OPERAÇÃO GLÁDIO GLÁDIO - Parte I


Parte I  Parte II Parte III

O Capitão William Bauer estava no 22.° Regimento do Serviço Aéreo Especial (Special Air Service, SAS) há cinco anos, era veterano das Falklands onde escapou da morte, quando o Sea King que o transportava caiu no mar. Bauer falava fluentemente alemão e russo. Era herança de seu pai Klaus Bauer, alemão de nascimento, que lutou em Berlim conta os russos quando tinha 17 anos.

O jovem Bauer fazia parte das milícias territoriais (Volkssturm, em alemão significa: tempestade, turba, tomada de assalto/ataque do(ao) povo) formadas por velhos e adolescentes que foram criadas por Hitler para a última e desesperada resistência contra os invasores da Alemanha, e em especial lutaram na defesa de Berlim em 1945 conta os russos. Segundo o insano líder nazista "Homens de 16 a 60 anos que saibam manusear armas devem ser reunidos em todas as regiões do Grande Império alemão para formarmos a resistência popular alemã".

Homens das Volkssturm lutam desesperadamente em Berlim, 1945.

Essas unidades eram formados por homens muito velhos, adolescentes e veteranos inválidos.

Mas esses "guerreiros" não duraram muito em frente aos russos e foram esmagados. Klaus ficou em um campo de prisioneiros de guerra até 1948 na Polônia, quando conseguiu fugir e ir para Berlim. Lá empreendeu mais uma ação espetacular, chegou a Zona britânica. Lá conheceu a jovem datilografa do Foreign Office Emma Hooke (na verdade agente de campo do MI6) de 22 anos. Eles começaram a namorar e Emma conseguiu que Klaus (depois de checado), trabalhasse para os britânicos, visto que falava alemão e agora russo, fluentemente.

Em 1951 eles se casam, Klaus consegue a cidadania britânica e o casal vai morar na Grã-Bretanha, primeiro em Oldham e depois em Londres, onde o casal continuou a trabalhar para o MI6. Em 1952 William Bauer nasce. Foi educado no St Peter's Prep School em Seaford, Sussex e no Eton College. Em 1972 ele vai para Real Academia Militar de Sandhurst (sudoeste de Londres), de onde sai como 2º tenente em 1973.

Após isso ele vai servir no Regimento de Pára-quedistas, onde tem experiências de combate na Irlanda do Norte. Em 1989 ele entra para o 22 SAS. Foi servir no Esquadrão D, na Tropas 16 (Aérea). Os homens que fazem parte desta tropa são treinados em saltos a elevada altitude e abertura a baixa atitude (HALO - High Altitude Low Opening) e saltos a elevada altitude e abertura a alta atitude (HAHO - High Altitude High Opening). Dependendo da altitude o pára-quedista precisará usar tanques de oxigênio.

Depois de servir por dois anos nessa tropa Bauer foi para a Ala de Guerra Contra-revolucionária - Counter Revolutionary Warfare Wing ou Special Projects (SP) Team - Equipe de Projetos Especiais, ou ainda Pagoda. O SP Team era uma força anti terrorista em alerta 24 horas por dia. Cada um dos Esquadrões do 22 SAS realizam um rodízio de seis meses para operar como unidade antiterrorista.

Depois deste período de seis meses no SP Team ele voltou para Tropa 19 (Montanha), e em 1982 foi enviado com o Esquadrão D para combater nas Falklands. Depois deste conflito, o Capitão Bauer foi designado para o Projeto Gládio, voltando para seu esquadrão dois anos depois.

Pouco antes do início das hostilidades os americanos, britânicos e alemães ocidentais enviaram homens das suas forças especiais (US Army Special Forces - "Boinas Verdes", 22 SAS e Jagd Kommandos, respectivamente) para áreas que devido o rápido avanço soviético ficariam atrás das linhas inimigas. A função dessas tropas era a de informar o movimento do inimigo, seu potencial, unidades envolvidas e no momento oportuno preparar emboscadas e outros ataques furtivos. Os Boinas Verdes e os homens do 22 SAS também deveriam dar apoio ao movimento de resistência que estava sendo organizado nas regiões ocupadas.

Homens do 22 SAS a margem de um rio na Alemanha,

se preparam para o seu avanço para a frente de batalha

Todo Esquadrão D do Capitão Bauer foi enviado para a Floresta Teutoburga. Um Esquadrão Sabre é a maior força que pode regularmente administrar uma única operação, porém operações que envolvam todo um esquadrão são raras, pois normalmente o SAS usa tropas ou pequenas equipes que variam de tamanho de 2, 4, 8 ou 16 homens. O QG de um esquadrão pode comandar suas tropas da sua base na Inglaterra ou diretamente do campo de batalha como aconteceu no nas Falklands e no Golfo. Se mais de um esquadrão é necessário no "teatro", uma sede tática do regimento é desdobrada para o local. Algumas vezes certas operações que envolvem um esquadrão ou unidades menores contam com a supervisão do comandante do regimento. Mas normalmente o comandante de um esquadrão é a alta patente necessária para comandar a maioria das operações locais.

Um esquadrão completo tem seis oficiais e setenta e oito homens das mais diversas graduações. Um esquadrão como vimos é dividido em um QG e quatro tropas. O oficial comandante é um major, com um capitão como seu segundo em comando e oficial de operações. Também no QG do esquadrão estão presentes um sargento-mor e um sargento-chefe e auxiliares. Durante as operações uma tropa do Esquadrão 264 de sinaleiros dos SAS é anexada ao esquadrão. Estes homens ficam responsáveis em prover comunicações seguras. Como vimos cada uma das tropas operacionais se especializa em um tipo de guerra. Cada tropa     tem um capitão e quinze homens, todos são divididos em quatro patrulhas de quatro homens. Porém na prática um esquadrão nunca está com o seu quadro completo, pois devido a falta de oficias. Muitas vezes os sargentos-mor (militares com dez a quinze anos de experiência) é quem assumem as responsabilidades do segundo em comando. Como muitas tropas também ficam sem oficiais, cabe ao sargento-de-pessoal, que normalmente funciona como segundo em comando, assumir o comando. Uma tropa só pode ter no mínimo doze homens.

Em tempos paz, a cada seis meses um Esquadrão Sabre muda de atribuições. Estas incluem: Esquadrão de Treinamento, no Reino Unido ou no estrangeiro (normalmente nos EUA, Oriente Médio e Brunei); Equipes Tarefa, em que são enviadas equipes de treinamento para países amigos para treinar suas forças; Tirar Alerta, em que o esquadrão fica de prontidão, para ser acionado em qualquer emergência; Contra-terrorismo, em que um esquadrão fica com a responsabilidade de assumir a direção da Ala de Guerra Contra-revolucionária do regimento (CRW). Também existe o compromisso de prover uma tropa para servir na Irlanda do Norte, como parte do Intelligence & Security Group, que também inclui a 14 Intelligence Company. Um dos segredos do SAS é a flexibilidade e versatilidade de seus operadores, e para isso muitos homens podem ser destacados para treinamentos avançados e intercâmbio com outras forças especiais, nacionais e estrangeiras, especialmente as dos EUA, Austrália e Nova Zelândia.

Postos de Observação

Inúmeros Posto de Observação - PO foram montados. O Capitão Bauer comandava uma equipe de 4 homens em um desses POs. A rotina em um PO era muito monótona e era grande o esforço para se manter furtivo, alerta e pronto para qualquer reação. O sargento Jack White, da equipe de Bauer, costumava dizer que assistiu a gradne parte da III Guerra Mundial de camarote.

Uma equipe dessas normalmente estabelecia um PO avançado e um PA (Posto de Apoio) na retaguarda. Geralmente o PA ficava em um local mais alto que o PO para que pudesse prover fogo de apoio para o este. Sempre havia dois homens no PA e dois no PO. O procedimento para cada equipe era o mesmo: um homem descansava e o outro vigiava. Durante o dia não havia nenhum movimento ou conversa. As noites eram feitas as movimentações, aproximação das posições inimigas ou a troca de pessoal entre os postos. Um buraco servia como latrina. Era impossível cozinhar durante o dia por que o cheio podia chamar a atenção do inimigo. Normalmente se bebia ou comia algo quente só nos primeiros dias quando se trazia da base algo quente da base e o resto dos dias o alimento era ingerido frio mesmo. Os homens deviam levar tudo que precisavam para as suas missões nos PO em suas costas. As armas que levavam dependia muito do tipo de missão que seria realizada. Todos usavam pistolas de 9 mm Browning High Power, e as demais armas podiam ser fuzis SLR ou M16, Colt Commando e GPMG. Minas Claymore e LAWs também eram levadas. Cada homem carregava cerca de 60 kg. Além de armas munições e rações as patrulhas tinham que levar rádios e baterias sobressalentes. Tudo deveria ser suficiente para 25 dias de patrulha. O mais irônico é que normalmente as armas e as munições representavam o maior peso a ser carregado, mas também era o que menos se usava. Os homens nos PO deviam observar e relatar e não entrar em combate. Porém se isso acontecesse deviam estar preparados.

O Ataque dos F-117

Certa noite os homens do SAS viram um grande clarão no horizonte, na direção do leste. Uma imensa bola de fogo clareou a noite e um grande incêndio tomou seu lugar. O que Bauer e seus homens não sabiam na época era que estavam sendo testemunhas de mais um dos espetaculares ataques do misteriosos e secretos aviões stealth F-117A Nighthawk da USAF.

Os F-117 estavam atacando imensos depósitos de combustíveis do Pacto de Varsóvia. A razão dos ataques aos depósitos de combustível era que a CIA descobriu que os soviéticos estavam com sérios problemas de abastecimento, e que o Pacto de Varsóvia só tinha combustível para mais 30 dias. Por isso os russos reforçaram extremamente

Desde outubro 1983 os americanos tinham um esquadrão, o 4.450° Tactical Group operacional. No início o 4.450° tinha cinco F-117 e 18 Corsair A-7D que foram utilizado para aperfeiçoar o treino e para fornecer uma "cobertura" de segurança. A maioria dos pilotos eram veteranos coronéis e majores, tendo apenas dois capitães. Alguns dos pilotos era antigos pilotos de caça-bombardeiros A-10.

O F-117 é um avião de formas estranhas, mas que tem seu significado: sua superfície facetada como a de um diamante serve para que as ondas de radar reflitam para diversos lados, fazendo assim aparecer nas telas de radar do inimigo apenas um sinal muito fraco. É um equívoco dizer que o F-117 é um caça invisível, na verdade ele é "menos visível" do que os outros. Toda a fuselagem do avião é coberta por um material absorvente de ondas de radar, as entradas de ar são cobertas e os pontos de junção da carlinga e o porão de bombas são em formato de serrilhado, para diminuir ainda mais o sinal de radar.

Os F-117A atacaram os depósitos de combustíveis soviéticos com bombas GBU-12 Paveway. Este é uma bomba guiada a laser, baseada na Mk-82, mas com uma mira a laser e canaletas para aumentar a precisão. Foi introduzida em serviço em 1976.

A razão dos ataques as depósitos de combustível era que a CIA descobriu que os soviéticos estavam com séries problemas de abastecimento, e que o Pacto de Varsóvia só tinha combustível para mais 30 dias.

Ataque de Blindados

Quando estava em seu turno no PO o sargento White, viu uma das cenas que mais o impressionou. O PO ficava em uma posição de onde se podia ver uma planície, e nela White viu a ponta de uma blindada, o que parecia um batalhão soviética.

Quando estava em seu turno no PO o sargento White, viu uma das cenas que mais o impressionou. O PO ficava em uma posição de onde se podia ver uma área desmatada da floresta, e nela ele viu o que parecia um batalhão blindado soviético, serpenteando por entre as árvores.

O movimento inimigo foi comunicado. Ali não era mais a frente de batalha, mas qualquer movimento inimigo devia ser relatado, especialmente envolvendo unidades blindadas. O que White talvez não tivesse completa consciência e que o seu PO fazia parte de uma vasta e complicada rede de inteligência que envolvia espiões, membros da resistência, aviões, sensores e postos como o dele.

Além de White e seu companheiro um Panavia Tornado ECR (Electronic Combat/Reconnaissance - Reconhecimento e Combate Eletrônico) da Luftwaffe voando alto e rápido também viu a coluna blindada e informou imediatamente ao AFCENT. De lá partiu a ordem de acionamento de unidades aéreas de ataque próximas, que pudessem atacar a coluna blindada.

Dois operadores do 22 SAS em ação no campo. Note a miscelânea de trajes militares e que estão armados com fuzis automáticos SLR e M16.

Pouco tempo depois um Gazelle (helicóptero  leve de observação) britânico chegou furtivamente ao local, e observou a coluna inimiga por entre as árvores. Alguns minutos depois dois aviões americanos A-10A Thunderbolt II "Warthog" atacaram os blindados. Na Europa, os A-10, utilizavam a tática FOL (Foward Operating Location ou Posição de Operação Avançada). Isto é, a ala principal se destaca uma parte de sua força total para outras bases, onde operava de forma semi-autônoma. A dispersão das forças por esse método aumentava as chances de sobrevivência de uma parte substancial do efetivo da unidade, no caso de um ataque surpresa contra a base. Cada FOL possuía de 8 a 10 aeronaves prontas para serviço.

O ataque dos A-10 contra os blindados não foi um ataque ao acaso. Muito pelo contrário, as presas dos A-10 eram os carros de comando, reconhecidos pelas suas antenas e os blindados ZSU-23-4 Shilka com quatro metralhadoras antiaéreas de 23mm.

Umas das armas principais dos A-10 era o seu canhão, com a capacidade de disparar 65 projéteis de 30 milímetros por segundo, que pesam mais de 900g. O tambor de munição pode acomodar um total de 1.174 projéteis – explosivos, incendiários ou perfurantes. O canhão rotativo de sete canos, “GAU 8 Avenger”, é conhecido como sendo o maior canhão do mundo, instalado numa aeronave. Estudos apontam que 80% cápsulas a bordo de um A-10 atingem o alvo. Esse é o mais potente canhão já instalado num avião de ataque, e sua munição é capaz de penetrar em muitas blindagens que outros projéteis do mesmo calibre não penetrariam. A munição explosiva e a incendiária foram planejadas para serem usadas contra os alvos que oferecem relativamente pouca resistência, como veículos ou depósitos de suprimentos; a perfurante serve para os alvos duros, tanques e transportes blindados. A munição do canhão é levada para as câmaras de disparo por um sistema acionado por dois motores hidráulicos separados do sistema hidráulico do avião. Pode – se usar duas cadências de tiro: 2.100 ou 2.400 projéteis por minuto: no ritmo mais lento só um dos motores é utilizado. Um dado interessante é que se uma rajada do GAU-8 não perfurar a blindagem, só o calor que ele produz nos impactos seria um fator de grande risco para a tripulação do tanque alvo.

O outro armamento que marca a “personalidade” do A-10 é o míssil AGM-65 Maverick. Este míssil é usado para ataques contra alvos duros no solo, como por exemplo um bunker ou o mais tradicional alvo dele, o tanque de guerra. Contra esse tipo de alvo, o Maverick é extremamente eficaz. Não há um tanque na face da terra que consiga seguir na missão depois de atingido por um Maverick. A guiagem do Maverick pode ser feita por TV, IR (infravermelho), e Laser, dependendo da versão. O alcance máximo do Maverick pode chegar a 27 Km, podendo ser lançado fora do alcance de muitas defesas antiaéreas. Além dessa duas armas principais, o A-10 pode lançar bombas de fragmentação, bombas guiadas a laser da serie Paveway (que podem ser guiadas por um casulo Pave Penny do próprio A-10).

A notável cadência de disparo do Avenger inevitavelmente tinha de ter restrições: para fugir do superaquecimento, os disparos devem ser feitos em 10 rajadas de dois segundos cada, com um período de resfriamento de 60s entre as rajadas. Também há outro problema: o "tranco" do disparo do Avenger é tão grande que pode afetar drasticamente na sustentação da aeronave, ou seja, se o piloto disparar por muito tempo, o avião poderá entrar em estol.

Ainda que compatível com uma grande variedade de armamentos, a combinação mais comum utilizada na destruição de tanques, junta de 4 à 6 AGM-65 Maverick, apoiados pelo canhão GAU – 8 A Avenger, que pode se ocupar dos alvos à curta distância ou ficar como reserva. As táticas operacionais são continuamente aperfeiçoadas, mas a notável maneabilidade do A – 10 A é que lhe dá vantagem em baixa altitude.

Um A-10A se prepara para iniciar uma taque conta blindados soviéticos

A velocidade do A-10 é, de fato, bem baixa: 682km/h em vôo nivelado e com carga máxima não passa de 623km/h. Mas como se espera que o Thunderbolt II passe a maior parte do tempo entre 15m e 30m de altitude, a maneabilidade é que conta mais. Poucos aviões tem seu notável raio de giro. Além disso, é capaz de decolar com uma carga respeitável mesmo em pistas de 305m. A força do Warthog é fornecida por dois motores turbofan GE TF-34-GE-100, com 4.112kg de empuxo estático cada um. Estão localizados bem no alto, sobre as laterais da traseira da fuselagem, lugar em que os gases quentes são parcialmente disfarçados pelas asas (o que reduz o sinal infravermelho).

Westland Gazelle AH.1 (De Army Helicopter Mark 1) - Além de missões de reconhecimento essas helicópteros realizavam missões de Posto de Observação Aéreo para direcionar o fogo da artilharia; Controlador Aéreo Avançado para coordenar grandes ataques aéreos; evacuação e Comando e Controle.

Depois que os A-10A terminaram o seu trabalho com os blindados de comando T-72K e de defesa antiaérea, foi a vez de três helicópteros de campo de batalha Lynx AH.Mk1 do Exército britânico armados com oito mísseis anti-tanque TOW realizarem o seu trabalho. Eles já tinham sido orientados pelo Gazelle e estavam prontos para o ataque. O Lynx do Exército fez seu primeiro vôo dia 11 de fevereiro de 1977, e o tipo foi colocado em serviço operacional nos fins de 1977. Desde aquela época o Lynx construiu uma reputação invejável como um versátil helicóptero de campo de batalha, podendo levar até 907 kg de carga interna, ou uma carga externa de 1361 kg, ou um vasto tipo armamento que inclui oito mísseis anti-tanque TOW, com designação para o alvo estabilizada montada no teto. A principal diferença do Lynx do Exército britânico em relação ao seu irmão naval da Royal Navy é a utilização de esquis, ao invés de rodas em triciclo.

Helicóptero de Ataque britânico Lynx Ah.Mk1, armado com mísseis TOW

Sem a proteção antiaérea, os blindados T-72 foram presas fáceis para os ágeis Lynx. É interessante notar que as tripulações dos Lynx do BAOR em tempos de paz treinavam exaustivamente em vários locais da Alemanha onde os blindados soviéticos podiam ser combatidos numa possível invasão. Por isso essa clareira na floresta alemã não era desconhecida dos pilotos britânicos e eles podiam explorá-la da melhor forma possível.

Toda a ação transcorreu a somente 500 metros do PO do Capitão Bauer. Nenhum dos pilotos aliados que voaram sobre as cabeças dos homens do SAS sabiam que eles estavam lá embaixo e nem deviam saber. Mas oficias no QG do BAOR sabiam e desejavam aproveitar a oportunidade. Após o ataque das aeronaves o Capitão Bauer foi indagado por oficiais do QG do BAOR se haviam sobreviventes entre os homens da coluna blindada. Como a resposta foi negativa, os homens do SAS receberam a missão de vasculharem no carro de comando por documentos confidenciais.

Para a missão Bauer enviou os sargentos White e Starkey, que sob a cobertura do Capitão Bauer e do sargento Smith, armados com fuzis sniper, sorrateiramente chegaram até a coluna inimiga em chamas. White e Starkey ouviram gemidos de alguns soldados russos moribundos e em choque, que nem sabiam o que acontecia ao seu redor, e por isso mesmo foram ignorados. Os dois homens do SAS se dirigiram para o T-72 de comando. Toda a tripulação do blindado estava morta e o carro em chamas, mas foi possível assim mesmo capturar uma pasta de mapas e um livro de códigos.

A jóia rara entre os documentos inimigos era a exata localização do QG divisional da 79ª Divisão Blindada de Guardas em plena floresta Teutoburga. Essa divisão tinha sua sede em Jena (Alemanha Oriental) antes da guerra e pertencia ao 8º Exército de Guardas. A preciosa informação foi repassada imediatamente para o QG do BAOR e decidiu-se um ataque com tropas do 22 SAS ao QG da 79ª Divisão no momento da grande ofensiva aliada no setor do NORTHAG na madrugada de 14 para 15 de agosto de 1985.

Um soldado do 22 SAS, Destacamento D armado com uma Colt CAR-15 / XM-177 Commando de 5.56x45 mm, se prepara para atacar o QG de uma divisão blindada do Exército soviético.

Foram destacados 50 homens do Esquadrão D, sob o comando do Major John Cross para o ataque. Esse Esquadrão já estava na floresta Teutoburga como virmos anteriormente e se deslocou sem muitas dificuldades, mas com muito cuidado para a sua posição de ataque. O QG era bem guardado e perfeitamente camuflado com a conhecida maestria soviética. Realmente seria muito difícil vê-lo do céu. Quando receberam o sinal verde os homens do SAS iniciaram o seu ataque. As sentinelas foram eliminadas pelos snipes do SAS. As equipes de ataque com máscaras negras estavam armadas com pistolas 9mm e Colt CAR-15 / XM-177 Commando de 5.56x45 mm ou submetralhadoras MP5 com silenciadores, além de cargas explosivas e granadas. A equipe de apoio de fogo estava armada com metralhadoras GPMG (General Purpose Machine Gun ) de 7.62mm, Morteiros leve de 51mm (que podem ser carregados e operados por um único homem e tem o alcance efetivo de 750 m), além de LAWs. A equipe encarregada de dar cobertura de fuga tinha semeado minas Claymore pelas rotas de evasão.

O ataque iniciado às 02:47h foi fulminante e pegou os guardas do QG de surpresa. Como todo o alvo tinha sido estudado anteriormente por equipes de reconhecimento, os homens do SAS sabiam muito bem aonde atacar e como se deslocar dentro dele. O Capitão Bauer ficou encarregado da equipe que atacaria a casa de mapas. Sua missão era capturar o maior número possível de mapas e documentos e destruir o restante. Vários oficias soviéticos do alto escalão foram mortos ou gravemente feridos, entre eles o próprio comandante da 79ª Divisão, General Viktor Orlov.

Todo o ataque durou pouco mais de 10 minutos. Rapidamente, mas em ordem, os homens de John Cross se retiraram do local, agora em completo caos. Os britânicos usaram granadas de fumaça para encobrir a sua fuga, muitas delas lançadas pelos morteiros leves de 51mm. Como o material capturado era extremamente sensível, e os homens do SAS estavam bem longe de suas linhas e não dispunham de nenhum transporte, a sua extração seria feita por dois helicópteros Chinook HC.1, que pousam a 1km do QG inimigo.

Tão logo se retiraram do local, Cross enviou a palavra código "spide" informando assim que o ataque tinham sido um sucesso e que seus homens estavam fora da área do QG soviético. Enquanto se dirigiam para o local onde seriam recolhidos pelos Chinooks, Cross e seus homens ouviram caças Harrier GR.Mk.3 da RAF passarem rasante sobre suas cabeças e atacarem o local do QG com foguetes e bombas de fragmentação.

A tropas de Cross teve duas baixas fatais e quatro feridos. Mas a destruição do alvo valia todos os riscos. Olhando para seus homens dentro do Chinook que os levava para a retaguarda britânica, era um milagre que as baixas tivessem sido tão baixas, pois a operação toda era vista como suicida, e todos os homens envolvidos tinham plena consciência disso.

O ataque brilhantemente bem sucedido do SAS contra o QG divisionário soviético criou tamanha confusão nesta frente das tropas do Pacto de Varsóvia que ao cair da noite do dia 15 de agosto os elementos avançados de uma Divisão alemã estavam novamente de volta a Osnahrlick.


O que você achou desta página? Dê a sua opinião, ela é importante para nós.

Assunto: Operação Gládio