria comandar os F-111F em seu ataque a Península de Kola seria o jovem Tenente-Coronel Edward "Cowboy" Johnson, que era o comandante do 494th Fighter Squadron da 48th TFW. Johnson nasceu em 1949 em Nova Jersey e se graduou na Academia da Força Aérea em maio de 1972, como 2º Tenente. Se formou com distinção no curso de formação de pilotos na base aérea de Mountain Home, Idaho, sendo promovido a 1º Tenente em 1974, em seguida passou a voar no F-111. Em 1975 passou a ser piloto instrutor no 77th Tactical Fighter Squadron (F-111), na base da RAF em Upper Heyford, Inglaterra, onde conheceu e treinou muitos dos pilotos que iriam voar com ele até a Península de Kola. Como Capitão em 1976 ele foi piloto instrutor, examinador e oficial executivo da 50th Tactical Fighter Wing, na base aérea de Hahn, Alemanha Ocidental. Em 1984, como Tenente-Coronel assumiu o comando do 494th Fighter Squadron da 48th Tactical Fighter Wing, em Lakenheath. 

O Pai de Johnson, Joseph Johnson, também foi para a Europa durante a Segunda Guerra Mundial como o pai do Coronel Webb, mas diferente do pai deste, a cor da pele de Joseph não permitiu que ele fosse um combatente, pois como negro, o máximo que ele conseguiu foi servir o Exército dos EUA como motorista de caminhão, trafegando na imensa calda logística criada para manter os soldados aliados em seu avanço em direção a Alemanha. Durante a Ofensiva alemã nas Ardenas em dezembro de 1944 ele foi gravemente ferido, quando um obus de 88 mm explodiu ao lado do seu caminhão. Ele perdeu o pé esquerdo e parte da audição do ouvido do mesmo lado. Foi imediatamente socorrido, transferido para um hospital de campanha na Bélgica e depois para um hospital militar na Inglaterra onde ele conheceu a sua futura esposa, uma enfermeira negra originária de Nova Jersey, com que se casou em 1947. O pai de Johnson se formou em Direito, e abriu posteriormente um dos mais conceituados e caros escritórios de advocacia de Nova York, e sua mãe concluiu no pós-guerra seus estudos na faculdade, se formando em Enfermagem. Edward Johnson, que era o primogênito, teve ainda um irmão e uma irmã. Hoje um médico e uma advogada, respectivamente. O Tenente-Coronel Johnson conheceu e casou com Sarah Campbell, quando ele servia na base aérea de Hahn entre 1976-78. Sarah era uma nova-iorquina alegre, psicóloga de profissão, filha de um General de duas estrelas do Exército dos EUA, que servia no QG da OTAN na Bélgica, e era branca. Edward e Sarah tiveram dois filhos, Josh em 1980, e Fred em 1981. Sarah Campbell Johnson trabalhava na base aérea de Lakenheath como psicóloga civil em um programa de assistência as famílias dos militares norte-americanos. Pouco antes de começar a guerra, Sarah, seus dois filhos e todas as famílias de militares americanos e o todos os servidores civis em Lakenheath, foram enviados de volta para os EUA em vôos fretados.

O Tenente-Coronel "Cowboy" Johnson, apesar de não ter lutado no Vietnã como o Coronel Webb, já era considerado um combatente experiente e um exemplo para seus colegas, por suas ações realizadas na guerra presente. Certa vez quando ele atacava um entroncamento ferroviária na Polônia foi perseguido por um caça Mikoyan-Gurevich MiG-23  que tentou abater o seu avião com rajadas de seu canhão pois já havia disparado todos os  mísseis.  Vendo que estava  sendo duramente perseguido pelo persistente piloto, um jovem tenente russo que queria a sua primeira vitória aérea, Johnson disparou em um vôo a baixíssima altitude e ordenou ao seu WSO que soltasse as duas bombas que eles ainda tinha no solo para detonar exatamente no momento em que o MiG-23 estivesse passando sobre o mesmo local. As detonações desconcentraram o jovem piloto russo que tentou uma rápida manobra evasiva para não ser destruído, mas que não teve sucesso, vindo a se chocar com o solo imediatamente. Dois dias depois Johnson abateu um helicóptero Mi-24 com um míssil AIM-9 Sidewinder, quando voltando de uma missão, viu quatro helicópteros inimigos atacando uma unidade blindada alemã. Os outros três helicópteros fugiram em seguida.

O mais interessante em relação ao Tenente-Coronel Johnson era o seu apelido. Diga-se novo apelido, pois ele não era chamado de "Cowboy" antes da guerra. Quando no dia 4 de agosto de 1985 começou a guerra, forças especiais Spetsnaz e sabotadores da KGB e do GRU atacaram muitas instalações militares da OTAN em vários países, entre elas a base aérea da RAF em Lakenheath. Quando uns 25 russos atacaram a base da RAF, Johnson, como todos os militares da base, estava de serviço, inclusive armado com uma pistola .45. Ele estava conversando com um sargento da PM da USAF na porta de um dos refeitórios quando os ataques começaram. Um dos russos disparou contra eles e o sargento foi imediatamente morto por uma rajada de submetralhadora. Vendo que um grupo de três homens das Spetsnaz avançava para um dos abrigos das aeronaves americanas, Johnson sacou da sua .45 e pegou a pistola do sargento abatido, e protegido por um veículo militar, começou a disparar contra os russos com as duas armas, uma em cada mão. Mesmo não sendo um bom atirador, conseguiu ferir um inimigo na perna e fez com que o grupo parasse e atirasse contra ele, o que deu tempo para que as forças de segurança da USAF chegassem ao local e eliminasse o grupo inimigo. Vendo o Tenente-Coronel Johnson com as duas pistolas nas mãos o Coronel Charles Webb, comentou "não sabia que tínhamos um Cowboy ente nós", e ai o apelido pegou.

Um dia antes da missão Webb conversou com Johnson em particular. Eles estavam em um Jeep na cabeça de uma das pistas de pouso. De forma descontraída, com aquele jeito de paizão, o experiente comandante da 48th Tactical Fighter Wing falou com seu comandado como um amigo, que de fato era.

 "Cowboy" amanhã será um dia muito importante para todos nós. Não vou mentir para você, essa é uma missão muito arriscada. Vocês não vão apenas entrar no território do urso, vocês vão entrar na toca do animal. Muito cuidado com a AAA e os caças inimigos  Falou Webb enquanto olhava para o horizonte.

 Eu sei Charles, a coisa pode ficar feia por lá, mas confio nos rapazes, temos treinado duro todos esses anos e temos nos saído bem em todos os nossos ataques contra os russos. Vou fazer o possível para trazer todos para casa em segurança  Disse Johnson, mesmo sabendo que a volta de todos os pilotos neste tipo de missão era quase impossível.

 Ok, vamos voltar para o trabalho. Ainda temos muitas coisas para fazer e você precisa descansar um pouco Webb deu um tapinha no ombro de Johnson, ligou o carro e os dois voltaram para o alojamento dos oficias.

Preparativos

No dia do ataque as equipes de terra tiveram muito trabalho. Cada aeronave foi rigorosamente checada pelo chefe de manutenção e sua equipe. Foi realizado um exame pré-vôo, onde o piloto e o chefe de manutenção verificaram as condições externas da aeronave. Depois foram efetuadas checagens da cabine. As aeronaves só eram liberadas quando tudo estava em ordem.  Enquanto os pilotos e os WSO podem voar em diversas aeronaves, cada chefe de equipe de manutenção é responsável pela manutenção de apenas um F-111.

Antes da checagem das aeronaves as tripulações dos F-111 tiveram um briefing onde receberam as suas últimas instruções, códigos, informações sobre a meteorologia no trajeto e sobre o alvo e discutiram as táticas que seriam utilizadas e as eventuais dificuldades que poderiam surgir. Foram também tratadas questões referentes ao perfil da missão, pois seria um vôo de longa duração, onde seriam necessários alguns reabastecimentos aéreos. As aeronaves iriam voar a alta e média altitude até as ilhas Lofoten (onde seria realizado último abastecimento) e depois seria realizada uma penetração a baixa altitude.

Foi estabelecido que a operação seria conduzida em silêncio-rádio (pelo menos pela maior extensão/duração possível). Todos os reabastecedores, na rota para os alvos, desempenhavam suas ações sem comunicações. De fato, foi criada uma preocupação entre os pilotos, porque não havia nenhuma palavra-código estabelecida para confirmar o andamento do ataque. Forneceu-se somente um código para abortar o ataque. A preparação para a operação requereu ensaios limitados e reais, devido ao pouco tempo que os americanos tinham para montar o ataque. Um esforço específico foi destinado à prática do encontro dos F-111s em uma área de reunião afastada com os reabastecedores. Embora essa prática tenha sido razoavelmente bem executada, foi decidido, ao final, evitar as complexidades do comando, controle e comunicações, que tal área de reunião poderia criar e simplesmente os caças deveriam acompanhar os reabastecedores ao longo de toda a rota até as Lofoten.

Os alvos seriam as seguintes bases aéreas da Marinha soviética: Olenegorsk (QG do 724º Regimento Separado de Reconhecimento Aéreo-Maritimo), Severomorsk-1 (localizada a 4 km ao sul de Severomorsk), é um dos maiores aeroportos da Península de Kola, perdendo apenas para Olenegorsk e podendo acomodar mais de 40 bombardeiros, e a base de Severomorsk-3 (localizada a 28 km a leste de Murmansk), sendo o principal operador desta base o 271º Regimento Independente de Avião Naval. Os alvos deveriam ser atacados precisamente às 03:40h da madrugada (hora local). Fotografias de satélite haviam mostrado que vários aviões estavam estacionados na pista. Os F-111 deviam destruir a maioria deles, além de depósitos de armamentos, posições da defesa antiaérea e alojamentos das tripulações. Essa ultima informação os americanos não tinham quando lançaram os seus mísseis de um submarino. Dois dias após o ataque com esses mísseis, os britânicos conseguiram infiltrar próximo a cada um dos três alvos duplas de operadores do SBS que passaram a monitorar as bases inimigas e enviar informações concisas sobre as mesmas, inclusive a posição dos alojamentos das tripulações dos bombardeiros, que eram na verdade bunkers instalados em pequenos bosques que existiam ao lado das bases. Os homens do SBS tinham sido infiltrados na Finlândia de helicóptero quatro dias antes do ataque do submarino e depois realizado o trajeto até as bases a pé, na maioria das vezes somente à noite.

Para o ataque seriam usados 24 F-111F, apoiados por três EF-111. Até as Lofoten voariam também quatro outros F-111F e dois EF-111, como reserva. Caso alguma aeronave destacada para a missão de ataque apresentasse problemas, seria imediatamente substituída. Durante todo o trajeto até o extremo norte da Noruega, caças F-15C proveriam a cobertura aérea necessária à força de ataque. Os planejadores da missão estabeleceram o adequado "weaponeering", que é o processo de determinar a quantidade de um tipo específico de arma letal ou não-letal necessária para se obter um específico nível de dano em um determinado alvo, considerando a vulnerabilidade do alvo, efeito desejado sobre o alvo, eficácia da munição, critérios de danos, probabilidade de destruição e confiança na arma. A força de ataque de 27 aeronaves seria dividida em três grupos, um para cada base soviética. Cada grupo teria oito F-111 com o apoio de um EF-111. Em cada grupo três F-111 levariam doze Mk.82 Snakeye (com cauda retardante para uso a baixa altitude), quatro deles levariam duas bombas guiadas a laser GBU-10 (bomba Mk.84 de 909 kg) e um em cada grupo levaria duas bombas BLU-109/B, que são bombas de penetração, criadas para penetrar abrigos de concreto antes de explodir. A BLU-109/B possui uma ogiva de 25.4mm de grossura, com 240 kg de Tritonal. E seriam destinadas aos abrigo das tripulações dos Backfires.

Bomba GBU-10

Quase todo o planejamento detalhado desceu ao nível de unidade, pois havia (ainda bem) uma compreensível relutância dos oficiais do Estado-Maior que não voariam nessa missão, para tomar decisões firmes no lugar daqueles que o fariam. Além disso, havia um significativo fluxo de investigações e orientações dirijas às unidades designadas para a missão.

O Ataque

As aeronaves decolaram sem problemas de suas bases na Inglaterra. Os F-111F, EF-111, F-15C e aviões de reabastecimento, partiram de locais diferentes. Quando já estavam perto das ilhas Lofoten, um F-111F teve que voltar para Lakenheath devido a um superaquecimento do motor. A aeronave foi imediatamente substituída por um dos F-111F de reserva.

Na rota de aproximação, já voando sobre a terra, ventos imprevisíveis estavam causando problemas adicionais para os F-111. As armas penduradas nas asas dos aviões causavam uma enorme resistência do ar ou arraste. Que se agravava com a combinação do aumento da velocidade para compensar os ventos, o que estava causando um maior consumo de combustível, superior ao que se havia planejado.

O WSO de Johnson era o Capitão Frank Novak. Ele constantemente checava as telas do infravermelho e do radar na sua frente em seu cockpit. Diferentemente da maioria dos aviões de combate bipostos, o piloto de F-111 e o seu WSO (chamado de Wizzo) sentam-se lado a lado, permitindo que cada membro da tripulação possa ver o que o outro estava fazendo durante o vôo. Embora o Wizzo tenha seus próprios manetes e manche, ele normalmente passa a maior parte de seu tempo com a cabeça monitorando as duas telas de radar que lhe dão várias informações sobre o terreno e o alvo do F-111. É um desafio para o Wizzo ficar orientado e focado com o objetivo de manter o alvo travado, enquanto o piloto manobra aeronave a baixa altitude. Novak tinha levado um pacote de seus famosos biscoitos a bordo, mas devido algumas manobras violentas realizadas pelo "Cowboy" ele tinha perdido o seu pacote.

Um fato bem interessante do vôo foi quando os F-111 passaram a usar o radar de acompanhamento de terreno (TFR), na chamada descida TRF.  Essa é uma manobra de certa forma assombrosa para os pilotos novatos em F-111, particularmente quando realizada à noite como era o caso desta missão. Imediatamente após acionar o TFR, a aeronave inclina o seu nariz em quase 10 graus para baixo. Normalmente se aciona o TFR a uns 1.500 metros de altitude. É algo realmente fascinante o mergulho no vazio negro, que para muitos parece até suicídio, especialmente se o mergulho for feito em um terreno montanhoso. Durante esta manobra, o piloto vislumbra ocasionais morros potencialmente mortais deslizando ao lado da sua cabine, enquanto nuvens e linhas de árvores competem por sua atenção. Um experiente piloto de F-111 bem treinado, aprende a se concentrar nas informações apresentadas sobre os muitos mostradores e telas no cockpit, confiando em seu equipamento, ao invés de contemplar a corrida potencialmente mortal que seu avião executa. Quando atinge a altitude ideal, cerca de 30 m, a tripulação fica mais tranqüila. Foi nesse momento que Johnson puxou para baixo a sua máscara de oxigênio e tomou um gole de água, do frasco pequeno que ele estava carregando em seu traje anti-G e Novak aproveitou para comer uns biscoitos que tinha guardado em um dos seus bolsos, pois tinham perdido o pacote deles. Ambos sabiam que agora estavam na reta final e tinham que  começar a se preparar mentalmente para o que viria pela frente. O estômago de Johnson estava fazendo cambalhotas devido as ultimas manobras, e a água fria ajudava a acalmá-lo, já com Novak os biscoitos faziam a mesma coisa.

Fotografias de satélite da noite anterior havia mostrado que vários bombardeiros estavam estacionados na pista e outros protegidos por muros. Como parte da manobra para mantê-los no solo, para o dia do ataque, a OTAN não programou para aqueles dias a chegada de nenhum comboio realmente importante, que fizesse com que um grande número de Backfires estivessem em missão de ataque. Sem alvos grandes para atingir, só algumas aeronaves de patrulha decolaram naquele dia.

Enquanto voava para o seu alvo, a base de Olenegorsk, Johnson pensava: Será que os bombardeiros ainda estarão lá? Como seria a recepção da artilharia AAA? Quantos mísseis eles vão lançam? Será que vai dá para atravessar a área do alvo e sair vivo de lá? Quantos de nós se perderão? Pensou em sua esposa e filhos, e na família de Novak. Com seu F-111 voando a cerca de 30 m do solo, ele também pensou em seus companheiros voando atrás dele. Cada aeronave da formação estava separada apenas por um minuto, e todos estavam indo para alvos diferentes em torno da base de Olenegorsk. As aeronaves destinadas a Severomorsk-1 e Severomorsk-3 já haviam partido para seus destinos a algum tempo. Ele questionou se os seus corações estavam batendo tanto quanto o dele. Em meio a tantas perguntas, Johnson balançou a cabeça, e fez uma breve oração: Senhor nos proteja e não me deixe estragar tudo!

Ele olhou para Frank com sua cabeça enterrada na Feedbag, monitorando o sistema Pave Tack.

 E ai , Frank, como é a Rússia de pertinho?  Perguntou Johnson.

 É bem escura e desabitada, essa região é mesmo inóspita cara, ainda bem que estamos aqui só de passagem.  Frank deu um sorriso e voltou a se concentrar nas informações fornecidas pelo Pave Tack. Frank era um ótimo amigo, e mesmo em momentos de tensão sempre procurava transmitir calma, e também confiança em Johnson, que pilotava aquele pássaro de aço.

 Pois é, de passagem mesmo, e daqui a alguns minutos vamos irritar bastantes os poucos habitantes deste lugar.  Falou Johnson, enquanto puxava a cabeça de Frank da Feedbag e apontava para a base de Olenegorsk mais a frente.

 Bem "Cowboy" agora só temos um caminho, e é para a frente, vamos fazer logo esse negócio e sair daqui o mais rápido possível.  Disse Frank sorrindo mais uma vez.

Enquanto se aproximavam de Olenegorsk as tripulações dos F-111 começaram a ver rastros de fogo se elevando no céu, anunciando que a artilharia AAA estava "viva" e que também alguns artilheiros russos estavam nervosos. Os ataques as três bases foram coordenados para acontecerem ao mesmo tempo. Johnson sabia que naquele instante todos os pilotos americanos estavam na sua corrida final contra seus alvos. Depois de muito tempo em silêncio o rádio Have Quick (refratário a interferências devido à sua capacidade de saltar de freqüência) do Ten-Coronel "Cowboy" Johnson deu sinal de vida. Era uma conversa frenética registrando os resultados do ataque: "Knife 61, pés molhados, Tranqüilo Tiger";  "Karma 51, congelado.". O código "pés molhados" significava que a aeronave estava retornando para a Inglaterra. "Tranqüilo Tiger", indicava um ataque bem sucedido. "Congelado", indicava uma nova tentativa de ataque.

O Tenente-Coronel Johnson e o Capitão Frank Novak, também ouviram outras conversas: "Topaz 152, Atingido, estamos ejetando"; "Karma 47, cuidado, um míssil a sua esquerda..."; "Knife 83, Perdi parte da asa esquerda, estou saindo agora!"

 Vira à direita, posição 243, e lá vamos nós.  Falou Frank com toda a calma que ele podia demonstrar.

Roger. Respondeu Johnson, empurrando para cima as manetes do jato para aumentar a velocidade do F-111F em 600 nós para a corrida final em direção à área-alvo. O empuxo adicional comprimiu os tripulantes de encontro ao assento. Agora não era o momento para pensar em nada mais, o "Cowboy" tinha agora preocupações suficientes em seu próprio cockpit e à frente de sua aeronave também.

Um minuto.  Disse Johnson, fazendo a leitura de seus instrumentos, que indicavam o tempo restante para a liberação das armas.

Em um minuto, Frank e "Cowboy" sentiram as duas bombas sendo liberadas da aeronave, indo em direção ao seu alvo. As BLU-109 direcionadas pelo laser do "Pave Tack" descreveram um arco em direção ao abrigo das tripulações dos Backfires, acertando-o em cheio.
Imediatamente após o lançamento das bombas, o avião de Johnson iniciou uma manobra evasiva para a direita buscando escapar do fogo antiaéreo.

Frank através de seus instrumentos assistiu o impacto das duas bombas, enquanto Johnson via a sua frente um verdadeiro festival de fogos de artifícios, enquanto buscava a melhor rota de fuga. O piloto via mísseis varando os céus buscando derrubar os F-111, mas as contramedidas do EF-111 de apoio estavam valendo o seu preço em ouro, pois a artilharia AAA inimiga estava bastante confusa. Neste momento todo o treinamento de Johnson deu resultado. Por trás de sua máscara de oxigênio ele respirou fundo e começou a digitar suas instruções para o seu pássaro de aço, informando velocidade, altitude, direção, etc. Enquanto isso Frank analisava as ameaças, e acionava as melhores contramedidas para neutralizá-las. Neste momento Johnson enviou o seu código pela freqüência de rádio.

Knife 32, pés molhados, Tranqüilo Tiger!

De repente, uma violenta explosão detonou do lado direito da aeronave, sacudindo fortemente os tripulante do Knife 32. Frank olhou para foram com a certeza de que veria uma parte da fuselagem do F-111F toda rasgada. Mas o avião estava intacto, e todos os instrumentos funcionamento perfeitamente. O jogo de videogame que ele via por seus instrumentos tinha se tornado muito real agora e ele gritou (com seu medo sendo patente em sua voz pela primeira vez) para que o "Cowboy" os tirasse dali o mais rápido que pudesse. Enquanto fugia Johnson viu uma bola de fogo a sua esquerda, infelizmente aqueles companheiros não tiveram tanta sorte quanto eles, e foram desintegrados em pleno ar.

Na verdade Johnson não precisava de nenhum incentivo por parte de Frank para tentar fugir daquele lugar. Ele estava totalmente focado nesta tarefa. Desde o momento em que lançou as bombas, ele havia pilotado seu F-111F de forma a fugir da AAA soviética, voando rápido e baixo e não se deixando ser um alvo fácil. Ele liberava tiras metálicas para confundir os radares inimigos, complicando a vida dos artilheiros russos. Mesmo agitado, Frank dava todo apoio nas contramedidas, realizando com excelência as funções de um WSO.

Sucesso e Regresso

O vôo de volta foi tenso. Afastados do perigo da artilharia AAA, a maior preocupação agora eram os caças soviéticos. Agora os F-111 fugiam em pares em rotas alternativas. Aqueles que tinham perdido o seu par durante o ataque, faziam o trajeto de casa sozinhos. Mesmo bem dentro do território inimigo e tendo ainda um bom tempo de vôo para sair dele, os aviões americanos não eram alvos fáceis. Eles eram muito rápidos e sua geometria variável ajudava muito nas manobras, principalmente a baixa altitude, e seus instrumentos de contramedidas eram bastante eficazes.

A medida que chegavam próximo as ilhas Lofoten os F-111 entrevam debaixo de um guarda-chuva de caças F-15C que com prazer partiam para enfrentar qualquer caça inimigo que insistisse em perseguir os atacantes. Mais a frente eles eram recepcionados pelos aviões tanque que estavam ali para "completar o tanque", nas palavra de Frank.

O Coronel Webb foi receber todos os seus homens perto dos hangares, ao seu lado estavam as equipes de terra e o pessoal administrativo também. O avião de Johnson foi o sétimo a pousar, Webb chegou perto dele, lhe deu um forte abraço e lhe felicitou pela boa missão.Mesmo cansadas as tripulações tiveram ainda que passar pela longa rotina dos debriefings, dos interrogatórios, da análise das fotografias e vídeos do ataque. Estavam todos bastante cansados mas satisfeitos em terem completado a missão.

Alvos de ocasião: Os soviéticos tinham transferido para a base de Severomorsk-1 uns dois dias antes  alguns aviões Ilyushin Il-76, que foram prontamente destruídos pelos F-111F

Dos 27 F-111, dois foram abatidos em Olenegorsk, dois em Severomorsk-1 e um em Severomorsk-3. Um foi destruído por um MiG-23 perto da fronteira com a Finlândia e um outro, o Knife 83 pilotado pelo Capitão Steve Woodward, e tendo o Capitão Morris Carter como WSO, conseguiu fazer um pouso forçado na Suécia, onde a tripulação de bom grado se entregou as autoridades locais, para a fúria dos soviéticos. Dos aviões abatidos cinco tripulantes morreram, e seis foram feitos prisioneiros. O Capitão Ernst Wagner, o seu WSO morreu em ação, conseguiu levar o seu avião avariado para o mais longe possível de Olenegorsk. Ele acionou o seu módulo de escape de emergência e se escondeu no campo tentando chegar na Finlândia, apesar de uma implacável caçada, em que foram usados helicópteros e cães. Após duas semanas, o Capitão Wagner, sem saber que a guerra tinha terminado, abatido e como muita fome, chegou a Finlândia. Ele posteriormente foi levado de volta para a Inglaterra onde foi recebido como herói. As equipes do SBS permaneceram perto das bases soviéticas por mais uma semana, depois furtivamente seguiram em direção a Finlândia onde foram exfiltradas de helicóptero.

O módulo de escape de emergência do Knife 83 na Suécia 

Apesar das baixas, o ataque as três bases soviéticas foi um sucesso. As filmagens e fotografias dos aviões, as imagens dos satélites e os relatórios dos homens do SBS confirmaram isso. Foram destruídos 63 aeronaves, e outras 17 foram avariadas. Todos os abrigos das tripulações foram destruídos, calculando-se que cerca de 70% das tripulações foram mortas. Esse foi um duro golpe para o poder aéreo da Marinha soviética, que praticamente o inutilizou pelo resto da Terceira Guerra, visto que essa só duraria mais umas duas semanas. Essa guerra para os almirantes soviéticos foi um completo desastre pois o poder aéreo dos bombardeiros de longo alcance e dos submarinos não foram capazes de deter os comboios aliados pelo Atlântico, o que possibilitou o reforço da OTAN e conseqüentemente levou a aliança atlântica a frear o avanço por terra dos soviéticos através da Alemanha Ocidental, causando assim um verdadeiro terremoto no Pacto de Varsóvia, o que forçou a retirada das tropas inimigas dos países da OTAN, e a derrotada política, mas não militar da União Soviética e a ruína de sua aliança com os países do Leste Europeu. 

Todos que participaram da épica Operação Red Castle guardam no coração o orgulho de terem contribuído para o esforço de guerra e apesar dos perigos alcançarem o sucesso de sua missão. No pós-guerra Johnson foi promovido a Coronel e recebeu o comando de uma Tactical Fighter Wing que voava os novos F-15E Strike Eagle.


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